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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

30
Jun08

Um minuto de vídeo - Entradas de Chaves


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Pois hoje começo precisamente onde o vídeo termina, ou seja nos semáforos do Campo de Cima e, até dá vontade de dizer (à moda do poeta maior) EIA, EIA LÁ! Até que enfim, pois qualquer coisa que fosse feita por este cruzamento, só peca mesmo por demorar tanto.

 

Desde que a Ponte de S.Roque entrou em funcionamento, este cruzamento era uma dor de cabeça e um perigo constante. A colocação dos semáforos não sei se foi a melhor solução, nem isso interessa, pois o que interessa mesmo é que foi uma decisão acertada e que há muito era pedida e resolveu um problema. Claro que este e muitos problemas do trânsito em Chaves, passa precisamente pelas pontes que temos, ou não temos e, também pela falta de um planeamento sério da cidade, que além de nunca ter existido (na prática), vai sendo remendado ao longo dos anos.

 

As pontes e a sua funcionalidade ou função,  merecem um post mais alargado e que passam resumidamente por retirar algum trânsito (o possível) da Ponte Engº Barbosa Carmona (Ponte Nova) que será possível desde que os acessos fundamentais à ponte de S.Roque seja executados e que passam por um acesso digno desde o Lameirão e outro desde a E.N. 314, com a ligação desta à Adega Cooperativa (ligação que aliás está projectada há anos) e a jusante (na entrada da cidade) a resolução do problema de trânsito no largo do Monumento aos Mortos da Grande Guerra e que, a meu ver, passa mesmo pelos túneis do Neves, os mesmo que ajudaram na sua eleição e que após a mesma foram esquecidos. Lá dizia o outro que promessa de político não é para cumprir.

 

Por último e para o fim, fica a nossa Top Model Ponte Romana, a qual com a sua pedonização total e exclusiva, resolveria parte dos problemas do trânsito no centro histórico além de resolver também os constantes problemas de trânsito na Madalena. Só quem não quer ver é que não vê que a Madalena está muito melhor agora sem o trânsito da Ponte Romana do que com ele, e mesmo o problema (que é sério) dos comerciantes da Madalena (tal como os de Santa Maria Maior), não está no trânsito da Ponte Romana, mas noutros problemas, conhecidos de todos os comerciantes tradicionais de todas as cidades e também dos seus políticos, mas principalmente o problema dos comerciantes está em quem os representa ou não e nos seus clientes ou falta deles. Por acaso já alguma vez se perguntaram porque é que as grandes superfícies continuam cheias de gente, principalmente nos finais de mês!? Não culpem a coitada e velhinha Top Model  Ponte Romana dos problemas que ela não causa!

 

Debater a cidade também é preciso, mas admito ser uma tarefa impossível, principalmente e enquanto as pessoas, os cidadãos, não conseguirem despir a cor clubista do seu partido e aceitam a opinião formada por meia dúzia de “iluminados”, que não interessa ser a melhor para a cidade, desde que seja a melhor para os levas ou manterem o poder. A democracia tem as suas fragilidades, vícios e doenças e até a ilusão de nos fazer sentir que decidimos, quando já tudo está decidido. Vai-nos restando a liberdade de expressão, mesmo que ninguém nos oiça ou essa liberdade tenha os seus custos, mas também anda por aí muita “liberdade” comprada ou fingida…  

 

E por hoje é só isto, amanhã cá estarei de novo com um olhar diferente do meu sobre a cidade de Chaves.

 

 

Até amanhã!  

29
Jun08

Nogueirinhas - Chaves - Portugal


 

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E como hoje é Domingo, vamos até mais uma aldeia – Nogueirinhas.

 

Nogueirinhas pertence à freguesia de Stº António de Monforte, fica a 9 quilómetros de Chaves e é uma das aldeias mais pequenas do concelho. Em 2001 (Censos) tinha apenas 14 habitantes, dos quais 2 com menos de 20 anos.

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Embora com poucos habitantes, é uma das aldeias onde não se pode falar de despovoamento e, pela simples razão, de que a aldeia é mesmo pequena. Casas de habitação, embora não as tivesse contado, são apenas meia dúzia, uma capela e alguns pequenos anexos. Mas sempre foi assim, aliás nos últimos anos a aldeia até cresceu, pois são notórias as construções novas que, embora apenas seja duas ou três, para uma aldeia pequena, já é muita coisa. No entanto penso que a aldeia se resume a três ou quatro famílias e as novas construções serem pertença de emigrantes.

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Penso também que será uma aldeia que tem tendência a crescer. Claro que este crescimento será proporcional à aldeia actual, ou seja pequeno. Mas digo isto porque as Nogueirinhas, embora a proximidade de Curral de Vacas, de Stº Estêvão, das Assureiras e de Águas Frias, até há pouco tempo atrás, ou seja até à construção da barragem, estava praticamente isolada e sem vias de ligação ou comunicação, embora existissem. Parece contraditório mas não o é, pois a ligação mais digna era via Stº Estêvão e embora um carro ligeiro chegasse até lá, era preciso não ter muito amor ao carro. Com a construção da barragem, as Nogueirinhas ganharam dois acessos asfaltados e dignos de qualquer popó, só é preciso ter cuidado quando se cruzam dois, pois a largura do pavimento não é para grandes luxos, mas já é um luxo se os compararmos com os velhos caminhos de terra batida. Alguma coisa haviam de ganhar as Nogueirinhas com a barragem que por sinal até adoptou o seu nome: Barragem das Nogueirinhas. Mas como ia dizendo, as novas condições de acessos, a proximidade da barragem e a beleza do local, com certeza que atrairá novos habitantes a esta pequena aldeia.

 

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De facto, desde sempre, que as Nogueirinhas e a sua envolvente, são um local de uma beleza singular.  A encosta do Monte de Santa Luzia, os outeiros coroados de penedos sobrepostos, pequenos vales nas zonas mais baixas junto ao pequeno ribeiro e também um pequeno conjunto de arvoredo e, agora, a barragem, que embora construída para regadio poderá dar lugar a outras actividade ligadas ao lazer e onde já é habitual em tempos de verão ver algumas tendas de campismo e merendas nas suas margens.

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A aldeia é pequena, mas como todas as aldeias que se prezem, tem a sua capela e a sua padroeira, Santa Luzia, cuja imagem ocupa o lugar principal no altar da também pequena e modesta capela, mas por sinal também bonita. A respeito ainda da capela, e para quem conheça hoje a aldeia, poderá estranhar estar de costas voltadas para a estrada, mas nem sempre foi assim, pois a estrada é nova e foi traçada para passar nas traseiras da capela, ficando com a sua fachada menos simpática virada para a estrada, mas tem a sua simpática e bonita (embora modesta) virada para a aldeia.

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E sobre as Nogueirinhas é tudo. Resta-me apenas recomendar uma visita à barragem e à aldeia. Passeio para duas horas, contando já com as paragens. Perfeito para uma tarde de Domingo em que por estas terras pouco há para fazer. Recomendo a visita a partir de Curral de Vacas, pois a partir de Stº Estêvão é mais complicado encontrar a estrada, mas a saída é obrigatório ser por Stº Estêvão, pois é precisamente entre a barragem e esta aldeia que se encontra o encanto da paisagem. Pena que um incêndio de há uns anos atrás lhe tivesse retirado parte da beleza, mas mesmo assim, vale a pena, mas,  claro que para quem conduz há que ter sempre um olho na estrada e outro na paisagem.

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Até amanhã, de volta à cidade de Chaves

28
Jun08

Fernandinho - Chaves - Portugal


 

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Fernandinho vai ao vinho

Quebra o copo pelo caminho

Ai do copo ai do vinho

Ai do cu do Fernandinho

 

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Tinha de começar assim, embora a quadra nada tenha a ver com a nossa aldeia de hoje de Fernandinho, aliás nem é terra de vinho, mas antes uma das terras ricas da castanha, mas comecei assim, porque esta aldeia é uma das aldeias do meu imaginário de criança e também a quadra está ligada aos meus tempos de puto, pois muitas vezes me cantaram ou recitaram a quadra… recordações de infância aparte, vamos lá até Fernandinho sem vinho.

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Fernandinho é mais uma das aldeias de montanha, da Serra da Padrela, ali para os lados onde o concelho de Chaves segue meio indeciso por terras de Montenegro (Valpaços) ou de Vila Pouca de Aguiar, ali para os lados da boa castanha cuja qualidade é reconhecida por esse mundo fora mas que parte para ele anonimamente, sem carimbo, rótulo ou certificado de qualidade de mais um dos produtos naturais e de qualidade made in Chaves. Mais um dos produtos a juntar ao presunto, ao pastel, ao folar, à batata, às couves, ao mel, a vinho, à cereja  e a tudo de bom que por cá se faz e produz, pena é que não haja quem verdadeiramente se interesse por aquilo que temos de bom, em certificá-los, em promove-los e que,  quem o deveria fazer, ande entretido, distraído ou ensaiar novas soluções e novos futuros para o concelho, quando temos cá tudo e não é preciso inventar nada. Lamentos e contas de outros rosários mas que hipotecam o futuro de aldeias como Fernandinho.

 

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Fernandinho fica a 26 quilómetros de Chaves, pertence à freguesia de Póvoa de Agrações e é mais uma pequena aldeia de montanha com apenas 30 habitantes (Censos 2001), dos quais 4 tinham menos de 20 anos e 8 mais de 65 anos. Números curiosos, pois embora seja uma aldeia pequena, com pouca população, a sua maioria encontrava-se entre os 20 e os 65 anos, ou seja, uma aldeia que contraria as aldeias de montanha quanto ao envelhecimento da população e até quanto ao seu despovoamento, pois Fernandinho não é uma aldeia despovoada, mas simplesmente pequena e que ao contrário de aldeias grandes, com muitas casas e sem gente nas ruas, em Fernandinho há sempre gente, pouca, mas há.

 

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Quanto a crianças em idade escolar, penso que apenas há uma a frequentar a escola EB2,3 de Vidago. A escola do primeiro ciclo, ainda por lá existe, mas alunos e professores, são coisas do passado. Curiosamente na minha última deslocação à aldeia, no recreio da escola, encontrei por lá um velho “doutor”, já russo do pelo e muito distraído, pois continua à espera do professor e ainda não se apercebeu que naquela escola já não se aprende nada, aliás como acontece na maioria das escolas das aldeias do concelho. Escolas não faltam, faltam é alunos, e não me venham com a desculpa da televisão, que aqui a televisão não tem qualquer culpa.

 

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Do ponto de vista de casario tradicional de montanha em granito, não é uma aldeia interessante, pois a maioria das suas poucas casas são recentes ou com intervenções recentes, mas já o mesmo não se pode dizer quanto a vistas e paisagens naturais, pois desde Fernandinho vê-se todo o amontoado de montanhas que se perdem de vista e entram até pelo barroso e Galiza adentro, tendo em primeiro plano o muito verde do arvoredo constituído quase todo por castanheiros e mais ao longe todas as tonalidades dos azulados das montanhas, misturando-se ou diluindo-se as mais distantes, com o azul do céu.

 

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Quanto ao topónimo da aldeia, pensa-se que deriva do nome próprio de Fernandinus da idade média, mas pelas pesquisas que fiz sobre a aldeia, não há praticamente nenhuma documentação. Nota-se e compreende-se que sempre foi uma pequena aldeia de montanha, que vista do céu, como agora está na moda, praticamente é imperceptível, não só pelo pouco número de casas existentes, mas também porque todas elas se misturam ou estão envolvidas de arvoredo.

 

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Vale a pena visitar a aldeia!? – claro que sim, nem que seja pelas vistas e pelo ar saudável que se respira onde aconselho uma visita ao “miradouro” da aldeia, ou seja ao recinto da capela, onde até tem bancadas para poder desfrutar de uns minutos ou horas de verdadeira calma e natureza, com as tais vistas do amontoado mas montanhas e vistas interessantes e curiosas para as aldeias vizinhas mais próximas. Por sinal um excelente recinto para a festa da aldeia, que infelizmente (e até ao fecho desta edição) não consegui apurar se ainda se realiza e qual é o seu santo ou santa. Para terminar em beleza, bem que podia ser o S. Fernando.

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E sobre Fernandinho é tudo, amanhã cá estarei de novo, com mais uma aldeia do nosso concelho.

 

Até amanhã!

 

 

 

27
Jun08

Discursos Sobre a Cidade


 

 

 

 

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“ANGUSTIF©LÁVIA”

 

 

Texto de TUPAMARO

 

 

 

CHAVES é um caso perdido de Progresso, de Civilização.

 

Vulnerável ao assédio dos que entendem a Vida como oportunidade de oportunismos, dos que entendem a História como pretexto para registo da sua suprema e imbecil vaidade, dos que entendem a Sociedade como quintal dos seus caprichos e idiotices, Chaves é o rincão humilhado pelos insultos ao seu Património Histórico, pelas desfeitas aos seus encantos, pelas injustiças às suas Gentes, pelos prejuízos aos seus recursos, pelos disparates, abusos, e cretinices, até, a que a sujeitam.

 

A Emigração - diminuindo gravemente presenças de apegados e empenhados Flavienses  - foi, tem sido, bem aproveitada por neo-colonizadores tiranetes que conseguem ocupar lugares de desígnio para neles obterem algum significado, pois pouco ou nenhum teriam fora deles. Tão pouco mínima parcela dele lhe dão a esses mesmos lugares.

 

A Política, degenerada pelos maneirismos vestidos e revestidos por perfumes e ares de impostora partidarite, disfarçada pelo traiçoeiro juramento de desempenho «com lealdade as funções…» é, tem sido, o instrumento de conveniência para as conveniências de «kimilsungs» falhados, e de inconveniências desrespeitadoras da dignidade histórica, cultural e social da Nossa Cidade.

 

As Rádios, os Jornais, e os Blogues são adequados espaços onde se devem debater os projectos, os problemas, as soluções das comunidades.

 

Acrescentemos-lhes os «Cafés», e os salões das Associações.

 

Esquecidas andam as Sedes e as Secções dos Partidos Políticos daí (e de qualquer terrinha!) em dar lugar a convites para a apreciação da Administração Pública (local ou nacional), para formação e informação quanto a conhecimento e conduta política.

 

A catequese política resumem-na a meia dúzia de chavões, a triviais bacoradas ditas com acovardada arrogância que o cenário preparado protege, e à exploração desavergonhada da boa-fé de gente que desde a pia baptismal foi condicionada nas baias da crendice.

 

Para maior desaforo só falta que os petimetres políticos neo-estafadores da Alta - Tamegânia declarem CHAVES como “MUNICÍPIO POPULAR E DEMOCRÁTICO”!

 

 

26
Jun08

 

A marcofilia é uma área de coleccionismo que se ocupa do estudo e catalogação dos carimbos (tecnicamente designados por obliterações) de correio. Uma área afim, a maximafilia, ocupa-se da conjugação das imagens de carimbos com selos e postais. Sempre que as imagens destes três elementos coincidem, estamos perante aquilo que os coleccionadores designam por postal máximo triplo.

 

25
Jun08

Hotel Rural Casas Novas - Chaves - Portugal


 

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Hoje, descaradamente, vou fazer publicidade, mas antes quero contar uma pequena história pessoal, para compreenderem uma das razões que me levam a tal.

 

No meu tempo de estudante, teria eu os meus 18, 19 anos, no tempo das vindimas juntávamos um pequeno grupo de amigos e ia-mos até Espanha, junto à raia, ganhar algum a vindimar. Num dos anos, depois de duas semanas a vindimar, aventurámo-nos e fomos um pouco mais Espanha adentro a procura de mais vindimas. Chegamos até Villa Franca del Vierso. Acabados de chegar a Villa franca, fomos à procura de poiso, num Hostal à beira da estrada. O Hostal era mais uma casa de família que propriamente Hostal, e a proprietária, senhora dos seus sessenta e tal anos, antes de nos dar dormida, quis primeiro saber quem éramos, de onde vínhamos, o que fazíamos e o que andávamos por lá a fazer. Respondemos religiosamente ao inquérito, com a verdade, pois nada tínhamos a esconder, mas já sabemos que palavras são palavras e valem o que valem. Estivemos por aquele Hostal uns bons 15 dias, jantávamos com o casal proprietário e acabamos mesmo por fazer amizade. No fim, já na hora da partida, a proprietária confessou-nos que só nos tinha dado dormida porque tinha reparado nas nossas mãos de trabalho, que estava reflectido nos cortes e unhas sujas de duas semanas de vindima. Foi mais uma lição na minha vida.

 

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Pois uma das razões, senão a principal de hoje vir aqui fazer publicidade, foram precisamente as mãos do casal de proprietários do Hotel Rural Casas Novas, que inaugura no próximo dia 28 de Junho, mãos de muito trabalho, que demonstram também a tenacidade de gente lutadora e simples, aventureiros também, amigos e com gosto, ou seja, gente que trabalha e leva a efeito uma grande aventura e sonho sem qualquer cagança - é mesmo este o termo mais correcto a aplicar aqui.

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Conheci-os há uns meses atrás, misturados entre os trabalhadores da obra e fiquei logo rendido, não só à sua simpatia, mas também ao seu ser empreendedor e às suas mãos, que merecem toda a sorte do mundo nesta nova vida que agora iniciam.

 

Outra das razões porque merecem honras neste blog é pela razão de recuperarem um dos solares mais bonitos do concelho e que há muito estava em ruínas. Um solar que faz também parte do meu imaginário de criança, do tempo em que desde as carreiras do Magalhães de Braga, observava desde a estrada aquela grande e bonita casa de príncipes, quando passava a caminho de Montalegre ou mesmo de Braga. Era já então o casarão mais bonito que eu conhecia.

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Há ainda mais razões, que poderão descobrir pelas fotografias que hoje vos deixo e pelo decorrer deste post.

 

Vamos então até ao Hotel Rural Casas Novas, que como o nome indica fica em Casas Novas, a 10 quilómetros de Chaves e a apenas 2 ou 3 quilómetros do nó da auto-estrada de Curalha.

 

Antes de irmos ainda ao empreendimento que agora vai abrir portas, vamos contar um pouca da história do casarão, o Solar do Conde de Penamacor ou do Visconde do Rosário.

 

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Sem dúvida que na aldeia e arredores, até mesmo no concelho e concelhos vizinhos, é um dos edifícios com grande destaque neste género de construções – os solares.

 

Trata-se de um antigo Solar com uma antiga e relevante História. Foi o Solar do Conde de Penamacor e desde sempre conhecido pelo Solar do Visconde do Rosário ou simplesmente pelo Solar de Casas Novas.

 

No inicio do século XIX, o Solar era propriedade o 2° Conde de Penamacor, António de Saldanha de Albuquerque e Castro Ribafria, nasceu a 3 de Novembro de 1815 e morreu a 15 de Maio de 1864. Era filho do alcaide-mor de Sintra e de D.Maria Teresa Braamcamp e terá sido ele que mandou gravar a pedra de armas que se encontra na fachada do Solar, outras fontes apontam como responsável desta gravação o seu pai, João Maia Rafael Saldanha de Albuquerque e Castro Ribafria.

 

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Em Casas Novas, o nome Albuquerque do terceiro quartel foi substituído por Pereira, apelido e armas do pai da avó paterna do 2° Conde.

 

O título de Conde de Penamacor tem uma história curiosa e invulgar. O rei D. Afonso V, em 1475, concedeu-o ao seu valido e Camareiro Mor D. Lopo de Albuquerque, que foi embaixador do Rei de Castela e Leão. Este 1° Conde, tendo sido considerado culpado na conspiração dos Duques de Viseu e Bragança contra D. João II, receando o castigo deste, fugiu do país. Depois de uma vida aventurosa acabou por morrer no exílio, em Sevilha. Por isso o título não foi renovado e assim se manteve durante mais três séculos, embora os seus descendentes tivessem regressado a Portugal e prestado relevantes serviços em sucessivas gerações.

 

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A associação das armas referidas deve-se à seguinte linha de sucessão: D. Luís de Albuquerque, neto do primeiro conde, casou com uma filha do grande Vice-rei D. João de Castro. Desse casamento nasceu uma filha, D. Luíza de Castro, que casou com André Gonçalves Ribafria, alcaide-mor de Sintra, filho de Gaspar Gonçalves Ribafria.

 

Uma bisneta destes casou com Manuel de Saldanha Távora, Capitão-mor das Naus da Índia. É um bisneto destes que se liga pelo casamento a Casas Novas. O título foi renovado em 1844 por D. Maria II num neto deste último que assim veio a ser o 2° Conde de Penamacor. A ascendência do 2° Conde em Casas Novas, tendo um percurso Histórico completamente diferente, é um bom e curioso exemplo da mobilidade social que caracteriza a sociedade portuguesa. Ademais, revela-nos um notabilíssimo flaviense que está completamente esquecido.

 

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Este solar foi mais tarde vendido pela família, passando para a posse de uma filha do Visconde do Rosário. Mais tarde foi doado por esta à Santa Casa da Misericórdia de Chaves.

 

Falemos agora desta família, como foi dito, a casa foi habitada pela Viscondessa do Rosário, Maria Clementina Conde Saraiva. Era filha do Visconde do Rosário, Manuel José Conde, e de D. Eufrosina Ermelinda do Nascimento, natural da Bahia. Casada com António Teixeira de Morais, adoptou a cidade de Chaves como sua terra. Faleceu em 21 de Dezembro de 1935.

 

O seu marido António Teixeira de Morais, era natural de Casas Novas, e faleceu em Lisboa em 6 de Junho de 1887. Esteve no Brasil durante muitos anos. A Câmara de Chaves dedicou-lhe uma rua urbana na freguesia de Stª Cruz/Trindade pelo facto de ter doado à Santa Casa da Misericórdia da cidade, a quantia de 40 contos (em moeda brasileira), destinada a cuidar dos pobres da sua freguesia. Além da avultada importância em dinheiro, doou também a sua quinta de Casas Novas, com 12 hectares, e respectiva casa solarenga, brasonada, aos mesmos fins.

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A Santa Casa da Misericórdia, ao que apurei na aldeia,  durante alguns anos ainda utilizou o solar como casa de acolhimento de rapazes órfãos ou abandonados. Não sei qual a razão, mas abandonou o solar deixando-o entregue a si próprio ou seja ao abandono. Em meados de 80, não sei qual a razão, mas eu próprio visitei o solar, já então fechado e em estado avançado de degradação. Quando os actuais proprietários adquiriram o solar, estava praticamente em ruínas.

 

Vamos então para a nova casa, o Hotel Rural Casas Novas levado a efeito no Solar Visconde ou Viscondessa do Rosário, onde se aproveitou e preservou (e bem) tudo que foi possível preservar, mantendo a dignidade do antigo solar e onde a nova construção ou construção nova anexa e adjacente ao solar está perfeitamente integrada sem por em causa a visibilidade e notoriedade do antigo solar, incluindo a adega da quinta, foi recuperada para restaurante e bar, preservando todo o conjunto de lagares e lagaretas, condutas em granito e acessórios utilizados na feitura do vinho, incluindo algumas das gigantescas pipas (que no momento ainda se encontra a ser recuperadas por especialistas tanoeiros.

 

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Também a cidade de Chaves e a região fica mais rica a partir deste momento com a oferta que o Hotel Rural Casas Novas põe à disposição de quem as queira utilizar, principalmente turistas, pois além da oferta do próprio Hotel, não poderemos esquecer o interesse das aldeias rurais e de outro casario também de interesse na própria aldeia como nas aldeias vizinhas.

 

Mas em termos de oferta, o Hotel dispõe de 5 suites no edifício do antigo solar, onde funciona também a recepção, a biblioteca, um bar, sala de estar e restaurante mais intimista. Na ala nova possui 21 quartos. Piscina exterior, piscina interior aquecida, jacuzzi, sauna, banho turco, sala de massagens, ginásio, polidesportivo ao ar livre (ténis, basquetebol, voleibol, futebol, etc.), salão multiusos com capacidade para 400 pessoas, adega e lagar regional com música ao vivo todas as sextas-feiras.

 

Além de Hotel Rural é um espaço também aberto a toda a comunidade e eventos, casamentos, reuniões e conferências, onde para o pessoal cá da terrinha se poderá aconselhar o restaurante e o bar regional para utilização diária, além das outras ofertas que também estão abertas à comunidade (Salão, polidesportivo, piscinas, etc.).

 

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E para finalizar vamos aos créditos que vão inteirinhos para a simpatia e trabalho dos seus proprietários, o Sr. Fernando Moura, 42 anos e D.Salete Moura, ex-emigrantes em França e Estados Unidos, que embora barrosões (da zona do Barracão), encontraram em Casas Novas o empreendimento das suas vidas, quem sabe se não é também um dos sonhos do seu imaginário de crianças, quando desde as mesmas carreiras do Magalhães de Braga, avistavam tão belo Solar.

 

O empreendimento ronda os 3.500.000 Euros de investimento, ou seja mais de 700.000 Contos em moeda antiga.

 

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Para o Sr, Fernando e a D.Salete, desejo toda a sorte do mundo para este empreendimento que (este sim) dignifica a história do solar e honra o concelho e a cidade de Chaves com mais um espaço hoteleiro em ambiente rural e que pela certa irá deliciar todos quantos o procurem como poiso.

 

Fica também o sítio na net do Hotel Rural que poderá ser visitado em www.hotelruralcasasnovas.com e também o local onde poderá fazer as suas reservas para desfrutar deste espaço: reservas@hotelruralcasasnovas.com

 

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A partir de dia 28, próximo Sábado, está de portas abertas. Parabéns e felicidades sinceras deste blog que aprecia o que de bom e bem se faz para e por este concelho.

 

Até amanhã.

24
Jun08

O olhar de Musicorso - Claudio Malatesta, sobre a cidade


Foto de Musicorso

 

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Então para variar, vamos àquilo que é costume às terças-feiras, um olhar diferente sobre a cidade de Chaves.

 

Uma das provas que a cidade de Chaves é uma cidade interessante, pelo menos fotograficamente falando, são precisamente as fotografias que há espalhadas e publicadas na NET, de gente que por uma ou outra razão, passa cá pela terrinha.

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Podemos dizer que a cidade de Chaves é uma das cidades portuguesas melhor representadas a nível de grupos nacionais e até internacionais no flickr, não só pelos fotógrafos amadores flavienses (com ou sem blogues) com alojamento no flickr, mas também de muitos fotógrafos nacionais e estrangeiros.

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Quando vi pela primeira vez as fotografias do nosso convidado de hoje e o seu nome (Cláudio), pensei tratar-se de mais um fotógrafo português ou com descendência portuguesa. Como as suas fotos não estavam disponíveis para cópia, fui obrigado a contactá-lo não só para lhe pedir as fotos como a devida autorização para a sua publicação no blog. Fiz o contacto em português e recebi quase de imediato resposta também em português, que embora correcto nas palavras e em palavra a palavra, já não o era tanto em sentido e facilmente se adivinhava a utilização e recurso a um tradutor automático. Pedia-me desculpa pelos erros, pois não era nem sabia falar e escrever português.

 

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Na realidade o nosso convidado chama-se Cláudio Malatesta, é natural da ilha francesa de Córsega, tem 65 anos e vive em Paris. Em Abril passado, visitou na companhia de um amigo português o Norte de Portugal. Diz-me ter partido apaixonado pelas cidades do Norte de Portugal e das suas gentes, de onde levou mais de mil fotografias tiradas com a sua Panasonic FZ-30.

 

No flickr é conhecido por Musicorso, seu nome artístico, pois o Cláudio além de fotógrafo também é músico.

 

Não o conheço como músico, mas sim como fotógrafo, mas pela certa que se for tão bom músico como fotógrafo, valerá a pena também ouvi-lo.

 

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Sobre a sua arte como fotografo, diz um outro fotógrafo:

 

“ Escrever sobre o trabalho do musicorso (Cláudio), é como viajar através das suas fotografias e sentir uma sensação... como se já tivéssemos estado naquele lugar.
A arte de trabalhar a objectiva é um constante rodopio de observações natas para a descoberta de cada imagem reproduzida.
A cor, o enquadramento, os planos, enfim a arte que os olhos do Cláudio nos transmite no resultado final, é sem dívida, um conjunto de imagens ou sucessões de imagens definidas pela distância entre a objectiva e a cena a fotografar ou a filmar e pelo conteúdo (dimensão e posicionamento dos objectos) dessa imagem. Deixam-nos completamente deslumbrados.”

 

Subscrevo estas palavras que são ditas sobre a sua arte de fotografar e que facilmente se poderá apreciar na sua galeria no flickr  que no momento conta com 4156 fotografias, das quais 24 estão no explore. Poderá vê-las em:

  

 

http://www.flickr.com/people/musicorso/

 

ou também em:

 

http://www.photographersdirect.com/malatesta

 

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E só me resta mesmo deixar-vos com as fotos de Musicorso, ou de Cláudio Malatesta, que afinal são a mesma pessoa e, também agradecer ao seu autor o ter aceite ser o nosso convidado de hoje e a gentileza de nos ter cedido as suas fotos para publicação neste blog.

 

É mais um olhar sobre a cidade de Chaves.

 

Até amanhã!

23
Jun08

Dois vídeos ao preço de um - Coral de Chaves e Perícia


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O prometido, neste caso, é de vídeo!

 

Já há muito que andava a prometer a alguns amigos que um dia iria assistir a uma actuação do Coral de Chaves. Pois no Sábado passado, esse momento aconteceu, precisamente quando o Coral de Chaves levou a efeito o XIII encontro de coros da cidade de Chaves, na Capela do Forte de S.Francisco - Hotel e intitulado “ a canção popular portuguesa e as suas metamorfoses”.

 

Mas fiquemos a conhecer um pouco do Coral de Chaves.

 

Fundado em Outubro de 1992, constitui-se como Associação Cultural, sem fins lucrativos, no ano de 1994. Tendo como principal objectivo a divulgação da música coral-polifónica, a sua acção tem-se feito sentir através de um vasto reportório de música sacra, litúrgica e profana, englobando peças de um vasto número de compositores de vários períodos da História da Música.

 

Teve a sua estreia oficial em Dezembro de 1992 e, desde então, tem mantido uma presença regular em Encontros de Coros, tanto em Portugal como em Espanha, e respondido, sempre que possível, às solicitações de entidades e organismos públicos e privados. Das diversas actividades que desenvolveu até ao momento são de destacar a organização anual de um Encontro de Coros em Chaves; a realização de concertos nas localidades do meio rural da região; a participação na gravação do CD intitulado Os Melhores Coros Amadores da Região Norte em Março de 1997; a presença na Expo/98, integrando o programa da Santa Sé, em representação da Diocese de Vila Real; a deslocação ao Luxemburgo em Outubro de 2004, aquando da geminação entre as cidades de Chaves e Differdange; a estreia mundial, no ano 2006, do Oratório Travessia do compositor Joaquim dos Santos, em colaboração com os cantores Inês Villadelprat, Fernando Guimarães e Rui Taveira, a Orquestra do Norte com os maestros Manuel Teixeira e José Ferreirâ Lobo; apresentações públicas do oratório em Alijó, Chaves, Valpaços, Vila Pouca de Aguiar e Vila Real;em Abril de 2007, viagem a Itália para realização do concerto, gravado ao vivo, do Oratório Travessia, na igreja do Instituto de Santo António dos Portugueses em Roma, com a soprano Inês Villadelprat, e o tenor Fernando Guimarães, estando a Orchestra Sinfonica Tiberina sob a direcção do maestro Massimo Scapin; edição do concerto em CD Duplo; o Concerto de Natal de Dezembro de 2007 que contou com a colaboração de uma Orquestra de Câmara e da solista Mónica Fernandes; no concerto de Páscoa de 2008 estreia, com subsequente apresentação, a Paixão segundo S. João de Joaquim dos Santos, contando com a colaboração dos cantores José Carfos Miranda, Bruno Nogueira, Ana Santos e Liliana Coelho.

 

De realçar é, também, o facto de lhe ter sido atribuída, pela Câmara Municipal de Chaves, a medalha de mérito municipal - grau prata, no dia 8 de Julho de 2007 e em Abril de 2008 foi galardoado com o Prémio Podium 2007 na categoria Prémio Especial do Júri, instituído pela Rádio Fórum Boticas.

 

O seu principal suporte financeiro é a Câmara Municipal de Chaves, mas conta com o apoio dos sócios coralistas, dos Amigos do Coral e, pontualmente, de outras Instituições.

 

Entre Outubro de 1992 e Setembro de 2007, o Coral de Chaves foi dirigido de forma magistral pelo Padre Fernando Silva de Matos, homem de qualidades musicais e humanas admiráveis, que deixou para sempre no coro a sua distinção. Desde Outubro de 2007, a direcção musical do grupo é da responsabilidade de Nuno Costa.

 

Realce também para o responsável pela direcção musical, Nuno Costa, que com apenas 21 anos de idade, segundo me dizem, dirige (musicalmente) de forma magistral o Coral de Chaves.

 

Nuno Costa é natural de Cerva (Ribeira de Pena), nasceu em Novembro de 1986.

 

Tendo iniciados os seus estudos musicais desde muito cedo, frequenta, neste momento, no Conservatório de Música do Porto o Curso Complementar de Piano na classe da professora Manuela Costa. Também é aluno do IPP - ESMAE, no curso de composição.

 

Agora os apartes e algumas verdades a que tive acesso. Embora no texto a sépia se diga que “o seu principal suporte financeiro é a Câmara Municipal de Chaves”, se não fosse a carolice e apoio financeiro dos coralistas, este coral já há muito que tinha deixado de existir, pois o apoio da Câmara, nem sequer chega para pagar uma refeição aos Corais convidados para o encontro e que se deslocam à cidade gratuitamente e por conta própria. Claro que tudo isto é dito a boa maneira do jornalismo sensacionalista, sem qualquer confirmação e apenas baseado no que ouvi dizer.

 

Claro (também) que a Câmara não tem obrigação de financiar este tipo de grupos e acontecimentos culturais, tal como o Coral de Chaves, também não tem obrigação de proporcionar (gratuitamente) espectáculos destes para a cidade de Chaves, que por acaso até fazem parte da agenda de eventos culturais que a Câmara distribui todos os meses, mas eventos destes acontecem e ainda bem que acontecem. Entre zunzuns, houve também quem estranhasse (pela positiva) a presença de um vereador da Câmara Municipal no espectáculo de Chaves, pois ao que ouvi dizer, não é habitual (também não são obrigados a gostar de cultura, perdão! de música coral).

 

E sobre o Coral de Chaves é tudo. Gostei do espectáculo, gostei de os ouvir e agora que os  descobri (pecado meu este sem desculpa), prometo ouvi-los mais vezes.

 

E sem ser para agradar a Gregos e Troianos, fica um outro vídeo, bem diferente do primeiro, com outros sons que nada têm a ver com corais. Mais à frente compreenderão o porque.

 

 

Pois este fim-de-semana dediquei-o à cultura, e ainda dizem que em Chaves não acontecem coisas!

 

No seguimento do momento cultural de Sábado à noite, reservei o Domingo à tarde para uma visita com a devida calma à Bienal de Chaves, que como o nome diz, deveria acontecer de dois em dois anos, mas que na realidade acontece de 10 em 10 ou mais espaçado ainda. Mas há que aproveitar estes momentos, e lá fui até o Pavilhão do Gatat (ou Ex-Gatat, pois também este já se foi), que afinal estava fechado. Estupidez minha, pois a Bienal este ano realiza-se em três locais diferentes, a saber: No Centro Cultural, na Biblioteca Municipal e, ao vivo, nas Freiras, que posteriormente (penso que por causa da torreira do sol) foi transferido para o Jardim do Tabolado.

 

E passa não passa o tempo, lá pelas 4 da tarde estava à porta do Centro Cultural, por sinal também fechado. Desloquei-me à Biblioteca e também estava fechada, fui ao Tabolado e a tal Bienal ao vivo, embora aberta, não tinha escultores nem espectadores, mas estava por lá muita madeira já trinchada, com algum trabalho de artista. Enfim, rabo entre as pernas, “volta para o sofá de onde não deverias ter saído”, aliás os 34º C convidavam a isso mesmo.

 

De volta a casa, no parque de estacionamento do E’Leclerc, aconteciam coisas, pelo menos a julgar pelo pessoal que ocupava todos os locais de sombra no local. Teriam mudado para ali a Bienal!?... Fui ver, e não era a Bienal, mas uma prova de perícia automóvel, o “Troféu de Perícias Automóvel E’Leclerc”, e ainda dizem que na Madalena não acontecem coisas. Acontecem e até me salvaram do deprimente sofá de um Domingo à tarde. Enfim, troquei uma tarde cultural por uma desportiva, o que já não é mau.

 

Até amanhã. Quanto à Bienal, vou tentar no próximo Sábado, pois o meu horário de trabalho não é compatível com exposições durante a semana.

 

Até amanhã.

22
Jun08

Bustelo - Chaves - Portugal


 

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Mais um Domingo, mais uma aldeia. Hoje é a vez de Bustelo, aldeia e freguesia.

 

A sua proximidade da cidade, faz com que entre a aldeia e Chaves, não haja praticamente separação física, sendo na prática mais uma freguesia urbana, aquela que fica a seguir a Santa Cruz/Trindade. No entanto e embora esta proximidade, continua também com a sua ruralidade que lhe é conferida pelo amanho de terras férteis, na planície alta de Chaves que se desenvolve entre pequenas montanhas desde a Torre de Ervededo até Curalha, passando por terras de Sanjurge, Soutelo e Valadanta. São terras férteis, que embora sem regadio, não tem falta de água, principalmente as de Bustelo, onde à boa maneira rural, ainda é frequente ver a água a correr junto aos caminhos.

 

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A freguesia estende-se ao longo de 9.34 km2, a maioria solo agrícola e embora a aldeia ao longo destes últimos 20 anos tenha crescido, com novos bairros de habitação e algumas construções ao longo da estrada municipal que liga a Chaves, a verdade é que também perdeu população nestes últimos 20 anos, pelo menos os números dos Censos para aí apontam, com 585 habitantes em 1981 e 517 h em 2001. Perda de população que, comparativamente com a maioria das aldeias, não tem qualquer significado, pois continua a ser uma aldeia habitada, com vida, ainda com muitas crianças e gente jovem. 50 crianças com menos de dez anos (em 2001), o número diz tudo.

 

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Quanto ao casario, digamos que também não vai mal, com muitas reconstruções e recuperações e casas novas. Claro que no seu núcleo também há casario abandonado e outro a precisar de obras, mas comparado com aquilo que é habitual na maioria das aldeias, Bustelo até se recomenda. Ao todo, ainda segundo o Censos 2001, a aldeia possui 318 alojamentos para 180 famílias. Parece haver contradição de números, mas não há, pode acontecer, o que aliás é comum nas aldeias, uma família ter mais que uma construção.

 

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Dando uma volta, mesmo que apressada pela aldeia, nota-se facilmente a sua vida, que é reflectida também no equipamento desportivo e de lazer de apoio à aldeia, onde existe um polivalente para a prática das mais variadas modalidades e bem juntinho a este, um pequeno um simpático parque de lazer ou de merendas, à sombra de imponentes sobreiros e muitos carvalhos, onde não faltam grelhadores, mesas e bancos.

 

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Quanto ao casario da aldeia, no seu núcleo, ainda há muito do casario tradicional em granito, mas também casario mais recente, e outro que com base no granito, foi sofrendo ao longo dos tempos algumas transformações e adaptações. Também há casas senhoriais, como a casa do paço, no cimo da aldeia,  habitada e em bom estado de conservação, onde se adivinham simpáticos jardins e zonas de estar ao ar livre, pelo menos a julgar pela aparência e por aquilo que se vê da rua.

 

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Mais abaixo, quase na entrada do núcleo da aldeia e na rua principal existe outra construção também senhorial, que suponho ter sido dividida ao longo dos tempos, apresentando-se metade em bom estado de conservação onde são notórias obras de restauro recentes, penso que habitada, pelo menos ocasionalmente e na continuação desta, a outra metade, a pedir e necessitar de obras interiores mas que, os seus proprietários não as fazem porque a querem preservar. Parece uma contradição, mas quem conhece a realidade da casa em questão, facilmente compreende que não há qualquer contradição, pois as suas velhas paredes estão quase todas elas pintadas com frescos, além de um dos compartimentos ser uma autêntica capela, com direito até a uma preciosa imagem de Nossa Senhora da Piedade.

 

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Compreende-se assim o porque dos proprietários não quererem fazer obras no seu interior, pelos menos “obras tradicionais”, ou seja daquelas que se manda tudo abaixo para fazer de novo. Os proprietários, sem saberem mesmo qual a origem dos frescos, a sua data e até o que eles representam, sabem que aquilo tem valor e não se aventuram com obras, entretanto vão esperando…

 

A verdade seja dita, vi os frescos e,  sem perceber nada do assunto,  entendi logo que aquela gente neles representada não é gente da nossa, o que (para mim) aumenta ainda mais o seu interesse, não só no que eles representam como também em quem os pintou ou mandou pintar.

 

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Quanto ao frescos, como leigo na matéria, recorri a um amigo e também colaborador deste blog, que após um breve estudo sobre o assunto me disse que  “as imagens orientais dos frescos talvez se tenham inspirado na batalha de Aboukir (1799; há outra, naval, com o mesmo nome, de 1798) ou mesmo no massacre de Scio (1822), embora esta última hipótese seja mais improvável. De qualquer modo, está fora de dúvida que as imagens serão da primeira metade do século XIX e que o senhor com chapéu e penachos corresponde à iconografia da Revolução Francesa (1789).”

 

Talvez fosse bom consultar os historiadores cá da terra sobre o assunto, ou talvez não, que às tantas ainda mandam rebocar os frescos para os preservar. (não resisti…).

 

Também eu não sei qual a solução para os frescos e qual o seu real valor e também eu, tal como os proprietários, também espero interessado em saber qual o seu futuro, entretanto a velha casa vai deteriorando-se dia após dia ou ano após ano.

 

(Obrigado Carla por nos teres aberto as portas da casa).

 

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E para rematar o post de hoje vamos a mais um bocadinho da história e o resumo possível sobre Bustelo.

 

Fez parte, desde o século XIV ao século XIX, do extinto concelho de Ervededo, tendo tido nessa altura uma Companhia de Ordenanças. A aldeia, como quase todas nestas condições, aproveitou o inicio da encosta da serra para implantar as suas casas, deixando os terrenos planos e férteis para a agricultura onde produzem essencialmente, o centeio, batata, vinho e frutas, além das habituais hortas de proximidade e algum gado (pouco).

 

Na entrada da aldeia situa-se a capela do Senhor dos Aflitos, bonita e digna de ser apreciada e cuja festividade se realiza no segundo Domingo de Agosto. Mais no cimo do povo temos a igreja paroquial, da invocação de Santa Maria Madalena, de linhas barrocas, possui no interior belos altares adornados de esculturais colunas salomónicas em madeira, com um bonito trabalho e douradas. Do casario o principal destaque vai para a “casa do paço”. Na documentação consultada, diz-se ter sido pertença dos Marqueses de Subserra, com uma frontaria com ornatos interessantes, possui no tal jardim interior (que se adivinha na passagem) uma lindíssima fonte com três taças concêntricas sobrepostas.

 

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Embora eu pessoalmente desconheça, encontrei ainda referências à existência, no termo da  freguesia, na encosta da serra do Laspedo a rochas com insculturas rupestres ofiolatras, e também a ruínas do grosso muro do Castro que existiu no alto da serra da Bandeira.

 

E sobre Bustelo é tudo, só falta mesmo localizá-la para que não sabe onde ela fica, ou seja, sai-se de Chaves (centro – que antigamente era nas Freiras e que agora não se sabe muito bem onde é…) em direcção às grandes superfícies comerciais, seguindo depois a caminho do Casino ou da auto-estrada. Poderá estranhar a estrada e pensar que vai enganado, mas não, vai bem e a estrada é mesmo assim, estreita e não está nas melhores condições, mas é essa. Quando chegar à primeira rotunda de acesso ao Casino/Auto-estrada, esqueça a estrada nova e boa que vê à sua esquerda e siga em frente, pela velha e estreita. Mais à frente, irá passar por baixo da auto-estrada e logo a seguir ao cruzamento de Sanjurge ou à “moagem”do Seara, surge o desvia para Bustelo, mas à direita. Se tudo isto for confuso, o melhor mesmo é perguntar qual é a estrada para Vilar de Perdizes ou Montalegre e quando encontrar a placa com indicação de Bustelo, vira aí, não há nada a enganar…

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Agora mais a sério ainda. Bustelo fica aqui mesmo ao lado, mas é uma daquelas aldeias que para se conhecer temos que ir lá de propósito ou fazer um pequeno desvio da estrada, mas para que gosta de conhecer as nossas aldeias, é mais uma a não perder, pois ainda tem o seu núcleo tradicional quase intacto, em bom estado, além de se poderem apreciar algumas das coisas que por aqui deixei descritas e outras, pois não é possível deixar por aqui tudo.

 

Até amanhã, de volta à cidade!

 

21
Jun08

Vila Verde de Oura - Chaves - Portugal


 

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Aos poucos vou pagando a promessa de trazer aqui todas as aldeias do concelho. Hoje pela primeira vez, vamos até Vila Verde de Oura e diga-se desde já que é uma das terras que faz jus ao seu nome, só não é vila a sério, mas verdura não lhe falta e se terra há que goza de toda a plenitude do vale de oura e da sua ribeira, sem dúvida que é Vila Verde de Oura.

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É no entanto uma aldeia difícil de fotografar sem contudo arranjar qualquer justificação para essa dificuldade, pois motivos de interesse não lhe faltam. Desde a verdura dos campos ricos e bem tratados, às casas solarengas ou solares, à aldeia que ainda detém algo do que é típico nas aldeias rurais, até a intervenções a nível de arquitectura que marcam bem os meados do século passado e vários pormenores dignos de registo, são motivos de interesse, mas talvez a própria disposição da aldeia (aberta) ou disposição do fotógrafo, menos inspirado, façam sentir essa dificuldade em fotografá-la.

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Vila Verde de Oura pertence à grande região de Vidago, em pleno vale de oura que se vai estendendo ao longo da Ribeira de Oura, desde o Seixo, passando por Loivos, entrando em Vidago e terminando onde termina a Ribeira, ou seja, no Rio Tâmega, junto em terras de Arcossó. Talvez por esta aldeia ficar sensivelmente a meio deste vale, tivesse adoptado o seu nome de Vila Verde de Oura, mas isto é simplesmente a minha imaginação a funcionar.

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Terra da grande zona de Vidago, do Vidago termal das águas minerais, pois também Vila Verde de Oura tem as suas nascentes de água mineral com as mesmas características das águas que em tempos foram comercializadas, como as águas de Salus, de Campilho e também as de Vidago, que ainda hoje estou para compreender como a marca Vidago aos pouco foi saindo de circulação, embora continue a ser engarrafada com nome de outra marca. Tal como estas águas de Vila Verde de Oura, que embora ainda não exploradas devidamente, ao que entendi, estão também concessionadas à empresa ou grupo que engarrafa as águas de Vidago com o nome ou misturadas com as das Pedras Salgadas. Políticas empresariais que tal como as políticas governamentais estão numa de centralização, pouco se importando para as características particulares das coisas e das gentes, e tal como ainda no post de ontem o poeta José Carlos Barros dizia que “um dia alguém haverá de perguntar” de quem é a culpa “e a resposta é que fomos nós”, por permitirmos e deixarmos que estas coisas aconteçam e que nos roubem (pelo menos o nome) de uma das coisas que ainda vamos tendo de bom e que é (ainda e para já) das melhores de Portugal, da Península Ibérica e da Europa, ou seja a nossa água, mesmo com os constantes atentados e falta de cuidado que se vai tendo com ela.

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Pela verdura de Vila Verde de Oura, facilmente se compreende que é terra de água boa e pura, ainda.

 

É também uma daquela terras que vamos tendo como terra de passagem, pois toda a aldeia se desenvolve para um dos lados da estrada nacional, precisamente aquela que é menos fértil e que começa a elevar-se para a montanha. Talvez por isso, algumas das suas preciosidades, como sejam as suas casas solarengas, a capela, a tal construção dos anos 50, sejam desconhecidas pela maioria da população flaviense, e digo isto, porque durante dois ou três anos, todos nós fomos obrigado a passar por esta aldeia, pelo menos enquanto a Estrada Nacional 2 esteve em obras nos finais dos anos 80. Eu próprio que tanto por aqui digo que conheço todas as aldeias do concelho, só neste último Inverno é que entrei pela primeira vez no seu núcleo, que aliás, nem é o típico núcleo, pois a aldeia desenvolve-se ao longo de dois arruamentos interiores dispostos em duas direcções e que ambos “desaguam na Estrada Nacional, ao longo da qual se vai desenvolvendo parte da aldeia nova, mas não muito.

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Em termos de conservação do casario, embora com uma ou outra construção abandonada, mantém ainda uma cara apresentável, com algumas recuperações e, é também (ainda) uma aldeia com vida e com crianças, pelo menos contabiliza-se 25 crianças em idade escolar, divididas pelas escolas de Vidago e secundárias de Chaves.

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Em termos de população e segundo os Censos de 2001, também vai sendo uma aldeia um pouco diferente das restantes. Embora não tenha dados comparativos com Censos anteriores, a população com menos de 25 anos (57) é idêntica em número a que tem mais de 65 anos (61), situando-se metade da população entre estas duas idades. Num total Vila Verde de Oura tinha em 2001,  229 residentes, que olhando ao numero de fogos, é uma aldeia que está muito longe dos números do despovoamento das aldeias de montanha e até bem próximas, como as da Serra da Padrela ou do Brunheiro.

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As suas terras férteis e verdes, as tais que penso darão o nome a aldeia, também tem a sua (boa) quota de culpa da fixação da população, a qual também não estará alheia à proximidade de Vidago a apenas 1,5 quilómetros e os bons acessos até à cidade de Chaves.

 

Quanto à fundação da aldeia, julga-se remontar aos séculos XI ou XII, o orago da aldeia é S.Frutuoso que teve em tempos imagem na fachada exterior da capela da aldeia. As construção mais imponentes da aldeia são os solares, um deles ainda com a sua pedra de armas, com capela, curiosamente de caras um para o outro, numa das tais duas ruas principais, embora um deles esteja (ao que parece) abandonado e em mau estado de conservação.

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Diz-se ainda que por esta aldeia passaria uma via romana depois denominada Estrada Real e que possuía uma estalagem para dar apoio aos peregrinos que passavam em direcção a Santiago de Compostela. Seria portanto um dos caminhos de Santiago e uma das vias romanas. A testemunhar uma possível via romana temos a ponte de um só arco sobre a Ribeira de Oura (que passará por aqui no post dedicado a Oura) e que devide precisamente as aldeias de Vila Verde de Oura e a aldeia de Oura, sede de freguesia.

 

Quanto à ponte sobre a ribeira, existem alguma polémica quanto ao ser romana pois, há quem defenda, que é medieval. Eu, embora não seja entendido na matéria, penso que seja romana, no entanto em nada fico ofendido se for medieval. Mas a ter existido uma via romana, faz todo o sentido que a ponte também o seja. Fica a discussão para os entendidos e formado na matéria, mas olhai que nem todos são de fiar, pelo menos a julgar por alguns, que ainda recentemente na imprensa da terrinha defendiam a substituição e introdução de materiais novo e modernos nas obras romanas, como a Ponte Romana de Chaves e até defendia que uma das melhores homenagens que se podia prestar à ponte romana, era mantê-la com trânsito automóvel, pois dizia o entendido que na altura dos romanos também passavam por lá cavalos e carroças, e pelos vistos, ainda continuam a passar alguns!... Contas de outro rosário que convém não esquecer, principalmente quando há destes senhores que também fazem e ensinam história, mas se alguma coisa aprendi em história, é a de que ela tem sempre duas ou mais versões, dependendo de quem a faz ou ensina, cabendo-nos a nós (leigos), decidir qual das versões é a mais correcta, o problema está quando só temos acesso a uma versão.

 

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Assim e até provas fundamentadas em contrário, a ponte da Ribeira de Oura (para mim) é romana.

 

Até amanhã em outra aldeia do concelho, e já que falo em Ponte Romana, se ainda não votou, não esqueça que está ainda a decorrer uma votação online, aqui na barra lateral, sobre se a Ponte Romana de Chaves deve ter ou não trânsito automóvel.

 

Agradecimentos deste post para um “filho” de Vila Verde de Oura, Amílcar Gonçalves (Mito), que gentilmente me acompanhou e mostrou as aldeias da ribeira de Oura.

 

Até amanhã!

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