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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

14
Fev17

Chaves D'Aurora


1600-chavesdaurora

 

  1. SENHORA DA IRIA.

 

As primeiras notícias da aparição da Virgem, aos 13 de maio do ano de 1917, na aldeia de Fátima, freguesia de Aljustrel, Concelho de Ourém, pelos pastorinhos Lúcia (10 anos) e seus primos Francisco (9) e Jacinta (7), foram trazidas aos Bernardes, de pronto e bem frescas, pela sempre linguareira Zefa de Pitões. Soube-se então que os miúdos, quando apascentavam um pequeno rebanho no lugar chamado Cova da Iria, detiveram-se para rezar o rosário e disseram ter visto, sobre uma pequena azinheira, “uma senhora mais brilhante que o Sol, com uma voz dulcíssima, aparentando não mais do que uns 18 anos de idade”.

 

Seu vestido, conforme consta de um folheto da época, publicado pelo Visconde de Montelo, “ (...) era de uma alvura puríssima de neve, assim como o manto orlado de ouro que lhe cobria a cabeça e a maior parte do corpo. O rosto (...) apresentava-se sereno e grave, como que toldado de uma leve sombra de tristeza. Das mãos, juntas à altura do peito, pendia-lhe, rematado por uma cruz de ouro, um lindo rosário, cujas contas brancas de arminho pareciam pérolas. De todo o seu vulto, circundado de um esplendor mais brilhante que o sol, irradiavam feixes de luz, especialmente do rosto, de uma formosura impossível de descrever, incomparavelmente superior a qualquer beleza humana”.

 

Com a Lúcia, assim dialogara a bela senhora – “Não tenhais medo. Não vos faço mal.” – “De onde é Vossemecê?” – “Sou do Céu” – e, a uma indagação sobre pessoas recém-falecidas – “A Maria das Neves já está no Céu e a Amélia estará no Purgatório até ao fim do mundo” – após o que disse aos pastorinhos que deveriam aprender a ler e, sempre aos dias 13 de cada um dos próximos cinco meses, retornar àquele mesmo local. Ali ela estaria a lhes falar, de novo, sobre muitos e importantes factos do mundo.

 

Como em todas as suas aparições posteriores, a Santa exortou os pastorinhos a “rezar sempre o terço, todos os dias, pelas almas dos pecadores, a paz no mundo e o fim da guerra”. Enfatizou a punição ou reparação dos pecadores, diante das “dores profundas que estes causavam a Ela e a Seu Filho, com suas ofensas, blasfémias e pecados”. A seguir, comunicou-lhes um segredo que não deveriam contar a ninguém. Seria o primeiro dos três famosos segredos, somente revelados, em três etapas, após 1941 (ou, para os céticos, apenas desmitificados, pelo menos no que tangia aos seus alardes apocalípticos e à exagerada importância).

 

No dia 13 de julho de 1917, a Senhora teria mostrado a Lúcia, sua única interlocutora, uma visão horrível do Inferno, “para onde vão as almas dos pobres pecadores”. De Sagres a Melgaço, multidões de devotos correram às igrejas para rezar, impregnados pelo intenso pavor do fogo infernal. Ante uma pergunta de Lúcia – “Que é que Vossemecê quer que se faça com o dinheiro que o povo deixa na Cova da Iria?” – a Virgem teria respondido – “Façam dois andores. Um, leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas, vestidas de branco; o outro, que o leve, Francisco com mais três

meninos. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário; e o que sobrar é para a ajuda de uma capela, que vós m’a heis de mandar erguer.” A seguir, elevara-se aos céus e desaparecera.

 

Na manhã de 13 de agosto desse ano, soube-se que os miúdos foram sequestrados pelo administrador do Concelho de Ourém, o qual supunha que os segredos de Nossa Senhora se referiam a um acontecimento político que acabaria com a República, recém-instalada em Portugal. Como os pastorinhos nada revelassem, mesmo aprisionados e vítimas de uma forte pressão por parte do administrador, acabaram devolvidos às suas famílias. A aparição, nesse dia, teria sido em um sítio diverso do habitual.

 

Ao mês seguinte, setembro, com mais de 15 mil pessoas no local, a Virgem Maria mandara que continuassem a rezar o terço e prometera, para sua última aparição, em outubro, um milagre que faria “todos acreditarem no que os miúdos lhes estavam a contar”. Quanto aos sacrifícios que os três pastorinhos passaram a fazer, Ela teria dito – “Deus está contente, mas não quer que durmais com a corda” (um grosso cordão de penitência, cheio de nós incómodos e que as crianças usavam cingido aos rins). “Trazei-a só durante o dia.”

 

A 13 de outubro desse mesmo ano de 1917, a multidão que, em sua maior parte, acorrera já na véspera à Cova da Iria, perfazia umas 50 a 70 mil pessoas, quase todas a rezarem com seus terços de devoção, seus nonos de fé e os seus inteiros de ingénua credulidade. Consta que então, mais uma vez, a Virgem apareceu em sua áurea de luz e pediu que fizessem ali “uma capela em minha honra”. Disse que era “a Senhora do Rosário” e que “não ofendessem mais a Deus Nosso Senhor, que por certo já anda muito ofendido com os pecados da humanidade”.

 

Contaram os miúdos que “ela abriu suas mãos de alabastro e fez com que estas se refletissem no Sol, ao que após elevou-se e desapareceu no firmamento”. Em seguida, os pastorinhos teriam visto, ao lado do Sol e de Nossa Senhora, o Menino Jesus com São José que “traçavam, com as mãos, gestos em forma de cruz, a modo de estarem assim a abençoar o mundo”. Lúcia vira depois Nosso Senhor a caminho do Calvário, “também a estender gestos de bênçãos ao mundo”. A mais daí, aparecera Nossa Senhora das Dores. Por fim, uma terceira visão: Nossa Senhora do Carmo, com o Menino Jesus ao colo.

 

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