O Factor Humano - O nosso acampamento
O nosso acampamento
Há uns anos escrevi um curto texto com este título, que dizia o seguinte:
“ O acampamento é uma vida que construímos.
Vamos chegando em momentos diferentes.
Não há tempos de partida,
Apenas retornos a níveis mais profundos,
Aonde vamos habitando sem pressas
E com a tranquilidade de sabermos partilhar.
O acampamento continua quando nos afastamos
E o reconstruimos na memória,
Com a alegria da liberdade.”
Desta vez faltou o Manuel João. No núcleo de quatro, que iniciámos o acampamento em 1987, não é costume haver ausências. Há uma promessa de que não se repetirá a falta.
Os outros três, e alguns mais, voltámos às margens do rio Mente. Na nossa mítica Pejas, onde iremos comemorar em 2017, o 30º aniversário.
É bom manter os amigos e ir incorporando outros, num grupo heterógeno, na idade e nas ocupações, na residência e no estado civil, na ideologia e na cultura.
Há sempre discussões interessantes (este ano sobre a situação da saúde em Portugal, por exemplo), cartas renhidas, cozinhados e “bebinhados”, pesca e ressonares. Há principalmente muitas histórias, muitas memórias, muitos risos. Fala se delas, sem elas…
Como é verão, ainda que não pareça, o Sbou reconstrói as cabanas de galhos e fetos. Gasta-se menos lenha, apenas a indispensável para fazer cantar os potes.
De tudo o resto, não vale a pena contar, mas ficam vontades de escrever sobre os amigos e sobre as águas.
Dessa vontade, ficam apenas algumas perguntas.
Perdeu-se alguém dentro de si mesmo.
Será que ninguém o encontra?
E se todo um mar fosse dormir na nascente de um rio?
O que se pode pescar numa gota de orvalho?
Se alguém encontrasse um rio a correr no mar alto, como seriam as suas margens?
Até ao próximo acampamento!
Manuel Cunha (Pité)
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