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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

30
Nov13

Pedra de Toque


 

CAMUS

 

Se vivesse Albert Camus, um notável escritor distinguido com o Nobel da Literatura, teria feito cem anos no passado dia 7 de Novembro.


Há algumas décadas que li várias das suas obras e fiquei impressionado com a sua prosa, a sua lucidez, a sua coragem.


Como jornalista foi chefe de redacção do “Combat”, um jornal de esquerda, onde apontou o caminho para um jornalismo emancipado do poder do dinheiro, uma raridade nos dias que correm, e onde manteve uma enorme intransigência ética.


O “Estrangeiro”, a primeira que li, fascinou-me pela forma como resumiu a condição humana, e todo o desespero feliz e cheio de esperança que nela existe.


Voltei muitas vezes ao “Estrangeiro” porque me conforta, me alimenta.


Outros títulos de Camus merecem leitura obrigatória, com destaque para “A Peste” e “A Queda”.


Albert Camus foi um homem dedicadíssimo à sua mãe por quem nutria admiração profunda e a quem colocava sempre em primeiro lugar.



Foto obtida em Google imagens

Era um homem simples que ocultava, contudo, uma mente inquieta e exigente.


Na Argélia foi guarda-redes de um clube universitário.


Era um filho legítimo do povo, ao qual não tinha de descer porque fazia parte dele.


Envolvido numa áurea de sedutor sereno, preservou sempre a sua imagem.


Os americanos compararam-no a Humphrey Bogart, quando visitou os Estados Unidos para publicação da edição do “Estrangeiro”.


A sua luta pela justiça social acompanhou-o durante toda a vida.


Foi precocemente surpreendido pela morte.


Tinha 46 anos quando pereceu num acidente de viação.


Ficou um pouco do mito de um homem com encanto e inteligência, que foi também o equilíbrio entre a moral e a rebeldia.


É fundamental ler e reler Camus.


E, assim, conhecer a lucidez que postou à evidência em toda a sua vida e em toda a sua obra.

 

António Roque



29
Nov13

Discursos Sobre a Cidade - Por António Tâmara Júnior


 


COMO É ÓBVIO...

I


Realizou-se, nos passados dias 21 a 23 do corrente, Em Vila Nova de Cerveira, o Congresso Internacional com o «pomposo» nome “TEATRO DO OPRIMIDO - Teorias, Técnicas e Metodologias para a Intervenção Social, Cultural e Educativa no século XXI”.


A realização foi da Intervenção - Associação para a Promoção e Divulgação Cultural da qual é presidente Marcelino de Sousa Lopes, um homem generoso, dinâmico e que já nos tem habituado, ao longo dos anos, a eventos desta natureza, face ao seu compromisso pessoal, social, académico e científico que tem com a Animação Sociocultural.


Infelizmente só pude estar lá um dia! E, pelo ambiente inicial que se gerou, dava para entender, face à presença e qualidade dos participantes, que aquele Congresso iria «aquecer».


Um amigo que, religiosamente, assistiu a todas as intervenções e debates, acabou por me confirmar o óbvio - que «aquilo» não só «aqueceu» mesmo como alguns dos intervenientes/protagonistas até «se passaram dos carretos» (no bom sentido, é claro!).


Tenho a confessar a minha total ignorância quanto ao cerne do tema central do Congresso - «O Teatro do Oprimido». Mas, quer pelo título, quer pelos intervenientes/palestrantes da sessão inaugural, era óbvio que tinha a ver, essencialmente, com duas questões centrais: o teatro como manifestação de arte e como forma de intervenção social modificadora da «realidade opressora» que nos rodeia.


Para mim, era óbvio que a terminologia «oprimido» cheirava-me a «coisa» dos finais da década de 60 e décadas de 70 e 80 do século passado, tanto mais que o «arranque» inicial do Congresso teve como protagonistas exatamente alguns dos «atores» dessa época. E, como era óbvio, houve uma personagem, incontornável, embora ausente, que pairou sobre este Congresso - Augusto Boal.


Apesar, como disse, da minha ignorância quanto a este tema específico - o teatro como arte e, principalmente, a intervenção social, pareceu-me óbvio que o tema «oprimido», face aos tempos que correm, já se encontra um tanto ou quanto fora de uso, talvez até desadequado. Mas, como é óbvio, parece que veio para ficar! Embora, na minha modesta opinião, parece-me óbvio que é um tema que hoje já não «arrasta» tanto as pessoas quanto «arrastava» multidões naquelas referidas décadas.


Porque, é óbvio, entretanto as coisas movem-se, alteram-se, vão-se modificando.


E, como é óbvio, nas constantes mudanças a que assistimos com o passar do tempo, e nestas sucessivas décadas, forçosamente, tirámos, extraímos algumas conclusões.


Em primeiro lugar, como é óbvio, que a teoria e, subsequente, metodologia marxista, de encarar o homem e a sociedade dos «oprimidos» não era uma teoria única e exclusiva de interpretar e, tão pouco, modificar a sociedade.


E também, como é óbvio, todos sabemos o que, na prática, a teoria marxista deu nas mãos dos seus mais «ferrenhos» defensores e executantes ao apregoarem uma sociedade sem classes e sem homens e mulheres oprimidas.


Obviamente que os estados que criaram, ditos comunistas, outra coisa não fizeram que inventar novas opressões, com mais oprimidos e mais repressão.


Todos sabemos - e é óbvio - que com a queda do Muro de Berlim e subsequente desmoronamento dos estados ditos comunistas/socialistas, houve profetas, do lado do Ocidente, que começaram por apregoar «o fim da história» e a aclamar a vitória do capitalismo e da economia de mercado.


Mas todos sabemos - e também é óbvio - que, ao entrarmos, profusamente, numa sociedade em que impera o conhecimento e as tecnologias da informação e da comunicação, que a temática da globalização e daquelas técnicas «anestesiou» o Homem e a Sociedade dos finais do século XX e inícios deste XXI, alertando-nos que, hoje em dia, não podemos ver e gerir a vida e a sociedade com os mesmos pressupostos e métodos do antigamente.


Estamos, como é óbvio, imersos numa sociedade mais complexa, muito heterogénea e, obviamente - contradição das contradições -, muito mais igual mas, simultaneamente, muito mais diversa e mais desequilibrada, abrindo-se um fosso de desigualdades gritantes.


E, perante este estado de coisas, era óbvio, essencialmente, pelo menos, duas coisas: que os indivíduos (pessoas) acompanhassem o ritmo do avanço das ciências e das tecnologias (sendo mais instruídos) que trouxeram alterações profundas à sociedade e que, obviamente, o poder (político) sofresse uma profunda alteração no seu modus operandi face aos novos e ingentes problemas e desafios da nova sociedade.


Ora, é óbvio, que muito poucas sociedades se aperceberam e acompanharam estas novas mudanças (debalde tantas promessas e paixões pela educação que ficaram pelo caminho) e se prepararam para o que aí vinha.


Como também, e é obvio, que o poder político, na sua forma de abordar e resolver os problemas da nova sociedade, permaneceu fiel aos princípios e pressupostos de atuação herdados da primeira e segunda revoluções industriais. Ou seja, como é óbvio, ficaram cada vez mais ultrapassados.


Não repugna, assim, aceitar, e dar como óbvio, o que muitos «profetas» prediziam - que a função política na sociedade era completamente inútil. E o que era, obviamente, mais importante, supremo e sagrado era o valor da liberdade e da livre concorrência dos mercados.


Mas também para muitos era óbvio que não foi a política que se esgotou. Obviamente o que se esgotou foi uma determinada forma política e, como diz Innerarity, concretamente aquela que corresponde à era da sociedade delimitada territorialmente e integrada politicamente. Porque, é óbvio, e na perspetiva ainda deste mesmo autor, “a política deve passar da hierarquia para a heterarquia, da autoridade direta para a conexão comunicativa, da composição central para a composição policêntrica, da heteronomia para a autonomia, da regulação unilateral para a implicação policêntrica”.


Ou seja, e como é óbvio, o poder político terá de estar em condições de gerar o saber necessário - de ideias, instrumentos ou procedimentos - para moderar, sublinho, moderar uma sociedade do conhecimento que opera de maneira reticular e transnacional.


Numa sociedade complexa, com a que hoje em dia vivemos, é óbvio, que a sua unidade não se pode fazer com uma integração à custa da pluralidade. Mas sim, como é óbvio, pela otimização das condições para uma libertação da diversidade. A nova sociedade em que vivemos, como é óbvio, não suporta as contrições de uma coesão forçada.


Porque - que fique claro - é óbvio ser uma ilusão entender a política como o lugar da unidade social ou como esfera do geral perante as imensas particularidades imperantes na sociedade.


Sendo assim, e como é óbvio, não se pode atribuir à política uma tarefa que não pode executar e que, obviamente, provocará, necessariamente, o chamarmos incompetentes a quem usa o poder político. Porque, como é óbvio, o poder político não representa, de forma alguma, a unidade da sociedade.


 Desiluda-se, obviamente, quem entender ser esse o seu papel!...


É óbvio, tal como Wilke afirma que “hoje já não é possível salvar o estado na sua, até agora, tradição de herói da sociedade”. Porque, obviamente, diz que “como forma heroica, envelheceu; como garante do bem comum, está sobrecarregado; como centro de governo, já não se vê perante uma periferia mas perante um exército de outros centros”.


E, infelizmente, como é óbvio, o cidadão porque não devidamente instruído e formado, não dá conta deste estado de coisas e, consequentemente, não se organiza, mesmo.


Porque não é com manifestações que se lá vai, como é óbvio, e se tem visto. Embora obviamente, também seja uma «arma». É, como é óbvio, demonstrando, pela denúncia e luta sistemáticas do grupo dos «novos oprimidos» contra estes novos (e perigosos) neoliberais de pacotilha que nos governam. Que, como é óbvio, e mentirosamente, nos dizem que estão a criar todas as condições para a nossa melhor qualidade de vida, e nem sequer condições criam, ou tão pouco estão preocupados, na existência de um mercado verdadeiramente livre.


Porque, é óbvio, que estes senhores que nos governam não passam de «lacaios». Com o supremo desplante e sem vergonha de nos quererem fazer crer que são os «fazedores», construtores dos verdadeiros interesses gerais da sociedade, do bem comum. Suprema ironia! Mas, como é óbvio, eles outra coisa não fazem senão prosseguir os interesses de grupos particulares, concorrências desleais, concentração de poder de grupos financeiros e de opinião. Será preciso dar exemplo? Até mesmo os órgãos de comunicação que os «acobertam» e protegem, na sua ânsia de, com a notícia, ganharem mais e mais, perderam o pudor de dar a conhecer e relatar a «porcaria» que anda por debaixo do tapete.


E, como é óbvio, estão vendendo tudo ao desbarato. Tudo quanto durante anos criámos com sacrifício, não se importando em saber, obviamente, que nos estão a transformar em «novos escravos» às mãos do capital financeiro internacional concentracionário. São estes que, todos os dias, despudoradamente, à frente das mais diversas câmaras de televisão, nos dizem que são os verdadeiros patriotas. Obviamente, «eles» é que são os bons; os outros, os maus. E, como é óbvio, desta forma tão simples - como se tudo fosse tão simples hoje em dia! - assim nos apresentam a nossa vida: a preto e branco. Como se não houvesse matizes!...


Sejam claros, porque, como é óbvio, esta é a realidade: não vivemos numa verdadeira e autêntica economia de mercado! E a democracia? Há que a questionar seriamente!


Como é óbvio, os grandes consórcios são os menos interessados na existência de um mercado verdadeiramente livre.


E, se como é óbvio, quanto a esta dita «direita» que nos governa estamos conversados, não pensemos que a salvação está no outro lado - na dita «esquerda», seja «light», «pura» ou «dura». Porque, obviamente, a dita comunista, essa sim, só os cegos é que ainda não repararam, já «passou à história». Mas ela aqui está! Obviamente, coisas que só acontecem em Portugal... Não é por acaso que temos uma Senhora de Fátima!


Como é óbvio, de quem quero agora falar é do Partido Socialista (PS) que temos. Alguém sabe o seu «norte»?


Infelizmente, pela Europa dos tecnocratas, obviamente, o desnorte é o mesmo!


Mas vamos ao que interessa, intramuros.


O PS, como é óbvio, deveria assumir-se como a verdadeira alternativa a estes senhores que nos desgovernam, despojando-nos de tudo e deixando-nos quase sem esperança, mexendo, inclusive, até com a nossa própria dignidade como seres humanos em pleno século XXI! Deveria, como é óbvio, o PS revelar-se, no sistema democrático, com as enormes falhas que tem (mas é o que temos) como o último reduto de esperança dos portugueses. Qual é a sua mensagem, audível, falando verdade, mobilizadora de todos nós? Alguém na entende?


Temos um PS que reconhece, como é óbvio, o que os movimentos da história nos trouxeram até aqui - a vitória da economia de mercado como um facto assente?


Como é óbvio, uma globalização autenticamente liberal significaria o fim dos consórcios dos meios de comunicação, da finança e da indústria. Porque, como é óbvio, o facto de assim não acontecer, não resulta da inamovível «lógica do capital» mas do intervencionismo do estado. E é óbvio que, nesta matéria, e até aqui, o PS quando no(s) governo(s) não foi senão «la même chose que les outres»!...


Será mesmo, e como seria óbvio, que o PS, como corpo, aceitasse este facto histórico. Porque, como é óbvio, combatê-lo é um disparate.


O PS, como é óbvio, reconhece que a crise do estado de bem-estar social não é apenas «culpa» destes novos vendilhões do nosso sagrado «templo», que é o nosso património, mas também, e obviamente, da crise de solidariedade por que passamos? Que, obviamente, está patente no cooperativismo, na economia subterrânea, na resistência às quotizações sociais ou a generalização e o recurso à queixa que não atende e entende as consequências públicas das nossas reivindicações? Porque, obviamente, andámos quase quarenta anos só a apregoar e a exigir direitos, esquecendo-nos que um cidadão é um sujeito simultaneamente portador de direitos mas também de deveres.


O PS, como é óbvio, reconhece, tal como o neoliberalismo, a recusa de dominar estatalmente a economia, a disciplina orçamental ou a independência do banco central?


O PS, como é óbvio, considera que o estado deve ser, ou ter, na sua essência, um verdadeiro papel de supervisor (dos sistemas) e atuar como um quadro, inevitável, e regulador, da vida social, gerador dos elementos não contratuais do pacto social e protetor do tecido social, simplesmente?


O PS, como é óbvio, reconhece, tal como a falsa social-democracia que maioritariamente nos governa, que outra coisa também não fez senão «mascarar» as relações sociais e criar a irresponsabilidade difusa e cega do indivíduo quanto às consequências sociais dos seus atos?


O PS, como é óbvio, reconhece que promoveu um estado intermediário que obscureceu as relações sociais, recobrindo a solidariedade real com mecanismos anónimos e impessoais e que, obviamente, dispôs e promoveu, junto dos cidadãos, todos os meios para que este reconheça as relações entre as contribuições individuais e a sua utilização coletiva? Porque, óbvia, e naturalmente, a isto se chama transparência do estado perante os cidadãos!


Transparência esta que, como é óbvio, tem o seu custo. Pode gerar tensões e conflitos. Mas, obviamente, tem de se reconhecer que a conflitualidade, quando reconhecida, está na origem da autogeração do social. Porque, como é natural, e óbvio, o ideal democrático não consiste em negar ou ignorar os conflitos mas em torná-los produtivos?


O PS, como é óbvio, reconhece que os movimentos da história que nos trouxeram até aqui levaram à valorização sem precedentes do sujeito e à consequente criação de uma sociedade diversa, heterogénea e plural em que o valor da liberdade é absoluto? E tem contado com esta diversidade toda, esta pluralidade e heterogeneidade para se imiscuir, a partir da base, no tecido social e, a partir daqui, promover a transformação social de que carecemos? Onde estão os socialistas - nos aparelhos, tratando da sua vidinha, procurando prebendas e outras coisas menos «recomendáveis» ou junto dos problemas das pessoas, preocupando-se com elas e com elas encontrar as melhores soluções para o «coletivo» do qual fazemos parte, nos mais diversos setores da comunidade, fazendo jus, na prática, ao verdadeiro e autêntico sentido de solidariedade?


O PS, como é óbvio, tem-se assumido como um partido social democrata, liberal, prevenindo o cidadão contra a ilusão de ver na justiça social a simples igualdade e não uma igualdade complexa (Michael Wlazer) que, obviamente, não põe a tónica no nivelamento mas na igualdade de oportunidades?


O PS, como é óbvio, acredita que a criação de uma maior igualdade de oportunidades no mercado livre, em vez de uma redistribuição centralizada, é um objetivo que se deve prosseguir, numa combinação entre as históricas ideias liberais e sociais?


E, como é óbvio, O PS reconhece que seria esta reconversão radical da social-democracia, ao não se resignar a que os conservadores monopolizassem uma dimensão da liberdade e a gerissem sem apreço pela igualdade, seria a melhor forma, face aos novos movimentos sociais, de mostrar a superioridade que lhes é outorgada pelo malogro das estratégias da redistribuição estatal?


Sinceramente, e como é óbvio, parece-me bem que, muitas das interrogações acima formuladas, não são bem reconhecidas.


E, na minha modesta opinião, ao não serem reconhecidas, o PS contribui, na sociedade em crise, profunda, em que estamos para ser parte do nosso problema em vez da solução.


Porque esta mudança, necessária e urgente, mexe demais com o aparelho e com os grupos instalados. Que não querem perder os seus privilégios, prebendas e mordomias. O que me deixa verdadeiramente perplexo num partido que, constantemente, apela à solidariedade... A verdadeira solidariedade, para ser eficaz, tem de começar no interior de nós mesmos. Porque, tudo o resto, não passa de pura hipocrisia, de verdadeiro farisaísmo.


Esta, como é óbvio, é a reflexão que aqui vos deixo, suscitada e a propósito do tema do Congresso Internacional “TEATRO DO OPRIMIDO”.


Porque, obviamente, para além de interessar saber quem, em que momento, e onde está o opressor e o oprimido (e todos, em qualquer momento, fomos ora opressores ora oprimidos!), mais importante que isso é que o teatro, como arte que é, desempenhe a sua verdadeira função comunicativa e social - que nos informe; que nos forme e, como é óbvio, que nos divirta!


Porque é, como é óbvio, desta forma, que cumpre a sua verdadeira vocação revolucionária e transformadora.


Porque, obviamente, há muitas formas de revolucionar e de transformar a sociedade.


É necessário, como é óbvio, que também, pelo teatro, as reconheçamos para que, obviamente, as pessoas as saibam usar como «arma».


Para isso é, obviamente, fundamental que os cidadão as assumam com verdadeira coragem. Porque, sem coragem, a luta pode ter como resultado o insucesso. E todos sabemos a que leva o insucesso...

Pensem só um pouco. Vamos supor que mais de 75% dos cidadãos não votavam em partido nenhum.


Obviamente que muita coisa mudaria! Que tal? (Obrigado, Saramago, pela sugestão).

 

II

 

Vejam só! Queria falar da política caseira do nosso burgo e, de Vila Nova de Cerveira, onde fui parar! Mas, verdadeiramente, vale a pena falar do que se está passando no nosso burgo flaviense?


É óbvio que todo o cenário que aí está, muito antes das eleições, e face ao correr dos acontecimentos, já era espectável!...


Obviamente o que me admira é como alguns «ilustres flavienses» embarcaram nesta farsa.


É óbvio que aqui, localmente, melhor se vê o interesse «mesquinho» que, na maioria dos casos, a política partidária promove.


Seria admirável - e então eu passaria a acreditar em milagres - que um «sujeito», que da sua história, digna desse nome, apenas conhecemos a sua carreira de militância político-partidária, por mais de trinta anos, no PSD/PPD, que, de um momento para o outro, tivesse a capacidade de mudar os pressupostos e métodos da nossa infeliz, improdutiva e desastrada política autárquica.


Obviamente que só quem fosse muito ingénuo é que acreditaria em semelhante coisa!...


Mas é como diz o ditado: «o coração tem razões que a razão desconhece»...


O que o «sujeito» queria - daí a sua desavença com os seus correligionários - era, digamo-lo frontalmente, o «tacho». Ou como estatuto - O Senhor Vereador - ou como «fonte» de riqueza ou... sabe-se lá o que vai na mente humana! Mas tudo em proveito próprio. Porque para salvar o município de um presuntivo caos não precisaria, honradamente falando, de qualquer «penacho».


Mas, como é óbvio, o que me deu mais gozo (porque há gozos tristes, se os há!) foi a expressão empregue pelo senhor arquiteto (paisagista) António Cabeleira - «Acordo de Governação». A expressão é gira, não acham? E pomposa!


Eu não sei bem se o dito arquiteto - hoje presidente da edilidade flaviense - sabe o que é ser-se democrata e, acima de tudo, sério.


Agora é óbvio, que não tem absolutamente nenhuma noção do que seja um acordo! Ou se o sabe, age, propositalmente, de má-fé.


Onde estão os termos ou pressupostos das partes para esse tão precioso «Acordo de Governação»? Obviamente totalmente destituída de qualquer sentido. Só «paisagem»... para turista ver!


Mas nós não somos turistas! Somos, como é óbvio, pessoas concretas, que vivem num local concreto. Que, obviamente, exigem honradez e seriedade. Que, obviamente, não deveriam aturar «canalhices». E que, obviamente, para além da «canalhice», e pelas palavras da líder do PS, pelos vistos reconhecido pelo presidente, a tal proposta para o tal «Acordo de Governação» não passou de «pura mentira».


Com gente desta, obviamente, não se vai a lado nenhum. Falta-lhes, como é óbvio, um pressuposto essencial - seriedade no porte.


Pressuposto que, como é óbvio, deve ser extensível ao partido da oposição.


Seriedade que, obviamente, pressupõe que saiba fazer - e bem - o seu trabalho de casa. Como é óbvio, desde já. Deixando-se, obviamente, de entrar em quezílias em que a política, de baixo valor, é perita.


E, como é óbvio, se concentrar no essencial. Obviamente, no futuro da cidade e do concelho.


Executando, como é óbvio, com dignidade o papel que assumiram como vereadores, fazendo uma verdadeira, autêntica e construtiva oposição, sem cedência a princípios e valores essenciais do socialismo do século XXI, digno desse nome.


Mas, essencialmente, descendo todos, vereadores e militantes, até ao nosso povo. Ouvindo-o, apresentando-lhe propostas. Discutindo-as. Mostrando que são, acima de tudo, e como é óbvio, cidadãos interessados nos destinos da nossa polis.


Porque, se assim acontecer, óbvia e naturalmente, poder-se-á, então sim, daqui a quatro anos, colher os frutos e «Recuperar a Esperança»!

 

António Tâmara Júnior



28
Nov13

O Homem Sem Memória - 179


 

O Homem Sem Memória

Texto de João Madureira

Blog terçOLHO 

 

179 – O seu recente amigo, muito parecido com o John Cleese, qual Cristo alto, desengonçado e redentor, também ele um comunista carregado de dúvidas, qual cruz sacrificadora, contou-lhe uma anedota que o fez pôr-se em pé e caminhar, como Lázaro.


“Sabes qual é a diferença entre o comunismo e o capitalismo? O capitalismo é a exploração do homem pelo homem… e o comunismo é exatamente o contrário.”


De seguida riram-se como dois perdidos. Os camaradas guardas, sentindo-se provocados, pegaram nos seus bastões e malharam neles como em centeio verde.


O sósia do John Cleese, com o sangue a correr-lhe das chagas, ainda teve fôlego para contar nova anedota: “Camarada José, já chegamos ao comunismo ou as coisas ainda vão piorar mais?”


Como não paravam de se rir, os camaradas vigilantes continuaram a bater-lhes para lhes quebrar o ânimo. Vendo que a coisa não ia lá dessa forma, os guardas resolveram levá-los à polícia política para um interrogatório sério e circunstanciado. Rir do comunismo é a forma suprema de reacionarismo. Aquele par de cínicos estava decididamente a passar as marcas.


Sentados à espera, de estômago vazio e com o corpo moído, o sósia do John Cleese resolveu contar nova anedota. Já que não se podiam alimentar convenientemente, recorriam ao humor para distrair a fome.


Eis a anedota. Uma delegação de camaradas italianos vai visitar o camarada Alberto Punhal. Apesar da sua indiferença protocolar, pois o nosso camarada de cristal abomina o eurocomunismo, os elementos da delegação falam com ele como se fossem amigos e camaradas de longa data. No final vão-se embora cheios de prospetos, pines, emblemas, carregando em sacos decorados com foices, martelos e estrelinhas internacionalistas, pesados volumes contendo as obras completas e anotadas do camarada secretário-geral. Assim que desaparecem porta fora, o camarada Punhal começa a procurar a caneta com que escreveu “Boa noite camaradas, amanhã o sol brilhará para todos nós”, “URSS, o Sol que alumia a Humanidade”, “O Sol do Comunismo aquece o Mundo”, “Marx, o Sol que ilumina a filosofia materialista”, “Lenine, o Sol que dá calor ao marxismo”, “Estaline, o Sol que aclara o leninismo”, etc. Remexe nos papéis, abre e fecha gavetas, mas não a encontra em lado nenhum. Inquieto pela sua reservada e nunca assumida fixação supersticiosa, pega no telefone e chama o novo chefe da polícia política, um zeloso carrasco comunista apreciador incondicional de Beria.


Diz-lhe de semblante carregado: “Perdi a minha preciosa caneta de tinta permanente com que escrevi “Reforma Agrária, a estrela que indica o caminho para o socialismo científico”, “Controle Operário, o Sol da revolução”, “Nacionalizações, o Sol que aquece a nossa nova economia”, “Ditadura do Proletariado, o Sol que nos traz a verdadeira democracia”, “Partido com paredes de vidro, por onde o Sol entra quando quer e os camaradas autorizam”, entre outros. Vai atrás da delegação desses seguidores de Enrico Berlinguer e vê se descobres quem ma roubou”. Ao que o Beria portuga e sulista replicou: “Os Comunistas não roubam.” Azedo, o camarada Punhal retorquiu: “E desde quando é que os comunistas italianos são comunistas. Esses traidores nem sequer socialistas são. Quando muito são sociais-democratas de direita. Mas deixa-te de discussões ideológicas e vai fazer executar a tarefa que te propus.”


O camarada chefe da polícia política acaricia a sua pistola e corre escadas abaixo. Entretanto o camarada Alberto Punhal continua a procurar a sua caneta. Passados alguns minutos olha para debaixo da secretária e vê-a ali deitadinha no chão, como que a descansar do enorme esforço despendido na escrita de tanta prosa revolucionária. Pega de novo no telefone e diz ao seguidor de Beria: “Já encontrei a caneta, a minha mais devota companheira. Por isso podes deixar ir embora os italianos.”


“Agora é tarde camarada secretário-geral. Metade confessou ter levado a sua caneta e a outra metade morreu no interrogatório.”


Novas gargalhadas repartidas irmãmente entre o José e o sósia do John Cleese. Pelo desaforo foram novamente espancados e deixados mais um dia sem comer. E eles, como se nada fosse, conseguiram resistir mais três dias a água e anedotas. Por fim sucumbiram e foram levados em maca para o centro médico da UCP.


Mal se recompuseram, puseram-nos a abrir e a fechar buracos e a executar outras tarefas ridículas e sem sentido com a nítida intenção de os subjugar ainda mais. Separaram-nos dos outros presos políticos, não fossem eles contagiá-los com o seu humor corrosivo. Como a fé move montanhas, também o humor derruba regimes políticos totalitários. E quem não acredita é porque ou não tem fé ou não possui a mínima réstia de humor.

 

180 – Por causa do seu sentido de humor demasiado apurado, o sósia do John Cleese esteve ...

 

(continua)

 

27
Nov13

Chá de Urze com Flores de Torga - 14


 

DE ADOLFO ROCHA A MIGUEL TORGA

(Pelos trilhos da «Presença» e pela influência de Unamuno e Cervantes)

 

Um dia haveremos de falar no que consiste o casticismo de Unamuno e Torga, com base na obra que serviu de tese de doutoramento de Carlos Carranca.


Hoje, porém, através de um pequeno texto da obra de Carlos Carrança «O Casticismo em Unamuno e Torga», Editorial Minerva Coimbra, 2012, vamos referir a influência da Revista Presença e, em particular, da obra de Unamuno, aquele que foi o Reitor deposto da Universidade de Salamanca, como se deu a transmutação de Adolfo Rocha em Miguel Torga.


Comecemos então por citar Carlos Carranca, na sua obra acima referida, a páginas 131 e seguintes, sob o título “Torga e a Geração da Presença”:


“Enquanto que Unamuno e os membros da Geração de 98 podem ser identificados como aqueles que fizeram da ideia de Espanha um drama de identidade e que passaram a existir pelas preocupações manifestadas com o que eles entendiam ser a decadência espanhola e as suas ilusões de grandeza nacional, a geração da revista Presença não é marcada, nem por derrotas coloniais, nem sequer por lutas político-ideológicas; os elementos desta geração pretenderam, apenas, existir como artistas, na sua singularidade.


Para tal, necessitavam de liberdade para criar e criticar. Agem sobre a realidade, movidos pelas suas mais íntimas convicções. Não se consideram representantes de coisa nenhuma, nem sequer da corrente modernista, apenas seus agentes. Nem as suas preocupações éticas e morais foram impulsionadoras primeiras das ações literárias ou artísticas. Elas existiam, mas eram ‘marginais às preocupações artísticas’. Elas estavam lá e tornaram-se centro, desde que a liberdade de criar e criticar fosse marginalizada. O centro das suas preocupações residia na originalidade, como o afirmou Régio no primeiro número da revista.


Esta geração ficou conhecida como a da Presença, em consequência do aparecimento da revista com o mesmo nome, surgida em Coimbra entre jovens intelectuais que frequentavam ou tinham concluído os seus cursos universitários, e que sentiam a necessidade de ultrapassar algum marasmo em que as artes portuguesas, após o terramoto modernista de Orpheu, tinha caído.

 

   

 

Alguns dos meios de que se serviram para difundir a modernidade foi o grafismo da revista, também, a profusão de vinhetas e de ilustrações, assim como a originalidade da paginação. O próprio título da revista passou a ser, a partir do seu quarto número, em letras maiúsculas.


É deste grupo, que se pretendia herdeiro da revista Orpheu, surgida em Lisboa no primeiro trimestre do longínquo ano de 1915, e que havia acolhido os novos movimentos radicais, que viria a acontecer a mais ampla abertura a todas as correntes artísticas e literárias, sem que para tal tivesse necessitado de abdicar dos princípios anunciados no já referido primeiro número.

 

 

 


A revista Orpheu, mais do que presença material de um movimento literário, pode ser considerada uma tendência que veio desaguar nos fundadores e alguns colaboradores da revista de Coimbra, é o seu prolongamento teórico. Assim, a ideia de uma nova revista que acolhesse os novos movimentos literários europeus e que ultrapassasse o saudosismo caracterizador da revista Águia, ganhou forma.

 

Surge neste grupo um jovem estudante de medicina, chamado Adolfo Correia Rocha. Por influência de Edmundo Bettencourt, colabora de alma e coração em várias publicações da revista Presença, publicando aí os poemas «Altitudes» (número 19); «Baloiço» (número 22); «Inércia» (número 22); «Remendo» (número 23); «Balada da morgue» e «Compenetração» (número 24) e, por fim, «O Caminho do meio», texto em prosa que virá no número 26.

 

Edmundo Bettencourt

É desta geração que se vai formar o gosto literário do futuro Torga. É, também, a ela, que vai buscar «a representação do Poeta e da Poesia». Torga será, talvez, um dos mais fiéis representantes dessa Geração, ainda que tenha, muito cedo, rompido com a direção da revista. Este rompimento poderá ser entendido como um ato resultante da sinceridade tão proclamada por Régio e seus camaradas de Coimbra”.

 

José Régio

(...) “Desta Geração, que se bateu contra o conservadorismo atávico de alguns autores, pugnando por uma arte viva, espontânea e humana, registem-se os nomes de Adolfo Casais Monteiro (integrou a Direção a partir do número 13), Alberto Serpa, Saúl Dias, Francisco Bugalho, Carlos Queiroz, António Navarro e Fausto José”.


Mourão-Ferreira entende os valores que estes autores perfilham “como sendo o da liberdade de criação; o do individual sobre o coletivo; o da independência e o da intransigência face aos êxitos fabricados artificialmente. Estes são os princípios que toda a vida nortearam a ação literária de Miguel Torga (...)”.


“Ao contrário do que é voz corrente entre alguns literatos, os presencistas nunca defenderam o psicologismo contra a literatura de caráter social. O que acontecia é que a nossa literatura estava vazia de análise psicológica. Terá sido com a emergência do neorrealismo que a ideia se veio difundindo por motivos político-ideológicos. A geração presencista, o que procurou, foi, por via da crítica, enquadrar-se num processo de auto compreensão que passava pelo entendimento das grandes linhas de força da arte e do pensamento contemporâneo.

 

Em 1930, Torga abandona o grupo presencista, juntamente com Edmundo Bettencourt e Branquinho da Fonseca. Tal não se ficou a dever ao seu afastamento dos ‘princípios’ defendidos pela revista, mas sim à leitura que Torga faz da atuação do grupo face a esses princípios, e ao seu temperamento rebelde, à sua maneira de ser profundamente individualista, para além da sua personalidade marcadamente anarquizante, que chocava com a também vincada personalidade de Régio.


Em A Criação do Mundo, Torga justificou o fim da sua colaboração na revista: «Intelectualizados da cabeça aos pés, mal tocavam a realidade. Eram platónicos no amor, teóricos no desporto, metafísicos no convívio. A convicção de serem únicos distanciava-os do vulgo, tornando-os incapazes dum contacto permanente com as forcas rasteiras da natureza’(...)”.

 

José Régio

Clara Rocha, sua filha, diz: “Em carta de 16 de Junho de 1930, endereçada a José Régio e João Gaspar Simões, os três dissidentes [Torga, Bettencout e Branquinho da Fonseca] apontam como razões da sua atitude ‘a perspetiva dum tipo único de liberdade’, a ‘queda próxima no arcaísmo estático das escolas’ e a ‘repulsa por uma vida de espírito que aparece, suavemente, a pedir aquela vocação, não anterior ao berço, mas talhada nele, e aperfeiçoada à custa de trabalhos e canseiras pelas bibliotecas além, - vocação mais tarde rematada na presidência de uma academia ou na filiação garantida em qualquer sociedade de letras e belas artes’. Em suma, acusam a Presença, em particular os seus diretores, de resvalarem para um paternalismo e um academismo em tudo contrários ao propósito inicial da revista”

 

Miguel de Unamuno

E continua Carranca: “A filha do poeta, Clara Rocha, não deixa, porém, de ressalvar que da passagem de Torga (Adolfo Rocha) pela Presença ficaram «marcas vivas no espírito do Autor. Por exemplo, as leituras de Dostoievsky, Proust, Gide, Ibsen, Jorge Amado, José Luís do Rego, Cecília Meireles, Ribeiro Couto e Jorge Lima, Autores que a revista contribuiu para divulgar em Portugal. E também o fascínio pelo cinema, em especial pelo cinema mudo e pelos seus heróis: Charlie Chaplin e Buster Keaton. Presença deu especial atenção ao cinema e à sua capacidade de ‘revelar o maravilhoso moderno’ (José Régio) (...)”.


“Assim se’ liberta’ Adolfo Rocha dos seus companheiros da Presença, preparando a sua transmutação, fazendo-se caminho de si mesmo, libertando-se do seu primeiro nome e batizando-se pela obra Terceira Voz com o Miguel (da Ibéria)” roubado confessadamente a Unamuno e Cervantes.


Unamuno, membro da geração de 98 espanhola; Torga, da geração da revista Presença, a do 2º Modernismo Português. A razão e a fé, o intelecto e o sentimento são antinomias de difícil solução; daí o tormento antagónico, que marcará - mais evidente em Unamuno - e que tentará desvalorizar numa angústia existencial afirmativamente descrente.


Ambos são profundos sentidores.


Apesar da revolta de Torga perante o criador e o afrontamento com ele, a ideia de Deus e da imortalidade (do homem) sempre o perseguiu.


Não admira, pois, que todo o seu percurso como escritor e poeta outro esforço não seja que a tentativa de perdurar imortal através da sua obra.


António de Souza e Silva


26
Nov13

Estratos


 

A varanda dos amores-perfeitos

 

As varandas da rua que desço têm grades descalças pelo tempo. Mãos e cotovelos  também lhes levaram a cor.


Atrás, espreitam cortinados. Escondem histórias que os olhos contarão depois.


Não há metal, madeira,vidro, tecido que cale os olhos. Nem flores.


De umas gosta-se logo. Outras só se vêem mais tarde. E há ainda aquelas que ficam ali, num entremeio esquisito, que nem se sabia existir.


À noite, quando os olhos fecham para o mundo e abrem janelas no peito, de todas só lembro aquela. Junto-lhe os vasos de amores-perfeitos que não tem e adormeço.


Rita



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