E tudo começou aqui...
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Aqui, em frente a este edifício, durante mais de 60 anos, chegavam e partiam diariamente comboios, mas, em finais de 1989 os de Lisboa ditaram que a Linha do Corgo deveria ser encerrada e nunca mais houve comboios
O comboio, nas minhas recordações, foi o primeiro roubo que fizeram à cidade de Chaves. A partir de aí, aos poucos, vão-nos roubando e cada vez mais, desprezados, condenando-nos à nossa interioridade e outros ostracismos, e ainda por cima somos gozados quando os de Lisboa dizem que nos levam as coisas para combater assimetrias.
Todos nós durante anos sonhamos com a IP3 que até passou a Auto-Estrada. Aplaudimos de pé o presente envenenado. Pensávamos, porque está no nosso ser de flavienses, como gente de bem, acreditar, que a Auto Estrada nos iria trazer coisas e nunca ninguém imaginou que o que serve para trazer, também serve para levar e aos poucos, vão-nos levando e chupando o pouco que temos.
Embora à primeira vista pareça haver certas contradições nos ganhos e nas perdas, eles, todos, estão aí para nos chuparem até ao tutano num convite constante à partida.
Vejamos então as contradições. A população aparentemente cresceu (segundo os últimos Censos) e embora a população cresça, vão-nos roubando o pouco que íamos tendo, e cada vez mais se pensa em centralizar organismos, ensino, saúde, justiça, segurança e por aí fora, um convite constante a criar (como diz a da novela dos putos) hiper-megas centros populacionais e deixar o resto de “poulo”, para paisagem e está incrivelmente tudo concertado. Vão-nos levando primeiro os organismos e instituições enquanto que os chupa-dinheiro, como bancos, grandes e médias superfícies encontraram em Chaves o paraíso para nos roubarem também as nossas economias.
Se o rumo das coisas não mudam, infelizmente lá terei que dar razão aos que dizem que querem transformar o nosso território numa coutada de caça e os que teimosamente ficarem, vão ser apontados e identificados como indígenas transmontanos, uma espécie em vias de extinção. Mas o que mais custa, mas que custa mesmo, é que os de Lisboa, não passam de arrogantes filhos mal paridos que renegam as origens provincianas e que facilmente esqueceram o engaço que os criou e lhes deu de comer e os estudou para hoje serem doutores e engenheiros que lá de cima do seu pedestal vomitam arrogâncias para os seus e para o seu passado e que Deus não os perdoe porque eles sabem bem o que estão a fazer… ou seja, estão-se a _______________________ para nós -(deixo-vos, no espaço em branco, com a liberdade de escolherem o termo a aplicar).
Pois eu pela minha parte, ainda para mais com o fecho da maternidade, já começo a ser e a pertencer a uma espécie rara em vias de extinção e que dá pelo nome de FLAVIENSE.
Por isso, meus caros, só temos duas soluções: -calamos, consentimos e deixamos morrer a espécie ou então, lutamos com todas as armas que temos e dignificamos o ser FLAVIENSE e os milhares de anos da sua história.
Eu, estou em luta, lutando e honrando a terra que me viu nascer, crescer e que me há-de comer e hoje já nem luto por mim, mas pela felicidade da terra dos meus filhos, onde gostaria também de ver nascer os meus netos, provincianos (talvez) mas flavienses com direitos e com qualidade de vida.
É tempo de dizer BASTA! Não é só deveres e obrigação, também temos como todos, democraticamente e em pé de igualdade, direitos, pelo menos os direitos básicos e constitucionais como direito ao pão, à habitação, à educação, à saúde e sobretudo à liberdade, que também passa por podermos escolher a terra onde viver, sem assimetrias, como os de Lisboa tanto apregoam e pouco praticam.
Eu, como Flaviense, estou em luta.
Até amanhã, em Chaves e a lutar por Chaves.