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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

29
Fev12

Crónicas Ocasionais - Não neva, nem chove


 

“Não neva, nem chove”

 

 

 

O Inverno vai seco.

 

Não neva, nem chove.

 

A nortada, mais apressada, é que nos ia fazendo lembrar em que Estação do Ano estamos.

 

Já se encolheu no seu círculo polar.

 

Talvez empolgado pelos entusiasmos dos Carnavais, o Sol começou a madrugar com mais brilho e a encher os dias com mais calor.

 

Já não se vêem sobretudos ou casacos-compridos, e ninguém se lembra das gabardinas.

 

Rua abaixo, rua acima, mulheres aumentam o decote e homens arregaçam as mangas.

 

Os pequerruchos soltam-se da mão dos avós   -   os pais estão no emprego   -, ensaiando fugas para territórios independentes.

 

Os maiorzitos, de sacola às costas, no regresso do Colégio, saltam do autocarro, num frenesim a lembrar a passarada a fazer o primeiro voo  desde o ninho, lá no cimo do choupo, do negrilho ou da macieira.

 

Os automóveis fazem formatura nas Estações de Serviço, tal como os seus condutores guardam vez no Barbeiro, quer dizer, no “Cabeleireiro-manicure-esteticista”, para uns e outros ficarem com melhor visual”.

 

As «assistentes-técnicas-de-atendimento-personalizado-em-loja” apuram-se no puxar do brilho da porta e das montras do estabelecimento.

 

Os passageiros dos autocarros e dos comboios aumentam os decibéis das suas conversas.

 

Os sacristãos dobram a força e as pancadas no toque dos sinos.

 

Nas esplanadas, os copos dos «finos» começam a substituir as chávenas de café.

 

A garrafa do «verde branco» já reclama o «fauteuil» no frigorífico.

 

O alecrim viceja na borda dos quintais, a contar estar mais brilhante e viçoso no Domingo de Ramos.

 

O cuco e a bobela aliviam-se de penas para começar mais cedo a viagem até à NORMANDIA TAMEGANA.

 

À porta das lojas «chinocas», baldes cheios de multicoloridos guarda-sóis de praia atrapalham a entrada e estreitam os passeios.

 

Na compra de artigos, no valor total de cinquenta €uros, com desconto de «vinte- por-cento-em-cartão», os «continentes» oferecem um «pára-sol para o pára-brisas do seu carro».

 

O castiço “Ceroulas” entra no Café, com ar de espanto. E, sem o saber, confirma a secura deste Inverno, o encolhimento da nortada e o madrugar acalorado do Sol. Pede “Um quarto de águas - Vidago”, e acrescenta: - “Ena, pá! Até já troquei as cuecas de perna comprida pelas «trouces» mini-slip”!

 

Do Largo do “Neto de Nantes”, sai para as sacristias das capelas do cardeal da Venda Nova, empertigado, o vice-ministro de cerimónias, empunhando uma pértiga de cartão canelado, coberta com penas de pavão de Castelões e guarnecida com folha de latão, convencido que feita com aço de Toledo e encimada com prata dourada.

 

A presunção absorveu toda a água benta.


 

Estão pra chegar as “águas de Março”   - “promessa de vida”.

 

Luís Fernandes

28
Fev12

Pedra de Toque - José Afonso


 

JOSÉ AFONSO

 

 

            No dia 23 de Fevereiro a rádio e a RTP recordaram Zeca Afonso, falecido exactamente há 25 anos.

 

            Durante cerca de 4 horas de viagem, escutei depoimentos de amigos e admiradores e ouvi, com a emoção de sempre, as suas baladas e melodias.

 

            Os seus textos, os seus poemas, as suas letras, passado este quarto de século, continuam actualíssimos e são demonstrativos da sua cultura inquebrantável da subversão, ele que foi um castigador sem piedade do conservadorismo político, cultural e moral.

 

            Proibido de ensinar, viu censurada a sua escrita de palavras e melodias.

 

            Sempre simples e humilde, viveu até ao fim sem vergar, intransigente, lúcido, com uma integridade intocável.

 

            Tive o prazer e o privilégio de o conhecer e constatei pessoalmente o que afirmo.

 

            Em entrevista a Viriato Teles, dois anos antes de seu decesso (1985), disse frontal: “O que é preciso é criar desassossego. Quando começarmos a criar álibis para justificar o nosso conformismo está tudo lixado…”.

 

            Para acrescentar adiante: “É preciso agitar, não ficar parado, ter coragem”.

 


            Neste mundo, neste país em que os poderosos continuam a semear a injustiça que tanto o revoltava, urge estar vigilante porque “Se alguém se engana com o seu ar sisudo e lhes franqueia as portas à chegada” eles virão “ em bando com pés de veludo, chupar o sangue fresco da manada”.

 

            O exemplo de Zeca tem de estar presente e a sua obra escutada sempre, mormente nos tempos que passam, porque nós que somos filhos da madrugada só podemos dar-lhe a nossa gratidão, a nossa paga, se abrirmos caminho a uma “ terra da fraternidade” onde “ o povo é quem mais ordena”, como escreveu José Manuel Pureza numa bela crónica no DN.

 

            Nessa busca incessante por essa sonhada terra, que com coragem teremos de atingir, como pediu Zeca, devemos também levar todos os amigos, sobretudo aqueles que são maiores que o pensamento.

 

 

António Roque

27
Fev12

Intermitências - Luxo com conhaque


 

 

Luxo com conhaque

 


Eram dois amigos à volta de um conhaque. O primeiro estava decidido a marcar uma viagem à Grécia, mesmo que o ordenado como caixa de loja mal lhe chegasse para comprar um par de ténis em saldo. A segunda estava farta do namorado lhe chatear a cabeça por chegar do trabalho quase todos os dias à meia-noite, mas não ganhava coragem para o deixar. Sem motivos para festejos e completamente “à rasca” em ditos tempos de crise, eis que dois amigos se sentam à volta de um conhaque.


- “Sabes qual é o meu “péché mignon” depois do jantar? Sento-me ao computador e percorro uma carga de blogues com dicas de moda, estilo, design, gourmet e viagens…”


Mais do que culto, um homem deve ser moderno e com bom gosto. Um dia destes, encontrei uma camisa parecida com uma de alta-costura por mero acaso numa loja de “pechinchas”… e sabe tão bem sentir-se objecto de desejo… Postado por Primeiro às 19h00.


- Eu lá tenho tempo para esses luxos! Em vez disso tenho de ouvir o meu namorado a choramingar ‘não queres antes ver um filme ou passar mais tempo comigo?’


Ouvi-lo é o que mais me cansa. Pior do que o seu mau humor quando chego à casa, só mesmo quando grita aos meus ouvidos porque não me vou embora à minha hora de saída – 19 HORAS – já que não me pagam nem um segundo extra e se um por único dia saio um minuto mais cedo ainda levo com um reparo. Razão tem ele, mas o meu posto naquela empresa é um objecto de desejo. Postado por Segunda às 19h00.


- “Sabes que estou a escrever um blogue sobre lifestyle?”


- “Para dizer o quê? Só compras em saldos ou às prestações, este ano só me lembro de jantarmos num restaurante por mais de 40 euros no meu dia de anos e nunca viajamos para fora das quatro linhas do país. Não estás a ficar um pouco ‘snob’ para a carteira e vida que tens?”


- “Chama-se “Luxo”. Escrevo sobre os melhores prazeres da vida que encontro nos vários blogues e sites que visito e acrescento as minhas dicas sobre como obtê-las por menos dinheiro”


- “E tu consegues isso? Devias antes chamar-lhe “O Luxo que nunca irei ter”. Porque não escreves antes sobre como conseguir passar da caixa da loja a chefe de equipa, que é no que te devias concentrar em vez de alimentares o teu consumismo e egocentrismo?”

 

 

Fotografia de Sandra Pereira - O mundo não tem cor, Centre Georges Pompidou, Paris, 2005


E à distância de um click... Descobri um site com algumas viagens a preços muito acessíveis. Madrid – 15 euros, Roma – 35 euros, Paris – 40 euros... para esquecer. O meu destino é mesmo a Grécia! Há-de haver um sentido para a existência de tudo e não vou morrer antes de encontrar algumas pistas. Vou começar a procurá-lo na História, no berço da civilização ocidental. Se não achar respostas, sigo procurá-las na Natureza, na Patagónia ou na Sibéria, onde os homens são obrigados a lutar pela sua própria vida todos os dias... Depois disto, não acredito que vá ser preciso ir até Jerusalém, pois o homem é o único ser que acredita na Religião, mesmo que para inventá-la tenha tido alguma motivação… Enfim, mesmo com esta maravilha da rede global, ainda não é desta que a minha conta bancária me acompanha em viagem. Tenho de arranjar maneira de reservar aquele voo à Grécia... Postado por Primeiro às 4h00.


- “Quando é que vais parar com esta estupidez do blogue e de seguir a ‘moda’ da feira das vaidades? Tu não eras assim quando te conheci! Tinhas conversas interessantes, humor negro e bebias conhaque. Agora só pensas em compras e luxos! Tornaste-te numa pessoa materialista e fútil”.


Aquela conversa caíra como uma pedra de gelo demasiado grande para o conhaque. E ele que pensara que ela era diferente das outras… Era educada, trabalhava nos recursos humanos de uma empresa e tinha visão do mundo. Com ela podia cuspir na sua vida monótona e igual a toda a gente, insultar a fealdade do mundo e gozar com Deus... Esse sim, era o verdadeiro “péché mignon” da sua existência. Previa ali uma discussão que poderia ter um desfecho fatal.


- “Pensas que ir ao cinema, ler romances de amor e ver obras de arte não são coisas tão fúteis como procurar um vestido bonito ou comer caviar ao pequeno-almoço? Nunca pensaste que a futilidade e o luxo são simplesmente prazeres? Não é mais divertido passar o tempo a rechear a vida com sonhos luxuosos, devaneios fúteis e prazeres? Os objectos de desejo só existem na minha vida para me fazer esquecer que o mundo não tem cor”


- “O mundo não tem cor em África. E quem come caviar ao pequeno-almoço, que mais ‘sonhos luxuosos’ terá? Se calhar de comer ‘paté de campagne’…”


- “‘Sonhos luxuosos’ é um homem de qualquer país, raça e religião ser capaz de chacinar um povo inteiro para não deixar de comer caviar ao pequeno-almoço. Ou alguma vez te lembras de um mundo sem nenhum foco de guerra, nem que tribal? No final das contas, somos apenas pó e fazem-nos acreditar que o sentimos cá dentro vai para o céu só para não nos suicidarmos todos à nascença! Sou materialista, porque a vida é imaterial. Sou fútil, porque ainda não entendi o que é a realidade. E tudo isto não tem nada a ver com amor nem valores, só tem a ver comigo mesmo. Sim, é verdade, o luxo é egoísta”


E à distância de um click... Um “coup de coeur”. Aquele vestido trapézio vermelho que procurava há meses exibido no post de uma estilista que anda a desfazer-se dos ‘modelitos’ que nunca veste a preços caridosos. Segue a encomenda... E na resposta: “Lamento muito, mas o artigo que pediu está apenas disponível em azul”. Seria aquele vermelho, mas qual a real importância de uma cor na minha tentativa de arranjar mais tempo para ver filmes? O luxo não tem mesmo nada a ver com amor. Postado por Segunda às 4h00.


Sandra Pereira

 

 

27
Fev12

Quem conta um ponto... Da expetativa ao imobilismo (III) – Presunção e água benta...(II)


 

Da expetativa ao imobilismo (IV) – Presunção e água benta… (II)

 

Ora então, senhor presidente, vamos lá de novo a mais uma voltinha, mais uma viagem, pela sua “década de progresso”.

 

Na relação que tenho na minha frente, o senhor presidente, relativamente à requalificação urbana, enumera alguns planos de pormenor, pontes e intervenções em locais diversos. Realizações que, bem vistas as coisas, devem fazer parte da atividade normal de qualquer autarquia. O senhor dá-lhe destaque porque pretendeu fazer da sua gestão autárquica um número redondo. De facto, a sua liderança à frente do concelho andou quase sempre às voltas. Às voltas. Às voltas. Mais uma voltinha, mais uma viagem.

 

A sua liderança, titubeante e incerta, por muito que lhe custe admitir, andou à volta das palavras, à volta do improviso, à volta do imobilismo, à volta do não te rales. E a requalificação urbana, apesar do que enumera, ficou muito aquém do que foi prometido e do que era devido.

 

Grande parte dos imóveis do centro histórico ou estão abandonados e a ameaçar ruína, ou, então, para lá caminham. O centro histórico da nossa cidade é sinónimo de abandono, desqualificação, destruição e desinserção arquitetónica. É normal encontrarmos edifícios onde por cima de uma loja recuperada se encontra um ou mais andares desabitados e a ameaçar desabamento. Nada parece fazer sentido. Em suma, o tecido urbano do coração da nossa urbe definha perante a teimosa, ou a apática indiferença, dos senhorios ou inquilinos e o “não te rales” da autarquia. Uma parte substantiva dos edifícios mais antigos da zona medieval de Chaves é atualmente um viveiro de ratos e aranhas. Quando não de prostitutas e toxicodependentes mais atrevidos. À ruína imobiliária junta-se a miséria humana.

 

De seguida fala-nos da valorização ambiental, nomeadamente das margens do rio, e de mais algumas envolventes. Posso confessar que, no meu ponto de vista, o projeto Polis, que o senhor denomina, penso eu, como “envolvente das margens do rio”, para não lembrar o engenheiro de má fama que lhe deu nome e forma, é uma obra que deve orgulhar qualquer autarca digno desse nome. De facto, valorizou imenso o rio e todo o espaço circundante, sendo atualmente um lugar de lazer e de exercício físico que só pode orgulhar uma cidade. Eu utilizo-o todos os dias e sinto-me lá muito bem.

 

Pensei mesmo em dar-lhe publicamente os meus parabéns, mas alguém me avisou (talvez o grilo falante do Pinóquio), que o projeto já estava pronto e em fase de desenvolvimento quando o senhor presidente tomou conta dos destinos da nossa urbe. Ou seja, as obras foram executadas no seu mandato mas o projeto tem outro mentor e distinto impulsionador. E olhe que uma boa ideia e um bom projeto por vezes definem tudo. Ou quase tudo.

 

A dada altura inclui como valorização ambiental as obras executadas no Jardim Público. Ora porra, senhor presidente, o que foi feito no Jardim Público não tem nada de valorização ambiental. O que lá fizeram foi, primeiro, um atentado ambiental, segundo, um assassinato de memória, e, terceiro, um esbanjamento de dinheiros públicos. Sei que foram lá enterrados, pelo menos, 500 mil euros com o resultado que todos sabemos. Era preferível tê-los dado à Misericórdia, ou iniciado outro Centro Escolar. E o que lá foi feito é um atentado ao bom senso e à inteligência dos flavienses. Abateram-se árvores centenárias, arrasaram-se quase todos os canteiros e terraplanou-se o jardim com saibro. Transformam um jardim harmonioso e emblemático num descampado. E nisso gastaram 500 mil euros. Consumiram 500 mil euros a destruir um espaço público de qualidade. Mais lhe valia ter ficado quieto. E se assim fosse ainda possuíamos o Jardim Público que todos aprendemos a amar e a admirar e o erário público tinha ficado um pouco menos endividado. É por estas e por outras que estamos penhorados até à medula.

 

Essas medalhas já ninguém lhas pode tirar, senhor Presidente: o assassinato do Jardim das Ferreiras e a destruição do Jardim Público. Será que tem alguma coisa contra os jardins públicos da nossa cidade? E, infelizmente, é por tais atentados à nossa memória coletiva que irá ser lembrado quando terminar o seu mandato. 

 

Lembra-nos ainda do saneamento em Espaço Rural: cerca de trinta e sete obras. Eu até lhe podia dar os parabéns. E até tencionava. Olhe que tencionava mesmo, pois nasci numa aldeia. Mas não consigo entusiasmar-me a esse ponto. E sabe porquê? Pois, porque é triste que depois de ter fechado as escolas e, consequentemente, ter imposto que crianças e pais rumem à cidade, o que originou que nas nossas aldeias vivam meia dúzia de idosos, algumas galinhas, porcos e um ou outro burro, o senhor tenha feito o saneamento básico para os fantasmas. Agora que às nossas aldeias chegou a estrada alcatroada, a água canalizada, a luz e o saneamento básico, já lá não vive quase ninguém. É esta a nossa triste realidade. Isto não é um país, é mais o filme de um país, e de um concelho, onde tudo chega tarde e a más horas.

 

E também nos fala das acessibilidades. E nos bons acessos à Zona Empresarial de Outeiro Seco. Olhe, senhor presidente, outra grande asneira sua, pois gastaram-se ali milhões de euros para nada. O Parque está às moscas e nas estradas nem os animais passam, nem lá pastam, porque o alcatrão e o betão tomaram o lugar dos lameiros e das hortas. Ficou provado que a equipa que lidera tem mais olhos que barriga.  

 

Relativamente às atividades económicas deixe que lhe dê uma palavrinhas sobre os Santos, desde logo porque não atino com a razão de o senhor presidente citar a famosa feira como um projeto da sua autoria. Desde que me conheço, ela foi sempre realizada sem que eu algum dia me tenha lembrado de a ligar a um projeto da autarquia. E, muito especialmente, da que atualmente lidera. Mas, já que o lembra, deixe que lhe diga que a cada ano que passa a Feira dos Santos vai perdendo identidade, qualidade, interesse e valor económico e social. E sabe porquê? Pois porque a autarquia não tem feito nada por ela. Não lhe tem acrescentado nada. Tem deixado tudo ao deus dará. Ou quando se lembrou de executar algumas obras para a rentabilizar e requalificar, logo as abandonou porque viu que as pessoas não aderiram. Ora esse tipo de projetos devem ser primeiro testados e comprovados. E só depois executados. Mas a câmara que o senhor preside primeiro faz as obras só depois é que se preocupa com o facto de as pessoas considerarem se a infraestrutura que custou muito dinheiro serve ou não os objetivos para que foi construída.

 

 

Depois fala de serviços e cooperação, dos quais saliento a “Modernização Administrativa” e a “Eurocidade”. Relativamente à primeira apenas relembro aos estimados leitores mais distraídos, se é que ainda os há, que a tal “modernização” mais não é do que sanear quem não convém ao vice camarário e colocar no seu lugar os seus servis apaniguados.

 

No que se refere à segunda, desde logo afirmo que é um embuste. A “Eurocidade” é um embuste, uma falácia, uma ficção que não serve nada nem ninguém. Não serve os galegos nem serve os trasmontanos. É um ardil que foi montado para mais facilmente os dois concelhos (Chaves e Verin) poderem aceder aos fundos comunitários. Mas o que a princípio até parecia uma boa ideia, resultou apenas numa dita “agenda cultural” de teor quase ridículo, num mural do facebook para “criar” amigos, em algumas insípidas e enfadonhas visitas do inexpressivo presidente do concelho de Verin e da presença na feira dos saberes e (dis)sabores de uma barraca com fotografias dos caretos galegos, quando não de um trio de caretos enfadonhos e grosseiros que não se cansam de badalar os chocalhos, com que afastam as pessoas de bom gosto e atormentam as crianças mais sensíveis. 

 

Ou seja, a “modernização administrativa” resume-se a um ajuste de contas do vice camarário contra os funcionários competentes que não se vergaram, nem se vergam, aos seus ditames e à sua prepotência, e a “Eurocidade” é um conto infantil destinado a adultos, mas com um enredo muito mal elaborado, com uns protagonistas insossos e uma moral muito próxima do grau zero da honestidade.

 

Antes de terminar, por hoje, não posso deixar passar em branco o fundamento de que a câmara de Chaves, durante os últimos dez anos, investiu em 100 projetos/obras, 125 milhões de euros. Dito desta maneira até parece uma verdade insofismável, um facto indesmentível, um argumento irrebatível. 125 milhões de euros é uma pipa de massa. Pois é, sim senhor. Só que  gastar muito dinheiro não é sinónimo nem de muitas, ou sequer, de boas obras. Mas nem as obras são muitas, nem o dinheiro gasto pela gestão autárquica de João Batista foi bem gasto. Lá esbanjado foi. Mas o resultado é aquilo que todos sabemos: um tremendo endividamento.

 

Mas se fosse apenas isso, o senhor presidente podia argumentar em sua defesa que todos os outros municípios o fizeram e que até o governo da Nação cometeu o mesmo pecado. Mas não nos deixemos iludir pela falácia. A título de exemplo, paradigmático, podemos referir a eliminação ou descaracterização de espaços ancestrais (Freiras e Jardim Público), a teimosia nas obras redundantes (levantamento do pavimento da Rua de Santo António) e o entretém com minudências (as inenarráveis cestas de plástico da mesma rua).

 

Para tais dislates, melhor seria o senhor presidente ter ficado quieto. Mas todos sabemos que não podia. O que já não sei é se os flavienses estão pelos ajustes. E é nestes últimos onde a minha esperança no futuro se torna possível.

 

Urge mudar de política. Urge mudar de vida. Urge mudar de protagonistas.

 

João Madureira

27
Fev12

Mais uma da nossa Top Model Ponte Romana - Chaves - Portugal


 

Nada melhor para iniciar a semana que uma imagem da Top Model de Chaves. Sempre simpática. É sempre um gosto registá-la em imagem.

 

Para hoje temos ainda duas crónicas, a de João Madureira com "Quem conta um ponto...", às 9H00,  e a de Sandra Pereira com mais uma "Intermitência", às 17H30.

 

Até lá, fiquem com a nossa Top Model.

 

26
Fev12

LÉXICO-GLOSSÁRIO TRANSMONTANO - Letras U, V, X e Z


 

GLOSSÁRIO TRANSMONTANO

 

Registo, significado padrão e referência em uso dos falares diversos

dos povos da VEIGA do TÂMEGA e zonas limítrofes da

TERRA-QUENTE e do BARROSO

 

 

U

 

 

ulear - uivar “senti os lobos a ulear lá para a serra”

unhas de fome - sovina

unheiro - miserável, sovina

unto - pingo, gordura do porco para cozinhar

 

 

 

V

 

 

varrer da feira - pancadaria no fim da feira “o valentão, com um pau na mão, é capaz de varrer uma feira sem gente”

vencilho (vincelho,bancelho) - atilho de palhas para amarrar os molhos de centeio acabados de segar

ventana - janela

ventas - cara, focinho

verter - entornar “não deixes verter o vinho sobre a toalha”, despejar líquidos

verter águas - urinar, mijar

vezeira - rebanho conjunto de cabras e ovelhas, levado à vez por cada proprietário

vianda - comida de reco

vido - vidoeiro

vindimo - cesto de verga, próprio para a vindima

virgo sereno - mulher tímida, pouco sensual

volta - movimentação anual de populações de certas aldeias do Barroso, que percorriam a Província a pedir “para a casa queimada”, “cuidado, que o gajo é da volta”

 

 

 

 

X

 

 

xaragão - enxerga

xastre – alfaiate

xis e mis - timidez

xitos - marcas de pau ou ramos de giesta espetadas na terra “andou a marcar as embelgas com xitos”

- chega, alto!, “Xó, que me trepas!”, já estás a abusar!

xotar - enxotar (as pitas)

 

 


Z

 

 

zanguizarra-barulheira monótona

zervada (b) – chuvada forte, granizo

zernideira - espécie de peneira

zicho - esguicho

zilro - andorinhão (apus melba)

zorro - filho bastardo “é zorro do tio João Landainas”

zupar - bater, agredir

zurca - bebedeira “está com a zurca”

 


Para melhor entender o porquê deste LÉXICO-GLOSSÁRIO TRANSMONTANO, ficou tudo explicado aqui: http://chaves.blogs.sapo.pt/710026.html

 

 

 

26
Fev12

As Freguesias e os CENSOS 2011 - Águas Frias


Na anterior ronda que fiz por todas as freguesias de Chaves, no resumo final de cada, deixei aqui o gráfico da evolução da população residente desde 1864 a 2001. Fui prometendo ao longo desses resumos, ou mosaicos das freguesias, que traria aqui os resultados dos CENSOS 2011 logo que os mesmos fossem conhecidos. Pois os resultados provisórios já são públicos.

 

 

 

Adivinhava-se que a população rural viesse a diminuir e de facto assim aconteceu. Numas freguesias mais que noutras e salvo raras exceções, a tendência do despovoamento das nossas aldeias é uma realidade que temo se alastre para a cidade, pois todas as medidas centralistas ditadas por Lisboa e a apatia de reação as essas medidas por parte do poder local mas também da população, para lá nos encaminham, pois os números dizem tudo. Vamos a alguns:

 

1960 – 57.243 Habitantes residentes no concelho

2001 – 43.667 Habitantes residentes no concelho

2011 – 41.444 Habitantes residentes no concelho

 

Ou seja, desde 1960, em que o concelho de Chaves atingiu o pico máximo de população, até ao presente ano, o concelho perdeu 15.799, número que até pode parecer pequeno mas que se dissermos que é o número da atual população dos concelhos de Montalegre e Boticas juntos, aí o número já tem outra grandeza.

 

Há ainda outro dado curioso a registar entre os resultados dos CENSOS de 1991/2001 em que a população residente cresceu em 2727 pessoas e os dados dos CENSOS de 2001/2011 em que a população decresceu em 2223 pessoas. Números são números mas o problema está, tal como disse no início, nas políticas centralistas de lisboa e na ausência de políticas de fixação (já nem quero falar de repovoamento) por parte do poder local, mesmo que por aí se apregoe e publicite o contrário, a realidade é outra e bem mais triste – não há projetos para um futuro sustentado de Chaves.

 

Vamos iniciar hoje uma nova volta por todas as  freguesias do concelho com os números do CENSOS 2011,  para cada uma e todos nós,  ficarmos a conhecer a realidade atual. Iniciamos, por ordem alfabética, pela freguesia de Águas Frias, que desde CENSOS de 2001, perdeu 154 das 897 pessoas que tinha nesse ano, ou seja, a sua população residente atual é de 743 pessoas distribuídas pelas 301 famílias, ou seja 2,46 pessoas por família. Dos números tirem as vossas conclusões. Fica o gráfico da freguesia atualizado:

 

 

Para ver o mosaico completo da freguesia, publicado em  1 de Agosto de 2010, siga este link: http://chaves.blogs.sapo.pt/525215.html

 

Ainda hoje, ao meio dia, teremos por aqui o último capítulo do léxico-glossário Transmontano de autoria de Herculano Pombo, com as quatro últimas letras do abecedário.

 

 

25
Fev12

Pecados e Picardias - Por Isabel Seixas


 

HÁ RECANTOS

 

Há recantos que só a nós dizem respeito

Mudos... De espanto conferem-nos esse direito

Guardadores de segredos causam o efeito

Do esconderijo soberbo cúmplice perfeito

 

Há recantos que estão lá na nossa mente

Para abrir em lua cheia e fechar de repente

Difícil tê-los encerrados  em quarto crescente

Extravasam insinuantes alguma réplica excedente

 

Há recantos que eu criei que fui eu que concebi

Fazem-me falta em momentos p’ra me abstrair de ti

Percorro o tempo com eles já fazem parte de mim

Entro neles quando quero só são visíveis assim

 

Há recantos insondáveis para nós e para alguém

Pressentimos a existência quando os nosso se mantêm

Lembram-nos a evidência que os outros  os têm também

São núcleos de clarividência visionários do além

 

Há recantos que teimosamente insistes em desvendar

Ingenuidade arrogante sob a mascara do amar

Respeita-lhes a integridade arrisca aperfeiçoar

A sua individualidade deixa-a ser universal...

 

Isabel Seixas in Espaço  de Ilusão

 


25
Fev12

Cantinhos do Rio Tâmega


 

Vamos lá honrar o compromisso de trazer a este blog o mundo rural aos fins-de-semana, hoje com três imagens de um cantinho do nosso Rio Tâmega, onde ainda apetece sempre ir e estar.

 

 

Claro que convém não reparar muito nos pormenores e trazer-vos aqui apenas o todo que o olhar consegue captar, porque senão, a conversa começa a descambar para o torto.

 

 

E para terminar estas breves palavras, mesmo sem os pormenores que hoje não me apetece abordar, o Rio Tâmega e os seus cantinhos, ainda nos vão proporcionado imagens como as de hoje. Um pouco de amor pelo nosso rio não ficaria mal, mas, apenas se pede, ou melhor, exige um bocadinho de respeito por ele.

 

 

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