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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

31
Ago14

Pedra de Toque - O Clube dos Poetas Vivos


 

O Clube dos Poetas Vivos

 

A beleza das palavras, o ritmo do verso, a magia e o sonho da estrofe, a verdade, o brilho e o talento que transpiram do poema, imortalizam o poeta.

 

Não morre porque permanece na sua obra.

 

Em todas as literaturas do mundo, os poetas estão.

 

Eles apontam o caminho da esperança que resta.

 

Sem eles os dias seriam baços e os sonhos quedar-se-iam encarcerados.

 

Os poetas são imortais como as madrugadas, a justiça, o luar, a emoção e o fascínio.

 

 

A poesia está para além dos versos.

 

Está no coração e de tal sorte grande, que não cabe nas palavras, transbordando-as.

 

Já não se justificam reuniões furtivas de jovens, na calada da noite numa cela escura, para celebrarem a poesia, inspirados no professor Keating.

 

Os poetas estão vivíssimos, estão nas lutas que salvam, na força dos homens e das mulheres que amam a vida.

 

Carpe diem, amigos.

 

Aproveitem a vida.

 

Tornem as vossas vidas extraordinárias.

 

Os poetas estão despertos no clube universal,

 

E inteiramente prontos para ajudar.

 

 

António Roque

 

 

29
Ago14

Solar da família Montalvão - Outeiro Seco - Chaves


Hoje vou reproduzir na íntegra, com a devida autorização do autor, um post de um blog que fala de nós, do nosso património. Desde que tive conhecimento desse post, congratulei-me mais uma vez pela existência da blogosfera, dos blogs e a sua contribuição para, com independência, trazer as verdades a lume, por muito cruéis que elas sejam. Gratuitamente prestam um autêntico serviço público de informação e fazer história que deveria caber aos media, se não estivessem tão dependentes do poder e o poder não fosse na maioria das vezes o responsável pelas desgraças denunciadas.

 

Pois hoje vem ao blog, mais uma vez, o Solar dos Montalvões de Outeiro Seco e logo por um blog de referência na matéria que se tem dedicado precisamente a mostrar o abandono daquilo que temos de melhor, o nosso património.

 

O post que vos deixo foi publicado há uns dias atrás (dia 27 de agosto) no blog RUIN’ARTE, de autoria do fotógrafo Gastão de Brito e Silva e tal como aparece no rodapé do título do seu blog se tem dedicado na blogosfera à:

 

HISTÓRIA MAL ACABADA. ARQUITECTURA DESLEIXADA, CULTURA MAL AMADA. PATRIMÓNIO INCOMPREENDIDO. PAISAGENS SEM SENTIDO.

 

 

Fica então na íntegra uma cópia dos post publicado no RUIN’ARTE no dia 27 de agosto onde para além da boa fotografia do estado atual do Solar dos Montalvões se faz muita da história do mesmo e dos seus antigos proprietários.

 

 

Solar da família Montalvão – Outeiro Seco - Chaves  

 

 

Pela longa e boa amizade que mantenho com alguns elementos da família Montalvão, há muito conhecia algumas histórias deste solar. Devia-lhe por isso uma visita e ruinosa intervenção, que pela distância entre este monumento e o meu Quartel General, foi adiada até uma oportuna viagem ao Norte, animada pela companhia do JJR e do bom amigo Dr. Mário Freitas, tornando possível este velho sonho que tive o privilégio de viver.

 

 

 

Uma vez que este monumento não está sequer cadastrado pela DGPC, toda a pesquisa histórica teria ficado comprometida sem a preciosa ajuda de um dos seus ilustres descendentes, o nosso amigo e seguidor, D. Luís de Montalvão, a quem devo este texto perfeitamente tecido, onde as memórias ainda vivas desta nobre casa contrastam com a sua triste realidade.

 

 

Certamente muitas perguntas ficarão por responder, e muitas lacunas não serão aqui preenchidas, é no entanto necessário não deixar de referir que o abandono a que foi votada deveria ser criminalizado por incúria autárquica e crime de lesa património...ah, se ao menos tivesse uma parede pintada pelo Miró... aqui vos deixo o contributo do amigo Luís, para que possam ter uma vaga ideia do tesouro que todos os dias definha sem que nada se faça ou alguém aja em nome de todos nós...

 

 

Situado no Concelho de Chaves, freguesia de Outeiro Seco, o Solar dos Montalvões foi um edifício erguido ao longo de pelo menos duas centenas de anos, provavelmente entre os séculos XVII e XVIII e com algumas adaptações feitas no XIX.

 

 

É um enorme bloco que se desenvolveu em torno de um pátio interior, segundo um modelo arquitectónico velhíssimo, vindo ainda de um tempo anterior a Roma e cujas várias fases construtivas são visíveis por diferenças estilísticas na fachada ou no interior, pelas diferenças de nível entre os vários corpos, separados entre si por pequenos degraus e ainda através de algumas fontes bibliográficas, arquivísticas e epigráficas, que atestam os vários períodos de construção da casa.

 


A casa que na região é conhecida por Solar dos Montalvões, família cuja história se liga ao edifício por um período de quase 250 anos, pertencia originalmente à família Álvares Ferreira, conforme nos indica José Timóteo Montalvão Machado, no livro os Montalvões, e terão sido eles os construtores iniciais do solar, isto é, dos lados Sul, Nascente e Poente. Aliás, o brasão que se encontra na fachada nobre apresenta as armas dos Álvares Ferreira e não dos Montalvões. 

 

 

Ainda segundo José Timóteo Montalvão Machado foi um membro desta família, o Capitão de Cavalos José Alvares Ferreira (morto em 1738) o grande construtor do solar, como o atesta o facto de ter várias e extensas cavalariças nos baixos da casa (corpos Nascente e Norte). 

 

 

No entanto pelas diferenças de nível entre estes dois corpos e a cozinha, presumimos que algumas partes sejam anteriores à vida do Capitão de Cavalos José Alvares Ferreira, portanto em pleno século XVII. Talvez a parte mais antiga da casa seja o corpo Sul, que corresponde ao que foi a cozinha.

 


Os Montalvões só aparecem nesta casa em 1746, quando uma jovem de catorze anos, Antónia Maria de Montalvão Morais (1732-1809), casou com  Miguel Alvares Ferreira (1716-1779), filho do já referido capitão de cavalos, José Alvares Ferreira. Desde essa época, até aos dias de hoje, o nome Álvares Ferreira foi caindo aos poucos e vingando o apelido Montalvão, uma família com origem na vizinha Galiza e que se passou para Portugal, no tempo do domínio dos Filipes.

 

 

É do tempo de vida desse casal, Miguel Miguel Álvares Ferreira e Antónia Maria de Montalvão Morais, que devem ter tido uma existência economicamente desafogada, que  temos mais documentos e notícias acerca de grandes obras no Solar. 

 

 

Conforme documentação existente no Arquivo Distrital de Braga, sabemos que entre 1761 e 1762, Miguel Alvares Ferreira, requereu autorização para erigir a capela do solar, sob invocação de São Salvador do Mundo, em cumprimento de um voto de sua mãe, Maria Sobrinho. Este processo, cujos documentos tinham a missão de provar que o casal tinha bens para financiar a construção da capela e assegurar a realização de uma missa perpétua por alma de Maria Sobrinho, descreve parte das construções já existentes, demonstrando-nos que em 1762, o corpo poente do solar, a fachada nobre, já estava concluída.

 


"...as cazas do doante …confinão e correm com duas ruas publicas ambas com cunaes, solio e frizio e cornija Huma pello norte, e outra que corre pello poente com estrada mais publica para o sul adonde tem hum arco bem feito e bastantemente alto, e no meyo remate huma pedra de armas das asendesias do doante e por este arco se entra para o patteo das cazas, e nesta parte que pega acima das ao patteo e he munto capaz, e corre para o Sul pretende fazer a Cappella com porta para o poente"- No entanto, as obras da capela, que é o corpo arquitectónico do solar com um tratamento mais cuidado, foram só concluídas em 1784, já depois da morte de Miguel Álvares Ferreira (1779), pela sua viúva Antónia Maria de Montalvão Morais, que a 29 de Abril desse ano pediu provisão para benzer e consagrar a capela, a “qual se acha perfeitamente acabada”, conforme se pode ler no respectivo processo no Arquivo Distrital de Braga.  

 

 

Também é do tempo desta Senhora, Antónia Maria de Montalvão Morais, que se constrói a escada interior do pátio de honra, em 1782, conforme se pode ver pela data da verga da porta e se encomenda também o sino da capela, em 1790, e que hoje se encontra a salvo da destruição na Capela de Nossa Senhora do Rosário, na mesma povoação de Outeiro Seco.

 

 

Acerca da talha que ornamentava a capela, hoje pilhada e retalhada nada se sabe, mas era de excelente qualidade, a julgar por fotografia antigas. Creio mesmo que terá sido concebida por André Soares (1746-1769), o grande arquitecto ou entalhador bracarense, ou talvez por algum dos seus discípulos, embora essa hipótese careça de provas documentais.

 

 

 

Estes são os dados mais objectivos acerca da cronologia da construção do Solar, que não é uma peça arquitectónica de excepção, como o Solar de Mateus ou Palácio da Brejoeira, mas é um exemplar muito representativo do tipo de casas que a fidalguia rural mandava construir em Trás-os-Montes nos séculos XVII e XVIII. 

 

 

 

Embora não contasse com peças de mobiliário de excepção, o seu recheio era significativo. Possuía uma importante biblioteca, localizada num dos salões do corpo nobre do solar, que contava com cerca de 1900 títulos, o que era muito para a época, onde avultavam muitas edições dos séculos XVIII, XVII e ainda quinhentistas, sendo que algumas das obras eram raras. 

 

 

Foi vendida pela família ao desbarato no início dos anos 80 a um alfarrabista de Lisboa. Desta biblioteca, conservou-se apenas o catálogo. Também num dos salões nobres existia aquilo que a família chamava um museu, que na verdade era aquilo que tecnicamente se designa por um gabinete de curiosidades, formado por muitos objectos arqueológicos, etnológicos e colecções de filatelia e numismática. 

 

 

Foi sobretudo constituído por um dos habitantes da casa, o Padre José Rodrigues Liberal Sampaio (1846-1935), um homem extremamente culto, um jurista, um pregador, um arqueólogo, um numismata, um jornalista, enfim um polígrafo, como se diria no século XIX.

 

Foi sócio da Academia das Ciências e da Sociedade Portuguesa de Arqueólogos, correspondia-se com homens eminentes, como o Abade de Baçal ou o arqueólogo Mendes Correia e no seu tempo, a casa tornou-se um pequeno centro de saber, tendo recebido entre outros intelectuais a visita do arqueólogo José Leite de Vasconcelos. 

 

 

Todo esse espólio foi disperso pelos vários membros da família. Esta casa  transmontana foi também o palco dos amores ilícitos entre José Rodrigues Liberal Sampaio e a senhora da casa, Maria do Espírito Santo Ferreira Montalvão (1856-1902), uma fidalga que teve a coragem de assumir a relação com um clérigo e de viver maritalmente com ele e dele ter tido filhos. 

 

 

Não foi um escândalo tão grande como os amores de Ana Plácido e Camilo, mas sem dúvida viveram com coragem uma paixão camiliana. Maria do Espírito Santo está sepultada na casa, na capela, apesar de em 1902, já ser expressamente proibido sepultar os mortos dentro das igrejas.  

 

 

Em 1912, o Solar de Outeiro Seco viu também passar os militares da segunda incursão de Paiva Couceiro, que em fuga para Espanha, abandonaram muitas armas pela propriedade da casa, sendo algumas delas recolhidas e conservadas no museu da família. 

 

Nesse período, a casa foi revistada pelas tropas republicanas e José Rodrigues Liberal Sampaio, um monárquico convicto, esteve alguns dias escondido num quarto secreto do Solar, até conseguir fugir para Espanha. 

 

 

 

A família manteve-se orgulhosamente monárquica e a bandeira azul e branca esteve hasteada na casa durante toda a república. Só nos anos 30, já no Estado Novo, quando o presidente Carmona visitou o Solar, alguém se lembrou que os tempos já eram outros e a bandeira foi recolhida para o chamado museu.

 


A Casa continuou a ser ocupada por José Maria Ferreira Montalvão (19-05-1878/24-5-1965), filho dos amores ilegítimos do padre com a fidalga, um grande proprietário, o homem que pagava maior contribuição autárquica de todo o distrito de Vila Real, e que assegurou até à sua morte a vida de um grande domínio agrícola, quase feudal, de uma forma autoritária, mas ao mesmo tempo paternalista e generosa, a acreditar nos testemunhos de quem ainda se lembra dele na aldeia de Outeiro Seco.

 


Depois da sua morte, a casa ficou desocupada e entrou num lento processo de declínio. Os seus descendentes venderam em 1986 o Solar à Câmara Municipal de Chaves, sem acautelar o seu destino e a respectiva utilização. 

 

 

As imagens da capela deram entrada no Museu Municipal de Chaves, algumas delas estão hoje expostas no Museu de Arte Sacra de Chaves, mas o Solar foi pura e simplesmente abandonado à sua sorte pela edilidade flaviense.

 

 

Vagabundos instalaram-se na casa, acenderam fogueiras que queimaram os pilares e fizeram ruir a estrutura. A talha da capela foi  pura e simplesmente pilhada. Por ordem ou iniciativa de sabe-se-lá-quem, diversa cantaria foi retirada da casa e espalhada por vários pontos da aldeia. No pátio rural em frente à cozinha foi instalado um palco feito com pedra da casa e muito, muito cimento.

 


Enfim, é um processo longo, triste e inexplicável de incúria por parte da autarquia de Chaves, que deixou ruir um dos edifícios mais interessantes do Concelho.

 

 

 

Perante tanta tristeza, fica a memória do tempo em que a casa era uma espécie de senhorio feudal, uma honra, em que bastava que alguém segurasse a aldraba da porta principal do pátio, para ficar fora do alcance da justiça régia.

 

O meu Pai, que não é ainda tão velho como isso, recorda-se de na sua meninice ouvir falar ainda de um senhor muito velhinho, fugido da justiça, que se refugiou no Solar e terminou ali os seus dias. Hoje, o Solar dos Montalvões é apenas um dos muitos e banais exemplos, de que quase todos se estão nas tintas para o património cultural.

 

 

29
Ago14

Discursos Sobre a Cidade - Por Francisco Chaves de Melo


 

Ai, ai, ai …….

 

As obras nas termas iniciaram-se a 2 de Novembro de 2013. Nessa altura prometeu-se que abririam ao público nos inícios de Julho de 2014. Hoje não sabemos em que data abrirá o balneário termal!

 

Os planos de atividade apresentados pela empresa gestora, são agora tão incertos que os próprios revisores de contas não são peremptórios sobre os resultados a esperar no curto prazo.

 

Os primeiros a sofrerem com estes calvários foram os trabalhadores sazonais das termas. Os que ficaram sem o seu trabalho, em remunerações, que não se afastam por ai além do ordenado mínimo, perderam meio ano de salários. No total perderam em salários mais de 250 mil euros.

 

Sofrem também os muitos aquistas, flavienses ou não, já que vão ficar sem tratamentos termais dois anos consecutivos. Só quem sofre no corpo e na alma as muitas dores, que uma vida inteira de canseiras e trabalhos pesados originam, é que dá valor ao alívio que os tratamentos termais proporcionam. As nossas termas ajudam muitos flavienses, novos e idosos, a suportar o inverno com alívio. O que será depois de dois anos sem poderem beneficiarem destes tratamentos? Quem vão maldizer pelos padecimentos?

 

Este programa de obras, mal orientado e pior executado, também prejudica o comércio, a restauração e a hotelaria da cidade. Contudo, o problema já vem de trás, desde o início da gestão PPD/PSD.

 

É fácil ver o porquê, pois, se em 2014 o número de utentes das termas de Chaves será “0” (imagine-se – ZERO!!!), em 2004, ou seja, há uma década atrás era 6.264 (valor que pouco flutuava). Desde essa altura o número de utentes veio sempre a diminuir de ano para ano, alcançando em 2013 o irrisório valor de 3.433 utentes.

 

Esta perda de 55% de utentes numa década espelha bem a deficiente orientação imprimida às termas de Chaves pela gestão do PPD/PSD.

 

De resultados equilibrados durante a gestão PS, as termas passam a gerar uma perda financeira para o município a rondar, este ano, os 500.000€00.

 

Esta é a dimensão da hecatombe: de mais de 6.000 aquistas para ZERO em 2014!

 

Interrogo-me sobre quem pagará este erro!

 

Não me moam mais com a conversa de que nas termas se praticam preços sociais, pois nunca vi qualquer cálculo do custo real a que “sai” cada tratamento para a câmara. Se nunca vi o custo para a Câmara de cada consulta médica, como podem então dizer que praticam um custo social. Enquanto não disserem em quanto “fica” cada tratamento termal, individualmente para a Câmara, como falar em preços sociais?

 

Resumindo e concluindo: O TURISMO DE SAÚDE E DO LAZER TERMAL, desiderato do PPD/PSD no plano estratégico Chaves 2015, foi um grande “flop”, talvez até o maior de todos.

 

É triste, eu pelo menos estou muito triste!

 

As TERMAS DE CHAVES, marca turística incontornável do concelho, já tiveram melhores dias. Esta gestão PPD/PSD já provou que não a sabe aproveitar.

 

Francisco Melo

 

 

28
Ago14

Vivências - Encontro de gerações


 

 

Encontro de gerações

 

 

Léon, Espanha, Agosto de 2008. Últimos dias de férias. Estamos a meio do nosso almoço num pequeno restaurante, bem próximo do Convento de São Marcos que visitámos durante a manhã. Na mesa ao nosso lado sentam-se um jovem na casa dos 20 anos e um outro senhor com uma idade bem mais avançada. O mais novo, de boné, brinco na orelha e piercing no lábio inferior, não deixa de nos causar alguma estranheza, fazendo-nos até lembrar um qualquer rebelde de uma série televisiva, daquelas muito populares entre os jovens de agora. Após alguns instantes ouvimos a palavra abuelo e percebemos que se trata de avô e neto. Mesmo sem prestar atenção ao conteúdo surpreende-nos a agradável conversa que vão mantendo durante todo o almoço. Numa época em que pais e filhos, embora vivendo sob o mesmo tecto, não conseguem muitas vezes encontrar tempo ou assunto para conversar, ali estavam avô e neto, duas gerações com seguramente 50 anos de distância, conversando animadamente. A certa altura o avô acaba por meter conversa com a nossa pequena, dizendo-lhe que tem que comer tudo para ser grande. Acabamos por trocar algumas frases de circunstância. Terminam a sua refeição ainda antes de nós e é o neto quem vai pagar a conta. O avô vira-se para mim e diz-me que não faz mal, que da próxima vez pagará ele. Com isto deduzo que se devem encontrar com frequência. No final despedem-se de nós com o avô a apertar-me a mão e a desejar-nos buenas vacaciones.

 

De regresso ao carro para prosseguirmos viagem registamos com agrado este verdadeiro encontro de gerações.

 

Luís dos Anjos

 

 

28
Ago14

Uma breve abordagem a um Ilustre Flaviense


 

Um pouco de luz para quem não conhece as personagens da História Flaviense e as nossas estátuas.

 

Na imagem a estátua da rotunda em frente da antiga estação da CP de António Joaquim Granjo, nascido em Chaves em 27 de dezembro de 1881 e barbaramente assassinado em Lisboa na conhecida “Noite Sangrenta” em 20 de Outubro de 1921, vítima dos conturbados anos da 1ª República.

 

Advogado, Republicano,  foi membro da Assembleia Nacional Constituinte em 1911, Presidente da Câmara Municipal de Chaves em 1919 no mesmo ano em que foi eleito para a câmara de deputados. Foi Ministro da Justiça e por duas vezes Presidente do Ministério (correspondente ao atual Primeiro Ministro). Foi precisamente durante a sua segunda presidência que foi assassinado em Lisboa quando contava com apenas 40 anos de idade.

 

Hoje ficam apenas a brevidade de um resumo da sua vida, mas que merecerá aqui um post mais alargado como Ilustre Flaviense que foi e muito mais teria sido se não fosse assassinado.

 

 

27
Ago14

Chá de Urze com Flores de Torga - 50


 

 

Monterrey, Verin, 10 de Setembro de 1975

 

Relanceio do alto da torre de menagem o largo panorama que tantas vezes me tem deslumbrado, e fico insensível. A Aflição em que ando não me deixa olhar para fora de Portugal.

 

Miguel Torga, in Diário XII

 


Monterrey - Galiza

 

Chaves, 11 de Setembro de 1975

 

LAMENTO

 

Pátria sem rumo, minha voz parada

Diante do futuro!

Em que rosa-dos-ventos há um caminho

Português?

Um brumoso caminho

De inédita aventura,

Que o poeta, adivinho,

Veja com nitidez

Da gávea da loucura?

 

Ah, Camões, que não sou, afortunado!

Também desiludido,

Mas ainda lembrado da epopeia…

Ah! Meu povo traído,

Mansa colmeia

A quem ninguém colhe o mel!...

Ah! Meu pobre corcel

Impaciente,

Alado

E condenado

A choutar nesta praia do Ocidente…

 

Miguel Torga, in Diário XII

 

 

26
Ago14

Estratos


 

Bem-haja

 

Grande Avô,

 

Tenho ido à casa que será para sempre tua. Virou corpo desalmado.

 

Abro janelas. Fecho janelas. E nem Chaves a salva.

 

Depois, Grande Avô, não vou querer passar mais naquela rua. Na tua rua que tem nome de outra pessoa. Ainda não te contei, Grande Avô, o Padre enganou-se e chamou-te pelo nome da tua rua. Foi quase um engano acertado, aquele.

 

Cheguei cedo, Grande Avô. Vi tocar o sino. E da sombra da árvore ouvi um “quem terá sido?” que deixei sem resposta. Não te zangas, ora não? Grande Avô! Então? Tu és o maior poupador de palavras que conheço. Com duas dás um sermão. (Não servirias para Padre, Grande Avô. Olha, e ainda bem!)

 

Agora Grande Avô, tenho de ir tratar de cousas, como diria o Tio Lelo. Logo mais te darei notícias. Alguém tem de o fazer! Não lhes leves a mal, Grande Avô. Eles não acreditam muito nisto. Mas fizeste um bom trabalho. Só não lhes podias deixar a fé que não tens.

 

Grande Avô, um bem-haja, que sei que sabes ser de nós todos.

 

Beijinhos muitos e um chi forte,

 

Tua Rita

 

P.S: O Tio João ensinou-me esta palavra, Grande Avô. Até já a tinha ouvido, mas foi o Tio João que ma ensinou. 

 

 

26
Ago14

O Velho Texas está de regresso


O post de hoje fica para mais logo. Para já fica um convite para os amantes dos comboios, sobretudo do nosso comboio da linha do Corgo que desde 28 de agosto de 1921 a 1 de janeiro de 1990 percorria várias vezes ao dia o percurso entre a Régua e Chaves, e vice-versa.

 

É, a LUMBUDUS, Associação de Fotografia e Gravura aí está com mais uma exposição de fotografias, esta com várias composições do comboio que ao longo de 68 anos percorreu a Linha do Corgo. 50 fotografias mas também o lançamento de um livro com fotografias e textos de vários autores contando as suas memórias sobre o comboio. Mas não se fica por aí, pois também será lançada uma coleção de 12 postais e um crachá comemorativo, tudo a lançar no dia do aniversário da chegada do comboio pela primeira vez a Chaves.

 

A inauguração da exposição fotográfica “ Memórias de uma Linha – Linha do Corgo”, acontecerá na próxima quinta-feira, dia 28 de agosto, às 18 horas, na Sala Multiusos do Centro Cultural de Chaves, altura em que serão também lançados o livro, os postais e o crachá atrás mencionados.

 

A exposição só possível graças ao espólio de um Associado Lumbudus e é apoiada pelo Turismo de Portugal, pela Câmara Municipal de Chaves e pela Associação Chaves Viva.

 

 

Mas não é tudo, pois esta exposição estará em duas frentes, a segunda a acontecer também na próxima quinta-feira, no Restaurante – Pizzeria TESTAROSSA, na Rua do Sol, 51 em Chaves, com inauguração prevista para as 19H30, com uma mostra fotográfica, onde estarão também disponíveis alguns livros, postais e crachás.

 

Se gosta de comboios e tem saudades do nosso antigo texas não perca esta exposição, mas também o livro com muitas memórias contadas na primeira pessoa, uma interessante coleção de postais e o crachá comemorativo.

 

A LUMBUDUS conta com todos!

 

 

25
Ago14

Quem conta um ponto...


 

 

203 - Pérolas e diamantes: monomanias

 

 

A minha avó dizia muitas vezes que por necessidade até um pardal canta como um rouxinol.

 

A necessidade é que cria a vulgaridade. Mesmo quando ela se reveste de um empréstimo de vinte milhões de euros para que a nossa autarquia possa funcionar durante mais algum tempo.

 

Depois há a vergonhosa vulgaridade dos votos pressionados.

 

Sim, a vulgaridade tem um enorme poder. Especialmente se nos encontra desprevenidos a olhar espantados para o que nos rodeia. Nessas alturas cai-nos em cima com as suas garras.

 

Mas será que os políticos são assim tão maus? Tão maus assim não sei se são. Mas cansam-nos a falar. Existem alguns que são como Porfírio Vladímiritch, “fazem-nos apodrecer com as suas palavras”.

 

E isto não acontece porque o mundo da política se divide entre conservadores e progressistas.

 

Vistas bem as coisas, todos nós somos um pouco conservadores. O que, pela mesma ordem de ideias, nos leva a deduzir que todos podemos ser pessoas reativas, que de vez em quando despertam do seu sono profundo para combater a ameaça de rotura social e financeira que ronda o nosso Estado e, sobretudo, a nossa autarquia.

 

Como defende João Pereira Coutinho, «reagir» por si só significa pouco, mas mesmo assim é o primeiro passo para defender o que se encontra sob ameaça.

 

A nossa autarquia pensou sempre que era possível reduzir os nossos problemas a simples equações ou postulados matemáticos. Ou seja, que a razão dos números acabaria por resolver todos os problemas.

 

É aqui que radica o principal erro dos políticos vulgares, especialmente os que se autointitulam de conservadores, polvilhados com uns pozinhos de social-democracia.

 

Esses confundem a política com um cálculo matemático e os cidadãos com meros enunciados de uma equação.

 

Quando lhes falamos de política eles respondem-nos com números e quando lhes falamos de números eles vêm-nos com a política.

 

E as margens de erro já são tantas que invariavelmente mexem com a nossa vida do dia-a-dia.

 

Nós não somos, por mais que insistam no contrário, simplificações numéricas ou abstratas. Nós somos seres humanos concretos.

 

João Pereira Coutinho, o paladino nacional do Conservadorismo, afirma que «o conhecimento imprescindível para qualquer agente político será um conhecimento apropriado para a natureza da sua função”.

 

Em política é sempre bom ter presente o sentido da realidade. Da realidade e das circunstâncias. Churchill dizia que «por mais absorto que um general esteja na elaboração das suas estratégias, às vezes é importante ter o inimigo em consideração».

 

Convém também lembrar as palavras de Isaiah Berlin: «A total liberdade para os lobos é a morte dos cordeiros.»

 

O filósofo e historiador britânico Michael Oakeshott, sabendo que nós ocidentais, por hábito, toleramos monomaníacos, perguntava-se «por que motivo devemos ser governados por eles?»

 

De uma coisa podem estar seguras as gerações vindouras, administrados por pessoas como as que nos tocaram em sorte, em vez de uma «casa» herdarão uma «ruína».

 

PS – Para que os flavienses não fiquem com a impressão, incorreta por certo, de que o acordo estabelecido entre o PSD de António Cabeleira e o vereador eleito em nome do MAI, não foi a derradeira tentativa para que a prometida, e devida, auditoria externa às contas da CMC não vingasse, aqui fica mais uma vez o nosso apelo ao senhor presidente da autarquia flaviense, e aos seus distintos vereadores, incluindo necessariamente João Neves, para que, em nome da transparência e do bom nome da Câmara de Chaves, aprove uma auditoria externa às contas da CMC.

 

Passaríamos todos, com certeza, a dormir um pouquinho mais tranquilos.

 

João Madureira

 

 

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