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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

31
Jan11

Quem conta um ponto...


 

 

 

Fornicar ou não fornicar, eis a questão


Texto de João Madureira

Blog terçOLHO

 

Quando os Babilónios conduziram os judeus para o cativeiro, pediram-lhes que tocassem harpa. E os judeus disseram: “Trabalharemos para vós, mas não tocaremos.” É o que agora devemos passar a dizer. Trabalharemos para o Estado mas não vamos fornicar mais sem a ajuda, a tempo inteiro, dos contraceptivos. Não vamos continuar com isso de fazer crianças. Não queremos conceber crianças para as colocar perante a indiferença do Estado. Por isso não vamos tocar gaita-de-beiços. Fodei-vos.

 

Tenho este pensamento estranho enquanto a chuva forte tamborila nas janelas e coloco uns cilindros de madeira sintética na lareira. De seguida tomo o meu ansiolítico, preparo o café e abro uma garrafa de água mineral. E também me boto a fumar uma cigarrilha, pois ando a tentar deixar o vício do tabaco. Volto a pensar na Crise e sublinho na revista LER as palavras de Abel Barros Pinheiro: “Crise é o momento da decisão, é afinal um estado de ânimo propenso à acção e consequentemente à felicidade. As pessoas, como se sabe, ficam mais felizes quando se mexem.” É o que eu tenho de fazer. Mexer-me. Fornicar é preciso, viver não é preciso. Fornicar mas não procriar. Temos que fazer como os judeus. Já que nos cortam no salário, nós temos de cortar na procriação. Afinal o povo é quem mais ordena. E se o povo não procriar ninguém mais procria coisa que valha a pena.

 

Entretanto olho para a lareira e fixo-me durante um instante na estranha chama produzida pela lenha sintética. Enquanto puxo o fumo da cigarrilha lembro-me de um poema de Carlos de Oliveira: Entra pela janela / o anjo camponês; / com a terceira luz na mão; / minucioso, habituado / aos interiores de cereal, / aos utensílios / que dormem na fuligem; / os seus olhos rurais / não compreendem bem os símbolos / desta colheita: hélices, motores furiosos, / e estende mais o braço; planta / no ar, como uma árvore, / a chama do candeeiro. Seguidamente olho para o meu bonsai de plástico e choro. Eu, que sempre me senti, como bem definiu um meu falecido amigo, um rural empedernido.

 

E agora algo completamente diferente. Pego nos jornais e revistas e ponho-me a ler.

 

Começo pelas palavras do senhor embaixador inglês, na hora da despedida. Depois de ler a entrevista ao Expresso, orgulho-me da nossa relação com os ingleses. O senhor embaixador adora-nos. Considera que a nossa sociedade é mais aberta que a sua, que o coração é o lugar mais importante do corpo de qualquer português. E isto é lindo, lindo. E vindo de quem vem, até me provoca pele de galinha. Fico mesmo arrependido de ter tomado o meu ansioliticozinho, pois ler tão bonitas palavras chegava e sobrava para combater a minha depressão por um dia ou dois. Mas agora já está e não posso vomitar o comprimido.

 

O senhor Richard Ellis é um amante da nossa língua. O Foreign Office pagou-lhe um curso intensivo de português. E ele, para aproveitar o tempo e o dinheiro ao máximo, estudou o português básico com as encantadoras peixeiras de Matosinhos. Aprendeu, inclusive, a verbalizar, sem soletrar, alguns palavrões. Ai este bom povo português! Na sua opinião avalizada, o Norte é o melhor lugar para aprender uns palavrões. Nisso somos parecidos a nuestros hermanos.

 

É evidente que ainda estudou a nossa língua com outras pessoas mais distintas. Daí a sua preferência por três vocábulos: “pantufa”, palavra maravilhosa que presumivelmente aprendeu com algum conselheiro de Estado; “paralelepípedo”, que de certeza conheceu com um professor pós-doutorado da Universidade; e a “brutal” (o adjectivo é seu) palavra “arroto”, que de certeza ouviu nalgum jantar com a família de acolhimento em Matosinhos. Mais tarde percebeu porque se arrota tanto em Portugal. “Em Portugal”, disse o senhor Embaixador, “nada se faz sem a frase ‘temos de almoçar’. Eu gosto imenso”. Também nós, senhor embaixador, também nós. Por isso adoramos arrotar. Quando comemos libertamo-nos. Até dos gases. É a nossa catarse.

 

E disse mais outra coisa admirável. E intrinsecamente verdadeira: “Uma reunião de trabalho em Portugal é um desastre. Ninguém diz nada, é para inglês ver. Depois as pessoas abrem a porta e saem – e aí é que começa a reunião.”

 

Novamente olho para a lareira onde arde o quinto cilindro de madeira sintética. Dou nova golada na água mineral e bocejo. Lá fora a água da chuva continua a tamborilar nos vidros das janelas. Distraído, ou talvez não, fixo-me numa frase de Eduardo Lourenço: “Os portugueses tendem a confiar na providência.” Por isso sigo uma sugestão do Expresso e vou para a cozinha tentar combater a crise. Pois é mais do que evidente que não se pode combatê-la com comprimidos.

 

PS1 – Como os almoços e os jantares são as despesas que mais fazem subir o orçamento familiar, devemos confeccionar vários petiscos que podemos comer durante a semana. Cozinhar todas as refeições para um ou para dois é um desperdício. Vá ao Modelo, ao E.Leclerc, ou ao Pingo Doce e esteja atento às promoções. Há várias durante a semana. Aproveite ainda as feiras que aí se fazem para comprar bom vinho, enchidos e queijo a preços baixos. Se morar junto de um Ikea pode lá comer por umas cascas de alho: uma sopa e uma sandes podem chegar a custar apenas um euro. Maia barato nem nos chineses consegue.


PS2 – Se se der bem com a cozinha e for adepto do Facebook, pode apostar numa interessante estratégia para ganhar algum dinheiro: combine jantares lá em casa, publicite-os na internet, cobre 20 euros por cabeça e aproveite para fazer novos conhecimentos e rever alguns antigos. Se a sua sala for espaçosa e nela tiver uma mesa grande, pode arrecadar 200 euros numa noite.

 

E ainda dizem por aí que o Expresso apenas serve para encher o cesto dos papéis.

 

 

 

30
Jan11

Com o devido respeito e na dose certa


 

 

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A vida também é feita de símbolos, crenças, religião e fé, sobretudo esta última, vai-nos guiando no caminho da vida. Fé no sentido de acreditar em Deus, em alguém, nas coisas, ou até naquilo que nem sabermos muito bem o que é, se existe ou não, como as coisas da sorte,  azar ou destino.

 

 

 

 

Mesmo os que não acreditam, nos seus momentos difíceis e complicados da vida, não é raro vê-los a trilhar novos caminhos rendidos à fé do sagrado, do profano e, às vezes, ambas as coisas ou coisa nenhuma.

 

 

 

 

 

Seja como for, os que acreditam e têm fé, são abençoados, desde que, claro, tomem a dose certa de fé.

 


29
Jan11

Notícias


 

 

 

 

Escolas Fernão de Magalhães e Bento da Cruz vão ser remodeladas


A Escola Secundária Fernão de Magalhães, em Chaves, e a Escola Bento da Cruz, em Montalegre, fazem parte da lista das 90 Escolas, a nível nacional, que serão objecto de obras de requalificação, na designada fase 4 do Programa de Requalificação das Escolas Secundárias, levado a cabo pela Parque Escolar.

 



O anúncio foi feito pelo Primeiro-Ministro, José Sócrates, na Sessão Publica de inauguração da Escola Sá de Miranda em Braga, que decorreu hoje, dia 29.


Redacção

 

 

 

Simulacro testa capacidade de meios e prepara Comunidade Escolar

 

Mais uma vez, no Agrupamento Vertical Dr. Francisco Gonçalves Carneiro, teve lugar o primeiro simulacro referente ao ano lectivo em curso.

 

 

A sirene foi accionada pela Gestão da Escola com o objectivo de testar o Plano de Evacuação. O exercício foi planeado e executado sem a colaboração dos Bombeiros Voluntários Flavienses.


Posteriormente, a evacuação da Escola foi executada dentro das normas de segurança exigíveis, demorando a operação cerca de 5 minutos.

 

 


 


Este exercício já se tornou um hábito desta Escola, tendo como objectivo testar os meios e preparar os utentes.


A iniciativa foi mais uma vez realizada com o intuito de preparar toda a Comunidade Escolar.


Contudo, há aspectos que ainda têm de ser melhorados.


O Coordenador de Segurança da Escola,


Prof. António Lobo

 

 

 

Uniteldata: Uma aposta positiva no Interior do país

 

A Uniteldata, empresa de telecomunicações, iniciou a instalação de uma rede de fibra óptica na cidade de Chaves fornecendo serviços de internet, telefone e televisão. Cerca de dois anos e meio após o início da implementação da rede, Rui Pinheiro, responsável pela administração, faz um balanço da actividade da empresa, considerando-o positivo.

 

A Voz de Chaves: Quais são os objectivos do investimento em Chaves?


Rui Pinheiro  restar um serviço de telecomunicações e de alta qualidade, a partir da nossa própria rede de fibra óptica em zonas do interior, vai ser a nossa prioridade. Somos uma empresa local, próxima do cidadão, e que privilegia um contacto próximo com cada cliente. O nosso projecto consiste em oferecer produtos e serviços da mais alta qualidade e a preços semelhantes aos mais competitivos e disponíveis apenas nos grandes centros. Estamos no mercado com uma postura pautada pela probidade e proximidade, com transparência, e a trabalhar no dia-a-dia para servirmos cada vez melhor!


Considerando que a empresa começou a ligar clientes desde o final de 2008, que balanço faz deste período?


O balanço é francamente positivo. Apesar da conjuntura de crise, a nossa empresa tem vindo a registar anualmente um crescimento e um desenvolvimento bastante consubstanciado. Somos uma empresa que aposta na facilidade de acesso à internet, baseada numa equilibrada política de relação preço – qualidade.


Aqui chegados e com a crise “instalada”, qual o plano estratégico da empresa para os próximos anos?


Apesar de nós estarmos constantemente a expandir a nossa rede, possibilitando a adesão de novos assinantes, a verdade é que em breve vamos cobrir toda a cidade de Chaves, onde estamos a concentrar todos os nossos esforços. Simultaneamente estamos a investir na melhoria do nosso serviço, com aumento de largura de banda e uma oferta mais alargada, mantendo os preços que temos vindo a praticar.


Sentem uma grande pressão da parte da concorrência?


Apesar de em Chaves existirem mais dois concorrentes neste sector, confesso que não sentimos qualquer dificuldade de penetração nas zonas onde eles também estão presentes. Na realidade, cremos que são um complemento e simultaneamente um estímulo para a nossa empresa.


Mas até que ponto as outras empresas de telecomunicações afectam o vosso mercado?


Continuo a defender que não afectam, até porque nós temos rede em muitas zonas onde não existe qualquer serviço concorrente. O único perigo são as falácias que muitos dos vendedores concorrentes usam para conseguirem angariar o cliente.


Andam a espalhar diversos boatos absolutamente falsos. Dizem que a empresa está falida! É falso! Que fomos comprados pela Zon ou pela PT. É falso! Que vamos subir preços. É falso!


Quero aqui deixar bem claro que a Uniteldata se mantém como empresa independente, está saudável e “recomenda-se”!


Mas acha que se trata de uma política institucionalizada?


Não! De forma alguma! Não devemos confundir as instituições com algumas das pessoas que nelas trabalham. É evidente que este mercado tem uma elevada índole concorrencial, o que leva a que as pessoas por vezes não olhem a meios para atingir os seus fins. Acabam, dessa forma, é por denegrir as empresas para quem trabalham!


Mas enfim … enquanto falarem de nós é sinal que estamos a desenvolver-nos e a prestar um bom trabalho, sendo certo que é nesse sentido que cada vez mais trabalhamos, e sem dúvida que o mercado de Chaves tem dado uma resposta muito positiva.


Há a possibilidade de alargar aos concelhos limítrofes de Chaves?


Essa hipótese está sempre em aberto, estando a ser desenvolvidos alguns esforços nesse sentido. Todavia na actual conjuntura esses investimentos têm que ser avaliados de forma muito concisa e clara.


Sendo uma empresa local, com sede em Chaves, poderá ser uma mais- valia e um argumento para cativar os flavienses?


Com toda a certeza! No quotidiano da empresa somos confrontados com situações que demonstram a importância de sermos uma empresa local. O trato, o contacto mais personalizado, constituem mais-valias que nenhuma das empresas concorrentes pode oferecer.


Paulo Chaves

 

 

 

Chaves Futsal conquista terceira vitória fora


Os flavienses venceram por 7-4 na deslocação ao Bom Pastor em jogo da 13ª Jornada do Campeonato Nacional da II Divisão.


A última vitória fora foi em Novembro, em jogo a contar para a sétima jornada e com esta vitória o Chaves Futsal soma agora 22 pontos, podendo aproximar-se dos lugares cimeiros.


A equipa visitante começou melhor e chegou ao 2-0 mas em apenas um minuto a equipa da casa fez dois golos e empatou, resultado que se regista ao intervalo.


Na segunda parte a equipa da casa começou melhor voltando à vantagem depois de Wallace, guarda-redes dos flavienses, ter sido expulso. O Chaves Futsal respondeu e fez o 5-3 o Bom Pastor ainda reduziu para 5-4 mas os flavienses não deixaram fugir a vitória vencendo por 7-4.

 

 

 

Antevisão – Divisão de Honra da AFVR


Antevisão à  18ª Jornada da Divisão de Honra da AFVR por Silvino Sousa


30.01.2011 – 15h00


FIOLHOSO – VILA REAL


O líder tem aqui mais uma deslocação complicada. O campo de Sta. Bárbara é um terreno difícil. O Fiolhoso é uma equipa que se agiganta a jogar frente ao seu público e contra a formação em que todas as equipas querem tirar pontos, a motivação é ainda maior. O “Bila” vai ter que vestir o fato-macaco para vencer a partida.


PEDRAS SALGADAS – STA.MARTA


Um dos bons jogos da jornada. Frente a frente, duas formações com bons executantes e, por isso, espera-se uma partida agradável de se acompanhar. A equipa da casa tem como aspiração de vencer, para se aproximar dos lugares de cima. O Sta.Marta quer manter o segundo lugar, que passa por pontuar nas Pedras. Espera-se um jogo muito equilibrado.


ABAMBRES – VALPAÇOS


O Abambres tem como ambição vencer este jogo, para assim se aproximar dos lugares da salvação. Este jogo contra o Valpaços, que está numa situação mais confortável e que joga sem grande pressão, vai tentar vencer o jogo, para abrir maior fosso dos lugares de baixo. Espera-se um jogo muito equilibrado, em que qualquer das formações pode vencer.


SALTO – RÉGUA


O Salto lá continua a pontuar. Neste encontro, contra uma formação que tinha outras ambições no início do campeonato e que tenta jogar um futebol mais vistoso do que o Salto. Mas, nos jogos, isso não é suficiente, para vencer. Os do Douro vão ter que se aplicar para levar pontos, frente ao Salto, que a jogar em casa é complicado de bater.


ATEI – ALIJOENSE


A formação das terras de Basto continua a amealhar pontos em sua casa, por isso ocupa uma posição muito confortável na classificação. Desta vez, encontra pela frente o Alijoense, que também vai sentir as mesmas dificuldades que todas as formações que visitam o “Pombal” e têm saído de lá sem pontos amealhados.


VIDAGO – SABROSO


Mais um dérbi regional. Frente a frente duas equipas que ocupam posições bem diferentes na tabela classificativa. Apesar do Sabroso ser o último, são sempre jogos especiais, que podem complicar as contas ao finalista da Taça. Mas a formação que joga em casa tem outros argumentos, a todos os níveis, e isso de certeza que se vai notar em campo, com grande vantagem para o Vidago.


LOBRIGOS – MURÇA


O Lobrigos, depois do excelente empate em Montalegre, quer dar continuidade em sua casa aos resultados positivos. Nesta jornada recebe uma boa formação, moralizada por repetir a presença na final da Taça. Espera-se um jogo emocionante, com ambas as formações a quererem vencer


MONTALEGRE – RIBEIRA de PENA


O Montalegre quer regressar às vitórias frente ao seu público e vai ter pela frente uma equipa que tem vindo a subir de produção e que vai a Montalegre com a intenção de somar pontos. A formação da casa quer apagar a má imagem que tem vindo a pautar o seu desempenho de altos e baixos. Não sendo uma equipa consistente, isso tem-se reflectido na classificação. Correndo as coisas normalmente a formação da casa é favorita.


Silvino Sousa


 

Mais notícias em http://diarioatual.com

 

 

 

 

29
Jan11

Imagens da resistência


 

 

 

E enquanto as estórias da nossa gente não passam por aqui, pois primeiro é preciso ir à procura delas, vão ficando imagens com gente dentro.

 

 


 

 

Imagens captadas aqui e ali no nosso mundo rural, numa passagem ocasional à frente da objectiva, em trabalhos do campo, em dia de festa, num merecido repouso, no que calhou…

 

 


 

 

Imagens do dia-a-dia dos nossos resistentes tiradas ao acaso do baú do nosso mundo rural.


Hoje com passagens por Castelões, Dadim e Samaiões.

 


 

 

29
Jan11

Contos


 

 

Texto de João Madureira

Blog terçOLHO

 

 

Céu muito nublado


 

– Não vás com tanta velocidade.
– Achas que sou oligofrénico?
– Não. Nem por isso. Mas o que é que tem isso a ver com a velocidade?
– Tudo tem a ver com tudo.
– Não sei se és oligofrénico ou não. Tenho a certeza é que aceleras muito dentro das cidades.
– Só dentro das cidades?
– E fora delas. Tu aceleras em qualquer lado.
– Mas achas mesmo que sou oligofrénico?
– O que tu és é maluco.

– Então achas que sou mesmo oligofrénico.
– O que tu és é um chato.
– Modera-te. Oligofrénico sim, chato nunca.
– Que nuvens tão escuras.
– Não disfarces.
– Vem aí uma trovoada das grandes.
– Não desvies a conversa.

– Deixei a roupa a secar na varanda e vai molhar-se toda.
– Eu preocupado com a minha oligofrenia e tu pensas só na tua roupa! És uma ingrata.
– A roupa também é tua e dos garotos. E a ingratidão tem as costas largas.
– Tens razão, as nuvens são mesmo ameaçadoras.
– Eu não te disse?
– Achas que sou mesmo oligofrénico?

– Não, não acho. O Mundo é que não te compreende.
– Assim está melhor. Mas não dizes isso só para me agradar, pois não?
– Não.

– Não?
– Não.
– Escusas de ser tão evasiva.
– Eu não sou evasiva, sou sincera e curta de palavras.
– Então achas que não sou oligofrénico? Não dizes nada?
– Vai mais devagar que isso passa. Temos muito tempo para chegar.
– Mas não disseste que querias chegar a casa rapidamente para apanhares a roupa que se pode molhar?
– Que se lixe a roupa. Eu quero é chegar a casa tranquila e inteira.
– Achas que sou oligofrénico? Achas ou não? Diz a verdade.

– …

 

 


 

 

– Está bem, eu vou reduzir a velocidade. Começou a chover. Eu gosto da chuva. E tu?
– Olha, liga o rádio.
– O teu basta.

 

 

 

28
Jan11

Notícias


 

 

 

 

Paciência dos moradores transborda como as tampas de saneamento do Bairro dos Codeçais


Na Madalena, os moradores da rua dos Codeçais vivem indignados com o saneamento entupido e ruas alagadas, cheias de buracos. Na mesma freguesia, a lama que cobre o Jardim Público no Inverno também é motivo de indignação da população. Contudo, o autarca de Chaves, João Batista, garante que uma “intervenção de fundo” será feita este ano nos Codeçais, seja pelo empreiteiro, como lhe cabe, seja pela autarquia. No Jardim Público, o acesso a carros vai ser limitado e será instalado um piso duro ainda este ano.


Dois mil euros. Foi a soma que Ilídio Costa, taxista de profissão, já gastou com a suspensão do automóvel devido ao caminho, cheio de buracos e constantemente alagado, que tem de fazer diariamente para entrar e sair de casa. O morador da Rua de Codeçais, onde nasceu o pintor flaviense Nadir Afonso, levanta várias tampas de saneamento a transbordar de água, mesmo quando o sol brilha. “Em dias de chuva, toda a rua parece uma lagoa e os carros nem conseguem passar. O saneamento não está isolado e os esgotos saem por aqui. A bomba elevatória não funciona”, explica. Os habitantes do bairro vivem com esgotos, lixo, mau cheiro e inundações há mais de dois anos, queixa-se o morador.


Os esgotos também entram todos os dias na cave de Joaquim Guedes, com os cheiros associados. Já lhe estragaram móveis e o que sobrou está em elevação. “Fui à junta. Disseram-me para comprar uma válvula que custou 100 euros, mas não adianta nada”, conta. “O saneamento está entupido e mistura-se com as águas pluviais. Não pode! Tem de estar isolado!”, insurge-se também Orlando Lopes, outro morador. “O arruamento está uma miséria e o saneamento não está a dar o escoamento necessário. A câmara pôs um bocado de entulho no ano passado, mas chove e volta tudo ao normal”, completa António José Macedo, que tem uma oficina na rua.

 


 

Há um ano, um camião da RESAT esteve uma semana enterrado nos buracos do caminho de Veiga de Codeçais. Uma grua interveio no local e os paralelos foram retirados e encostados a um muro… até hoje, conta Ilídio Costa. No bairro, as idas à junta de freguesia e telefonemas para a Câmara já não têm conta e os moradores estão fartos de esperar. Entretanto, Ilídio Costa recolheu assinaturas para formar uma comissão, que já soma 10 aderentes, e mandou uma carta à Câmara. “Sou taxista. Conheço todas as aldeias do concelho e nenhuma tem estas condições. E este bairro pertence à cidade de Chaves!”.


Invernos chuvosos e condicionalismos do terreno colocaram dificuldades técnicas à instalação de saneamento.


Em declarações À Voz de Chaves, o presidente da Câmara Municipal de Chaves, João Batista, explica que há cerca de três anos, quando o saneamento foi instalado, “o terreno [aberto] não foi bem consolidado e reposto”. Uma vez que não houve a “compactação da terra”, que demora cerca de um ano, devido ao mau tempo, o pavimento e respectivos paralelos “não foram repostos”. No Inverno, “com a chuva e a lama, a situação piorou”.


Agora, “é preciso fazer um levantamento total da rua para repor o pavimento”, aponta João Batista. Em vez de “tapar buracos” com terra, como o município tem feito até à data, “terá de ser feita uma intervenção de fundo”, preparada “com tempo porque sai cara”, explica. Num prazo de cinco anos, a autarquia pode exigir ao empreiteiro que conclua a obra, mas caso este não o faça, “accionámos cauções e fazemo-la nós”, explicou Batista. “Garantimos que [intervenção] vai ser feita este ano seja pelo empreiteiro, seja por nós”, assegura o autarca, acrescentando que: “vamos fazer tudo para que aconteça” nos meses de Primavera.


De acordo com João Batista, a autarquia ainda “não teve oportunidade de fazer uma intervenção”, já que, após a execução da obra, não houve condições para a reposição do pavimento. Entre eles, os Invernos chuvosos e os condicionalismos de um terreno como o da Veiga de Chaves (à beira rio, com níveis freáticos muito altos e pouca inclinação), que colocam dificuldades técnicas à instalação de saneamento. “Intervir na Veiga tem mais dificuldades. Há condições específicas. É um terreno difícil. Tudo se conjuga para que os problemas surjam”, nota.


Ainda segundo o autarca, a empresa responsável – Habimarante, Sociedade de Construções, S. A – foi a mesma que executou o saneamento de Moreiras “sem problemas”. Ainda assim, João Batista admite a visível falta de isolamento das condutas de saneamento, mas prefere focar-se na resolução do problema: “temos de esperar pelo clima adequado”, mas “não vamos deixar passar mais tempo”. Reconhecendo que este saneamento “está a causar mais problemas do que o previsto” devido às condicionantes da veiga, o autarca pede compreensão e lembra que o bairro esteve 30 anos sem saneamento e esta obra foi um pedido expresso dos moradores, que pretende ver satisfeito.


Acesso de carros ao Jardim Público vai ser limitado


Também no Bairro da Madalena, o estado do piso no Jardim Público encontra-se lamacento, situação que se complica nos chuvosos meses de Inverno. O presidente da Câmara de Chaves, explica que a intenção inicial do município era colocar “um pavimento duro e poroso”, mas assume que a intervenção no piso, acção inserida num plano de requalificação do Jardim concluído em Maio 2008 e que custou 550 mil euros, “não foi bem feita” em alguns locais. Segundo o autarca, a circulação de carros no local piora o estado lamacento em dias chuvosos. Por isso, “vamos limitar o acesso de carros”, ao mesmo tempo que “está a ser preparada uma intervenção pelos serviços técnicos da autarquia”, confirmou João Batista. “Será ainda este ano”, rematou.


Sandra Pereira

 

 

 

Noite clássica e intimista ao piano com Luísa Tender


A reputada pianista Luísa Tender ofereceu pela primeira vez aos flavienses um recital, onde não faltaram as composições de Claude Debussy e do português António Fragoso. Num auditório composto, a actuação da artista foi bem aplaudida pelo público.


Foi num ambiente intimista, à luz das velas, que a pianista portuense Luísa Tender deu o primeiro recital em Chaves, na passada noite de 27 de Janeiro, no auditório do Centro Cultural. Sentada em frente a um piano de cauda negro, tocou três peças, pedindo especial atenção para a segunda interpretação, inédita, de um compositor português pouco conhecido, António Fragoso. Para a artista que iniciou o estudo de piano aos quatro anos e que tem uma ligação familiar em Chaves, este génio musical, que faleceu de gripe pneumónica com apenas 21 anos, é uma descoberta recente e, a seu ver, “um dos melhores compositores portugueses” de sempre.

 

 

 

 


Num auditório composto,  a actuação de Luísa Tender foi bem aplaudida pelo público. Com dois CD já editados (“Bach and forward” e “Página Esquecida”), a artista tem-se apresentado a solo e em música de câmara em Portugal, Espanha, Reino Unido, Holanda, Itália, Chipre e Brasil. É dona de um currículo invejável: estudou no Conservatório de Música do Porto e, mais tarde, na escola Superior de Música desta cidade, cujo Curso de Piano concluiu com a classificação máxima e onde foi aluna de Pedro Burmester.


Entre 1997 e 2000 estudou com Vitaly Margulis, em Los Angeles; foi também aluna de Irina Zariskaya, no Royal College of Music, em Londres, onde obteve o grau de Master of Music em Performance Studies. Recebeu aulas de Artur Pizarro e, em 2004, obteve o Diplôme Supérieur d’Éxecution da École Normale de Musique de Paris. É actualmente professora na Escola Superior de Artes Aplicadas, em Castelo Branco, onde lecciona Piano e Música de Câmara.


Sandra Pereira

 

 

 

 

Há “tesouros” escondidos no Alto Tâmega


Já ouviu falar no “geocaching”? Trata-se de uma “caça ao tesouro” tecnológica, cujo objectivo é encontrar caixas escondidas em vários pontos e monumentos do país. Em Portugal, o jogo já conta com 5 mil adeptos. No Alto Tâmega, também há alguns entusiastas como Altino Rio, que escondeu um “tesouro” em Outeiro Seco


Sabia que há “tesouros” escondidos na Ponte Romana, no Castelo de Chaves, na barragem da Abobeleira e em Outeiro Seco? Podem estar debaixo de uma pedra, num pinheiro ou num muro e são colocados por adeptos do Geocaching, uma “caça ao tesouro” ao ar livre feita com a ajuda de um GPS. Este jogo de aventura surgiu em 2000 nos Estados Unidos e actualmente existem mais de 1,2 milhões de “tesouros” (chamados “caches”) escondidos em mais de 200 países.


Em Portugal, o número de aventureiros ultrapassa os 5000 e há cerca de 4700 “tesouros” por todo o país. Na região do Alto Tâmega, também há vários. Um deles está em Outeiro Seco e foi posto por Altino Rio a 8 de Agosto do ano passado. Foi o filho que lhe falou deste jogo “inovador”. “Esta é uma forma de divulgação junto de pessoas que provavelmente nunca iriam visitar a aldeia”, explica Altino Rio, que já foi presidente da junta de Freguesia de Outeiro Seco e editou revistas e livros sobre a aldeia. Embora tenha deixado de exercer o cargo local, o professor quer continuar a contribuir para a promoção turística da localidade.


Depois de se inscrever no site oficial, Altino Rio escolheu um local estratégico em Outeiro Seco para esconder o seu tesouro: uma caixa de plástico hermeticamente fechada, de modo a não ser destruída pelo mau tempo. Mas antes de chegar ao tesouro, o caminho é longo. O praticante – conhecido como “geocacher” – é obrigado a percorrer vários pontos da localidade, que estão associados a uma coordenada de GPS. Chegado à primeira, o “caçador” tem de responder a uma pergunta para saber a próxima georefêrencia, até chegar ao tesouro. Na cache de Altino Rio, os visitantes têm de percorrer cinco locais emblemáticos de Outeiro Seco antes de chegar ao local onde está o tesouro. “Muitas vezes não se descobre à primeira”, mas a de Outeiro Seco “não é difícil”, garante.


Chegados ao local do tesouro, é preciso ter atenção se não está ninguém por perto para manter o segredo e não dar asas a actos de vandalismo. E o que há dentro da caixa? Geralmente, um bloco de notas (“log book”), um lápis, o resumo da história da localidade ou monumento e uma advertência a quem a achar, e não for adepto do jogo, que não a destrua. A maior parte das vezes são os geocachers que informam o dono do tesouro de problemas com a cache, através do site oficial, onde é gerido o jogo. Uma vez achado o tesouro, o “caçador” pode deixar um objecto – por exemplo um brinquedo ou um “pin” da sua terra ou causa – e levar outro para a caixa seguinte. Tudo fica anotado no bloco, onde os aventureiros deixam comentários e elogios ao local.


Nove aventureiros já encontram o “tesouro” de Outeiro Seco.


Um geocacher é geralmente um apreciador da natureza e amante da cultura e património histórico. Tem gosto pela aventura e adora desafios. Para os adeptos deste jogo, a caça ao tesouro é uma motivação extra para conhecer locais novos, mas o geocaching rapidamente se transforma num vício e numa obsessão. Há quem faça mesmo quilómetros à procura de uma caixinha. Até à data, nove pessoas, da região flaviense e do Porto, encontraram a caixa de Altino Rio. Um deles deixou a moeda oficial do geocaching, mas houve quem tivesse deixado uma tartaruga e uma lapiseira.


O geocaching também pode ser praticado em grupo, o que promove o convívio. Altino Rio já foi à caça de 10 caches, inclusive na região, como a do Castro de Curalha e a de Águas Frias. No Monte da Virgem, no Porto, em vez de uma caixa, Altino Rio encontrou um pequeno rolo fotográfico no meio de uma árvore. Demorou horas, mas valeu a pena. “Faz-se um esforço, mas nunca se esquece a experiência”, contrapõe.


Muito popular no resto do mundo, em Portugal o geocaching ainda não está muito implementado. Para Altino Rio, deve-se à forma como as pessoas ocupam os tempos livres e à falta de informação, mas acredita que “tem potencial para crescer” com a divulgação na comunicação social e na blogosfera. No Verão, Altino Rio espera ter mais visitas, sendo que o objectivo é trazer 50 geocachers por ano a Outeiro Seco.


Apesar de não existirem clubes no ‘geocaching’, os praticantes juntam-se regularmente em eventos. No ano passado, um grupo plantou 50 carvalhos na zona de Vila Cova, no concelho de Vila Real, num local que passou a chamar-se “Bosque do Geocacher”. Altino Rio ainda não participou em nenhum encontro, mas acredita que, se a actividade crescer, poderá criar uma nova dinâmica local ao despertar aventureiros para explorar a sua região.


Sandra Pereira

 



Geocaches no Alto Tâmega


Ponte Romana:

No site oficial geocaching.com, lê-se que “esta cache tem como objectivo dar a conhecer o ex libris da cidade de Chaves e também um pouco da sua história. Estacionem no ponto indicado e façam um pequeno passeio junto ao rio Tâmega até à ponte”.


Castelo de Chaves:

Esta cache está escondida na muralha e já conta com 178 visitas registadas. Entre os comentários, encontra-se este: “Ora desconhecia o castelo e já tinha trabalhado em Chaves. (…) Mas o geocaching tem-me dado a hipótese de conhecer lindos locais e belas paisagens”.


Concelho de Chaves:

Há caches activas na Capela do Sr. do Calvário, em Chaves, e na Barragem Romana da Abobeleira. 29 geocachers procuraram um tesouro no Castro de Curalha, outros na mini-hídrica da Peneda, em Vilela do Tâmega, no Castelo de Monforte, na Pedra da Bolideira, no Santuário de São Caetano e na Serra do Brunheiro.


Barreiras, Valpaços:

No site oficial, o “tesouro” é descrito da seguinte maneira: “Para quem passa por cá procurem provar aquilo que a terra tem de melhor, a simpatia do Povo e os Sabores da Região. A cache é um rolo fotográfico, não está no centro da cidade (…), mas o local escolhido é um dos locais mais calmos da cidade, aproveitem para descansar. Deixem-na ficar no local onde encontraram e obrigado pela visita. (tem lápis)”.


Castelo de Montalegre:

Trata-se de um pequeno frasco envolto num saco de plástico preto.


Museu do Vinho de Boticas:

Esta cache já recebeu 58 visitas. Entre os comentários no site, está este: “Ora aqui está um lugar muito bonito. Como não conhecia a lenda, o meu irmão lá a decidiu ler XP. Ainda bem pois assim sempre fiquei a saber um pouco mais sobre o povo de Boticas…”. E este: “A cache apareceu facilmente, e log feito, lá fomos almoçar, pois a barriga já dava horas”.


Vila Pouca de Aguiar:

Há uma pequena caixinha escondida em Vila Pouca dos Pequeninos, onde um visitante comentou: “Demos a volta e gostámos imenso do local. Valeu bem a pena conhecer esta obra”. Também há caches nas Minas de Jales e Tresminas.


 

 

Ricardo Rocha de saída do Chaves


O capitão do Grupo Desportivo de Chaves já não é jogador dos flavienses. O defesa central vai assinar contrato com o Beira-Mar, da primeira divisão, até final da época, ao que tudo indica.

 

 

 

 


Ricardo Rocha reencontra assim o treinador Leonardo Jardim, bem como antigos colegas como Rui Rego, Danilo ou Wang. A equipa de Aveiro substitui assim a saída recente do também central Kanu.


O jogador que esteve três épocas e meia em Chaves vai poder estrear-se no escalão máximo do futebol português aos 28 anos. Na última assembleia extraordinária de sócios, Mário Carneiro, actual responsável pelo GD Chaves afirmou que caso a situação financeira do clube não se alterasse o Chaves não iria “cortar” as pernas a nenhum jogador.


Diogo Caldas

 

 

Mais notícias em http://diarioatual.com

 



 

28
Jan11

Discursos Sobre a Cidade - Por Tupamaro


 

 

 

“…. À SOPA CASEIRA”


 

A Praça da Batalha é um ponto de passagem e de paragem obrigatórias para quem visita o Porto.

 

O Teatro S. João não deixa saber se está aberto ou fechado.

 

A Praça é larga, mas os carros e os autocarros circulam por uma faixa estreita.

 

Agora, na época do fresco e do frio, as esplanadas dos Cafés continuam cheias de mesas e de cadeiras, e vazias de clientes.

 

O dia estava solheiro, e sabia bem um descanso, sentado num dos bancos que se espalham pela Praça.

 

Da rua Alexandre Herculano saem continuadamente autocarros para travessia a Ponte do Infante.

 

Da rua de Cimo de Vila vêm à esquina da Praça meia dúzia de bebedolas escarrar para o chão e sacudir priscas de cigarros fumados até à última.

 

A passadeira com a rua Duque de Loulé tem o verde, o vermelho e o amarelo para os automobilistas; e o preto e o branco  para toda a gente que quer ou tem de atravessar, com pressa ou com vagar.

 

Estávamos a abrir a pasta, à procura do livro que andamos a ler, quando ouvimos um…

 

-Dá licença?

 

O banco chegava bem para mais duas ou três pessoas.

 

-Faça favor   -  respondemos.

 

Apreciámos a boa educação daquele homem, já mais distante da nossa longeva idade.

 

-O dia está frio. Mas, ao sol, a tarde fica quente, e até apetece um pedacito deste descanso.

 

O fecho da pasta fechou-se, e o livro continuou guardado.

 

Ao nosso lado sentara-se um homem asseado e elegante, apesar de a roupa que trajava revelar uma modéstia ditada pelo uso, que não pelo elevado padrão quando fora nova.

 

A gravata, com nó perfeito, pareceu-nos dizer tanto como o casaco, o pulóver e a camisa, como com a expressão do seu olhar.

 

Um pedacito”! Pareceu-nos ter apanhado aqui uma entoação tão à moda de …

 

-Sim. Está uma tarde linda, de um Outono já viradinho para o Inverno   -  dissemos.

 

-Outono!


Outonos ainda os conta o senhor.


Eu já tenho saldo de Invernos! – exclamou o estranho.

 

-Ora essa! Se calhar até somos ambos do mesmo tempo de tropa ou de escola! – retorquimos.

 

-Tropa! Escola!


Nas nossas idades, são temas aonde todas as conversas vão parar, e sabe-se lá bem porquê!


Da Escola, porque foi no Pilocénico das nossas pincha-carneiras nas paixonetas, nos mergulhos nas ideologias e na navegação de mil aventuras  -   desde a caça aos grilos, à fisgada aos tralhões, ao armar de esparrelas aos pintassilgos; ao imitar a conquista do Everest, subindo um morro ou um «Alto» pela parte mais difícil,  ou atravessar o Tamenguelos com água pela cintura e a namorada do dia às carranchulas; até no atrevimento de se desafiar o reitor, recusando escrever-se no «Ala dos Namorados» do regime e reivindicar-se uma página no Jornal da Terrinha”!


Da Tropa, porque no peito ficaram inscritas as linhas de navegação das salinas de Tavira, as angústias das datas de embarques para a Guerra, que nos marcavam e desmarcavam até à partida inesperada, mas sempre garantida; o tempo de «mato»; as tricas e traições de ditos companheiros de armas; os laços de amizade com Quicongos, Mussorongos, Cabindas, Bondi-Bângalas ou Quiocos, e com «europeus» e ………Transmontanos!


Nem imagina quanta surpresa e quanta satisfação sentimos sempre que, quer na «protecção à coluna», quer em «operações», topávamos com um Transmontano!

 

Dobrava-se-nos a coragem e multiplicava-se-nos a alegria!


Que raça de gente!


Com alma até Almeida e o coração mais amigo do mundo!


Oh! Mas do que eu lhe estou a falar!


E, o senhor, que me diz?

 

-Que o ouvimos com gosto   -   respondemos.

 

-O Sol já está a desviar-se da Madalena para se esconder na Afurada.


O passeio à Invicta aumentou-me a tristeza.


Ali, ao cimo daquela rua que nos fica nas costas, era a «Mamuda» e o «Ribeiro»    - Restaurantes célebres no tempo em que me era possível frequentá-los. Tal como o da «Confiança», na Stª Catarina, e que hoje nem sombra dele resta.


Passeei pela cidade, e, à medida que se aproximava a hora de almoço, o apetite ia morrendo.


Senti que não conseguiria engolir uma garfada que fosse.


E hoje até é dia de «Tripas à moda do Porto»!


Não almocei, e nem vontade tenho ainda.


Da «Mamuda» passei para os de «Refeições Económicas». Acabo na procura de vidraças onde apareça «Sopa caseira – 1€».


Ah! …. que tolo estou!


Chega-se a hora de apanhar o comboio para Caíde!


Mas ainda tenho tempo e muito gosto em convidá-lo para um «café».


Para essa despesa ainda me chegam as minhas misérias.

 

- Muito obrigado!    – atalhámos.

 

Também “se faz horas” para nós. Mas ainda sobra tempo para celebrarmos este encontro. O senhor toma um café e nós um pingo.

 

Levantámo-nos ambos em simultâneo e caminhámos os vinte passos que nos separavam do balcão do ”Chave de Ouro”, em silêncio.

Demos conta que o nosso companheiro tirava do bolso um lenço branco, bem dobrado, com monograma, e, lentamente, o levou ao canto do olho.

Mais se apertou o nosso coração.

 

-À sua saúde! -    disse, levantando ligeiramente a chávena de café.

 

-À sua, também!   -     respondemos, imitando-lhe o gesto.

 

Fez finca pé em pagar.

 

Na rua, estendeu-nos a mão. O aperto de ambos foi firme e sincero.

 

Pôs o indicador esquerdo ao alto, cruzando os lábios e escondendo o nariz, e disse, enquanto se virava, para descer «Stº António»:

 

-Eu sei que Você é da “NOSSA TERRA”!

 

 

Tupamaro

 

 

27
Jan11

Notícias


 

 

 

 

Chaves recebe exposição sobre “Portugal Europeu”


 

“Portugal Europeu – Meio século de História” é o título da próxima exposição que a Sala Multiusos do Centro Cultural de Chaves vai receber.

 

A mostra itinerante sobre os 50 anos que unem Portugal à construção europeia, promovida pelo Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal, em conjunto com a Representação da Comissão Europeia e a Associação “Chaves Viva”/ Câmara Municipal de Chaves, estará na cidade entre os dias 8 e 26 de Fevereiro.

 

 

 

 


“Portugal Europeu – Meio Século de História” é uma viagem no tempo, através de 180 imagens e documentos ilustrativos das relações de Portugal com a Europa. A exposição divide-se em quatro períodos. É lembrado os tempos do Estado Novo, a instauração da democracia, o desenvolvimento económico e social. Salientam-se as negociações com o Mercado Comum, hoje União Europeia, e a participação lusa desde a adesão. Reconstitui-se ainda o fio do tempo de mais de seis décadas, recorrendo à cronologia de acontecimentos emblemáticos da História contemporânea de Portugal. A inauguração da exposição terá lugar pelas 18h30 do dia 8 de Fevereiro.


Redacção

 


 

Ministra do Ambiente admite rever discrepância de tarifas cobradas pela Águas de Portugal

 

À saída do encontro com as comunidades intermunicipais, a ministra do Ambiente, Dulce Pássaro, admitiu rever a discrepância de tarifas da água no litoral e no interior

 

A ministra do Ambiente reuniu ontem, 26 de Janeiro, com as comunidades intermunicipais (CIM) do Douro e Trás-os-Montes, no Porto, depois de os autarcas terem ameaçado suspender o pagamento da água e saneamento em 2011 até que as tarifas sejam reduzidas, alegando pagar os preços mais elevados do país.

 

 

Foto de Ana Catarina Teixeira - Associação Lumbudus

 

 

À saída do encontro, Dulce Pássaro admitiu rever a discrepância de tarifas cobradas pela Águas de Portugal no litoral e no interior, depois de ouvir as queixas dos autarcas de Trás-os-Montes e Alto Douro. A ministra do Ambiente prometeu apresentar uma proposta dentro de um mês, mas não se comprometeu com a fixação de uma tarifa única de água para todo o país.


A reunião foi convocada pela ministra Dulce Pássaro e, além dos presidentes das CIM do Douro (Artur Cascarejo) e de Trás-os-Montes (Fernando Campos), contou ainda com a presença de representantes das empresas Águas de Portugal (AdP) e da Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro (ATMAD), criada em 2001, pelo então ministro do Ambiente José Sócrates, e detida a 70% pelo Estado e a 30% pelas autarquias.


Redacção

 

 

 

Os Pardais relembram 86 anos de existência aos flavienses

 

A associação cultural mais antiga de Chaves completou no passado fim-de-semana 86 anos com uma arruada pela cidade, um concerto na Igreja Matriz e um jantar de aniversário. Apesar das dificuldades financeiras, a Banda Municipal “Os Pardais” quer este ano comprar um novo instrumental e renovar o fardamento

 

É um ritual que ocorre todos os anos, em Janeiro, mês em que nasceu há 86 anos a Banda Municipal Flaviense “Os Pardais” pelo impulso de um grupo de flavienses amantes da música, como João Gonçalves, mais conhecido por “João das Pombas”. Hasteia-se a bandeira na sede, junto à Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, marcha-se até ao cemitério velho e faz-se um minuto de silêncio pelos ex-dirigentes, executantes e maestros que já partiram. Depois, saúdam-se os Bombeiros, atravessa-se a Ponte Romana até ao bairro da Madalena, e volta-se para a Rua do Sol, frente à antiga sede. Por fim, na Igreja Matriz, o som dos Pardais embeleza a missa.

 


Esta arruada anual serve o propósito de “demonstrarmos aos habitantes flavienses que a banda dos Pardais continua e continuará”, explica Valdemar Carneiro, que assumiu a presidência em Outubro do ano passado por vontade de manter as tradições da terra. Hoje uma das seis bandas do concelho de Chaves, o “grupo dos pardais” carrega o peso da história, já que é a mais antiga associação cultural da cidade. Foi com essa marca que executantes e dirigentes sopraram as 86 velas do bolo de aniversário no jantar comemorativo, que decorreu no passado sábado, 22 de Janeiro, num restaurante local.


Ao longo da sua história, “os instrumentos evoluíram, os músicos evoluem e a música tem evoluído. Acho que a banda está actualmente na perfeição, com bons músicos e um excelente maestro dedicado e competente”, considera Valdemar Carneiro, que é também deputado na Assembleia Municipal pelo CDS-PP. Apesar de ser vista como a banda do município, “continua a ser o Zorro da autarquia! Gostaríamos que a autarquia a perfilhasse como municipal”, aponta o presidente, que este ano pretende adquirir um novo instrumental, que custará mais de 200 mil euros, e um novo fardamento, que rondará os 12 a 13 mil euros. “É preciso encontrar serviços, donativos e gente corajosa. Precisamos de muito mais apoio”, nota Valdemar Carneiro. Contudo, “com a crise profunda em que o país está mergulhado, os donativos são cada vez mais escassos”.


Do repertório “fora de moda” ao rock dos Queen e sonho de fundar orquestra ligeira

 

Com cerca de cinco actuações anuais ao serviço da Câmara Municipal num total de 20 concertos anuais, a banda segue o seu caminho. Aqui, ocupam-se tempos livres, arranjam-se amigos, partilham-se experiências e gostos, cria-se música. Mas os tempos mudaram. Já não tocam tantas marchas populares, mas músicas estrangeiras inseridas num repertório mais actual, que inclui mesmo músicas mais rock, de grupos como os Queen.

 

 

 

 

O grande “culpado” pela mudança de imagem, mais arejada, é Aniceto Alves, o maestro que começou a dirigir as bandas de Vila Real e conta com três épocas ao serviço dos Pardais. “Quando cheguei, encontrei uma realidade completamente diferente no desenvolvimento dos músicos”, recorda. “Não são profissionais, são estudantes e trabalhadores. Fui implementando uma filosofia de trabalho” e “a banda tem subido de nível”, considera o maestro.


Nos “Pardais”, há 12 jovens, entre os 15 e 25 anos, mas os rótulos de “arcaica” e “fora de moda” ainda colam à pele da banda. “Esquecem-se que isto é cultura… Os músicos têm de saber tocar nas festas, mas também num palco mais formal”, nota Aniceto Alves, que gostaria de captar mais jovens. Para isso, a banda conta com uma escola de música, com quatro professores e cerca de 20 alunos, entre os 7 e 11 anos, mas não chega. “Uma banda da cidade tem mais dificuldade em arranjar jovens do que as das aldeias, que têm um bairrismo e uma forma de entendimento diferente das bandas. Na cidade, há uma mística diferente, há ideias e vontades bastantes dispersas”, conclui.


Para Valdemar Carneiro, a sua missão estará cumprida quando “Os Pardais” forem uma banda de referência na cidade, reconhecida a nível nacional. Já o maestro Aniceto Alves confessa: “a curto e médio prazo, gostaria que se formasse uma orquestra ligeira na banda ou em Chaves. É uma música diferente, que vai mais de encontro aos jovens, tem uma linguagem diferente”. E isso é possível? “Hoje as associações vivem por amor à camisola, levam muito trabalho, que muitas vezes é pouco reconhecido, mas não chega. É necessária a parte financeira”. Quando essa parte chegar, então aí sim será um sonho cumprido.


Sandra Pereira

 

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27
Jan11

O Homem sem Memória (31) - Por João Madureira


 

 

Texto de João Madureira

Blog terçOLHO

Ficção

 

31 – Em Montalegre, um GNR tanto trajava a sua farda engomada como, logo de seguida, envergava a roupa de todos os dias. Mas nem tudo o que se escreve, por mais que se queira, espelha a realidade. Ou toda a realidade. E esta é a grande virtude da ficção: o logro, a dissimulação, a alegoria, o disfarce. Por exemplo, para um militar da GNR a roupa de todos os dias era a farda. O trajar à civil é que era raro. Mas, convenhamos, um guarda não podia envergar a farda e trabalhar nos campos. Mas, convenhamos ainda mais um pouco, um guarda não podia sustentar a família apenas com o magro salário de funcionário do Estado. Por isso tinha de representar o seu papel de agente da autoridade e, ao mesmo tempo, desempenhar o mester de lavrador, que era onde residia a sua verdadeira educação. Todos os guardas, antes de o serem, tinham aprendido a nobre arte de semear as batatas e o centeio, de redrar as vinhas, de roçar o mato, de podar as árvores, de estrumar as terras, de tratar do nabal, de abater os pinheiros, de matar um cordeiro, de esfolar um coelho, de bater uma punheta.


Como continuou a nevar com intensidade durante vários dias, a comida para os animais começou a rarear. Já não havia em casa couves para os recos e para as galinhas, que as comiam misturadas com o farelo do centeio, nem erva ou leitugas para os coelhos. Por isso os porcos cuincavam na corte com a fome, dado que a lavadura era agora feita à base de água, casca de batatas e farelo. A tudo isto se misturava a impaciência dos rapazitos mais novos, a má disposição endémica da Dona Rosa e o nervosismo do guarda Ferreira. Em dias assim, não se podia sair de casa. A neve de metro impedia a circulação dos carros e provocava a imobilidade dos civis, dos animais e dos GNRs. Mesmo a vila e, sobretudo, as aldeias ficavam sem ser patrulhadas. A preocupante convicção da falta de policiamento era autêntica, mas a ficção alvitrava noutro sentido.


Mesmo sentados à lareira, os guardas eram obrigados a preencherem um boletim itinerário a confirmar a sua passagem pelas várias localidades. Tornando-se impossível fazer as patrulhas a calcantes, os guardas estavam, mesmo assim, proibidos de deixar de as fazer. Foram muitas as vezes em que a escrita hesitante do José serviu para assinar na linha destinada ao regedor. Naqueles dias, a parelha de guardas enfiava-se na cozinha da casa de um deles e passavam lá horas a beber vinho, que aqueciam ao lume, e ao qual misturavam umas colheres de mel, a fumar, a contar histórias, a falar dos tempos da guerra da Índia ou a jogar às cartas. José ouviu muita conversa de homem, como lhe confidenciavam os guardas, onde o mais notável era a conversa ser feita à base do verbo foder. Em boa verdade, aqueles rudes agentes da lei e da ordem, tanto fodiam a realidade como eram fodidos por ela. O verbo tanto era usado para descrever uma aventura de saias como para realçar as desventuras da vida, que era, a bem dizer, madrasta.


Quando se chateava da conversa, o José ia até ao alpendre e punha-se a olhar para os enormes farrapos de neve que faziam o mundo ficar em silêncio, branqueando os telhados, alvorecendo as ruas, encanecendo os pinheiros, purificando os montes, tornando tudo limpo e asseado, à semelhança da época pascal, quando se pintavam as paredes das salas para aí se receber o Compasso e beijar o Cristo na Cruz.


Nesses dias a Dona Rosa pouco falava. Um certo pudor impedia-a de ser malcriada na presença de um colega do marido. Por isso José gostava dos dias de neve. O mundo podia ficar mais frio e os animais mais famintos, mas a paz que invadia o dia-a-dia era reconfortante.

 

 


 


Num desses dias, como a neve não parava de cair, ele e o pai tiveram de se fazer fortes e irem buscar dois sacos de couves para a criação. Aproveitando uma aberta e, enquanto o sol raiava, esgueiraram-se como puderam pelo sulcos que havia pelo meio da neve, desceram a encosta por detrás do castelo, galgaram muros, atravessaram a ponte romana sobre o Cávado e, em menos de meia hora, puseram-se a cortar as couves pelo caule e a ensacá-las. O guarda Ferreira disse ao José para apenas mear o seu saco, pois a caminhada de volta ainda era grande. Quando tinham galgado já meia encosta, na direcção da casa do guarda Martins, o céu tingiu-se de um cinzento carregado, um vento gélido começou a soprar e a neve começou a cair com intensidade redobrada. Naquele momento, o guarda Ferreira apertou o passo, no que foi seguido pelo filho. Mas cada vez nevava mais e o vento soprava agora como se fosse a lâmina do sabre do guarda Ferreira. José nem deu conta que deixou cair o saco das couves. Já não conseguia sentir as mãos. Começou a chorar baixinho. O pai, um pouco mais à frente, olhou para ele e perguntou-lhe se aguentava. Ele disse que sim. Pegou no saco e pô-lo de novo às costas. Andou mais uns metros, mas a neve, puxada a vento, cada vez caía com mais intensidade. Deixou de ver o pai. E novamente deixou cair o saco das couves. Pôs-se de joelhos para o agarrar de novo, mas as mãos não lhe obedeceram. Começou chamar pelo pai. Mas o som ia noutra direcção. Começou a desesperar. Tentou novamente agarrar no saco. Mas novamente caiu de joelhos. Foi então que viu o pai agarrar no seu saco. Naquele momento agradeceu a força do pai, ou melhor, a sua determinação. A Dona Rosa, pressentindo-os, foi esperá-los ao portão. Agarrou no saco do José e colocou-o junto ao merouço da lenha. Depois levou-o para a cozinha ao colo. Nenhum deles tentou aquecer as mãos ao lume, pois sabiam que esse processo provocava dores horríveis. A Dona Rosa aqueceu as mãos de ambos no seu regaço, enquanto, a modinho, os incitava a esfregá-las uma na outra.


“Doem-me muito as mãos, Rosa”, disse o guarda Ferreira. “A mim também me doem as mãos, mãe”, disse o José. “Aquecei-as mais um pouco aqui no meu regaço”, disse a Dona Rosa. Até o João balbuciou algo carinhoso. Nessa noite cearam como se fosse noite de Natal. Mesmo os recos na corte se calaram e comeram a lavadura, um tentador caldo de couves, batatas e farelo que os fez engordar para aí meio quilo. Ou mesmo mais. Passava da meia-noite quando foram para a cama e dormiram um sono calmo e retemperador.

 

 

32 – E os dias gélidos daquele Inverno barrosão começaram a ficar mais quentes para a família Ferreira. Ali, naquela cozinha, que era, a bem dizer, o coração de toda a casa, o amor entre iguais desabrochou como a flor do cardo no meio do restolho.


Por vezes um pormenor (...)

 

(continua)

 


 

 

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