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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

28
Fev10

Curral de Vacas - Chaves - Portugal


 

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A primeira vez, teria eu 6 ou 7 anos, se tantos, que fui a Curral de Vacas, foi quase em excursão familiar com pais, padrinhos, irmãos, acomodados como podíamos, todos dentro de um carro preto e grande, que gemeu a bem gemer para atingir o cimo da longa subida que desaguava na aldeia. O Esforço do carro foi tanto ou igual ao nosso, que dentro dele sofríamos e temíamos não chegar ao destino, o que seria uma tragédia não poder assistir devotamente ao Auto da Paixão. Era tempo em que a religião além de se levar a sério, era tão temida como abençoada da mesma forma que Deus nos castigava ou dava graças. Assistir ao Auto da Paixão, além da beleza da representação, era também uma graça de Deus.

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Estávamos nos anos 60 e só regressaria lá de novo, 20 anos depois por um motivo profissional qualquer. Da aldeia poucas imagens tinha, do Auto da Paixão, recordava e recordo ainda muitas das cenas e do túnel humano que se ia abrindo para a representação passar, mas também dos comentários de apreciação da representação das cenas e dos personagens, sobretudo o de Jesus que era sobre o qual recaiam mais atenções.

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Tenho assim, desde sempre, associada a aldeia de Curral de Vacas, ao Auto da Paixão, que, quer se tivesse a sorte de assistir ou não, era famoso e passava para além das terras de Chaves, tanto, que até Miguel Torga se sentiu atraído pela fama e encanto do acto ato e mesmo sem auto, quis conhecer o palco da representação:

 

Curral de Vacas, Chaves, 24 de Setembro de 1970

 

Hoje vim apenas ver o palco. Qualquer dia virei assistir à representação do Auto da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nestas quelhas esburacadas e cobertas de bosta, ladeadas de postigos por onde espreita a solidão humana sem fartura, sem higiene, sem instrução e sem esperança, sim, é de um Zé qualquer, pode carregar dignamente uma cruz divina

Miguel Torga, in Diário XI

 

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Também eu, antes deste post, por várias vezes fui, apenas, visitar o palco da actual atual aldeia. Vinha-me sempre à lembrança o tal Auto da Paixão e regressava sempre de mãos vazias e sem imagens da aldeia de hoje para a feitura deste post.

 

Mas continuemos, ainda, com o Auto da Paixão e com Torga, que depois do palco vazio, quis vê-lo cheio de paisagem humana num espaço de devoção, mesmo que ingénuo mas fazendo parte das práticas ancestrais enraizadas na vivência mais profunda de um povo.

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Curral de Vacas, Chaves, 11 de Abril de 1974

 

O Auto da Paixão num pobre lugarejo  transmontano transfigurado numa Galileia imaginária, a fonte de Jacob, o Jardim das oliveiras e o Sinédrio reduzido a uma bacia cheia de água, a meia dúzia de ramos espetados no chão, a um palanque de feira. Mas nesse cenário ingénuo e sumário, tudo se passou como no verdadeiro – um Cristo do mundo a sofrer as injustiças e agruras do mundo. Pilatos era qualquer regedor, Presidente da Câmara ou juiz poltrão a lavar as mãos na honra da verdade; Caifás, o influente poderoso e rancoroso, que não é por nós é contra nós; Judas, o mau vizinho que muda os marcos e jura peitado; e a turba judaica, a multidão que assistia, mata, queima, esfola, conforme a onda emotiva. Não havia vedetas. Nem o próprio redentor tentava ultrapassar a medida humana. Todos faziam diligentemente o seu papel, a debitar o texto e a gesticular como a rudeza era servida. A tarde estava de rosas, e essa doçura da natureza emoldurada harmoniosamente aquela lúdica catarse colectiva, teatro e realidade misturados, festa e pesadelo, agonia fingida e vivida. O povo tem isso: sabe encontrar o meio termo feliz, o equilíbrio entre as exigências da alma e as fraquezas do corpo. A tragédia do Calvário é a nossa própria tragédia. Mas Deus é Deus, um ser absoluto. Pode sofrer absolutamente. Nós somos criaturas relativas…Por isso, a esponja de fel que desta vez o Centurião chegou ao lábios de Cristo era um naco de pão-de-ló ensopado em vinho fino…

 

Miguel Torga, in Diário XII

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Este blog está quase a cumprir a sua promessa de passar por todas as aldeias do concelho de Chaves com um post alargado, pois com breves passagens já todas passaram, e Curral de Vacas não poderia ficar de fora de uma abordagem mais profunda e, em imagem, deixar também aqui uma ideia do que é a aldeia. Não poderia adiar mais uma visita demorada e a recolha de imagens. Aqui está hoje o post e as imagens possíveis, na certeza de que muitas mais poderia ficar aqui.

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Uma abordagem que confesso difícil, não só porque todas as velhas imagens do meu imaginário se diluíram na modernidade da aldeia, mas também, como diz Torga, por perder a sua identidade, começando pelo nome da aldeia, que não sei por qual vergonha tentam borrar e deixar esquecido o nome de sempre, da e ligado à sua história, do seu passado – Curral de Vacas, chamando hoje a si e à aldeia (consagrado em placa à entrada da aldeia) o nome da freguesia de Santo António de Monforte.

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Também Torga lamenta e de novo canta Curral de Vacas no seu diário, passados quase vinte anos após ter-se rendido a todo um povo:

 

Curral de Vacas, Chaves, 3 de Setembro de 1991

 

À semelhança de tantas outras que me ocorrem penosamente à lembrança, também esta terra, infelizmente, perdeu a identidade. Mudou de nome, alindou as moradias, secou-lhe no largo o negrilho centenário que a tutelava, deixou apagar o forno do povo, pôs fim às representações do Auto da Paixão, que a notabilizavam e aqui me trouxeram pela primeira vez. Com todas as raízes cortadas, ninguém se orgulha mais do tapete de bosta que lhe almofadava os passos logo ao nascer. Cada morador, com quem falo e comento a degradação, parece ter perdido a memória das antigas feições. Até o patriarca, que foi durante a vida inteira titular da figura de Cristo no drama sagrado, e era pelo ano adiante a figura carismática da povoação, no que diz e me diz é um estranho a si próprio, um zé-ninguém indigno da majestade que dantes lhe nimbava a rude fisionomia de cavador. Nem o consigo ver, como vi, a morrer santamente na consternação de todos pregado na cruz do calvário, nem, depois, a festejar alegremente com os amigos, lascas de presunto e copos de vinho tinto, a sua ressurreição.

 

Miguel Torga, in Diário XVI

 

A Maravilha do Reino, perdia assim para o poeta que a canta, um pouco do seu encanto.

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Mas vamos deixar, para já, Torga e as perdas do passado de lado, que, no entanto,  se refletem no presente de uma aldeia que cresceu a par da modernidade alongando o seu casario ao longo da estrada agora asfaltada, que construiu os seus bairros novos, que pavimentou e arranjou o seu largo, o tal dos negrilhos, que vá-se lá saber porque, um pouco por todo o lado, resolveram morrer e deixar mais tristes os espaços que ocupavam.

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Mas vamos a um pouco da história desta aldeia que ainda hoje, oficialmente, é Curral de Vacas, pois tanto quanto sei, e assim consta na divisão administrativa do concelho, à Freguesia de Santo António de Monforte, pertencem as aldeias de Curral de Vacas e Nogueirinhas.

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Comecemos pela origem do topónimo. Como sempre, existem várias hipóteses para a origem da designação Curral de Vacas. Uma, tendo origem na abundante criação de gado bovino ligado à aldeia, que se calha (agora sou eu a supor) teria de perto a ver com a existência da principal feira do gado da região se realizar em terras de Monforte (Castelo) à qual esta aldeia pertenceu em termos administrativos até 1960, pois só a partir desta data é que se formou a freguesia de Santo António de Monforte (com  Curral de Vacas e Nogueirinhas). No entanto, pessoalmente estou mais virado para uma segunda hipótese de origem da sua designação, e, esta, apoiada até por alguma documentação, pois segundo segundo Viterbo no seu famoso “Elucidário” faz-se referência a um senhor donatário destas terras, cujo nome seria Luiz Pires Voacas. Seria talvez aqui (sou eu a supor outra vez) que o topónimo teria a sua origem e, a ser assim, inicialmente poder-se-ia referir ao curral do (Sr.) Voacas, acabando em Curral de Vacas. Claro que como não há qualquer documento que ateste em prol de uma origem, qualquer uma das apresentadas (ou que apresentem) pode ser verdadeira.

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Quanto à denominação da freguesia ser Santo António de Monforte, quanto a essa já se têm certezas e está directamente diretamente ligada à tal ligação que Curral de Vacas teve, como território paroquial, à terra e julgado de Monforte de Rio Livre.

 

Pela existência de vários castros nas aldeias mais próximas, tudo indica que curral de Vacas pudesse ter tido ocupação pré ou proto-histórica. Já inequívoca é a romanização bem patente na ara  existente no interior da Igreja Paroquial invocada à divindade indígena Larocus (ou Laraucos, conforme os documentos que se tenham de base) e que hoje dizem ser de invocação ao Deus Larouco. Aliás esta ara é mesmo directamente diretamente relacionada com a Serra do Larouco, cuja imponência se avista desde Curral de Vacas, bastando dirigir olhares para terras do Barroso.

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A Igreja Paroquial com torre sineira galaico transmontana de dois sinos, hoje com pedra à vista e isenta de qualquer reboco, mostra uma traça incaracterística com certa persistência do gosto românico, principalmente a nível do aparelho e do pórtico principal aberto em arco de volta inteira. Na frontaria pode ainda observar-se um pequeno óculo de recorte oval talhado em dois enormes blocos justapostos. Algumas irregularidades construtivas denunciam as sucessivas reformas a que o templo esteve sujeito ao longo dos tempos. O Padroeiro, como é natural, é Santo António, com honras e festa marcada anualmente para 13 de Junho junho.

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No largo principal da aldeia ergue-se um Cruzeiro perto do qual a Capela da Senhora do Rosário mostra a sua graça, rematando o largo.

 É junto a esta capela que se inicia o caminho para a escola primária, que (milagre) é uma das poucas escolas rurais em funcionamento. Uma prova de que esta aldeia não foi muito castigada com o despovoamento a que estamos habituados, aliás pelos Censos existentes desde que foi criada a freguesia de Santo António de Monforte, a freguesia mantém-se sempre acima dos 500 habitantes. No entanto os primeiros Censos da freguesia são de 1970, faltando os anos críticos de perda de população associados à década de 1920 e às de 1950/60. Contudo é um bom sinal existir escola primária em funcionamento, pois é porque existem crianças, e embora (segundo apurei) não chegue aos 20 alunos e esteja bem longe do número de alunos da primeira escola na aldeia, que em 1916 era de 76 crianças em idade escolar.

 

Geograficamente, a aldeia ocupa parcialmente uma área planáltica que se estende até Mairos e Paradela de Monforte no entanto as suas terras descaem para a bacia orográfica do Rio Tâmega.

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Em termos de actividade atividade, a agricultura é a de maior importância, com as culturas comuns às terras do planalto (batata, centeio, alguma vinha e os produtos hortícolas bem como árvores de fruto de proximidade das habitações. Em tempos, não há muitos, era conhecida também por se dedicar à pecuária e à produção de leite que hoje se perdeu, tal como em quase todo o concelho e graças às “boas” negociações agrícolas de preços e quotas que os nossos responsáveis governamentais têm travado a nível europeu e que em muito têm contribuído para o despovoamento do interior Norte.

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E se a nível da aldeia a principal actividade atividade é a agricultura, já não o é em termos de ocupação dos seus habitantes, muitos deles reformados e outros tantos a trabalhar em diversas actividades  atividades fora da aldeia e na cidade, funcionando a aldeia como dormitório. Uma prova de como se pode trabalhar na cidade e viver na aldeia, com a sua qualidade de vida, vizinhança e tranquilidade, mesmo que, embora avistando-se a cidade, ela fique a 12 quilómetros de distância. Outras aldeias bem mais próximas da cidade poderiam seguir o exemplo destas aldeias ainda com vida.

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De história e lenda,  falta ainda referir a Fraga da Moura ou Pedra Pitorga, mas mais uma vez, a preferência e referência deixo-a a cargo de Miguel Torga:

 

 Curral de Vacas, Chaves, 4 de Setembro de 1991

 

Com metade da povoação a guiar-me , visita penosa à Pedra Pitorga, um abrigo pré-histórico gigantesco que deu segurança através dos tempos a sucessivas aflições. A ele se acolhiam os primitivos habitantes da região, assediados por ursos, lobos, javalis e outros inimigos. Nele se refugiavam foragidos da Inquisição e da sanha miguelista e liberal, e perseguidos da Guerra Civil espanhola, que a raia não defendia da raiva nacionalista. Labirinto granítico oculto num matagal de giestas e Carvalhas, nele me apeteceu resguardar também a dignidade de poeta neste tempo sem poesia que me coube.

 

Mas o Homem já não sabe identificar-se no seio da natureza. Nem mesmo os candidatos à santidade se retiram nos cenóbios e nos desertos para conhecer na solidão os limites da alma, e meditar na hipocrisia humana. Cépticos também, procuram compungidos no seio escancarado das multidões a justificação da farsa da sua medular incredulidade. Os poetas, esses serão sempre presenças por si próprias devassadas em todos os recônditos do mundo. Em nenhum sítio real ou imaginário se podem evadir dos seus demónios interiores e da incompreensão demoníaca dos outros.

 

Miguel Torga, in Diário XVI

 

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Para finalizar, a referência ao testemunho da vida comunitária que existiu na aldeia e pena é, nem que fosse apenas em termos de animação, convívio bem como honrar a história do passado, as infraestruturas comunitárias existentes não seja frequentemente utilizadas. Refiro-me ao lavadouro público e refiro ao forno do povo, já que as fontes, de uma ou outra forma, lá vão tendo a sua utilidade, embora já não se vá de cântaro à fonte, pois felizmente, agora, a água já nasce na torneira de casa.

 

Para quem não sabe onde fica Curral de Vacas, não há nada a saber, pois basta virarmos o destino para terras galegas, para a fronteira e quando chegarmos a Vila Verde da Raia, no cruzamento da fonte, vira-se para Curral de Vacas, embora na placa apareça (claro) Stº António de Monforte. Curral de Vacas é também terra de passagem para Mairos e Paradela de Monforte, mas se de Mairos seguirmos até S.Cornélio, então Curral de Vacas pode ser passagem para quase metade das aldeias do Concelho.

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E por Curral de Vacas é tudo. Já aqui tem o seu post alargado, no entanto, ainda gostaria de lhe dedicar um outro, uma grande reportagem, a ser possível se tornarem também possível tão famoso como saudoso Auto da Paixão. Façam dele um motivo de interesse religioso, turístico e até económico que Curral de Vacas, só ficaria a ganhar, para além de ser também um motivo de orgulho para a aldeia. Não deixem que politiquices, partidarismos e outros devaneios acabem com uma tradição que vos ficava tão bem. Não percam, como dizia Torga, a vossa identidade senão caem numa vulgar aldeia qualquer.

 

Agora sim, para terminar mesmo, a referência a um blog de Curral de Vacas, que embora a sua última publicação seja de nov.09 já existe desde 2006 e, assume o nome de Curral de Vacas .

  

 

 

27
Fev10

Imagens para memória futura e palavras para quem as lê


Já começou a contagem decrescente.

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Para memória futura, aqui ficam três imagens que vão ser engolidas por uma barragem.

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Um testemunho da preocupação  que os senhores de Lisboa têm connosco e do como verdadeiramente interessamos.

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Mas não é só por Lisboa que os nossos interesses são defendidos. Por cá, os mesmos interesses, também se preocupam connosco.

 

 

Para saber mais sobre o assunto, ver o post publicado em: Requiem para o Rio Tâmega

 

 

 

 

 

26
Fev10

Discursos Sobre a cidade - Por Fe Alvarez


- Pobre hombre, se le ve tan abatido, qué pena! Se siente, no le tienen cariño.

- Ese es de los que recogieron aquello que sembraron, no merece nada más. 

- Fue tan mala persona? 

- Oye:

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En aquellos tiempos, en que la mano ferrea de la dictadura, marcaba el compás de la vida, una vida llena de trabajo y privaciones, el futuro para un matrimonio de trabajadores era duro, muy duro y si los hijos llegaban con regularidad, como era el caso, peor, siempre era una boca más para alimentar, que vestir, lo que se dice vestir, se aprobechaba todo al máximo, se heredaba de hermano a hermano y si venía algo de fuera también era bien recibido, se volvía, se remendaba y se zurcía, es decir de viejo se hacía nuevo, todo  aquello que consiguiese ahorrar unas míseras perrillas, se ponía en práctica, hasta la extenuación, todo valía, menos perder la dignidad.

 

El padre de familia, cansado de andar faenando de feria en feria, pasando mil penalidades y no vislumbrando un mañana prometedor, decidió emigrar y así después de ver las posibilidades decidió probar suerte en las colonias, se hablaba el mismo idioma y no se sentiría tan extraño, además conocía mucha gente que se emigrara antes y tuvieran suerte, un buen día partió y ella se quedó con los hijos y los mercadillos, con las mismas penalidades y con problemas acrecentados, naturalmente, pues no tenía medio de transporte, por este motivo había que pagar a quien la llevase, los problemas se multiplicaron, claro que no venian más retoños, pero los que ya había crecian y los gastos aumentaban, no obstante los ingresos esos no había modo de aumentarlos. Era desesperante, el día tenía 24 horas incluyendo las de descanso, claro, y ella no podía trabajar más, llegaba a la cama, exausta, sintiendose insatisfecha, destrozada, dolorida y muchas veces humillada.

 

Y el marido? Ah! el marido llegado a las tierras de las que se decía que manaban leche y miel, enseguida empezó a trabajar y como sucede muchas veces, hizo llegar, en los primeros tiempos (dos o tres meses), algún dinero a la familia hambrienta, "poco dura la alegría del pobre", él se entretiene con nuevas conquistas y con las alegrias de la novedad, el brillo del oropel, algún que otro vapor envolvente y la mala cabeza,  olvida a sus hijos y a la sacrificada esposa que quedó en Chaves, el poco goteo que llegara se secó, completamente, ni dinero ni noticias, algunas veces muy de vez en cuando se sabía alguna novedad, de la vida que llevaba, estas novedades eran traidas por personas que también hicieran suyas aquellas tierras africanas; muchas cosas a contar y muchos silencios, por caridad, no querian lastimar más a aquella mujer que se dejaba literalmente la piel, cada día para poder sacar adelante a su prole, sin un apoyo, por momentos era ella contra el mundo, un mundo cruel y frio, que parecía querer destrozarla.

 

Ellos, los niños fueron creciendo y se sentian dolidos y humillados, sus sentimientos se perdian entre el amor  y el desprecio a un padre que los  abandonara, impugnemente, a su suerte y crecieran con muchas carencias, afectivas y económicas. Evitaban hablar de su progenitor y se esforzaban para conseguir algo mejor de lo que su madre tenía y compartía. Algunos hicieron el curso de comercio, se emplearon, otros se casaron, emigraron  y los costes familiares fueron quedando más leves. Ella estaba derrumbada, pero solo en parte, ver a los hijos mejorar le alegraba el alma y era un bálsamo para su cuerpo dolorido. Después de tener a todos los hijos independizados, la vida pareció remansarse, claro que quien trabaja tanto, no puede dejarlo de un momento para otro, solo bajó el ritmo. Lo necesitaba.

 

El mundo siguió girando, con sus penas y alegrias, con sus miserias y sus grandezas, con sus encuentros y desencuentros. Entonces el padre que partiera, abandonando todo, le despertó la vejez, no la esperaba, pero siempre llega, con ella, la decrepitud, las limitaciones, la enfermedad,  que la vida disoluta y hueca adelantó y esta era su herencia, entonces, le vino a la memoria:  por aquellas tierras de Tras os Montes, más concretamente en Chaves, si no se recordaba mal, tenía una familia, una familia que le pertenecía, era suya, mejor dicho eran suyos, todos y cada uno de sus miembros, y con más cara que espalda se presenta exigiendo sus derechos, que como vemos no se los había ganado, se creía que eran suyos por derecho Divino, por eso no interesaba el haber olvidado miserablemente, sus deberes, claro que no encontró a la misma mujer que dejara, siempre fuera una luchadora y como dicen que aquello que no nos mata nos hace más fuertes, esta gladiadora era fuerte, se hiciera de piedra, aún así ,ella le reprochó su vida y lamentó sus trabajos, él encontró unas disculpas vergonzosas, pueriles, pobres, que ni él mismo se creía, entre tira y afloja, llegaron a un consenso. Podría quedarse en la casa matriminial, pero... tendría que pagarse esa habitación, la manutención y la limpieza, es decir un extraño en su familia, su familia...? perdiera el derecho de considerarla así. Para mal de sus pecados, ni tenía amigos que mitigasen sus días de soledad amarga y así solo, triste y aburrido de la vida veía pasar lentamente los días desde la ventana. Las noches, eran bastante peores, con sus fantasmas agigantados, sus miedos, sus recuerdos y todo esto condimentado con malestar y dolores; eran eternas... desagradables... y frias, muy frias.

 

25
Fev10

Coleccionismo de temática flaviense - Calendários de Bolso


Mais uma vez trazemos aqui os calendários de bolso com os quais se pode fazer também um bocadinho da história de Chaves.

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O calendário de hoje faz parte de uma série de calendários de bolso editados por uma empresa da cidade em que representava vários monumentos da Chaves. Os calendários foram editados em papel fotográfico brilhante, realçando e dignificando assim os temas representados, neste caso, a Igreja da Misericórdia, tal como se apresentava na altura (1987) em que os principais monumentos da cidade ganhavam o ar da sua graça com a iluminação nocturna com que tinham sido dotados e neste caso, a cores. Infelizmente, com o tempo, as lâmpadas foram-se fundido (suponho) pois hoje esta igreja, de noite, dilui-se na escuridão da praça, onde apenas o edifício do poder está iluminado.

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Todas as fotos desta edição de calendários são de autoria do nosso amigo e colega da blogosfera flaviense Dinis Ponteira

  

Calendário de 1987

Dimensões: 70x100 mm

Material: Papel fotográfico brilhante

Nº de exemplares: desconhecido

Autor: Dinis Ponteira

Promotor: PEEIE Ldª

 

24
Fev10

Hoje há feijoada ou peixeirada, já nem sei!


Hoje é quarta-feira e, em Chaves, é dia de feira e, dia de feira que se preze, tem feijoada, com todos os condimentos e para todos os gostos, pese embora, agora os tempos, até serem de peixeirada, não só pela quadra da Páscoa que nos leva para o jejum do peixe, mas a peixeira que está implantada neste Portugal de marinheiros. Deve ser influência do nosso território ter mais mar que terra.

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Fotomontagem de arquivo

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Aliás sempre foi a grandeza do mar que inspirou a grandeza de Portugal e sempre inspirou o poeta português. E falo do poeta, como representante de todos os poetas portugueses, o maior, o que canta a realidade de Portugal, que, para mim, há muito deixou de ser Camões.

 

DEUS QUER, o homem sonha, a obra nasce,

Deus quis que a terra fosse toda uma,

Que o mar unisse, já não separasse.

Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

 

E a orla branca foi de ilha em continente,

Clareou, correndo, até ao fim do mundo,

E viu-se a terra inteira, de repente,

Surgir redonda do azul profundo.

 

Quem te sagrou, creou-te portuguez,

Do mar e nós em ti nos deu signal.

Cumpriu-se o Mar, e o império se desfez.

Senhor, falta cumprir-se Portugal.

 

Fernando Pessoa, “ O Infante” In o Mar Portuguez/Mensagem

 

Assim sendo, já nem sei se isto hoje é feijoada ou peixeirada, reforçada a dúvida pelas palavras do poeta:

 

“ O MAR SALGADO, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal”

 

E o Tâmega, leva algumas lágrimas de Chaves, que também ajudam a salgar o mar.

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De Chaves ou de outra terra qualquer, pois o sentimento e a realidade é comum e uma lágrima nossa, não é menos salgada que uma lágrima de outro qualquer sítio ou terra de Portugal, mas por aqui, é de Chaves que se fala. Pois vamos às lágrimas de Chaves que contribuem para as lágrimas de Portugal e para o sal do mar.

 

Por cá nunca fomos ricos, sempre fomos mais ou menos esquecidos e se não fosse por termos uma boa horta e Espanha estar aqui a dois passos, permitindo-nos assim ter sido militares e contrabandistas, se calha Chaves nem existia. Somos pobres, mas nunca fomos invejosos, aliás a inveja nem se conjuga muito bem na pobreza. Inveja é um luxo que só os ricos, os poderosos ou bem remediados conseguem conjugar. Na pobreza cultiva-se mais a revolta e depois, o que é que se poderá invejar na pobreza!? Mas os pobres existem, e por cá, infelizmente, temos a pobreza total, ou seja, o pobre que é pobre porque não tem dinheiro para mandar cantar um cego, mas também a pobreza de ideias e da ambição de fazer sair Chaves do marasmo, ele mesmo pobreza.

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Nunca a sabedoria popular de “ Em casa onde não há pão, toda a gente ralha e ninguém tem razão” se aplicou tão bem como nos nossos dias atuais, e, ainda vamos tendo umas côdeas por casa. Basta ler os jornais, ouvir as notícias e os nossos atores, sejam eles políticos, da banca e grandes empresas, da justiça, dos Mass Media (convém refrescar a memória e saber o que são os Mass Media: - são sistemas organizados de produção, difusão e receção de informação. Estes sistemas são geridos, por empresas especializadas na comunicação de massas e exploradas nos regimes concorrenciais, monopolísticas ou mistos. As empresas podem ser privadas, públicas ou estatais.).

 

Pois a pobreza e o povo, porque a pobreza convive bem com o povo, dos poucos direitos que tem é a revolta, mesmo que seja muda e se fique pelos intestinos, mas revolta-se e com todo o direito, principalmente quando por todo o país se ouve falar de crise, de não haver dinheiro, de estamos de tanga no fundo do poço ou do pântano, de não haver dinheiro para aumento de vencimentos, de cada vez haver mais desempregados e empresas a falir e à nossa volta continuar-se a mal gastar dinheiros públicos, em puros devaneios, luxos, ambições, teimosias, politiquices, etc.

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Ainda ontem enquanto ouvia a entrevista de José Sócrates na televisão, não deixava de o admirar na facilidade em que ele tem em dar volta aos conteúdos e como na astúcia das palavras dava a volta à verdade. Ouvi coisas incríveis que nos tocam bem de perto. Falou-se das barragens que são o futuro de Portugal (imagine-se) e pelo meio, Miguel Sousa Tavares trouxe à baila uma das plataforma logísticas que Sócrates lançou com tanta pompa e circunstância e que, as autarquias caíram de queixos na sua construção. Pois por cá, temos ambas, as barragens e uma plataforma logística. Uma barragem em projeto com a qual só ficamos a perder, destruindo-se um rio que embora com algumas maleitas ainda poderia ser saudável, mas destruindo também toda uma economia de subsistência, de gente pobre, que sem as suas terras férteis de cultivo, vão ficar sem nada, e tudo em nome de Portugal e das energias renováveis que vão ser exploradas pelos monopólios da eletrecidade e que todos vamos pagar, para continuar a dar, como até aqui, chorudos lucros às empresas exploradoras, ou seja, destroem um rio, empobrecem ainda mais a região e ainda vamos ter de pagar por isso e ficar contentes.

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Não deixo de dar razão a José Sócrates quando diz que o futuro da energia está nas energias renováveis. Quem é que não sabe isso, mas o futuro não está nas barragens, mas sim em casa de cada um de nós, com a produção da energia que necessitamos, cedendo a produção que resta à rede pública. Coisa simples. Bastava que o dinheiro que se gasta em petróleo para produzir eletrecidade, o que se gasta na construção e manutenção de barragens, nos negócios e gestores a elas associados, se transferisse para o equipamento doméstico que cada um de nós necessitaria para produzir eletrecidade. Mas claro que isso não interessa às grandes empresas que detêm o monopólio da eletrecidade, não interessa ao poder dependente, não interessa ao poder internacional do petróleo. Energia sustentável, de borla, não poluente e renovável, não interessa ao grande capital e como tal, não interessa ao poder. Construam-se barragens, empobreça-se uma região já pobre, ponha-se-lhe o rótulo de amiga do ambiente, mesmo que o ambiente seja o primeiro sacrificado e todos os papalvos dirão ámen!

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Pois vamos às plataformas logísticas. Para quem não sabe e pelos vistos há muita gente que não sabe, em Chaves há uma plataforma Logística porque era um dos pontos estratégicos a nível nacional para a implantação de uma das poucas que existem. Em Chaves existe uma e até foi inaugurada por José Sócrates. E agora perguntarão vocês, afinal o que é uma  plataforma logística e onde está a de Chaves!?... pois não sei,  mas garanto-vos que existir, existe, e já há alguns anos, onde até se gastaram uns largos milhões de euros na sua construção, mas apenas isso, pois nunca funcionou, está fechada e a degradar-se, tal como toda a área envolvente onde deveria funcionar uma Mercado Abastecedor, que também existe e não funciona, e um parque de atividades que não tem atividade.

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Custa ver um poder a exibir-se e exigir-nos sacrifícios, a aumentar-nos os impostos,  a retirar-nos direitos fundamentais, a roubar-nos a saúde, a formar jovens para o desemprego e que ao lado de nós esbanja dinheiros públicos (milhões dele) para equipamentos que não funcionam, para desfazer e refazer sem nada melhorar (EN 213), para fechar escolas e construir outras, para esvaziar hospitais existentes para construir outros novos, para construir barragens que destroem rios quando a eletrecidade existe de borla nos nossos telhados, para enfim, gozar connosco. Já nem quero falar de TGV’s, Aeroportos, pontes megalómanas, mundiais de futebol, etc. entre outras realidades e projetos que pululam por aí…

 

E já que comecei com o Poeta, vamos acabar com palavras suas:

 

SENHOR, a noite veio e a alma é vil.

Tanta foi a tormenta e a vontade!

Restam-nos hoje, o silêncio hostil,

O mar universal e a saudade.

 

Fernando Pessoa, “ Prece”  In Mensagem

 

 

 

23
Fev10

Outros Olhares Sobre Chaves - Daniel de Oliveira



Hoje é terça-feira e como sempre vamos até aos olhares de quem nos visita.

 

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Daniel de Oliveira, é o nosso convidado de hoje, e tal como deixa escrito no seu perfil, é um lisboeta da cabeça aos pés, para quem a fotografia faz parte da sua vida. Coisa já de família, de seu pai, também amante de fotografia e coleccionador de câmaras fotográficas…Leicas, entre outras. Diz-se particularmente amante de Lisboa, da sua arquitectura e da sua luz, da fotografia de rua, da experiência que vai adquirindo na fotografia de estúdio. Um fotógrafo que já não viaja sem a sua máquina fotográfica.

 

Pois  numa das suas últimas viagens passou por Chaves e por cá fez alguns registos da nossa cidade. Registos flavienses e também da sua vivência como fotógrafo, com fotografia de rua e de estúdio que já pode ser apreciada na sua galeria no flickr, e que poderá e deverá ver aqui:

 

http://www.flickr.com/photos/72964160@N00/page1/

 

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Hoje deixo por cá quatro registos da nossa cidade, olhares diferentes de reflexos e pormenores, de cores e contrastes de um passeio que se adivinha pelo nosso centro histórico com passagem do rio até à outra margem numa série de fotos que o Daniel de Oliveira legenda com “cold light series”, e sem dúvida, que captou bem a nossa luz, mas também o frio de uma conversa gelada que nem sequer falta na expressão do azul e brilho do céu.

 

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Gostei de ver o pouco que partilha na sua galeria sobre Chaves, espero que tivesse levado consigo mais olhares interessantes da nossa velha cidade que contrastam e ficam bem na sua interessante e apurada galeria de fotos.

 

 

Na NET, o Daniel de Oliveira tem também o seu nome associado ao MAL. Um MAL que parece ser feito por bem, no Movimento Acorda Lisboa que tem o seu espaço aqui:

 

http://www.movimentoacordalisboa.com/

 

 

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Obrigado Daniel pelos teus olhares sobre Chaves e volta sempre, com a tua máquina fotográfica, e da próxima pode ser de verão, para assim poderes compreender as palavras de Miguel Torga, quando dizia que por cá havia “Nove meses de inverno e três de inferno” e talvez poderes colher a luz abafada do calor.

 

Até amanhã, em dia de feijoada em Chaves.

22
Fev10

Chaves de Ontem de de Hoje - Arrabalde


Imagem do Século passado (data incerta) pela certa com mais de 50 anos

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Se me perguntarem de qual destas duas imagens gosto mais, não duvido em dizer que é da primeira, da mais antiga, e porquê?  - A razão é muito simples, além de ser uma belíssima imagem e embora entre ambas não haja muitas alterações em termos de casario e de espaço edificado, pode-se mesmo dizer que a imagem actual atual mantém a sua integridade da antiga, no entanto há uma diferença que pesa na escolha da primeira imagem – a vida e saúde do casario, principalmente do quarteirão que abrange o antigo Hotel de Chaves hoje quase na integra abandonado e em péssimas condições de conservação, alguns deles, ameaçando mesma ruir.

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Imagem de 21.Fev.2010

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Imagens antigas que hoje fazem a delícia de quem as vê, mas que também fazem um pouco da história de Chaves do século passado, quase todas boas imagens de ainda hoje se lhe tirar ao chapéu e, quase todas do mesmo autor e fotógrafo de uma casa que ainda hoje existe – o Foto Alves. Autor que é merecedor do nosso respeito e que merecia uma homenagem da cidade, por todas as fotografias que nos deixou da antiga vila e cidade do século passado.

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21
Fev10

Na feira dos Valores & Valeres


 

 

“Quem chega, que Deus o salve”, se vier por bem e, se não vier, que o salve também…

 

A criação até poderia ser a da ignorância das letras e dos números, das artes e das ciências, mas havia a formação do respeito, do trabalho, da honestidade, da fidelidade, da honradez, da amizade, da família, da confiança, da partilha, da palavra… enfim, havia gente ignorante mas bem formada, numa sociedade pobre e humilde, mas rica em valores. Para a perfeição, talvez um Deus menos castigador desse jeito, um pouco de justiça e a dose certa de liberdade.

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Se vieres por bem, a chave está na porta, entra,  que a casa é tua.

E na complexidade da vida, apenas duas leis, simples, faziam a justiça necessária. Fazia-se o bem, praticava-se o bem e era-se bom, porque parecia bem e, não se fazia o mal, não se praticava o mal ou não se era mau, porque parecia mal. Claro que para rematar as dúvidas da medida certa do  bem e do bom, a sabedoria popular lá ia acrescentando que “não basta parecê-lo,  era preciso sê-lo “.

 

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“Quem parte, que vá com Deus”.

 

Perdeu-se o medo, é certo, até Deus é mais tolerante, mas parece que com o perder do medo e a tolerância de Deus, também os valores foram ficando esquecidos e de novo, com o passar dos anos, parece que também se ganhou a liberdade e com ela a justiça, mas, a sabedoria do povo, lá se vai aplicando e de novo lá vai sendo chamada à realidade. Não basta parecer que temos justiça e liberdade, é preciso tê-la pois nunca haverá liberdade sem justiça nem justiça sem liberdade. É tudo uma questão de valores e até Deus poderia ficar descansado no seu reino dos céus, se por cá, houvesse respeito pelos valores.

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Já não há respeito e enquanto assim acontecer, o melhor,  é não se esquecerem da chave na porta de casa.

 

Para rematar, sei que muitos de vós que estais aí desse lado ireis concordar com este pequeno texto e, tenho pena, pois a perca dos valores que nos faltam, estão (directamente) diretamente associados ao vosso conformismo de acenar sempre que sim com a cabeça, ao ajoelhar na passagem da procissão e à vossa passividade e egoísmo… e não digo mais, ficai com Deus.

 

 

 

 

20
Fev10

Mosaico da Freguesia de Anelhe


 

Localização:

A 15 km da cidade de Chaves, a Sul desta, no limite do concelho confrontante com o concelho de Boticas, situa-se numa faixa de território confrontante com a margem direita Rio Tâmega.

 

Confrontações:

Confronta (ao longo do Rio Tâmega) com as freguesias de Redondelo, Vilela do Tâmega, Vilarinho das Paranheiras e Arcossó. Confronta ainda com as freguesias de Pinho e Sapiãos, estas do concelho de Boticas.

 

Coordenadas: (Adro da Igreja de Anelhe)

41º 40’ 38.49”N

7º 34’ 48.06”W

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Altitude:

Variável – acima dos 300m e Abaixo dos 560m

 

Orago da freguesia:

Santa Eulália

 

Área:

12,09 km2.

 

Acessos (a partir de Chaves):

– Estrada Nacional nº2 (até à entrada de Vidago – Ponte Seca) seguindo pela E.N. 311 até à Praia de Vidago, onde começa Souto Velho. Em alternativa o acesso pode ser feito pela Nacional 103 até Casas Novas para de seguida se apanhar a Est. Municipal 533, com passagem por Redondelo para entrar na freguesia de Anelhe via Rebordondo. Existe ainda a alternativa pela auto-estrada até ao nó de Vidago, a partir do qual se deve seguir o itinerário da Nacional 2.

 

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Aldeias da freguesia:

            - Anelhe

            - Rebordondo

            - Souto Velho

 

População Residente:

            Em 1864 – 617 hab.

            Em 1900 – 695 hab.

Em 1920 – 585 hab.

Em 1940 – 816 hab.

Em 1950 – 954 hab.

            Em 1970 – 657 hab.

            Em 1981 – 531 hab.

            Em 2001 – 538 hab.

 

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Principal actividade:

- A agricultura com terrenos férteis na bacia do Tâmega junto a Anelhe e Souto Velho ou de planalto em Rebordondo e ainda actividades ligadas a uma importante mancha florestal de resinosas com recolha de resina. A vinha, é uma das principais culturas, sendo conhecidos e afamados os seus vinhos de qualidade.

 

Mas a realidade actual pode ser profundamente alterada se for levada a efeito a barragem de Vidago, pois esta freguesia, nomeadamente as aldeias de Anelhe e Souto Velho, terão os seus terrenos agrícolas ribeirinhos ao Tâmega submersos pela barragem e as vinhas que não forem submersas, segundo dizem os especialistas na matéria, sofrerão danos indirectos que se irão reflectir na qualidade dos vinhos aí produzidos.

 

Para saber mais sobre esta problemática da barragem seguir o link para o post publicado há dias atrás, aqui: http://chaves.blogs.sapo.pt/470679.html

 

 

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Particularidades e Pontos de Interesse:

Toda a freguesia confronta com o Rio Tâmega e daí o seu território ocupar grande parte do vale natural composto bacia orográfica do rio.

 

Em termos paisagísticos oferece vários motivos de interesse a todos quantos visitam a freguesia, quer com as vistas que se alcançam para a freguesia desde a Estrada Nacional nº 2, ou desde os pontos mais elevados de Anelhe para todo o vale ribeirinho ao Tâmega. Interessante também é a ligação entre Anelhe- Rebordondo e vice-versa que hoje se faz pelo serpentear de uma estrada asfaltada sempre rodeada de pinhal.

 

Desde sempre que a freguesia está associada aos afamados vinhos maduros de qualidade. Dizem uns que os vinhos brancos são os melhores, no entanto, há outros tantos que dizem o mesmo dos vinhos maduros, mas a grande maioria diz tanto faz, é freguesia de vinhos excelentes, que bem poderiam seguir o exemplo da vizinha Quinta de Arcossó e assim colocarem a freguesia na rota dos bons vinhos nacionais.

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Quanto à arqueologia do local mas também através da sua toponímia, chega-se facilmente à conclusão que o povoamento da freguesia remonta, no mínimo, à época castreja da Idade do Ferro do Noroeste Peninsular.

Há notícias de em tempos por toda a freguesia, mas principalmente junto a Anelhe, terem aparecido vestígios e espólio conotado com a romanização, principalmente testemunhado em moedas e cerâmica variada de vasos finos e dólios, entre outros.

 

Uma lagareta e um conjunto de sepulturas escavadas na rocha, atestam por sua vez uma ocupação alti-medieval.

 

Administrativamente falando, a freguesia de Anelhe esteve quase sempre associada a Chaves, no entanto, durante quase 20 anos esteve anexada a Boticas, mais precisamente entre os anos de 1836 e 1855.

 

Quanto ao seu património edificado, destacam-se a igreja Paroquial e as Capelas de Rebordondo e Souto Velho caindo o realce sobre a casa solarenga dos Braganças, em Rebordondo.

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Famílias e nomes associados à freguesia, além dos Braganças há a destacar o Comendador Brenha da Fontoura e o Pintor João Vieira (1934-2009) recentemente falecido e que teve toda a sua vida ligada à arte da pintura, da escrita e também do teatro, como cenógrafo. Pintor João Vieira que há muito já faz parte da lista dos Flavienses Ilustres, de quem este blog em breve, trará por aqui um pouco da sua vida e obra num post a ele dedicado dentro da rubrica dos Ilustres flavienses. Pintor João Vieira que é pai de Manuel João Vieira, também muito ligado à freguesia de Anelhe e que está ligado a uma banda de Rock portuguesa, os Ena Pá 2000, mas também ligado ao teatro e ao cinema como também ficaram conhecidas as suas candidaturas à Presidência da República ou a publicidade ao Licor Beirão.

 

Também é desta freguesia, mais propriamente da Aldeia de Rebordondo a Banda Musical de Rebordondo, sobejamente conhecida por abrilhantar muitos dos arraiais populares da região e, talvez a banda musical mais antiga do concelho. No post dedicado a Rebordondo (com link no parágrafo seguinte) contamos lá um bocadinho da sua história.

 

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Linck para os posts neste blog dedicados às aldeias da freguesia:

 

            - Anelhe

 

            - Souto Velho

 

            - Rebordondo

 

 

 

 

 

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