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Mai07
Quim, o Sapateiro da Rua do Poço
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Nas minhas voltinhas pela cidade do centro histórico, sempre que passo na Rua do Poço, este sapateiro é um ponto de paragem obrigatório. Primeiro para cumprimentar o Quim (o sapateiro) e trocar com ele dois dedos de conversa. Depois para bisbilhotar em jeito de quem aprecia, este pequeno espaço.
Em apenas quatro metros quadrados, se tanto, há de tudo. Sapatos de homem e senhora, botas, sandálias, graxas, borrachas, couros e vernizes, martelos, taxas, solas e colas e por aí fora, não fosse o espaço a “casa” de um sapateiro. Mas não são os utensílios da arte que eu mais admiro. O que admiro mesmo é tudo o resto que faz de decoração do espaço, companhia ao sapateiro e entretém a clientes, amigos e visitas que têm no reduzido espaço, sempre duas cadeiras devidamente “esponjadas” para receber quem nelas se queira sentar e com a preocupação de um bom tapete de cartão não vão os pés arrefecer a quem o visita. O Rádio não pode faltar por companhia, brinquedos de criança, calendário daqueles que os homens gostam, o poster da nossa selecção, um cantil pendurado no tecto, um relógio despertador, postais de natal e algumas fotografias antigas, principalmente da muralha e do baluarte do cavaleiro antes de cair (para matar saudades – diz-me) e um aviso de proibido fumar, pois o espaço assim o aconselha. Mesmo junto ao assento do Quim, uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, o tal seguro de que ainda há dias vos falava, e muito mais coisas e coisinhas, tantas quantas o espaço permite.
É sem dúvida a galeria de arte mais pequena do mundo que conheço e onde, também, se arranjam sapatos, botas e sandálias, artesanalmente por quem sabe da arte, arte que em Chaves já não tem aprendizes e que como o Quim, só há mais três, que segundo o Quim, é o da ladeira, depois o outro da ladeira e por último o outro junto à ladeira, claro que se referia a três ladeiras (da trindade, da Brecha e a outra).
Até amanhã, de novo em Chaves.