Ocasionais - "Lumbudínios"
“Lumbudínios”
Estes fotógrafos da “LUMBUDUS” são mesmo levados do dianho!
Catancho!
Venha o diabo e escolha!...
Encantam com as cores, seduzem com as flores!
E eu que fique a ver estrelinhas mirabolantes, como aquelas do fogo-de-artifício, na Srª da Saúde ou no S. Caetano, ou da Srª da Livração (antigamente!) ou do Sr. do Monte (noutros tempos!)
Estes fantásticos fantasistas “lumbudínios” vêem, e apanham, pétalas, caules, raminhos, sombrinhas, segredinhos e, depois, eu que fique pràqui a ver historinhas d’amor, paixonetas, súplicas de miminhos, promessas de consolinhos, e mistérios e misteriozinhos a desafiarem a minha imaginação , a intrigarem a minha lógica difusa e a torná-la mais confusa.
Qualquer dia, quando menos esperardes, ponho no meio dos vossos painéis de fotografias uma das minhas «historinhas» e, depois, quero ver como ficais quando fordes fazer trabalhinhos como este: apanhar flores com esse olhar de cristal!
Para nós, ocidentais, tudo (quase) o que brilha é ouro.
Para alguns povos orientais, o que resplandece horroriza-os.
Por cá, nós preferimos o brilho.
Por lá, eles, os reflexos.
Para nós, a luz é o maior aliado da beleza.
Para outros, a beleza «perde a sua existência se suprimem os efeitos da sombra».
Os “lumbudínios” são brilhantes fotógrafos.
Não sei nem consigo imitar-vos, embora vos siga e acompanhe.
Fico-me pelos enigmas das sombras, dos pensamentos que escondeis de mim, das mensagens codificadas que deixais em cada imagem.
Encantam-me a vossas fotografias: mais pelo que me sugerem do que pelo que (me) evidenciam.
Das suas sombras cato sensações, emoções, sentimentos e imaginação sem conta.
Quando a sombra é recolhimento…
Na sombra, nessa sombra, expressa-se a reserva de quem recebe, a elegância de quem se dá, o deleite de quem desfruta, o retiro de quem se assombra e medita.
Da outra sombra, da sombra-placenta dos medíocres, dessa nem me quero lembrar!
Olho para a sombra para, a partir dela, ver e apreciar a luminosidade da vida, seja ela reflectida na, ou pela, alegria ou tristeza, artes ou letras, filosofias ou ciências, distâncias ou proximidades, cânticos ou murmúrios - “pungir delicioso” ou “espinho acerbo” que os “seios da minh’alma” dilaceram, e a alma de “inconsolável amante” me transportam à de “amada ausente”!
Na Fotografia apanho sempre um bocadinho mais de vida que na Pintura.
No Real da Fotografia também encontro o Simbólico e o Imaginário.
Defeito meu.
M., vinte e oito de Maio de 2016
Luís Henrique Fernandes