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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

30
Abr16

Matosinhos - Chaves - Portugal


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Hoje vamos abrir a porta a Matosinhos, uma aldeia de montanha do nosso concelho de Chaves.

 

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E uma vez aberta a porta damos uma voltinha pela aldeia. Mais uma, pois já não é a primeira vez que vamos por lá e também não será a última.

 

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Porta que já não abre é a da escola. Infelizmente, tal como quase todas as escolas das nossas aldeias, uma a uma, foram fechando as suas portas. Sinais da baixa taxa de natalidade mas também sinal de despovoamento rural. Males dos tempos modernos.

 

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E temos pena ver assim a morte lenta das nossas aldeias. Pois temos, não temos é o poder de resolver o problema, mas pelo menos podemos denunciá-lo.

 

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 Resta-nos a natureza, que essa, sempre nos vai surpreendendo pela positiva.

 

30
Abr16

Pedra de Toque - A Vida


pedra de toque.jpg

 

                        A VIDA

 

                        As paredes,

                        São pálidas

                        Como a doença.

 

                        Mas da boca,

                        Da boca nasce um rio de sabor.

 

                        Das mãos,

                        Das mãos crescem castelos coloridos,

                        Na conquista

                        Do teu ventre repousante.

 

                        A vida,

                        Alexandria de esperança,

                        Verte-me seiva nos olhos.

 

                        Ah! A vida…

 

                                                        António Roque

29
Abr16

10 - Chaves, era uma vez um comboio


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Poema de José Carlos Barros

in O Uso dos Venenos,

edições Língua Morta,

Lisboa, Agosto de 2014

 

NO TEMPO DOS POEMAS

 

Deixávamos as moedas no carril e ficávamos à espera a

olhar com o fascínio de quem é surpreendido num fim de

tarde pela presença de naves alienígenas num espaço de

silêncio e rarefacção a ver as rodas metálicas do comboio a

espalmá-las até ficarem assim nas mãos em concha de um

de nós como se tivéssemos recolhido enfim a prova irrefu-

tável dos milagres. Foi/

há tantos anos/

a senhora da bandeirinha vermelha perguntava se nunca

tínhamos visto um comboio/

lembro-me era no tempo dos poemas/

um verso podia ser também a moeda espalmada nos carris

da estação do caminho de ferro de Vidago/

tudo se misturava na mesma nuvem volátil de irrealidade

e sobressalto.

 

 José Carlos Barros

 

r-CP0034.jpg

 

In “Memórias de uma Linha – Linha do Corgo – Chaves”, Agosto de 2014

Edição Lumbudus – Associação de Fotografia e Gravura

 

Fotografias – Propriedade e direitos de autor de Humberto Ferreira (http://outeiroseco-aqi.blogs.sapo.pt)

Gentilmente cedidas para publicação neste post.

 

 

28
Abr16

Flavienses por outras terras - Cristina Alves


Banner Flavienses por outras terras

 

Cristina Alves

 

Nesta crónica do espaço “Flavienses por outras terras” vamos novamente até Angola, desta vez até à cidade de Benguela, uma cidade atlântica, 500 km a sul de Luanda.

 

É lá que vamos encontrar a Cristina Alves.

 

Mapa Google + foto - Cristina Alves.png

 

 

Onde nasceu, concretamente?

Nasci em Chaves, no hospital velho.

 

Nos tempos de estudante, em Chaves, que escolas frequentou?

Frequentei a Escola Primária de Santa Cruz-Trindade, depois fiz os 5º e 6º anos de escolaridade na Escola Nadir Afonso. No 7º ano ingressei na Escola Secundária Dr. Júlio Martins, até ao 9º ano de escolaridade (antiga escola industrial), e no 10º ano fui para a Escola Secundária Dr. António Granjo. Também frequentei o curso profissional de Administração e Gestão de Empresas no IEFP, antes de me candidatar ao Ensino Superior. Acabei a minha formação na Escola Superior de Enfermagem de Vila Real - UTAD.

 

Em que ano e por que motivo saiu de Chaves?

Saí de Chaves pela primeira vez por motivos profissionais, em 2011, para Angola. Estive a viver na Catumbela, que fica entre Benguela e Lobito, mas não fui bem sucedida e regressei a Portugal, em 2012. Contudo, a situação a nível profissional em Portugal continuava mal e com o tempo resolvi voltar para Angola, em Agosto de 2013, desta vez para Luanda.

 

Porquê Angola?

Porque desde que nasci que ouço as histórias que os meus pais, avós e familiares contavam, cresci a dançar merengue e a comer funge com óleo de palma. Os meus pais nasceram e cresceram na Gabela/Amboim e viram-se obrigados a abandonar a terra que os viu crescer em 1975. Os meus familiares, sem quererem, incutiram as suas raízes nos filhos e netos e a paixão que ainda mostravam pela sua pátria fez-me vir ao encontro da felicidade, da alegria, da beleza natural de que tanto falavam nas histórias de família…

 

Conheci uma Angola bastante diferente das histórias que contavam e das notícias que via passar na televisão na altura. Vi uma Angola cheia de tradições e culturas diferentes da minha realidade, vi muitas necessidades de quase tudo em muitas famílias, mas mais ao nível da saúde e da educação. Também vi uma Angola cheia de vontade, de festa e alegria, um país onde o clima é ouro e a terra é fonte de criação sem fim, onde o natural é belo e poderia ser melhor se o “bicho ser humano” não estragasse mais…

 

Hoje vejo uma Angola também minha, que me ensinou a “estranhar, adaptar e agora a entranhar” como diz toda a gente que conheceu este país, este continente Africano. Enfim, uma terra que me fez conhecer gente boa e gente má como em todo o lado, que me fez apaixonar e acreditar que juntos podemos fazer algo diferente e útil para as necessidades deste povo que merece atenção, e que já me ensinou muito…

 

Em que locais já viveu ou trabalhou?

Vivi na Catumbela, no Lobito, em 2011/2012. Em 2013 vivi no Rangel/Cidadela, na Ilha do Cabo, em Benfica e em Talatona na cidade de Luanda. Trabalhei no Hospital e assim que tive oportunidade vim para Benguela por ser uma cidade mais calma, mais organizada, e com outras oportunidades de vida pessoal e profissional.

 

Diga-nos duas recordações dos tempos passados em Chaves:

Se mencionar só duas serei injusta comigo e com a minha terra mãe! São tantas…

 

As tardes na quinta dos meus avós, junto dos animais e da lavoura, sempre acompanhada ao ritmo das suas histórias e cantares da época…

 

Os piqueniques que fazíamos em família, tipo casamentos.

 

Os encontros e saídas com as(os) amigas(os) de escola e da faculdade…

 

Já disse três…

 

 

Proponha duas sugestões para um turista de visita a Chaves:

Têm várias opções, visto sermos uma cidade cheia de história que os Romanos nos deixaram como herança! Devem passar sempre pelo Castelo e não podem deixar de ir beber a água das termas, indicadas para problemas do aparelho digestivo, assim como doenças crónicas e alergias das vias respiratórias.

 

Estando longe de Chaves, do que é que sente mais saudades?

Saudade de tudo… Saudade do meu bairrismo, saudade da minha infância, saudade da minha juventude… Saudade de casa, da família, dos meus animais, das amigas, dos meus “brinquedos”, das minhas “coisas”… Saudade de não ter responsabilidades, de não ter que decidir.

 

Com que frequência regressa a Chaves?

Depende. Uma a duas vezes por ano. Não é que não tenha vontade de ir mais vezes, mas são as circunstâncias e as prioridades da vida que decidem por mim.

 

Gostaria de voltar para Chaves para viver?

Claro que sim! Adoraria, mesmo sabendo que nada seria como era antes… Mas existe uma nova realidade: no dia que partir vou sentir saudades desta terra, e talvez me sinta dividida…

 

Ilha do Cabo, Luanda.jpg

O espaço “Flavienses por outras terras” é feito por todos aqueles que um dia deixaram a sua cidade para prosseguir vida noutras terras, mas que não esqueceram as suas raízes.

 

Se está interessado em apresentar o seu testemunho ou contar a sua história envie um e-mail para flavienses@outlook.pt e será contactado.

 

 

Rostos até Cristina Alves.png

 

 

 

27
Abr16

Ocasionais - Levado dos diabos!


ocasionais

 

“Levado dos diabos!”

 

“A livre eleição de amos não suprime

 nem os amos nem os escravos”.

-Marcuse

 

 

Qualquer pequenina ou grande coisa boa da NOSSA TERRA, lembrada, divulgada, aplaudida, premiada me toca, me enternece, me envaidece e me deixa reconhecido.

 

Um caravelho, uma cancela; um olmo, uma mimosa; um rego de batatas ou de couves; uma fonte ou um rigueiro; uma «cegonha», um «baldão»; um ninho de andorinha ou a «cama» de um coelho; a sineta de uma Capela ou Igreja ou o Cruzeiro, de qualquer Aldeia; um retrato do arruinado “Jardim das Freiras” ou o de uma desprezada Srª das Brotas; uma ameia do Castelo de Monforte de Rio Livre ou um ramo do pinheiro manso do Castro de Curalha; um Conto, um Romance ou um Poema, seja lá o que for, que traga consigo um cheirinho, um paladar, uma memória de CHAVES  -   “do BARROSO, da VEIGA ou da MONTANHA”   -   da (MINHA) NORMANDIA TAMEGANA (para os distraídos, lembro que o «condado» de Monterrey também é «meu»!) toca-me o coração, faz-me chorar de saudade e dita-me o agradecimento por ter nascido e crescido numa terra de encanto, de aconchego e de sonho.

 

Não. Ela não é madrasta!

 

Os estupores que a tomaram, graças a mentiras e traições, é que a têm arruinado.

 

 Como tem estado bem à vista, ao longo destes últimos anos «democráticos», o Bem Privado de oligarcas e movimentos políticos impera sobre o Bem Comum.

 

Mesmo sem perceberem patavina da doutrina do neo – liberalismo, os pindéricos oportunistas, infectados pelos vírus dessa «malária política», prestam-se, imbecil e ignominiosamente, a propagar essa peste, tirando proveito dessa oportunidade de moinantes.

 

Sim, o «Solar dos Montalvões»; os regatos de Outeiro Seco, as Ribeiras do Concelho, o Jardim das Freiras e o Jardim Público; o desprezo votado aos “Castros”, aos Castelos, às Capelas e a outros Monumentos de inquestionável valor histórico e cultural, a renúncia a Serviços Públicos, e a despromoção do Hospital, a falta de um Pólo Universitário são derrotas e desistências que a população Flaviense não merece, nem nunca mereceu!

 

Estas, e outras, tragédias atingem-na, subordinam-na, inferiorizam-na porque continua a temer a Deus e a adorar o Diabo … em figura de gente!

 

O «fado», o destino, a que outra distinta colaboradora do Blogue “CHAVES” referiu, não é, nem pode ser, não pode corresponder ao «fado», ao destino, que os Flavienses têm estado a viver.

 

É pena, e eu lamento imenso, que este Blogue «de CHAVES», e outros Blogues Flavienses, não cheguem diariamente aos olhos dos meus conterrâneos.

 

Estou certo de que se esses Blogues fossem lidos e comentados em casa, nas Tabernas, nos Cafés, nas Tertúlias… e até na «missa de domingo» (dispenso a do “7º dia”), as consciência dos Flavienses não andariam tão adormecidas, e esses petimetres administradores do Município, travestidos de políticos, empoleirados em galhos mais altos do que a altura dos seus méritos, piariam mais fino e mostrariam menos desrespeito pelos flavienses, pelo seu património histórico e cultural, pela riqueza das suas tradições e «questumes», pela beleza das suas paisagens naturais e pela sua vida!

 

Para tristeza da vida, bastar-me-ia o desgosto que carrego por ver a MINHA (a NOSSA) TERRA desprezada, abusada, maltratada, escarnecida, abandonada e injuriada e «gozada» “franciscanamente” por gente do piorio, sumamente incompetente na direcção dos destinos Municipais, insolentemente desrespeitosa com o seu Património, morbidamente safada nas incontáveis trafulhices com que prejudica o desenvolvimento e a qualidade de vida dos Flavienses.

 

E quando, em qualquer órgão de informação «clássico», em Blogues, em «redes sociais» ou em conversas me falam e mostram as «chagas», cada vez em maior número, com que cobrem A NOSSA TERRA, fico mesmo «levado dos diabos»!

 

A mediocracia que administra e empesta “CHAVES” ultrapassou, desde há muito, a tolerância democrática, a condescendência moral, ou o direito à esmola caridosa de benevolência!

 

Antes morrer com honra que viver com opróbrio!

 

Hoje, nem parece que CHAVES foi trono e púlpito do “Bispo Idácio”!

 

Hoje, até (me) parece que os Flavienses já nem sabem de que terra são!

 

Hoje, até (me) parece que os Flavienses já nem sabem a que terra pertencem!

 

Qualquer labrego politiconeiro lampeiro os «come de cebolada»!

 

Hoje, os Flavienses (a maioria) aí «residentes» até (me) parece que perderam o brio … e o pio!

 

Louvados sejam os, ainda, AÍ «resistentes»!

 

E eu não queria vê-los convertidos no «último mohicano»!

 

A Torre de Menagem, as Muralhas da cidade, a Torre de Santo Estêvão, os Fortes da cidade, o Castro de Curalha e o Castelo de Monforte de Rio Livre dão um corajoso e nobre exemplo do que foi a valentia dos Flavienses, do que pode valer, e vale, a resistência dos «resistentes»!

 

Louvado seja!

 

M., Vinte e cinco de Abril de 2016

Luís Henrique Fernandes

 

 

27
Abr16

Chá de Urze com Flores de Torga - 128


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Montalegre, 11 de Janeiro de 1970

 

Avisado por um amigo de que havia hoje cá na terra uma chega de toiros, meti-me a caminho debaixo dum temporal desfeito, e tanto teimei com a chuva, o vento e o granizo, que consegui chegar a horas de assistir ao combate. E valeu a pena. Se há em Portugal meia dúzia de espectáculos que merecem ser vistos, este é um deles. Primeiro, as bichezas, depois de nove voltas propiciatórias à capela do orago e da sanção da bruxa, a sair dos respectivos lugarejos, rodeadas pela juventude dos dois sexos, enquanto o sino toca a Senhor fora e o mulherio idoso reza implorativamente aos pés do Santíssimo; a seguir, a chegada dos cortejos ao toural da vila, as cerimónias preliminares do encontro — vistoria rigorosa dos animais (não tragam eles pontas de aço incrustadas nos galhos), a escolha do piso, etc.; finalmente turra — os dois bisontes enganchados, cada qual a dar o que pode, no esforço hercúleo de não perder um palmo de terreno, ou ganhá-lo, apenas cedido. Turra que dura eternidades de emoção, e só termina quando uma das bisarmas fraqueja, recua, e acaba por fugir.

 

1600-montalegre (371)

 

Não é, contudo, a luta gigantesca, apesar de empolgante, o que mais diz ao espectador forasteiro. É o halo humano que a envolve, os milénios de ancestralidade que ela faz vir à tona da assistência. Símbolo de virilidade e fecundidade, o boi é na região o alfa e o ómega do quotidiano. Cada povoação revê-se nele como num deus. Vitorioso, cobrem-no de flores; derrotado, abatem-no impiedosamente. Quando há minutos a turra acabou, depois de viver numa tensão de que a palidez de um padre a meu lado era a síntese, toda a falange que torcia pelo vencido parecia capada.

 

Miguel Torga, In Diário XI

 

 

26
Abr16

Intermitências


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Primavera

 

Nada de novo nos últimos meses. Os dias seguiam-se uns aos outros, sem surpresas, rotineiros. Ia para o trabalho, voltava para casa, sempre de cabeça baixa e olhos no chão. Que vida esta, pensava, escravo do trabalho...

 

Nada de novo nos últimos meses. Não tinha feito amigos novos, não tinha conhecido lugares novos, não tinha tido conversas interessantes, não tinha aprendido nada de novo. Ia para o trabalho, voltava para casa, sempre de cabeça baixa e olhos no chão. Que vida esta, pensava, escravo do trabalho e do lugar onde vivo...

 

Primavera.jpg

 Fotografia de Sandra Pereira

 

“Pode por favor olhar para mim quando lhe falo?”

 

Levantou a cabeça e viu uma bonita senhora servir-lhe o café acompanhado de um belo sorriso. “Não olhe para o chão a não ser que estejam aí as estrelas!”.  Ele agradeceu e decidiu seguir o conselho.

 

Saiu à rua e levantou os olhos. Viu um ceú azul, árvores em flor, pássaros a cantar, cães humidelmente alegres, e rostos de pessoas. Alguns sorridentes, muitos não. Olhou nos olhos cada rosto que se cruzava com ele. Não todos, porque muitos também andavam sempre de cabeça baixa e olhos no chão ou no telemóvel. Mas quando lhe retribuíam o olhar, sentia sempre um arrepio. Parecia que conhecia cada pessoa com que se cruzava, que sabia o que pensavam e sentiam. Pareciam-lhe tão humanos... quanto ele.

 

Sorriu. Era Primavera.

 

Sandra Pereira

 

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