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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

31
Dez12

Quem conta um ponto...


 

Pérolas e diamantes (18): aparências e desilusões

 

 

Para manter as aparências, a nossa autarquia tem mobilizado todas as energias e conseguiu sobreviver sem oposição que se enxergue a olho nu.

 

Apesar disso, a atual gestão da Câmara de Chaves não explica nada: nem o seu insucesso, nem o seu fingimento, nem a sua gerência imobilista feita ao sabor do vento e das geadas. E fá-lo porque é incapaz de admitir que errou na sua estratégia, no seu propósito de modernidade, na sua aposta fracassada no desenvolvimento.

 

Interlúdio poético: Um pouco à semelhança da “inquietação” do José Mário Branco (A contas com o bem que tu me fazes / A contas com o mal por que passei / Com tantas guerras que travei / Já não sei fazer as pazes), é caso para dizer – e o autor que nos perdoe a ousadia, mas é por uma boa causa – que no nosso burgo existe: Cá dentro desilusão, desilusão / É só desilusão, desilusão / Porquê, não sei / Porquê, não sei / Porquê, não sei ainda.

 

Não pretendo reivindicar a qualidade de juiz dos acontecimentos políticos locais, mas, com toda a modéstia, direi que tomei a liberdade (individual) de ter ficado desiludido, vai para um bom par de anos, com a gestão autárquica de João Batista e António Cabeleira.

 

De facto, a gerência camarária do PSD flaviense não soube intuir a desilusão, a frustração e o descalabro. E as pessoas mais clarividentes até ajudaram nesse desapontamento. Deixaram-se levar pelas falinhas mansas dos protagonistas, pois não queremos acreditar que não estivessem a par da realidade: do enorme défice, das obras de fachada e da gestão apriorística da coisa pública. Muitos deles estavam a par, outros estavam, quase de certeza, já comprometidos, mas não o quiseram admitir.

 

A verdade é que a liderança da Câmara de Chaves mudou tantas vezes de opinião que baralhou a sua estratégia, o rumo da sua atuação e, o que é mais grave, a esperança dos flavienses.

 

Demasiadas vezes apareceu o presidente João Batista com os seus lindos discursos vazios a tentar pôr algum sentido no desnorte. Mas isso serviu-lhe de pouco. E aos flavienses não lhes serviu mesmo de nada, nem de coisa nenhuma.

 

É caso para nos perguntarmos se os flavienses se submeterão aos tempos que aí estão para vir sem esperança, se somos impotentes para mudar de rumo ou se estamos condenados a este infortúnio autárquico.

 

Mas a alternativa tem se ser consistente. Já aqui o escrevi uma vez, mas volto a repeti-lo: A proposta política de uma alternativa ganhadora a este poder autárquico serôdio e cediço tem que ser uma questão de afirmação e não uma mera questão de entusiasmos.

 

É bom que nos consciencializemos que a antiga premissa cristã segundo a qual a pobreza, a solidão e a infelicidade desenvolvem boas qualidades no homem já não se coaduna com a modernidade. O futuro tem de obedecer à aspiração legítima da riqueza das regiões e das instituições, da solidariedade, da fraternidade e também da felicidade. Se não para quê trabalhar?

 

Eu sei que aos idealistas, quase sempre, não lhe restam outras armas do que as palavras, mas são elas que definem o pensamento e serão elas que possibilitarão ter esperança num novo rumo para a nossa cidade e para o nosso país. 

 

Percebemos que ainda existe por aí muita falta de seriedade, muita indiferença, muita instabilidade. E também sabemos que há por aí muito bajulador a tentar manter a aparência de um rumo e da possibilidade da evolução da continuidade. A esses marcelistas reciclados, é bom lembrar que, apesar de todos sabermos que não há bem que nunca acabe, também não há mal que sempre dure.

 

Apesar de sabermos que a política se faz de habilidade prática e compromissos, temos de ser capazes de rejeitar veementemente a estratégia imobilista deste poder autárquico que já não é capaz de entusiasmar nada nem ninguém. Nem sequer o próprio partido. Ou muito menos ele.

 

Esta Câmara nem prosperou nem nos fez prosperar. Tudo o que fez foi persistir. Segundo li em algum lado, escorregar é a lei da queda. Por isso estamos em crer que o povo flaviense não vai deixar-se escorregar mais uma vez. Apesar do inverno vir aí e o gelo o acompanhar. Não queremos um novo ano somente cheio de certezas invernais. Vamos esperar pela primavera. Estamos em crer que a esperança virá com as andorinhas.

 

E para terminar, aos litigantes de má-fé lembramos um provérbio chinês: “Encurralado, até um coelho morde.”

 

Ou em versão alargada para os mais distraídos: “Encurralados, os cães saltam muros, os gatos sobem às árvores, os coelhos mordem e os mudos falam.”

 

 

 João Madureira

 

29
Dez12

Pecados e Picardias


 

A…Deus  2012 , descansa em paz

 

Deixo cair a esperança vã sem olhar

 para trás, o lugar triste do amor proibido

dos escombros recolho só de belo o luar

caminho com o penar do homem esquecido

 

retomo   valores do desespero de causa

assumo  pose de guardiã da liberdade

aceno aos sonhos pedindo uma pausa

retempero forças não esqueço a verdade

 

só contam as vidas no passar dos anos

as vidas dos homens que fazem a história

 cicatrizam as feridas as dos desenganos

 abertas por outros só  para obter glória

 

já  falam sozinhos já ninguém os ouve

desperta o silêncio  na dor  que demove

 

levantam-se os sábios os que já viveram

de rostos tão sérios, hoje não beberam

respondem ao chamado do grito aflito

do fogo anunciado no ano circunscrito

 

 

E vêm sem medo tão firmes e seguros

Trazem as vontades  de velhos casmurros

Expressam a herança do dever  cumprido

Não deixam fugir o  direito  adquirido

 

Recordam o tempo de trabalho feito

O  esforço digno para sobreviver

A promessa feita cravada no peito

Respeitar-se o Homem mesmo no morrer

E sentam-se enfim junto à fogueira

Ardendo como  ela,em chama verdadeira

 

A…Deus  2012 , descansa em paz…



Isabel seixas

 

28
Dez12

Discursos Sobre a Cidade - Por Gil Santos


 

 

O Tibúrcio

 

Rais te parta o peixe que está cheio de arganas – queixava-se o pequeno Tibério muito zangado.


– Come d’amodinho mou filho, não se te entrasgue algua e te afogue! – aconselhava a mãe com o mesmo carinho com que tratava o Pécora, o outro mais velho, depois que ficou manquinho de uma perna.


Comiam barbos de escabeche. Foram apanhados nas cordas que o Tibúrcio estendera à socapa no Tâmega. Ele bem sabia que era proibido e que se fosse apanhado no trabalhinho iria parar à choldra do Forte de S. Neutel a ver o sol aos quadradinhos e com umas arrochadas no lombo. Mas que fosse por Deus Nosso Senhor e pelos filhos da amásia. A lazeira superava o medo e valia a pena prevaricar só para ter os enteados de tripa forra.


Não havia pai para o Tibúrcio nesta arte de apanhar peixe do rio à corda. Mas só no inverno, porque no verão praticava outra das suas especialidades o peixe do rio ao buraco! Madrugada, ainda o sol se espreguiçava para lá das encostas do Brunheiro e já ele metia pés a caminho para a primeira presa. Chegava, lia a corrente que quase sempre corria fraca por estre penedos e ougas floridas. Despia-se até ao pescoço, atava uma saca de rede à cinta com uma baraça de sisal, pegava numa vergasta de amieiro e rio acima fustigava a tona da água. Os peixes, ainda endorminhados, estou que com o medo, encafuavam-se nas luras por baixo das pedras. O Tibúrcio mergulhava, metia a mão no toco, e quase sempre apanhava peixe graúdo. Por vezes lá lhe calhava uma cobra de água taluda cuja cabeça esmagava contra um penedo. Outras, algum leiranco de água, perdurado pelas cavilhas no polegar. Mas, Tirando isso, era peixe à farta.


A arte da pesca à corda, mais usada no inverno e de preferência quando o rio fosse grosso, era mais cómoda. Ajeitava um decâmetro de corda fina, da que prende a chiba à estaca. De braçada em braçada atava-lhe umas pontas de metro de sediela 0,60 mm. Em cada uma dessas extensões empatava um anzol bico de papagaio. Iscava com minhocas que apanhava na estrumeira do Maneta, ali para o Raio X. Pela noitinha levava o arcanho para o Poço do Leite, um fundão que havia onde a Ponte Nova tomou alicerces sobre estacas de pinho e onde o filho do Tero Bandeira mergulhava desde o tabuleiro. Atava um calhau na ponta da corda, arrimava-o para a outra margem em diagonal com a corda a reboque. Esperava que a corrente a esticasse e quando a topasse tensa, atava a outra ponta nas raízes de uma figueira que abraçava a parede sobranceira ao dito poço. Despois, era só esperar que a noite e a voracidade dos ciprinídeos fizesse o resto. Pela matina, antes mesmo que o galo da Pônas acordasse, ia recolher o aparelho. Rara era a vez que não tirasse pelo menos meia dúzia dos tais barbos. Uma farturinha preciosa no tempo do racionamento!


O Tibúrcio era viúvo e sem descendência. Uma tuberculose galopante tirou-lhe a Carminda aos trinta anos, antes mesmo que pudesse conceber. Como soi dizer-se, rei morto rei posto. Não perdeu tempo, aos trinta e um aputou-se com a Chambra, mãe solteira, com dois filhos já espigadotes, o Tibério e o Pécora.


A relação alimentava-se de uma paixão forte, quotidiana. Contudo, a coisa começou a afrouxar e veio um tempo em que o Tibúrcio ralas vezes visitava a sua amante. A Chambra estava cada vez menos disponível para o amante no tugúrio onde vivia, após a desgraça de que foi vítima o seu filho mais velho. A infelicidade do Pécora conta-se em duas penadas.


Teria uns seis anitos quando numa manhã de janeiro o Chico da Soutília, seu padrinho de batismo, aricava uma campina de centeio, contígua à linha do comboio, ali para a Fonte Nova. Fazia-o com um arado de relha de ferro que uma mula, assustadiça, puxava aos repelões. O rapazeco, que fosse com o cheiro na merenda do padrinho ou em andar emplouricado no arado, foi atrás dele para a lavra. Gostava que o sentasse abaixo da rabiça, com os pés sobre o timón para andar de landó rego fora. Assim estava a acontecer quando o comboio, na aproximação ao apeadeiro da Fonte Nova, abriu a goelas num estridente silvo. A mula, apavorada, desinvestiu campo afora. O Chico não teve mão nela e o mocinho caiu entalando a perna esquerda entre a abieca e a lavrada. No movimento tresloucado, um rebo mais aguçado apanhou-lhe a pernita e amputou-a redondinha pelo tornozelo. O Pécora ficou manco para o resto da vida.


O que haveria de ser da vida desse rapaz sem uma gâmbia, num tempo em que mesmo com as duas sabe Deus?


Em ordem ao futuro do filho manco, a Chambra, precisava de trocar a paixão do Tibúrcio por alguma outra coisa que desse mais do que barbos de escabeche!


Ora, um amanhado dia do mês dos cucos, quando atravessava a linha do caminho-de-ferro com um jiga de labrestos à cabeça, colhidos na mesma leira onde o seu Pécora perdera o pé, a Chambra ia sendo apanhada pelo comboio que passava. Não fora a mão amiga de um guarda-linha a tê-la salvo e seria morte certa. Ficou-lhe tão reconhecida que no dia seguinte, o tal, já merendava em sua casa. Dali avezaria um dinheirinho certo. Com ele poderia atenuar as dores da família, particularmente assegurar um futuro para o filho manco.


Não esteve com meias medidas, comassim! Deu-lhe a provar o licor de Vénus e fisgou-o pelo beicinho como o outro fazia aos barbos!


Tratava-se de um homem de meia-idade, solteirão, vindo do Douro. Por desgosto, quiçá de amor, pediu para vir trabalhar na linha do Tâmega, aqui para Chaves. Roupa lavada e cama quente levaram-no a viver de porta cerrada com a Chambra e os seus dois filhos.


Com aquele desgosto não pôde o Tibúrcio. Na primeira oportunidade contratou os serviços do Neves e Passador e emigrou a salto para a França. Teve tanta sorte que em pouco mais de cinco anos fez fortuna capaz de lhe alimentar uma velhice sem sobressaltos.


Durante esse tempo a Chambra vivia na fresca ribeira com o duriense e não mais se lembrou do Tibúrcio. Contudo, uma bela manhã do primeiro de agosto, o guarda-linha avisou que ia de férias no dia seguinte, tomaria o comboio para a sua terra. Visita aos familiares. Assim foi. Evidentemente que se esqueceu de voltar no final das ditas.


Adivinhando a mandingança e achando-se de novo desamparada a Chambra não perdeu tempo, foi pedir ao Beiças que lhe redigisse uma carta para a França.


Rezaria mais ou menos nestes termos:

 

Crido Tibúrcio:


Espero qestas duas letras te bão topar de boa saúde. Nós por cá estemos bem graças a Nosso Senhor.


Escrebo-te esta p’ra te dezer que não me astrebo a aturar o Tibério e o Pécora. Desde que fostes p’rá França que me relam os dias a pedir barbinhos de escabeche. Eu bem los fazia mas num tenho quem nos pesque. Faltasme tu qeras o pitroil da minha candeia e o luzeiro dos meu olhos. Nunca na bida heide ter home tão asado qemo tu. Dabasme carinho, açaramoabasme os rapazes quando mijavam fora do penico, afagabasme a palha do xaragão quando oupava e olhabasme a pita todos os santos dias para que não pusesse fora. Fostes e hades ser sempre o home da minha bida e o pai que os meus filhos nunca tiberam.


Bolta Tibúrcio da minha peituga, serei o teu aconchego na belhice.


Sem mais que te diga, recebe o afago deste coração empedernido e a promessa de um cibo ardente que te deseja!


Por ti anseio.


Desta que muito to quer!


Chambra

 

A missiva lá seguiu para terras de Bonaparte.


Ainda não era Natal e já à sua porta, na canelha das Caldas, parava um carro de praça a descarregar duas malas de cartão anchas e um pimpão de fato e gravata. Era o Tibúrcio que retornava, agora carregadinho de francos, aos braços da sua amada.


Daí em diante nunca mais faltou o escabeche de barbos naquela mesa. Bem entendido que já não era acompanhado apenas com carolos recessos de centeio escuro, mas com cantos de trigo e outras iguarias que a Chambra trazia, vaidosa, da praça todas os dias de feira.


Viveram felizes. Tão felizes, que até o Pécora teve direito a um pé novo, suponho que de pau de amieiro, que o doutor Fernandes mandou vir de Barcelona. Mancava um pouquinho, mas foi apenas enquanto não se habituou.


O Pécora passou o resto dos seus dias rua Direita acima, rua de Santo António abaixo, a vender cautelas para seu sustento. Não sei se algum dia teria vendido a sorte grande, mas merecia que isso tivesse acontecido.


O Tibério foi chauffer de praça no Arrabalde.


A Chambra e o seu Tibúrcio morreram velhinhos.


Do guarda-linha nunca mais ninguém ouviu falar.

 

Gil Santos

27
Dez12

O homem sem memória -133


 

O Homem Sem Memória
Texto de João Madureira
Blog terçOLHO
Ficção

133 – Quando José relatou o sucedido aos camaradas, eles limitaram-se a censurar-lhe o medo e a desvalorizar os sinais. A terra podia ser um antro de reacionários, mas aquela não era gente com coragem suficiente para se meter com o Partido e os seus militantes mais distintos. “Eles que se atrevam a molestar-nos que logo ficam a saber do que somos capazes. Os comunistas não têm medo de nada nem de ninguém. Era o que mais faltava! Nós enfrentámos, durante a longa noite fascista, as forças policiais e repressivas, a PIDE e o Salazar. Enfrentámo-los e vencemos. Não são agora meia dúzia de matarruanos que nos amedrontam ou que nos limitam no nosso direito sagrado a fazer política.”


Depois de mais uma tarefa revolucionária concluída, foram jantar a um dos poucos restaurantes que se encontravam abertos. O dono serviu-lhes de forma neutra umas ousadas costeletas de vitela com batata cozida e vinho da casa. Entretanto escureceu. Quando se preparavam para pedir o café, uma valente pedrada contra a porta do restaurante fê-los saltar das cadeiras. Todos ficaram em silêncio, menos o patrão da casa que lhes serviu o café com o pedido de que pagassem rápido e se fossem embora o mais depressa possível. Informou-os de que um grupo de pessoas se dirigia para a salão onde se ia realizar o comício munidos de varapaus, seitouras, enxadas, forquilhas, engaços, algumas pistolas e uma que outra caçadeira. O propósito não era pacífico. A reação estava alerta e organizada.


“Vão-se embora antes que eles deem cabo do meu restaurante”, pediu-lhes. “Vocês deviam saber que por aqui os comunistas não são bem-vindos. Cá na terra, até os socialistas são molestados e perseguidos. Vão-se embora enquanto é tempo.”


O camarada de Vila Real foi taxativo: “Não podemos fugir. Vem aí a Maria Tenrinha para fazer o comício. Ela é membro do Comité Central. O que iria pensar de nós? Que somos cobardes? Um comunista nunca vira a cara à luta.”


Nova pedrada embateu em cheio na porta do restaurante. De seguida ouviu-se um grito: “Morte aos comunistas.” Logo depois ouviu-se uma saraivada de sons de ferros e paus a bater com força no empedrado da rua. O dono do restaurante começou a desligar as luzes e encaminhou-os para uma saída lateral. “Fujam, que ainda há tempo”, disse-lhes em jeito de despedida.


Na rua, dirigiram-se apressados ao salão, mas não se atreveram a entrar. Do lado de fora, uma multidão furiosa ululava e batia no chão com varapaus, aguilhadas e vários utensílios agrícolas. “Morte ao comunismo. Comunistas para a Sibéria”, bradavam excitados os homens. “Assassinos”, gritavam desvairadas as mulheres.


Por muita coragem que tivesse aquela meia dúzia de intrépidos militantes comunistas, o ar assanhado da população era um enorme dissuasor de qualquer propósito que não fosse abandonar Ribeira de Pena com a organização necessária. E quanto mais depressa melhor. O camarada dirigente de Vila Real ainda ensaiou uma derradeira solução. Como a entrada do salão estava bloqueada, resolveu dirigir-se ao posto de GNR para pedir proteção e apoio. A liberdade de expressão era um direito, e uma conquista, da revolução democrática e nacional. Ninguém podia coagir ou tentar proibir os comunistas de divulgar as suas ideias e propalar os seus ideais. Além disso, a GNR, como força da ordem, tinha o dever de os proteger e de impor o respeito pelas mais amplas liberdades. A sua missão consistia em fazer vingar o princípio da coexistência pacífica entre a população e os diferentes partidos políticos.


“Vamos ao posto da GNR exigir-lhes que dispersem os reacionários para que possamos fazer o nosso comício”, disse com cara de caso o camarada de Vila Real. “Anda daí comigo José, o teu pai não é da GNR? Anda, vai lá falar com eles, enquanto eu fico a guardar os carros.” “Eu vou lá mas só se tu fores também. Eu sou apenas um militante de base, enquanto tu és dirigente. Quem tem as credenciais és tu. O Aníbal fica aqui a guardar os carros. Ele e os outros. A Catarina vem connosco.”


O Aníbal, apercebendo-se da trovoada que se estava a preparar sugeriu que fossem todos ao posto da GNR e nos carros. Estacionados perto do posto estavam a salvo.


Quando chegaram ao posto, encontraram o plantão a fechar as portadas das janelas, o portão da rua e a aferrolhar por dentro a entrada.


“Por favor, por favor, ajude-nos. Os reacionários não nos deixam entrar no salão onde vai ter lugar o comício do Partido. Mande uma patrulha lá acima por ordem naquilo”, exigiu o camarada dirigente de Vila Real.


O soldado da GNR olhou para ele com todo o desprezo do mundo e disse-lhe que a patrulha tinha ido tomar conta de uma ocorrência numa aldeia do concelho.


“Então chame o cabo.” “O cabo foi-se deitar.” “Às nove da noite?” “Está doente.” “Então chame o sargento, pois o caso é grave e pode trazer consequências.” “O nosso sargento foi passar o fim de semana a casa.” “Então e os outros guardas?” “Os outros guardas foram gozar o seu dia de folga. Eles também têm mulher e filhos.” “E então nós?” “Desenrascam-se como puderem.” “Mas somos meia dúzia de pessoas. Não podemos com aquela gente toda.” “Quem bem faz a cama bem se deita nela. Boa noite.” E mais nada disse o plantão da GNR. Bateu com a porta, deu duas voltas à chave e desapareceu deixando-os ali no meio da rua com cara de incrédulos. (Íamos para escrever cara de estúpidos, mas, como todos sabemos, os comunistas podem ter cara de tudo, menos de estúpidos. Oferecemos as antigas e saudosas obras completas de Lenine, da Novosti, em espanhol de lei, e ainda novinhas em folha, a quem nos provar o contrário.)


“Não acredito”, disse o camarada dirigente de Vila Real. “A GNR em vez de nos proteger abandona-nos à nossa sorte.” A camarada Catarina, com a sua lucidez feminina, disse: “O melhor é irmos embora enquanto podemos e lá em cima esperar pela camarada Maria Tenrinha e avisá-la de que o comício não se pode realizar por falta de segurança.”


Uma parte da multidão começou a descer a rua de encontro aos camaradas batendo com os paus no chão como se estivessem a afugentar cobras ou a espantar javalis. Jovens de moto começaram a fazer-lhes tangentes e a insultá-los.


“Vamos embora”, ordenou o camarada dirigente. Encontrámo-nos lá em cima na estrada que liga a Vila Pouca. E ninguém para. Quem se meter à frente é reacionário morto.


Quando se enfiaram nos carros, já a multidão os tinham cercado. Enquanto batiam nos viros e na chapa do carro com o que tinham à mão, insultavam-nos de tudo: “Filhos da puta, comunistas do caralho, assassinos, ladrões, papantes.”


Dentro do carro, o José, virando-se para o Aníbal, quase em lágrimas, perguntou: “Porque será que o nosso povo é tão reacionário. Será que não enxerga que quem os defende somos nós, os comunistas. Por que razão nos odeiam tanto?” “Não ligues. O povo não presta.” “Como podes dizer isso, sendo tu comunista?” “Sempre é melhor do que pensar que quem não presta somos nós.” “Que terrível dilema: Nós defendemos o povo e o povo é contra nós.” “Lá terá as suas razões…”, mas não acabou a frase pois teve de travar de repente para não atropelar uma mulher idosa que com uma forquilha em punho se meteu à frente do carro para o picar como o fazia aos animais bravos.


“O camarada de Vila Real disse que não devíamos parar. Quem se atravessar à frente morre.” “Quem morre somos nós se atropelarmos alguém,” argumentou com muita sapiência o Aníbal.


Um pouco mais adiante, o outro veículo dirigia-se com velocidade variável em direção ao cordão humano de homens mulheres que gritavam impropérios e agitavam toda a espécie de ferramentas agrícolas. Adivinhava-se uma tragédia, pois nem o carro abrandava nem a barreira humana abria qualquer brecha.


“Vamo-nos foder todos por causa daquele maluco. Se pensa que pode atropelar alguém e sair daqui incólume é bem mais maluco do que eu imaginava”, comentou o Aníbal. “Que Deus nos ajude neste momento tão delicado”, desabafou o José. “Tu ainda és católico?” “É apenas uma força de expressão.” “Com a verdade me enganas.” “Segue o carro da frente e não traves.” “Posso não ser lá grande comunista, mas decididamente não sou louco.” “Depois de ele matar alguém, o seu destino será o nosso destino.”


Milagrosamente a muralha humana abriu uma frincha quase no momento da colisão.


Estavam os intrépidos e decididos marxistas-leninistas transmontanos a acelerar por ali acima quando o automóvel da Maria Tenrinha passou por eles sem se ter apercebido que eram os seus camaradas quem abandonava Ribeira de Pena para não serem trucidados. Quando, um pouco mais adiante, pararam os veículos, discutiram se deviam ou não ir atrás da camarada do Comité Central, para a salvarem.


Meterem-se no vespeiro era morte certa, mas abandonar a camarada era uma cobardia, um ato indigno de comunistas revolucionários. Enquanto discutiam, apareceu o carro de um camarada de Névoa que em boa hora tinha decidido ir assistir ao comício. Vendo-os parados, parou também e perguntou-lhes o que faziam ali imóveis no meio da serra.


Depois de o informarem sumariamente do ocorrido, resolveram que o melhor era o camarada ir a Ribeira de Pena disfarçado de turista e tentar avisar a Maria Tenrinha do sucedido. Para o efeito teve de arrancar os cartazes dos vidros e das portas da viatura e desfazer-se de toda a iconografia comunista que nela transportava.


Quando lá chegou, já a camarada Maria Tenrinha tinha sido agredida e, com um olho negro e um joelho inchado, ia agora a caminho do hospital de Vila Real.


No hospital, a camarada do Comité Central, enquanto era observada e lhe faziam o curativo, contou aos camaradas que a rodeavam que vendo tanta gente junta dirigiu-se-lhes e que de imediato foi agredida, ainda antes de ter perguntado onde ficava o salão do comício do Partido. “Ai tu é que és a Maria Tenrinha?”, questionou-a um popular. “Aqui as bruxas comunistas levam porrada até lhes sair a ronha.” Já o pau estava a descer na direção da sua cabeça quando ela sacou de um spray de defesa pessoal e o disparou bem na direção dos olhos daqueles que pretendiam agredi-la. Mesmo assim foi atingida por vários murros e um que outro pontapé. Ato contínuo, os dois camaradas seguranças pegaram-lhe com determinação, enfiaram-na no carro e levaram-na dali com toda a velocidade que o carro permitia.


Como a camarada do Comité Central era a companheira de outro camarada do Comité Central que tinha seu cargo as tarefas de organização e controle da segurança do Partido, logo na manhã seguinte telefonou ao governador civil de Vila Real, para se queixar da vergonhosa atuação da GNR, cuja jurisdição estava a cargo do representante do governo no distrito, e para o avisar que no fim-de-semana seguinte Ribeira de Pena ia assistir ao maior comício da sua existência enquanto vila.


E assim foi. Centenas de carros, camionetas, motas e autocarros transportando milhares de simpatizantes e militantes comunistas entupiram a estrada que ligava Vila Pouca a Ribeira de Pena agitando bandeiras com a foice e o martelo, buzinando sem parar e gritando palavras de ordem até ficarem roucos.


Os mesmos populares que no dia anterior se tinham engalfinhado contra a Maria Tenrinha e os seus companheiros, desta vez juntaram-se aos camaradas e comportaram-se como se fossem comunistas de toda a vida.


José lembrou-se do ditado popular: Se não podes com eles junta-te a eles. O povo é mesmo assim, como as giestas no monte, afaz-se ao sentido do vento.


134 – Depois do triunfo da razão em Ribeira de Pena, o Partido a nível regional ...

 

(continua)

 



26
Dez12

Mário Valpaços - Um artista Flaviense


 

Em tempo um amigo dizia-me que “estava morto para que a televisão lá de casa avariasse, para se desfazer do mono e comprar uma nova”. Pois eu por cá, a televisão que tenho serve-me e até sobra, pois pouco lhe ligo, mas o computador, esse, já é outra cantiga. Pois, tal como o meu colega, também eu estava mortinho para que o meu  PC avariasse, não para comprar um novo que as modas não dão para tanto, mas para lhe fazer uma limpeza geral e deixá-lo mais ligeirinho, que às vezes até já parecia o nosso antigo “texas” a subir para a estação de Loivos.  Pois lá me fez a vontade, e depois de uma noite de árduo trabalho, no dia seguinte negou-se a acordar.



Quero com isto dizer que estou sem o meu PC de trabalho e com ele, também ficou a repousar o meu arquivo fotográfico mais recente. Assim, lá tive que ir dar uma voltinha pelas fotos mais antigas, que vão ficando esquecidas, e ainda bem, pois reencontrei uma série de fotos da arte de Mário Valpaços, também ela quase sempre esquecida e nunca apoiada, e é pena, pois embora com muito de arte naïf não deixa de ser rigoroso e bem realista nos materiais que aplica, ou seja, os materiais que aplica nas suas miniaturas são rigorosamente iguais aos existentes na realidade do casario que  lhe serve de inspiração, tanto, que na maior parte das vezes até amostras de cor e outros materiais recolhia. Assim as miniaturas são uma cópia rigorosa da realidade o que, nalguns casos, já faz a história do casario antigo que existiu, pois depois das suas miniaturas executadas ,  algumas já sofreram obras com alteração de formas e materiais.

 


É por estas razões mas também pela sua arte que há muito o Mário Valpaços devia ter um espaço público,  onde a sua coleção de miniaturas pudesse ser apreciada e espaços não faltam. “Chaves dos Pequeninos”, onde o artista poderia alargar a sua coleção, e tanto quanto sei, há disponibilidade por parte do artista e pouco pede em troca, mas como sempre, talvez um dia quando tal seja possível , já seja também demasiado tarde.   

 


Ficam então mais algumas imagens da arte de Mário Valpaços, e digo mais algumas porque outras já por aqui passaram, tal como a sua poesia e um pouco da sua vida, da vida  de um artista singular, longe da fama e do glamour com que os artistas tanto gostam de se fazer acompanhar, pois o Mário Valpaços, com ele, apenas transporta a sua simplicidade e humildade.

 


Para quem quiser saber mais sobre este artista, fica aqui o link para um dos posts que lhe foi dedicado neste blog: http://chaves.blogs.sapo.pt/364102.html

Até amanhã.

24
Dez12

Quem conta um ponto...


 

Pérolas e diamantes (17): o Natal e a bebida preferida de Jesus Cristo

 

 

Eis que lá do alto do seu império espiritual, o Papa Bento XVI escreveu um livro em que resolveu destruir toda a iconografia do Natal. Além de defender que Jesus Cristo nasceu uns anos antes da data admitida pela Igreja, o representante de Deus na Terra foi perentório ao sustentar que na gruta de Belém tanto o burro como a vaca não estavam lá a fazer companhia a alguém e, muito menos, a bafejar o Menino Jesus.

 

Isto pretendeu aliviar o presépio da sua matriz pagã. A ser assim, também é caso para perguntar o que fazia lá José, pois, atendendo ao que vem na Bíblia, não era o verdadeiro pai da criança.

 

Se se expulsam do presépio os elementos redundantes, a cena fica apenas reduzida a duas personagens: a Virgem Mãe e o seu Santo Filho. O que, convenhamos, constituindo o núcleo vital da cristandade, é muito pouco para a fé e terrivelmente frustrante para o sentido cultural da religião onde todos fomos criados e que ainda é o elemento agregador de toda a civilização ocidental.

 

Mas isto de ler e escrever tem as suas contraindicações. Depois da desilusão do Natal, segundo o Papa Bento XVI, eis que me deparo com a destruição de um outro mito relacionado com Cristo e com a cristandade. Então não é que Afonso Cruz escreveu no seu último livro Jesus Cristo Bebia Cerveja isso mesmo:  que Jesus Cristo bebia cerveja. Escreveu-o e explicou-o.

 

Naqueles tempos as bebidas alcoólicas confundiam-se umas com as outras, já que era habitual misturar frutos com as bebidas de cereais e vice-versa. No Egipto existiam imensas cervejarias e a cerveja que lá não era consumida era exportada, nomeadamente para a Palestina. Seguindo esta revelação histórica, podemos concluir que a bebida que popularmente se consumia na terra que Cristo habitava era cerveja.

 

Ou seja, o vinho era uma bebida consumida pelos invasores romanos. Por isso Cristo não iria beber a bebida dos ricos, dos opressores, mas antes a dos pobres, a dos pecadores e a das prostitutas. Era o que a cerveja representava: um símbolo do povo. Cristo bebia cerveja, que sempre foi apelidada de pão líquido, pois é verdadeiramente pão com água. Até é a mesma levedura que transforma o cereal.

 

E como estamos em maré de poupança, tanto no país, como no presépio, aproveitamos para sugerir a quem de direito que a partir de agora a eucaristia se passe a celebrar apenas com cerveja, pois a bebida que Cristo consumia é já em si dois em um, broa e pinga, que é muito mais ecológico, pois evita a referência à carne, que é, como todos o sabemos, muito má para a saúde e, sobretudo, pecadora.

 

E a mais não nos aventuramos.

 

João Madureira

 

24
Dez12

Pecados e Picardias - Por Isabel Seixas


 

Encontros de Natal


Encontraram-se na festa de Natal, cumprimentaram-se e desejaram-se mutuamente festas felizes, como quem diz olá, por educação, cidadania, protocolo e vicio…


Já  tinham destino, sem retrocesso…


A noite má conselheira despertou-lhes sentidos antigos, encontraram-se num tango quando em brincadeira, numa  coreografia de troca de pares, coincidiram e dançaram num respirar de emoções que esperavam uma oportunidade inesperada.


O tango pedia entrega à coreografia ,deslizaram em uníssono sem entraves utilizando técnica para evitar colisões com outros pares…


Reacendeu a chama e veio o slow inocente a facilitar a proximidade e a prova dos noves da atração, a harmonia dos passos fazia renascer memórias de encontros tidos, pontos de interrogação de como teria sido se tivessem ficado juntos.


Importam-se de ficar sem prenda? Não chegam para todos só para quem trouxe…


Riram , sem prenda !?...


E a oportunidade do encontro de  afetos?


 Esconderam-se em mais uma dança, parecia ocasional, de mãos dadas como naquele tempo em que a rutura era solução para a diferença e viajaram ambos no tempo, até ao Natal do desentendimento e da despedida do desenlace para outra vida… Riram descontraídos com os pulos que lhes permitia a pimbalhada, num abraço agora alegre e sem vigia numa pista abarrotada.


Porque é que… Porque nos deixamos? Porque  nos impedimos de ser encontro em qualquer Natal?


Ah, estavas aqui? Já distribuíram as prendas, os miúdos querem ir embora são horas…


 Então até …Gosto em ver-te, bom Natal.


Felicidades…


No Natal a poesia


É frente e verso


É alegria tanto na nostalgia


Como no reverso

 

Isabel Seixas

23
Dez12

O Presépio da Casa de Santa Marta - Chaves


 

Se gosta de presépios, aproveite e visite o presépio da Casa de Santa Marta, pois está aberto ao público e as Irmãzinhas terão todo o gosto que o visite, e vale pena, pois não é um presépio qualquer, aliás, com a qualidade que já lhe conhecemos dos anos anteriores.




Efeitos de luz, imagens em movimento com todas as cenas da vida quotidiana, chaminés a deitar fumo, água corrente, panelas a ferver ao lume, o nascer do sol e o anoitecer, o dia e a noite, tudo isto está disponível para ver no presépio, acompanhado por  uma explicação áudio.




Se está cá por Chaves, não deixe de o visitar, na Casa de Santa Marta, Rua Alferes João Batista.



23
Dez12

Discursos Sobre a Cidade - Por Isabel Seixas


 

Maquilhagem de Natal


Chaves, passo por ti nas artérias da cidade e…Vejo-te maquilhada de forma exuberante como quem quer chamar a atenção e vender uma imagem de ilusão.


Sorrio e vejo sorrir, também gosto e desejo que consigas ,os teus intentos, de despertar também desejos de comprar o supérfluo, como prova constante de afeição…


Confesso, que nalguns dos teus recantos, prefiro o teu rosto ao natural, também pelo exagero, de base, que te puseram, mas, concedo que gostos não se discutem…


Surpreendo-me com os olhares nostálgicos e gulosos, nas montras, que os reflexos de  luz nos sinos  avé e santa Marias, um São José desprovido  de machismo(Que raro…) e uma auréola de embrulho celofane ,disfarçam, à mingua do enterro do subsidio de natal…


Anoitece e faz-se dia …,


Os jantares de confraternização, nos restaurantes do centro à periferia, são a expressão da união no espírito de sempre Natal  a querer saciar todas as fomes contidas


Tentas mostrar uma alegria vestida da luz ,não consegues e consegues  nem sempre nem nunca, o bacalhau já se fez saldo e foi uma correria, os cabazes  de natal parcos fazem-se alergia e hibernam num horizonte de  economia ,até…


As Freiras  são agora mais finas e  podemos  ver o garoto exposto  debruado a um  azul porto banhado do manto da mãe, ainda abatida pelo trabalho de parto, um Pai sempre absorto Ele lá saberá porquê…


E os amores perfeitos?!...


As palavras de ordem,  em cada rua  pairam na luz, Ofereça ofereça  ofereça…


Daí que …


Ofereço-te o meu amor incondicional…De prenda de Natal


Como Tu, Chaves, sigo o teu mudo conselho e ilumino e ativo o meu espirito de Natal,vou aproveitar a luz do dia  para te auferir ao natural e lembrar as referências que sempre foram Natal, vou-Te sonhar acordada , recordar todos os Natais voltar e voltar a amar quem amei e continuo a amar e vou –Te revisitar nos amigos que por aí encontrar  a passar o Natal…


Daqui de Valdanta à rua do Sol já sou também o meu pai e juntos até nos vapores da água termal desejo aos patronos bloguers ,leitores, comentadores /colaboradores


um Natal à medida de cada um, Contigo Chaves…


Natal como empatia…


 

Isabel Seixas



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