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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

29
Ago08

Discursos Sobre a Cidade - Reencarnación - Por Fe Alvarez


 

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Texto de Fe Alvarez

 

 

 

REENCARNACIÓN

 

La culpa fué de  una preposición y es que las traducciones son  muy traicioneras, si por añadidura, la susodicha traducción proviene de otra y esta de otra anterior, cuando llega a nosotros nada nos garantiza que estemos con la verdad entre manos. Me refiero a la resurrección,  nos enseñaron de niños, en el catecismo que después de la muerte y en el fin del  mundo vendría la "Resurrección de la carne" luego leyendo otras tendencias y creencias nos aseveraron que después de pasar del Arameo, al Griego, Latín, Inglés  y de este llegar a los demás idiomas, se perdiera la verdad, esta era "La resurrección en la carne" o sea que de  aquí parte la idea de las vidas sucesivas, la reencarnación, que la Iglesia Católica niega categóricamente. Pero como no tengo nada de teóloga, ni pretendo descubrir nada nuevo pensé. Cómo viviendo allá en los confines de la península Ibérica, teniendo por frontera el Cantábrico, me vine a esta ciudad y aprendiese a amarla? Facil, una reencarnación tras otra me devolvieron a los orígenes.

 

Allá por el  año 722, (ya llovió) el noble godo, Pelayo,  venció a los ocupantes sarracenos, en la batalla (escaramuza) de Covadonga,  cimentando así el Reino de Asturias, que fué  creciendo y ganando  nuevos territorios para la causa cristiana, con Alfonso l, yerno de Pelayo, empieza la verdadera Reconquista, las batallas se sucedian y se aplicaban en esas tierras ganadas, la costumbre de "tierra quemada", es decir, los lugareños eran trasladados a asentamientos más seguros y así dejar al enemigo sin apoyos o provisiones, conseguidas en los pillajes. Naturalmente deduzco, que muchos habitantes del valle emigraron, forzados, por esta política, algunos llegaron a lo que en breves años sería el Reino de Leon, otros se aventuraron mucho mas lejos de este valle, traspasaron los Picos de Europa y con ello lograron, alejarse al máximo de las tierras gobernadas por los moros del Imperio Omeya; recorrido un tiempo y afianzadas las fronteras, hubo descendientes de aquellos desterrados que regresaron y quienes decidieran proseguir y asentarse en aquellas nuevas tierras, bien por gustos, intereses o amores. Como mi familia materna provenía de Leon y la paterna de Asturias y Chaves fué  antes asturiana que portuguesa, románticamente alimento el sueño en el que algún espiritu errante y perdido, con añoranzas seculares decidió volver a sus raices originarias y en "una resurrección en la carne", la niña nacida en el Norte, acunada por las olas, dando  mil vueltas su vida, con el tiempo vino a parar aquí y así navegar en los  montes de Tras os Montes. Muy romántico verdad?  ya pasaran muchos siglos y al espíritu no le fué nada facil la adaptación, la verdad es que los espíritus son  muy suyos. Hoy siento mía, esta ciudad, como cualquier flaviense.

26
Ago08

Os olhares de Oteo sobre a cidade


 

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E vamos lá a mais alguns olhares sobre a cidade descoberto no flickr.

 

Hoje ficam alguns olhares de Oteo, pois é este o nick com que assinas as suas fotos na galeria do flick.

 

E que sei de Oteo!? – O costume, ou seja, quase nada, pois pelo exif da foto sei que passou por Chaves em Fevereiro de 2008 e na sua galeria apenas deixa os dados de ser mulher, de Madrid, Espanha.

 

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Como curiosidade faz acompanhar as suas fotos de um comentário, dos quais destacava o comentário que faz acompanhar a foto do Pelourinho:  “ Largo do Pelourinho, sobre estas picotas o rollos se exponían los reos y los ajusticiados por la autoridad civil. Durante la conquista de América, el primer acto de fundación de una ciudad consistía en la erección del rollo como símbolo de jurisdicción real y como signo de amenaza cohercitiva.”  e o comentário da foto da antiga casa Machado reza assim: “Edificio abandonado en el centro histórico de Chaves. “ quanto à terceira foto, é o “Castillo de Chaves”, claro!, o nosso actor principal e um dos temas mais fotografado por quem nos visita , graças à sua (ainda) visibilidade alcançada de todo o vale de Chaves, mas também à ausência de um guia, roteiro ou pontos de apoio ao turístico da cidade. Continua-se a descobrir por conta própria, havendo às vezes quem consiga descobrir alguns dos pontos de interesse da cidade. Ainda bem que temos o castelo que dá nas vistas e que através dele há quem parta à descoberta do restante Centro Histórico. Agora menos, pois o terraço continua encerrado para obras.

 

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Como sempre fica aqui o linck para a galeria no flickr da nossa convidada de hoje: http://www.flickr.com/photos/oteo_74/

 

Amanhã estamos de regresso à cidade com mais um mosaico. Este mês é assim!

 

Até amanhã!

22
Ago08

Discursos Sobre a Cidade - "O Pita" - por Gil Santos


 

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Texto de Gil Santos

 

o pita

 

Na taberna do Ti Horácio, ali para os lados das Caldas, paravam todos os que da Brunheiro desciam ao vale para o mercado semanal da quarta-feira. Ali bebiam uns canecos, selavam os negócios, descansavam as montadas e almoçavam a especialidade da casa: um bacalhau com erbanços e batata cozida do Planalto, que regavam com azeite de Brunhais. Entre copos de maduro tinto, aproveitavam para actualizar as novidades: o preço da batata de semente, as sementeiras, as ceifas, as malhadas, enfim o mais das vezes as trivialidades do costume.

 

Por esta altura, as principais tertúlias andavam quase sempre à volta de temas ligados às histórias sobre o malvado Pita, um gatuno das felpas do diabo, cuja acção predadora se fazia sentir na solidão dos caminhos. Tratava-se de uma versão, rafeira, do popular Zé do Telhado, com a diferença que Zés destes, houve em quase todo o norte de Portugal e Pitas só mesmo aquele cujo território de predação era preferencialmente o caminho antiquíssimo que ligava Chaves à vila de Carrazedo Motenegro. Ninguém lhe conhecia o nome próprio ou sabia onde pendurava o pote. Mas a verdade é que este bandido trazia as gentes das aldeias e até mesmo as do arrabalde da cidade verdadeiramente atromelizadas. O Pita assaltava casas, roubava igrejas, violava mulheres, não deixando sossegados aqueles que a cavalo ou a pé faziam os caminhos para a cidade. Então nos dias de feira era uma desgraça. Não se fazia um mercado que não tivesse história: ou que roubara um manhuço de notas a um infeliz que vendeu a junta de bois; ou o capote de gola de raposa a um proprietário rico que regressava à montanha; ou que matara e escochara quem resistisse ao assalto; ou que violara uma mulher que nada tinha que se roubasse; ou que…enfim! Corriam sobre o Pita as mais rocambolescas histórias. Algumas delas teriam o seu fundo de verdade, não o nego, até porque, como soi dizer-se não há fumo sem fogo. No entanto, muitas outras seriam, pela certa, inventadas pelos fantasmas da solidão dos caminhos, ou acrescentadas pela imaginação fértil dos aldeãos, à laia do adágio de que “quem ouve um conto aumenta-lhe um ponto”.

 

Cada vez que atacava fazia-o de cara tapada, à Zorro de Trás-os-Montes, o que fazia com que fervilhasse ainda mais a força imaginativa do Zé Povinho. O local de trabalho do Pita era o caminho onde hoje existe a estrada nacional 314, que conduz de Chaves a Carrazedo, com preferência para o troço entre Lagarelhos e France, ali pelas Voltas das Cabeceiras, uma curvas cerradas que actualmente já não existem. Nesse sítio isolado, os infelizes transeuntes bem podiam berrar a bandeiras despregadas que não havia quem os escuitasse e lhes pudesse valer! O monstro, como aparecia desaparecia, nascendo do nada do meio das touças de carvalho negral esfumava-se por entre as fronças das gestas como a bruma nas manhãs de Primavera. Sempre sozinho, galopava pelas encostas num alazão lustroso desferrado, para que o tropel, no macadame da estrada, não espantasse a caça. Nos alforges da montada transportava o produto mais volumoso dos roubos e a merenda, para além de dois pistolaços de pederneira que usava para pôr os desgraçados em sentido.

 

Com dois metros de altura, a pele tisnada pela agrura da vida dura, olhos esbugalhados como se quisessem libertar-se da ditadura do dono, cara seca e esquálida, barba rija de meses, mãos enormes no fundo de uns braços longos e musculados e um vozeirão de trovoada, emprestavam àquela abantesma uma figura verdadeiramente tenebrosa. Pelas aldeias da montanha, onde as portas nunca se cerraram, trancavam-se agora a sete chaves. E se numa qualquer noite algum vizinho, mais afoito, batesse à porta de outro, era recebido de trabuco aperreado. Havia que se defender a família e o fumeiro que o homem não era para modas. E foram longos os anos que debaixo deste medo viviam as gentes do Brunheiro. A Verdade é que foram raros os que de facto o conheceram e infelizes, porque do encontro quase sempre recordam histórias tristes.

 

Ora, numa bela madrugada de 31 de Outubro, véspera de Todos os Santos e dia em que tem lugar em Chaves a feira anual do gado, que faz parte, desde há séculos, da famosa Feira dos Santos, o Ti Morgado, abastado lavrador de Fornelos, mandou o seu criado, Manel Soqueiro, com uma rica junta de bois galegos para a dita feira, para serem negociados, uma vez que não emparelhavam lá muito bem nos trabalhos da lavoura. Sendo escambras e puxando cada um para seu lado não havia maneira de assucarem lavoura que se visse. O patrão juntar-se-lhes-ia, mais tarde, no toural do Tabolado, uma vez que montado andaria mais ligeiro.

 

Levantou-se e fez a barba com a navalha amaciada numa tira de couro. Partiu duas nozes, foi à caixa dos figos secos e rilhou dois. Para rematar o mata-bicho, botou um copo de cachaça da que faz rosário e que o bagaço de Água Revés fizera óptima naquele ano. Vestiu o capote de gola de raposa, selou o Russo, montou-o na pedra do adro e fez-se à estrada. Passado pouco mais de uma hora estavam vencidos os dezassete quilómetros do caminho até Chaves. Ainda não eram oito e já o Ti Morgado botava uma jeropiga e dois biscoitos na taberna do Horácio. O Cavalo, preso no estacionamento privado daquele estabelecimento, matava o bicho roendo um coleiro de centeio pendurado no seu cachaço.

 

Depois de refeito da jornada e já compostinho, o patrão dirigiu-se ao toiral que, mesmo ali ao lado, já apresentava um aspecto de grande festa. Centenas de juntas de bois e vacas, touros, vitelos e bezerros, cavalos, burros, mulas e machos, ovelhas cabras e cabrões, só faltavam os recos por a feira destes ser, na altura, no Campo da Fonte. Não foi difícil descobrir a sua junta de galegos, entre aquele mar de gente e de cornos. E que dois bois ali se apresentavam! Pareciam estrelas! O marelo, ligeiramente mais corpulento do que o preto, apresentava uns peitos de respeito. Os cornos, raspados no dia anterior por um caco de vidro de uma garrafa partida e aguçados com o serrote da poda, luziam por terem sido untados com um cibo de azeite do de Brunhais, daquele que o Ti Morgado vendia ao Horácio da tasca para que se temperasse o bacalhau. O outro, igualmente musculado era um boi de bom porte. Não tivesse sido capado e certamente teria, naquela altura, o estatuto de boi do povo, reservado para a cobrição, nalguma aldeia barrosã.

 

Junta com tal qualidade teria que chegar às trinta notas! Por menos ninguém os avesava! − Pensava o Ti Morgado fazendo contas de cabeça.

 

Sorrateiramente, como quem não quer a coisa e convém à tradição manhosa do comprador, mostrar-se desinteressado, o Ti Marcolino de Eiteiro Seco, aproximou-se e batendo com a mão na rabada do preto, para lhe apalpar as carnes, perguntou ao Soqueiro:

 

− Atão rapaz, o boi parece que está cansado, vinhesteis de longe?

− Não senhor, vinhemos lá de cima de Fornelos?

 

Os bois estavam jungidos. As sogas, apertadas ao jugo e às molidas, uniam os animais num abraço solidário. Apoiando a mão sobre a molida do marelo, fazia, disfarçadamente, força por lhe abanar a cabeça a fim de testar a força do bicho. Não demorou muito que o animal, cansado da brincadeira, espanasse energicamente os cornos passando-lhe um fininho à testa. Apesar do perigo, o Marcolino não desgostou porque isso lhe mostrava a raça que procurava.

 

− Posso ber-le os dentes? − Perguntou entusiasmado o Marcolino.

− Pode sim senhor.

 

O Homem botou as mãos de vaca aos focinhos do marelo, penetrando o polegar pela fossa esquerda e o máximo pela direita, levantou-lhe ligeiramente a cabeça, arreganhou-lhe os beiços e espreitou. O boi, dificultando a tarefa por lhe ser estranha, esterrincava os dentes de nervoso. Não lhe notando defeito, fez a mesma operação ao preto. Não precisava de mais exames, dependendo do preço concluiu em silêncio que a junta lhe servia.

 

Atão o patrão não está?

− Está, sim senhor – dizia o Manel, mortinho para que o negócio se fizesse e pudesse ir dar uma volta pela feira.

− Oh Ti Morgado, chegue aqui! − Chamou o criado.

 

O amo que conversava encostado a uma aguilhada, fingiu não ter dado por nada, como convinha às manhas do negócio. O criado insistiu agora com a voz mais forte e ele sempre lhe deu atenção.

 

− Atão, há nobidade? − Questionou o amo.

− Oh Ti Morgado, quanto é que vossemecê quer pela junta? – Perguntou Marcolino.

− Por menos de trinta e cinco notas num nos leba?

Porra, entes queria puxar eu ao carro, vossemecê deve estar maluco. Inda por cima a dentadura do preto não está boa. Se visse trinta notas!...

Quando o Ti Morgado ouviu a oferta pensou de si para si que o negócio estava feito.

− Trinta e três! − Respondeu.

Mando-le trinta e é se quer!

− Não, amigo Marcolino, por esse preço tornam para Fornelos.

− Vossemecê é que sabe! − Rematou o comprador.

 

O homem, vendo que o Ti Morgado não caía abaixo das trinta e três notas de cem, utilizou a estratégia de fazer que já não estava interessado e desviou-se.

 

Outros potencias compradores analisaram os bois e apressaram as respectivas propostas, mas nenhum outro mostrou o interesse do Marcolino e nem mandou o que ela mandara. Passado umas boas duas horas e já muito perto da hora de almoço e homem chegou-se de novo e o Ti Morgado filou-o ao longe e fez-se de mula!

 

− O Ti Morgado rapaz? − Perguntou Marcolino.

− Ele anda por aí, eu precuro-o.

Descobrindo-o, passado algum tempo lá o trouxe de novo.

Atão Ti Marcolino, viu fazenda como esta? Não viu pois não?

Bi milhor mas dou-le trinta e duas notas pelos bois!...

− Trinta e duas e meia! − Retorquiu Morgado.

− Trinta e duas, nem mais um testão! − contrapôs Marcolino.

− Está o negócio feito se vossemecê pagar uma bacalhoada ali no Horácio. − Respondeu o patrão.

− Negócio fechado. − Rematou o comprador.

 

O negócio foi selado com os valores, incontestáveis, da época: a palavra, o sinal e um aperto de mão. O Marcolino puxou do bolso um maço de notas de cem, cuspiu nos dedos e contou as dez combinadas para o sinal. As outras vinte e duas entregá-las-ia na próxima feira. Assim se fez.

 

A junta de bois foi entregue ao criado do Marcolino para que fosse levada para casa. O Soqueiro, liberto para a gandaia.

 

Os dois protagonistas do negócio dirigiram-se à tasca, encomendaram a janta e alaparam-se a fazer boquinha com umas azeitonas e umas liscas de presunto que acompanharam com o tinto da casa, enquanto os erbanços coziam.

 

Encheram as ventas!

 

Já não estavam sós quando pelas quatro da tarde rumaram cada um ao seu destino.

 

O Ti Morgado, montado no alazão, tomou a estrada do Raio X e no cruzamento para Valpaços arrouçou para as Telheiras na direcção de Izei. Daí a pouco mais de meia hora estava no Peto de Lagarelhos onde era hábito parar na baiuca do Marranico para matar a sede do caminho. Aí chegado desmontou, prendeu o solípede à argola e enquanto este ruminava umas fronças de tojo bravo que despontavam à borda do caminho, o Ti Morgado entrou. Lá dentro, um grupo de homens, alguns deles já bem aviados, tagarelavam caoticamente, entre risadas estridentes, das tropelias do célebre Pita. O Ti Morgado, que praticamente os conhecia a todos, meteu-se na conversa e bebeu com eles. Quando saía, uma das criaturas, que por acaso não conhecia, dirigiu-lhe a palavra apercebendo-se de que se preparava para abalar.

 

− Oh Ti Morgado… vai p’ra cima?

Bou, bou, quer fazer-me companhia? − respondeu o Morgado, perguntando de novo.

Pronde bai?

Bou p’ra Carrazedo e por í já bou chegar de noute. Posso ir consigo?

− Claro amigo, até fazemos companhia um ao outro e sendo dois sempre estamos mais resguardados do tal Pita. Qual é a sua graça?

− Bem, se lhe disser o meu nome todo vossemecê não acredita… Chamo-me Procópio Fina Tinta Tanissas….

Porra home, o seu padrinho devia estar com uma moca do catano quando lhe escolheu o nome!... Bamos lá Ti Tanissas!

 

Cada um na sua montada e entre conversa de circunstância, não conseguiram evitar o tema do bandido da moda. Subiram a Lagarelhos, desceram ao pontão que vencia a pequena ribeira, um pouco depois do caminho para Maços, subiram às Voltas de Cabeceiras, e chegaram a France. Ali deixaram os cavalos beber no tanque que ainda hoje se encontra à beira da estrada e seguiram para o Carregal. Mais dez minutos para subir o Cabeço e estavam em Fornelos. À mediada que a viagem se foi fazendo a confiança entre os dois desconhecidos foi crescendo ao ponto de o Ti Morgado, ingenuamente, ter contado o negócio dos bois ao companheiro.

 

Anoitecia já quando chegaram à terra natal de Morgado. Apearam-se ambos por mor do Tanissas aceitar um copo na adega do anfitrião.

 

− Oh Marquinhas! − gritou o Morgado do fundo das escaleiras de pedra. − Bota ai dois copos e uma racha de bacalhau p’ra este meu amigo. A criada não tardou com a encomenda.

 

Os copos, como se enchiam assim se escoavam. Com a conversa do costume e o medo de seguir sozinho o resto do caminho, depois de bem bebido, o Fina despediu-se agradecendo a hospitalidade. Já montado no seu cavalo, ditou com voz de sarronco a seguinte sentença:

 

− De hoje em diente, Ti Morgado, pode andar sossegado por estes caminhos. O Pita não lhe fará mal algum, garanto-lho eu!... Sabe, nestas coisas as vozes são sempre mais que as nozes e se o Pita fosse o alma do diabo que pintam, vossemecê já não avesava, no bolso do capote, as dez notas dos bois. Passe muito bem meu amigo!...

 

Não esperando pela resposta, esporeou o cavalo e fez-se apressado ao caminho, estranhamente na direcção contrária ao destino que declarara. Retornou aos lados de Lagarelhos!...

 

O Ti Morgado, com a mão sobre o bolso do capote onde jaziam as dez notas estava tralhado, caía das nuvens!...

 

Aquela noite foi passada em branco. Pudera!... Ele sempre há cada uma!... – Pensava estarrecido, enquanto o sono teimava em não ser amigo!...

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