Chaves - Citação Três
"Não dês fé unicamente aos olhos do teu corpo. Melhor se vê o que é invisível."
Santo Ambrósio
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"Não dês fé unicamente aos olhos do teu corpo. Melhor se vê o que é invisível."
Santo Ambrósio
"Os olhos são os intérpretes do coração."
Blaise Pascal
"Algumas vezes na vida, convém-nos ter os olhos bem abertos, outras na metade, e outras realmente fechados. A questão está em saber como para cada vez."
Doménico Cieri
Granjinha, Chaves, 7 de Setembro de 1986
Uma capelinha visigótica arruinada perdida entre ramadas, com um original pórtico ornado de figuras zoomórficas que são desafios em pedra à imaginação. No telhado, uma airosa cruz vazada parece querer levantar voo. E dentro, por detrás do tosco altar de talha que durante séculos a escondeu, a mais bonita ara romana que se pode ver. É assim. O nosso génio criador, por mais que se exceda, acaba sempre nisto: num pungente testemunho de que só a incompreensão e o abandono esperam no futuro as obras de qualquer presente.
Miguel Torga, in Diário XIV
O Inconsciente
Inconsciente. Toda a vida, todos sempre lhe apontaram esse "defeito" de carácter. Ele era um inconsciente.
De vez em quando, via relâmpagos e montanhas florescentes dentro das quatro paredes do seu quarto.
Via o mar e ouvia estalar as suas ondas encontrando-se a milhas de distância dele.
Via baratas no Inverno e pareciam-lhe mais belas e místicas que as flores da Primavera.
Via um olho egípcio com significado pagão, desconhecendo qual.
Via o princípio do mundo.
Fotografia de Sandra Pereira
Sempre que se punha fora da sociedade e do "mundo real", descobria a verdade: ele era um subconsciente.
A mente não é o espírito. Ela tem vontade própria formatada por qualquer fábrica externa que a dita constantemente. Não é de fiar. Só o espírito é puro.
Mas não liguem muito...! Ele era um turbilhão de emoções. Imprevisível mesmo.
Sandra Pereira
237 - Pérolas e diamantes: o contrário do contrário
Confesso que sinto prazer em folhear a revista do Expresso, agora em tamanho grandioso, com letra grande, fotos enormes e temas muito bem escolhidos. E o prazer é redobrado porque já me vai faltando a vista e sobretudo a paciência para o jornalismo de trazer por casa que inunda os jornais portugueses.
Mas foi no Jornal de Negócios que li algo que me intrigou profundamente, pois não consegui descortinar o protótipo do destinatário, ou destinatários, da respetiva mensagem. Ou, talvez, da figura, ou figuras, inspiradora de tão nefasto retrato.
O constitucionalista Jorge Miranda, homem desde sempre ligado ao PPD (atual PSD, quem diria), denunciou o facto de que “o sistema do poder local tem funcionado pior, tem sido um centro de grande clientelismo, da corrupçãozinha, de alguns tiranetezinhos.”
Em quem estaria a pensar o professor de Direito que acaba de editar o livro Da Revolução à Constituição? Qual terá sido o figurino, ou figurinos, inspirador de tão grave acusação? O que saberá o senhor e nós desconhecemos? Será mesmo verdade que o poder local é um centro difusor de clientelismo, corrupção e tiranetes? Eu, cá por mim, não acredito. Pelos exemplos que conheço, posso afirmar que o poder local é exatamente o contrário… do contrário.
Pela leitura do Expresso fiquei a saber que a venda da TAP vai render ao Estado português cerca de 1,2 mil milhões de euros, que é o montante da dívida da empresa. O negócio promete. Este Governo sabe muito bem aquilo que anda a fazer.
No mesmo jornal li que o maior negócio conseguido pelo grupo Lena, do amigo de José Sócrates (que continua preso preventivamente por indícios de corrupção, fraude qualificada e branqueamento de capitais), Carlos Santos Silva (que continua preso preventivamente por indícios de fraude qualificada, branqueamento de capitais e corrupção), na última década, foi o da construção de 50 mil casas na Venezuela de Hugo Chávez, num valor que poderá envolver os quatro mil milhões de dólares. Só pelo projeto, o amigo do ex-primeiro ministro cobrou 15 milhões de euros.
Penso então nas palavras que li no livro O Mistério da Légua da Póvoa, de Agustina Bessa Luís: “Não há maior desejo do que o desejo da verdade. Mas ela inspira terror, ninguém a quer ter por hóspede, nem sequer por vizinha.” O que me remete para Maupassant: “Felizes os que se satisfazem na vida, os que se divertem, os que estão contentes.”
Boris Cyrulnik, talvez inspirado em pessoas como José Sócrates, ou Pedro Passos Coelho, escreveu que a agressão esconde o desejo de seduzir.
Entretanto, tal como os animais, a maioria do povo vive porque vive, sem nunca sentir a mais pequena necessidade de justificação.
Da dúvida generalizada passamos à dívida generalizada, sem que nada aconteça, sem que nada suceda aos seus fazedores. A vilanagem continua a fartar-se à grande e à francesa.
Já todos percebemos que o afastamento crescente, talvez abissal, entre a população e aqueles que falam em seu nome, os políticos do BCI (PSD/CDS e PS), conduzirá necessariamente a algo de caótico, violento e imprevisível. Entretanto, os portugueses continuam, na sua grande maioria, emersos na apatia e na resignação.
Vai sendo tempo de despertarmos para a realidade. É chegada a altura de, porque os partidos do BCI não mudam, mudarmos nós de partido. Continuar a votar nos protagonistas deste estado de coisas é ou rematada estupidez ou masoquismo doentio.
João Madureira
PS – Tchékhov dizia que “a arrogância é uma qualidade que fica bem aos perus” (ou talvez aos pavões que são aves de cauda mais vistosa). Por isso, mais uma vez solicitamos ao senhor presidente da CMC e aos seus distintos vereadores, que aprovem uma auditoria independente às contas da nossa autarquia. Quem não deve não teme.
PS 2 – Em nome da transparência, já agora senhor presidente, talvez fosse boa ideia aprovar conjuntamente uma auditoria externa às contas da JF de Santa Maria Maior.
PS 3 – Era um ato de coragem redentora, o senhor presidente deixar-se de desculpas de mau pagador e pôr fim ao deplorável espetáculo dos esgotos a céu aberto em Vale de Salgueiro – Outeiro Seco.
Abril, águas mil. Confirma-se!
Noite Adentro
Fez um banco com grades sobrepostas
Instalou-se, a conversa ia animada
Viu as horas, meia-noite, sentiu as dores de costas
Hoje ia esperar, nada a amedrontava
Estava junto à grade por onde a cave respirava
Confirmou que via tudo dos orifícios onde espreitava…
Até o doutor… que entretanto… olhava?
A donzela? Seria possível!...
O homem ensandeceu
Nesta idade… tão carente
Nem a mulher já temeu
Enfim! ele lá sabe o que sente
Todos olharam p`ra porta
Finalmente o javardo
A tiracolo a viola!
Com que cuidado a transporta
Parece algum legado …Pesado
Como a francesa lado a lado
Ele alto espadaúdo metro e noventa
Ela metro e oitenta cabelos pretos
Casal elegante …enigmático
Ela com olhos de mel, sorri ternurenta
Ele olhos azuis misteriosos discretos
Ela admirável e ele carismático
Ninguém dos clientes fica indiferente
A Bertinha pensa naquela …relação?
Acha que o javardo não lhe dá?... A atenção
Segue-os com o olhar vê-o pousar a viola
Como quem pousa cristal e não uma sacola
E a mulher dirige-se ao canto do balcão
Onde está o Gerardo…fazem-se festas… na mão?
Céus, com que intimidade
Os silêncios do entendimento
Agora é que a Bertinha arde…
Sem perceber o envolvimento
Menos a reciprocidade
E a intensidade do momento
E o javardo aquele abraço
De sócio em maré-alta
Meu Deus como se sentiram a falta
Ela é que se sentia em colapso
Ao vê-los aos três em perfeita comunhão
Excluída, por eles sem apelação…
Isabel Seixas
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Obrigado pela gentileza. Forte abraço.João Madurei...
Boa crónica.
Parabéns!Revivi o que já não via há muito tempo......
Linda fotografia.E aqui está bastante frio, também...
Bom pensamento.Mas é mesmo assim e espanta que a n...