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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

30
Abr17

O Barroso aqui tão perto...


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Hoje no “Barroso aqui tão perto” não tivemos tempo de preparar mais uma aldeia barrosã para mostrar aqui no blog, no entanto, esta rubrica não é feita só com as aldeias e lugares do Barroso, pois tudo que tem como tema essa região tem também aqui lugar, como vai ser o caso de hoje.

 

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A Intervenção – Associação para a Promoção e Divulgação Cultural, com sede em Chaves, desde há 10 anos que tem dedicado a sua intervenção na realização de congressos internacionais de Animação Sociocultural e na publicação de livros, contando no momento com 16 congressos realizados e mais de 20 livros publicados.

 

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Neste fim-de-semana ( de 28 a 30 de Abril), em Ponte da Barca, a Intervenção levou a efeito mais um Congresso Internacional, este subordinado ao tema “Animação Sociocultural: Turismo Rural e Desenvolvimento Comunitário”, no qual participaram mais de 40 especialistas/conferencistas nacionais e estrangeiros, dois dos quais barrosões que também eles Animadores, têm marcado presença nestes congressos. Refiro-me ao Padre Lourenço Fontes e ao Professor Doutor Carlos Fragateiro que proporcionaram ao congresso uma conversa com a seguinte abordagem: a organização de eventos, congressos de medicina popular, as sextas-feiras 13, a animação sociocultural, o teatro religioso, a intervenção comunitária e o empresário turístico no espaço rural com o projeto Hotel Rural de Mourilhe. Em suma, dois barrosões em conversa que se tornaram naturalmente em embaixadores do Barroso,  onde o Turismo Rural e o Desenvolvimento Comunitário estavam a ser debatidos. Ouro sobre azul.

 

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Uma vez que também nós estamos envolvidos nestes congressos, não resistimos ao registo em imagem dessa conversa entre dois barrosões e a partilhá-las aqui neste espaço dedicado ao Barroso, mas também a imagem de um encontro entre o Barroso com o Padre Lourenço Fontes e o Nordeste Transmontano com um careto/diabo.  

 

 

 

30
Abr17

Pecados e Picardias


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A Gina , e  a Bela acho que nunca foram homenageadas com nenhuma medalha do município, provavelmente não terão critério, nem elas nem as mães e os pais e os irmãos e amigos e outros e outras, tantos  e tantas, que levam Chaves por diversos feitos e bem feitos aos cantos do mundo.

 

A hierarquia  para agraciar passa por um filtro que valendo o que vale nem sempre premeia o esforço ou agracia a obra concreta e visível.

 

Falo de homens e mulheres alguns anónimos cidadãos que ao longo do tempo são alicerces e raízes na obscuridade e têm de viver de migalhas e esmolas oriundas dos afetos.

 

Falo de pessoas que não visam lucro e que geram a desconfiança dos calculistas que não conseguem ver para além do dinheiro.

 

Admiro mas admiro heróis que apresentam ao longo dos anos a mesma intensidade de amor incondicional, em causas que não são moda, muito menos fúteis, embora magras e esquálidas, causas que não morrem e mantêm viva a chama alimentada pelo sopro constante da sinergia que corre nas veias da determinação e da perseverança da fé e da crença no é possível…

 

Falo de associações humanitárias mesmo mesmo humanitárias…

 

Falo de associações de voluntários e voluntários que dedicam os seus tempos livres à ajuda de pessoas com incapacidade, vulneráveis, com insuficiência e ou ausência económica.

 

Falo das ligas de amigos , por exemplo a do hospital de chaves cujos voluntários fazem um trabalho de uma dignidade graciosa com uma dignidade e capacidade de interajuda que merece ser louvada.

 

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Mas hoje trago, esta equipa flaviense de futebol feminino que tanto admiro aos anos e que  conseguiu com  o muito esforço e  a dedicação continuar a  manter-se na primeira divisão, com grandes jogadoras  flavienses algumas com vidas profissionais longe Viseu por exemplo , Bragança e outras localidades , mas que compareciam aos treinos religiosamente regressando ao dia seguinte  da sua vida profissional  familiar e dos trabalhos domésticos dos quais não são nunca ilibadas.

 

Trago-vos a reflexão de quem sente uma inversão social na atribuição de valor comercial só a deslumbramentos  a endeusamentos a frivolidades e esquece deliberadamente o profissionalismo dos amadores.

 

É a vida ?!!!

Claro que sim…

 

Obrigada aos elementos constituintes da  direção dos bombeiros voluntários flavienses personalizada no seu Presidente Nuno Coelho Chaves, pela participação espontânea na compra das senhas do sorteio para ajudar, merecem que lhes saia o presunto para partilhar aí com os nossos homens também grandes, os Bombeiros.

 

Obrigada também a todos os que contribuíram e que vão ainda contribuir…

 

Vou então arranjar-me para ir ao jantar.

 

Isabel seixas

 

 

29
Abr17

Assureiras do Meio - Chaves - Portugal


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Seguindo o critério utilizado até aqui nesta mostra de três imagens por aldeia, hoje deveriam estar aqui as Assureiras de Cima, é assim que dita a ordem alfabética, no entanto trazemos as Assureiras do Meio, isto para levarmos as Assureiras  a eito, e depois como bem sabemos, não há regra sem exceção, mas a ordem até nem interessa, o que interessa mesmo é trazermos aqui as nossas aldeias.

 

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Três olhares sobre as Assureiras do Meio, mais propriamente sobre o seu casario, sem vida nas ruas, não por querermos as casas desimpedidas de vida, mas porque ela não estava lá. Curioso que há coisa de trinta e tal anos quando comecei a andar pelas nossas aldeias,  seria impossível tomar qualquer uma destas fotos sem que estivesse desimpedida de gente ou animais, hoje, a realidade é outra, pena de então ainda não me dedicar à fotografia como hoje o faço para podermos comparar, mas também na fotografia os tempos eram outros, era tempo da fotografia analógica em que os seu custo nos obrigava a ser seletivos e contidos na toma de imagens.

 

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Este paralelismo com a fotografia também não deixa de ser curioso, ou seja este antes e depois faz-me lembrar o tempo em que as aldeias estavam cheias de vida, gente, e não havia eletricidade, água canalizada, saneamento básico,  nem ruas pavimentadas. Hoje todas têm eletricidade, água canalizada, saneamento básico e ruas pavimentadas, mas não têm gente.

 

 

28
Abr17

Discursos Sobre a Cidade - Por Gil Santos


GIL

 

O RACIONAMENTO

 

O Marcelino Pão e Vinho andava lazarado!

 

Ele bem escancarava a gaveta do meio da mesa de castanho da cozinha, mas do pão, que antes guardara, nem migalhas! Restava a velha faca do Palaçoulo, gastinha de o cortar.

 

A barriga andava-lhe colada às costas. Deixara há muito de roncar com a fome. Valia-lhe a pena, o Marcelino não tinha como a forrar!..

 

A única coisa que lhe ia valendo era o caldo que sofregamente engolia alapado no escano da cozinha. Um caldo sem unto, bem entendido, feito de cardos apanhados nos lameiros ou nas bordas húmidas dos caminhos.

 

Na primeira metade da década de 40, a tísica arrasou meia nação. E se isso não bastasse, ainda veio a fome negra que esterzicou meio mundo.

 

Bem razão tinha o Velho (filho de Santa Comba Dão) quando, com paternalismo irónico, afirmava:

 

― Portugueses, livro-vos da guerra, mas não vos livro da fome!...

 

A guerra mundial estoirara em 39, o mesmo ano em que tivera fim a guerra civil de nuestros hermanos que lhes impôs o generalíssimo e os colocou em agonia!

 

Perante tais factos e não estando ameaçada como em catorze — pelo menos diretamente — a posse do império colonial e nem tão pouco a independência nacional pela ganância dos castelhanos, Salazar acamaleou! Ora arreganhava os dentes aos camones, nossos parceiros seculares, interesseiros, ora piscava o olho ao Adolfo e ao Benito, já para não falar das relações, quase íntimas, que estabeleceu com Bahamonde. E assim levou a água ao seu moinho. Encheu o bornal da nação de barras de ouro, algum de proveniência duvidosa, e os cofres da finança de notas paridas pela exportação de conservas e de volfrâmio. Ao Zé Povinho castigou-o de fome e de miséria, coisa a que, a bem dizer, já estava afeito!

 

No que respeita à guerra, formalmente e a bem da nação, Portugal declarou a neutralidade a 1 de Setembro de 1939, tendo assinado com Espanha o Tratado de Amizade e Não Agressão a 17 desse mesmo ano. Desta forma permitia manter-se a Ibéria ausente da guerra.

 

Contudo,

“no Foreign Office começam a surgir duas leituras sobre a neutralidade portuguesa, decidindo-se o reexame das relações com Portugal e estudando-se medidas de retaliação económica, algumas das quais, como a suspensão de venda de carvão sob pretexto da falta de tonelagem portuguesa para o transporte, são postas em prática. É neste contexto que se insere a chegada a Lisboa de David Eccles, enviado por Londres para tentar ultrapassar as dificuldades existentes e para negociar uma nova e mais drástica versão do acordo comercial de guerra. A 13 de Julho de 1940, sob proposta do ministro de guerra Hugh Dalton, o gabinete britânico aprova a aplicação do sistema de racionamento aos dois países ibéricos. A 31 de Julho é publicado o Decreto de Represálias que institucionaliza o bloqueio do continente Europeu e o controle na fonte. Estas medidas tomadas pelos ingleses e mais tarde seguidas pelos norte-americanos inserem-se numa vasta política de guerra económica que através do bloqueio económico visava a intercepção das linhas de abastecimento ou de exportação das potências continentais sem tal suserania marítima que por sua vez provocavam a asfixia económica e derrocada do esforço militar do inimigo. Do outro lado as potências do Eixo em vez de imporem um contra-bloqueio anti-britânico precupavam-se sobretudo em furar e interceptar as linhas vitais de abastecimento das Américas para a Grã-Bretanha. (sublinhado nosso)[1]

 

Ora, este quadro forjou alguns anos de forte controlo sobre a produção agrícola, a produção industrial e o comércio. Os agricultores tinham de dar a sua colheita ao manifesto. Alguns, para não a terem rezistada, escondiam-na, ou enterravam parte dela, para depois a consumir, trocar, vender ou até mesmo oferecer. Escapando ao controlo da autoridade, este uso, para grande risco de quem o praticava, alimentava o contrabando, permitindo que alguns comessem e outros enriquecessem à tripa-forra. Para além do mais, nas cidades, vilas e aldeias, cada pessoa tinha direito a umas tantas senhas por mês que lhe permitiam levantar o sustento mínimo nos postos, criados para o efeito, ou mesmo nos comércios.

 

Muita gente ainda recorda esses tempos passados de madrugada nas intermináveis filas das quais, o mais das vezes, se regressava de mãos a abanar. Mas as necessidades eram de tal ordem que valia a pena arriscar e sofrer pela sobrevivência. Muitas vezes, sobretudo nas cidades, de que a capital era particular exemplo, as famílias com muitos filhos matavam a fome com a Sopa dos Pobres, vulgo Sopa do Sidónio. Este caldo era feito sobretudo de massa, feijão ou grão e um cheirinho de carne, evidentemente da mais reles. A Sopa do Sidónio constitui-se como a tábua de salvação dos mais pobres. Muitas vezes eram as próprias crianças que a recolhiam, carregando-a em baldes como a lavadura para os recos!

 

Porém, mesmo perante tanta penúria, o povo não perdia o humor e, como se a música enchesse barriga, ouvia-se cantarolar estas rimas pelas vielas da Ribeira do Porto:

 

Saudades tenho saudades

Em ver o azeite a brilhar

O bacalhau com as batatas

Que fugiu para não voltar

 

Saudades tenho saudades

Desses tempos em que eu ia

Por uma quarta de açúcar

Gritar à mercearia

 

Saudades tenho saudades

Desses tempos que lá vão

Que eu passava o dia inteiro

Lá na bicha do carvão

 

Saudades tenho saudades

Em ver os rapazes novos

Com uma cara de parvos

Por comerem trouxas d’ovos

 

Claro que a Princesa do Tâmega não fugia à regra. Contudo, estou que de uma forma menos severa, uma vez que sendo uma terra com marcas muitos fortes de ruralidade e uma veiga fertilíssima, sempre ia tendo pão!

 

Na rua do Sol havia uma padaria cuja proprietária também tinha forno de cozer. Mas apenas estava autorizada a fazê-lo duas vezes por dia, uma de manhã e outra à tarde. Por isso, constituíam-se longas filas à sua porta até que o pão se esgotasse. Raro era o dia em que não havia zaragata e um ou dois esmoucados! Mas o forno também cozia à socapa, desde que houvesse farinha! Depois, pela porta do cavalo, à calada, serviam-se duas espécies de pessoas: as muito pobres por caridade, e as muito ricas por ganância! Daí que na sua casa ao Postigo, a Marquinhas da Mó tivesse, sob o sobrado, numa espécie de cave secreta, reservas clandestinas de farinha para cozer fora da mãe!

 

Perante tanta penúria, conseguia a farinha através de um esquema, bem urdido, que o marido Carlão cozinhou. Carlão, um emigrado que tomou o nome do lugar de berço, era um homem bom e honesto, dado a boas e mui úteis relações com os agricultores da veiga e da montanha. Eles dependiam da sua forja nas Longras para aguçar as relhas dos arados, as ceitouras e os gadanhos, bem como as sacholas do arranque. Assim, nos dias de feira, com as encomendas deixavam coleiros de centeio ou de trigo para a paga do serviço. Esse cereal, escapado ao controlo dos fiscais, era rilhado a desoras nas mós da azenha do Agapito e alimentava a masseira e o forno da Marquinhas.

 

O negócio andava de vento em popa até que o Zé da Pinta, um sacripanta de maus fígados a quem Marquinhas teria negado um casqueiro, deu com a língua nos dentes. Não demorou uma semana que o casal não tivesse os fiscais à perna. Foram-se à residência e meteram o focinho nos mais recônditos cantos. Felizmente não toparam o alçapão que dava acesso à cave e que se encontrava sob os seus pés quando entraram pela porta principal. O dito cujo estava tão perfeito que nem às tábuas se encontrava emenda! Também foram cheirar à padaria. Mas aí toparam apenas rapaduras de massa e alguns alguidares de Nantes com fermento para a levedura da próxima fornada! Porém, esta ação de fiscalização teve os seus efeitos. Carlão temeu pela sua liberdade e deixou de arriscar tanto, pelo menos nos moldes em que o fazia.

 

A uma das famílias pobres que o casal ajudava pertencia o tal Marcelino Pão e Vinho. Ele era conhecido pelo acrescento não porque tivesse a ver com o filme que os espanhóis haviam de rodar em 1955, baseado na obra de José María Sánchez, mas porque o moço, com os seus dezasseis anos, se gabava de sobreviver tão-somente com uma côdea de pão e um caneco de tintol. Carlão tratou de o empregar para engendrar uma outra maneira, mais segura, de continuar o tal negócio. Falou com seus pais. O que Marcelino teria de fazer era andar de noite pelas aldeias, recolhendo o cereal negociado por baixo de mão com os lavradores nos dias de feira. A única condição que lhe impunha era a de que nunca dissesse, caso fosse apanhado, para quem trabalhava. Como paga encher-lhe-ia a casa de pão cozido e oferecia-lhe a montada no fim da campanha.

 

Aceitaram!

 

Ao lusco-fusco seguia para as aldeias, visitando os clientes que o patrão lhe indicasse. Chovesse que nevasse, pela madrugada regressava com os alforges cheios. Durante o dia ajudava na panificadora e em casa. Peneirava, amassava, tendia, aquecia o forno, enfornava e até debulhava as batatas se preciso fosse!

 

Andava como um sino naquele mester! Papo cheio, d’acavalo para aqui e para acolá. Que mais queria?! A mula fartava-a nas bordas do Tabolado. Depois do serviço acomodava-a nos fundos da oficina de mestre Carlão. A coisa estava a correr bem para ambos os lados. O forno da Marquinhas da Mó fumegava noite e dia. Saía tanto pão pelas senhas do racionamento como pela tal porta do cavalo. Mas, como não há bem que sempre dure, um dia a coisa deu no olho!..

 

Anoitecia com a promessa de chuva grossa anunciada por nuvens negras trazidas pelo vento galego. Corria o mês de março de 43. O Tâmega ia grosso pelo inverno chuvoso daquele ano. O Marcelino aparelhou a mula. Nessa noite tinha muito caminho para calcar e íngreme. Mestre Carlão havia negociado cinco arrobas de trigo com o senhor Antoninho Moreiras do Carregal. Dezassete quilómetros Brunheiro acima e outro tanto ó p’ra baixo esperavam o coiro do Marcelino e os cascos do muar. Para o caminho, botou ao bornal um carolo de centeio e pendurou às costas uma bota de viño do de Anelhe. Para riba foi montado na besta, para baixo à pata. Chegou pela meia-noite a casa do Ti Moreiras. Ajeitou o saco de serapilheira sobre a albarda da mula e à pressa mastigou uma lisca de presunto. Botou abaixo uma pichorra do de Cova do Ladrão e ala que se faz tarde, Brunheiro abaixo!

 

Chegou à cidade pela aurora. Fez-se à ponte de Trajano. Estava deserta. Quando ia a meio do tabuleiro aproximaram-se, a galope, vindos do Arrabalde, dois Guardas da Nacional Republicana. Cercaram-no, perguntando-lhe:

 

 Que leva bocência em cima da albarda dessa mula?!

O Marcelino, habituado às curvas da vida, não se intimidou e respondeu com ar de desprezo:

 

― São rosas senhores, são rosas!

 

Os Republicanos, não gostando da brincadeira, preparavam-se para apear de cassetete em punho para umas arrochadas. A mula do Marcelino, imobilizada junto às grades da ponte, derriçava nas ervas da borda do passeio. Antes que os guardas se arreassem dos cavalos, o Marcelino, vendo a sua boa, vai-se à mula e espeta-lhe a ponta da navalha antre coxas. A coitada, quando sentiu a naifada, protestou num arraial de cracóvios, de zurros e de parelhas! E tinha razão! As montadas dos Guardas assustadas, levantaram-se nas patas da frente e espetaram os ditos cujos com os cornos no rio. Livres do contrapeso, fugiram daquela alma do diabo, à toda, para os lados da Madalena!

 

Dos guardas nunca se avezou qualquer notícia! A última vez que Marcelino os viu arfavam como sapos à tona da corrente do Tâmega, agarrados aos ramos dos amieiros das bordas do Jardim Público. Estou que para além da molha e do cagaço, nada de mal lhes teria acontecido!..

 

Sei é que o saco do trigo foi parar, direitinho e intacto, à cave do Carlão!

 

Sei também que o Marcelino, montado na mula, pôs-se ao fresco para Tamaguelos, ainda nessa manhã. Por lá se quedou até que o incidente foi esquecido.

 

Regressou já muito depois do fim da guerra para nos contar a sua estória!

 

Gil Santos

 

[1]Cf. http://migre.me/vXMLF, em janeiro de 2017

 

 

27
Abr17

Flavienses por outras terras


Banner Flavienses por outras terras

 

Sandrina Fernandes

 

Nesta crónica do espaço “Flavienses por outras terras” vamos até à Área Metropolitana do Porto.

 

Em Valongo, designação que resulta da evolução de “Vallis Longus”, ainda perduram importantes vestígios da extração de ouro no tempo dos Romanos, e é lá que vamos encontrar a Sandrina Fernandes.

 

Cabeçalho - Sandrina Fernandes.png

 

Onde nasceu, concretamente?

Nasci em Chaves, no “hospital velho”.

 

Nos tempos de estudante, em Chaves, que escolas frequentou?

Frequentei a Escola Primária do Caneiro, a Escola Preparatória nº 1 e a Escola Secundária Dr. António Granjo.

 

Em que ano e por que motivo saiu de Chaves?

No ano 2000 fui para Vila Nova de Gaia acabar o 12° ano e em 2001 entrei no Instituto Politécnico de Bragança.

 

Em que locais já viveu ou trabalhou?

Já vivi em Vila Nova de Gaia, em Bragança e agora em Valongo. Trabalhei em Chaves, na Região de Turismo, no Porto, na Porto editora, em centros de estudos em Valongo (fui proprietária de dois), e agora trabalho num Colégio.

 

Diga-nos duas recordações dos tempos passados em Chaves:

A liberdade e o sentimento de segurança.

 

Estando longe de Chaves, do que é que sente mais saudades?

Saudades dos meus pais, da minha infância, da vida sem preocupações...

 

Com que frequência regressa a Chaves?

Normalmente ia a Chaves todos os meses, até porque sou muito “agarrada” aos meus pais, mas agora tenho dois filhos e com o meu trabalho e o do meu marido e as atividades do meu filho mais velho, a ida a Chaves torna-se mais complicada, com muita pena minha…

 

Gostaria de voltar para Chaves para viver?

Voltar a viver em Chaves é uma pergunta difícil... Adoro Chaves, adoro toda a sua envolvência, no entanto a minha vida agora não é lá. Não posso dizer nunca, mas num futuro próximo não me vejo a voltar.

 

 

O espaço “Flavienses por outras terras” é feito por todos aqueles que um dia deixaram a sua cidade para prosseguir vida noutras terras, mas que não esqueceram as suas raízes.

 

Se está interessado em apresentar o seu testemunho ou contar a sua história envie um e-mail para flavienses@outlook.pt e será contactado.

 

Rostos até Sandrina Fernandes.png

 

 

 

 

 

26
Abr17

Cartas ao Comendador


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Meu caro Comendador (22)

 

Afinal, não sou capaz! As cartas, quando lidas por mim, gosto delas, mas quando lidas imaginando que é o senhor a lê-las, acho-as tão aquém, tão pobres, tão esvaziadas de sentido! Pergunto por si: Para quê isto? Porquê isto? Que significado tem o que aqui é dito e o que aqui, sem ser explícito, é, da mesma forma, dito, escrito?

 

De quem vêm estas palavras? Onde pretendem chegar? Há uma direcção nelas, um propósito? Qual? E não vejo nestas “suas” perguntas qualquer resposta à altura delas. Sei que pode não as fazer, nem sequer as pensar, mas não serei eu a poder dar-lhe essa decisão.

 

Envio-lhe esta última, as outras que anteriormente lhe escrevi, serviram-me ontem para acender a lareira e saiba, facto curioso, que mais depressa que o papel, ardeu nelas a tinta das palavras!

 

Estranho é eu, enquanto aquecia nas mãos o meu conhaque e segurava entre os dedos o meu charuto, vê-las a arder sem qualquer lamento, assistindo simplesmente a esse acto de combustão pacífico! (Sem a vírgula, ficamos sem saber o que é pacífico: se o estado em que eu fiquei ao assistir ao acto ou se a forma como decorria o acto em si! Talvez as duas sirvam!)

 

Ao mesmo tempo que as palavras se iam convertendo em cinza, da tinta preta subia aos céus uma luz branca. Se fosse crente diria que era, à semelhança da alma que se evade dos corpos quando eles perecem, também uma alma, pois que após a morte tudo é imaterial e o que distinguirá um ser que foi vivo de outro que nunca o foi?!

 

Mas o senhor, acreditaria nisso? Que das minhas palavras, depois de ardidas, se desprendeu uma massa invisível com consistência de alma?

 

Meu caro Comendador, se há coisa que sempre admirei em si, foi esse seu pragmatismo de não querer ver nas coisas mais do que as coisas são ou mais do que elas se julgam ser. E, por mais que lho tivesse dito que sempre haveria de chegar um dia em que todos nós havíamos de descobrir o quanto estávamos enganados, o senhor nunca se deixou incluir nesse grupo e eu respeitei-o sempre, também por isso.

 

Hoje, enquanto as cartas ardiam, eu senti uma paz tão grande! Não a sei medir nem encontro nada que se lhe compare para lha poder descrever. O melhor que lhe sei dizer é que senti um enorme alívio, semelhante ao que sentimos quando alguém que nos fez muito mal morre e nós pensamos: “Este, já não me faz sofrer mais!”, maneira de dizer, podemos conseguir a mesma coisa quando decidimos que a pessoa morreu e deixamos mesmo definitivamente de a ver sem que haja necessidade absoluta que morra! Toda a necessidade é relativa, disse-mo tantas vezes e eu sem nunca perceber do que o senhor me estava a falar, pois que para mim tudo era tudo, nada existia por partes nem metades nem parcelas, ou se era ou não!

 

Mas, voltando às cartas, as letras saíam das linhas imaginárias, bailavam, entrelaçavam-se e faziam desenhos, grafismos, imitavam fotografias. Houve uma altura em que me pareceu até um filme, tal era a rapidez com que as imagens das fotografias se sucediam uma após outra e com o evoluir da peça e o caminhar lentamente para o fim, o meu estado de espírito elevava-se e, facto para mim inexplicável, a última carta que ardeu foi a primeira onde, por uns segundos, ainda consegui ler as primeiras frases e sabe qual foi a palavra que me saiu? Nenhuma dessas!

 

Poupo-o, por isso, a uma série de questões às quais, nem eu que as fiz, sei responder.

 

Tenho hoje como verdade, não o enumerar de pressupostos racionais, argumentativos ou outros, premissas lógicas com relação estabelecida de causa e efeito, filosofias coerentes e bem sustentadas, mas tão só a paz interior.

 

Sou quem sou e tenho pena que o senhor não tenha percebido isso, nunca porque a sua inteligência o não tivesse permitido, porque lhe permitiu mais do que isso, mas porque eu não lho soube explicar. O sentimento tem esta limitação comparativamente ao raciocínio: nem todas as palavras servem!

 

Sinto-me hoje, não direi na obrigação, mas no dever, posto que parte de mim, de lhe explicar que esta minha atitude não tem nada a ver com aquele pecado mortal de que em tempos lhe falei! Estar-lhe-ei para todo o sempre grato por me ter feito notar a consciência que me passava ao lado. O que aconteceu foi eu ter percebido que o senhor não era, em boa verdade, o destinatário das minhas cartas. E, mais uma vez, a si o devo!

 

Tomei consciência disso no dia em que ficou sem me responder a três cartas que lhe enviei, ou que supus lhe ter enviado, e como a minha vida não parou por causa disso, percebi que não dependia a seguinte, da sua resposta à anterior e percebi, também, que o facto é que eu escrevia para mim e que o que o senhor me estava a fazer notar era que não podemos adiar a nossa vida ficando reféns da resposta dos outros, porque aquilo que adiamos para depois pode nunca acontecer, porque enquanto preparamos a nossa ideal resposta à vida, ela não espera por nós como nós esperamos por ela e percebi, ainda, que talvez fosse demasiado tarde para lhe dizer o que devia ter dito e feito há muito tempo.

 

Falta-me perceber porque recorre o senhor a estratégias tão difíceis e indiretas, digo pouco lineares, para me dizer o que seria tão simples, sendo o senhor um dominador nato da língua portuguesa, mas, se bem o conheço, recorre a esses caminhos tortuosos para me fazer pensar ou concluir que as respostas às perguntas que lhe faço e até às que lhe não faço, estão dentro de mim. Compreendo-o e digo-lhe que comigo essa atitude até funciona, mas não lhe garanto que resulte com toda a gente! Até isto o senhor sabe porque me conhece a esse ponto e está tão por dentro de mim que se não fosse isto uma verdade o senhor teria escolhido certamente outro caminho ou outra forma de me demonstrar as mesmas coisas!

 

A este propósito faz-me lembrar um amigo que em tempos tive e que de cada vez que eu precisava dele, ele me ignorava e quanto maior era o meu desespero e lho fazia saber, mais ele me desprezava. Deixei de o procurar por isso mesmo, porque me pareceu não só uma pessoa cruel, mas falso na amizade.

 

Um dia, quando estava a morrer e eu me fui despedir, ou dizer até breve, estas coisas a gente nunca sabe como falar delas, confessou-me a esse respeito que nessa altura me achou muito frágil e que se me tivesse ajudado eu poderia no futuro voltar a fraquejar, mas se me abandonasse e me deixasse sozinho na dor, eu perceberia a força que tinha dentro de mim! Pelo seu estado debilitado, minto, por educação, não consegui nem bater-lhe nem insultá-lo, embora me apetecesse fazer as duas coisas! Deixei-o morrer assim, sem perceber se ele realmente acreditava no que dizia ou se não passava de um perfeito idiota! A diferença, não me fez diferença!

 

Quando um dia regressar de Londres, e se regressar porque já percebi que essa cidade o fascina, talvez por ter de bom o mesmo que o Porto tem e por não ter as memórias que do Porto não quer ver lembradas, assim é a memória dos homens inteligentes, haveremos de ter certamente oportunidade de falar destes e de outros assuntos que consomem alguns dos seres humanos, digo-o tendo por certo o que é de todo incerto: o seu regresso. Admiro-o por isso, pela coragem que tem em tomar decisões que embora estejam contra o seu sentir, servem na perfeição a sua ambição de futuro ou o seu ideal de presente! E digo isto consciente de que a coragem está, não propriamente no tomar de decisões, o que é relativamente fácil porque até eu o consigo, mas no saber depois lidar e viver com elas!

 

Dizia, se regressar de Londres, avise-me com alguns dias de antecedência porque quero preparar um jantar especial para comemorar a nossa eterna amizade. E digo-lhe isto porque sei que não aprecia surpresas. Enquanto eu pagaria uma fortuna para ver a minha reacção ao desconhecido, o senhor paga o mesmo para se preparar para o que o espera. E isto que dantes eu não entendia, está para mim hoje claro: quer comemorar com antecedência a festa a que vai, contrariamente a este seu amigo que festeja só no fim o que lhe dão de início. Formas de ser, atitudes diferentes, nem melhor nem pior, é assim o modo e o destino dos homens!

 

Se, por decisão do destino ou pura teimosia, que ele é arrogante a esse ponto, e embora seja o que sinceramente eu menos espero que aconteça e o que menos desejo, regressar naquele móvel rectângular de madeira, sei que consigo posso falar da morte com esta clareza sem que o senhor mo leve a mal, farei como combinado e prometido, a não ser que o mesmo destino decida também por mim e contrarie ou inverta os factos vulgarmente ditos normais, de abandonar primeiro esta vida aquele que há menos tempo nela está.

 

Saiba que ainda assim, concordarei com ele porque a vida de cada um não se mede em quantidade, mas em qualidade e a minha, mesmo que o senhor o contradiga, é largamente diferente da sua. Esclareço: refiro-me à intensidade com que vivo as coisas! Eu tenho o finito por eterno e o senhor tem por finito o finito! Vivo por isso mais em menos tempo! Mas, para que possa cumprir com o acordo, peço-lhe que mo deixe escrito, por causa daqueles pormenores legais a que, em sociedade, nós temos de obedecer. Ninguém acreditaria, só dito por mim, que a sua vontade fosse essa e por isso, para que possa dar cumprimento ao seu desejo, rogo-lhe que tenha a maçada de se deslocar a um notário que reconheça a sua assinatura como sinónimo da sua vontade.

 

Não gostava de terminar esta carta desta forma, com receio de que a nostalgia ou saudade, traduzida a anterior palavra do grego para a língua portuguesa, sob pena de que ela se instale em mim e comande os meus próximos dias! É perigoso isto de nos habituarmos às coisas, sejam elas boas ou más. Veja um exemplo: há uns tempos encontrei um amigo de infância e vendo-o a mancar perguntei-lhe o que lhe tinha acontecido. Disse-me que tinha sido operado a um pé fazia um mês. Um ano depois voltei a encontrá-lo e vendo-o da mesma forma a mancar comentei: já vi que a operação não correu bem, ao que ele respondeu: Não, a operação correu bem, eu é que me habituei a mancar e agora não consigo andar normal!

 

Concordará comigo se lhe disser que, às vezes, temos de ser mais ousados que o destino e desafiar, não digo a ordem natural das coisas porque seria pecado, mas o normal desenrolar dos acontecimentos e introduzir algum relevo no terreno para que a satisfação do seu objectivo ou a sua superação nos permita maior satisfação individual. Clarifico: porque não tira umas curtas férias e vem a Portugal verificar se o que deixou para trás está lá ou se continua no seu actual presente?! O senhor percebe bastante mais destas coisas que eu, mas a ideia que lhe estou a sugerir é no sentido de perceber se a partida lhe serviu efectivamente de cura ou se o que o senhor mais não fez foi enfiar-se num buraco até que o descubram ou, exactamente o contrário, enfiar-se num buraco para que nunca o descubram!

 

Talvez esteja na altura de invertermos papéis! Que lhe parece?

 

Sempre o mesmo grande abraço do seu

José Francisco

 

 

25
Abr17

Chaves D'Aurora


1600-chavesdaurora

 

  1. GRANDE GUERRA.

 

O mundo todo acompanhava, estarrecido, a guerra que as elites carniceiras da Europa fizeram eclodir, dos anos 14 a 18 do século XX, em talhos onde se expunham cadáveres esquartejados e os soldados, nas trincheiras, grande parte dos quais advindos como voluntários, viam-se diante de ini­migos que, em igual condição à deles, também estavam à mercê da chuva, do frio, dos lamaçais e, com mais cons­tância, dos piolhos, ratos e carraças. Acabavam quase todos vitimados pelas balas ou gases venenosos, por enfermidades como o tifo e a febre quintã ou, pior ainda, pelas septicemias oriundas de ferimentos mal cuidados, ante a falta de cer­tos procedimentos sanitários e de medicamentos ainda não existentes, como antibióticos, vacinas e outros mais.

 

O maior legado que os marechais dessa guerra deixaram à Europa, após ficarem brincando, insanos e entediados, com os jogos de matar soldadinhos, não de chumbo, mas de carne e osso, foi mergulhar o continente em uma trípli­ce aliança, a dos três efes: fome, fraqueza, falência. A indi­gência aumentara, na maior parte dos países, com a falta de recursos médicos e de géneros alimentícios que pudessem servir de trincheiras ou fortalezas inacessíveis a outros em­bates, bem diversos e mais genocidas e que, tal como aquela guerra, seriam travados contra as forças de Tânatos, o deus da Morte.

 

Nessa batalha, que logo estaria a se anunciar, por toda parte, como guerra não declarada, até mesmo os arquidu­ques Ferdinandos d’Áustria-Hungria estariam à mercê de serem abatidos, não por estudantes bósnios de nome Gavrilo Princip, mas por batalhões de germes mortíferos, criados pela Natureza, nos seus imprevisíveis desígnios de ora mãe, ora madrasta.

 

fim-de-post

 

 

 

 

25
Abr17

25 de abril, Sempre!


 

 

 

Sem tempo para um post original mas com o tempo suficiente para fazer aqui uma reposição,  com a atualização devida.

Aqui fica então a minha homenagem a mais um 25 de abril,  continuando sem perceber o porquê deste dia não ser um verdadeiro dia de festa nacional.

 

A reposição:

Desde o primeiro ano de existência deste blog que aqui é obrigatório recordar o dia 25 de abril de 1974 e, enquanto o blog existir, assim continuará a ser.

 

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Ao longo destes anos fiz algumas composições para comemorar este dia que para sempre ficou ligado e simbolizado pelo cravo, os cravos, a revolução dos cravos, não só porque alguém nesse dia, nua ato espontâneo se lembrou de distribuir cravos pela população de Lisboa e o fotógrafo registou o momento mas também pela forma como a revolução acabou por acontecer, pacificamente e com a adesão em massa da população.

 

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Pois hoje ficam aqui algumas dessas composições e algumas das centenas ou milhares de fotografias que nesse dia se tomaram em Lisboa, em pleno desenrolar da revolução, imagens sempre curiosas e sempre agradáveis de ver e que nos fazem ir à memória buscar alguns momentos desse dia, que para nós flavienses e um pouco por todo o Portugal fora de Lisboa se viveu cheio de expetativas e ávidos por saber o que realmente se tinha passado na capital, é que na altura não havia telemóveis, facebook, nem internet e até os telefones eram escassos. Restava apenas a televisão e a rádio que até à noite do 25 de abril de 1974 também pouco esclareceram com as suas emissões suspensas. Certo, certo, durante esse dia do 25 de abril de 1974 apenas se sabia que em Lisboa tinha acontecido qualquer coisa, ou como eu costumo dizer: à rua, o 25 de abril apenas chegou a Chaves no dia 1º de maio, esse sim, celebrado também em Chaves com o povo todo na rua, em festa, na primeira festa da liberdade que eu conheci.

 

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Pena que o espírito do 25 de abril, da liberdade se tenha perdido e hoje apenas se resuma a um hastear da bandeira e para encher “programa” até se tenha de incluir aulas de hidromassagem, pois festa da liberdade na rua já há muito que não há. Quase parece que temos vergonha dela. Por mim, 25 de abril SEMPRE e viva o 25 de abril, que coisa mais preciosa que a liberdade não há. Mas enfim, deixemos as palavras e ficam então algumas das composições que deixei aqui no blog ao longo dos anos e algumas imagens do 25 de abril em Lisboa.

 

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 Arquivo Expresso (1974), "25 de Abril de 1974: o «Bula»", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_115210 (2015-4-25)

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 (1974), "25 de Abril de 1974: populares e militares confraternizan no Largo do Carmo", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_114282 (2015-4-25)

 

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 (1974), "25 de Abril de 1974: cerco ao Quartel do Carmo", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_114636 (2015-4-25)

 

fotos-de-alfredo-cunha-o-dia-25-de-abril-de-1974.jFoto de Alfredo Cunha

 

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Salgueiro Maia a dirigir-se à população

 

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 (1974), "25 de Abril de 1974: a vitória do MFA", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_114589 (2015-4-25).

 

 

24
Abr17

O Barroso aqui tão perto - Castanheira da Chã


1600-castanheira (40)

montalegre (549)

 

Vamos então até mais uma aldeia do Barroso, do concelho de Montalegre, da Chã, mais propriamente até Castanheira ou Castanheira da Chã para não haver dúvidas ou confusões com outras localidades com o mesmo topónimo.

 

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Vamos desde já à sua localização que ao ser uma das aldeias da Chã, está mais que localizada, sendo mesmo uma terra da chã, do chão do planalto barrosão todo ele a rondar os 1000 metros de altitude, de terra coberta de verde e aparentemente fértil onde os terrenos de cultivo vão alternando com pastagens e algumas manchas de arvoredo característico das terras altas (carvalho, castanheiro…).

 

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Mas sejamos mais precisos. É mais uma aldeia das proximidades da Estrada Nacional 103, a 800 metros e também próxima da Barragem do Alto Rabagão (Pisões) com o ponto mais próximo a cerca de 1500m. A cerca de 5 300 metros da Vila de Montalegre, em linha reta pois por estrada é mais um pouco e, como não poderia deixar de ser, pertence à freguesia da Chã. Quanto a coordenadas  temos 41º 46’ 19.12” N e 7º 48’ 27.21 O, mas como sempre fica o nosso habitual mapa para uma melhor localização.

 

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Quanto ao casario há um pouco de tudo, construções tradicionais barrosãs de granito à vista (que outrora tiveram colmo nos telhados), novas construções, construções abandonadas/degradadas e algumas também antigas que aparentemente foram grandes casas agrícolas em perpianho de granito.

 

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No livro Montalegre, de José Dias Baptista encontrámos o seguinte:

 

Riqueza paisagística

É absolutamente única e lamenta–se que há milhares de pessoas que nos visitam e não tomam conhecimento destas riquezas ! Locais a visitar:

- Margem esquerda do Alto Cávado ( entre S. Pedro e Paradela) – o carvalhal espontâneo;

- O Ourigo (entre Castanheira, Montalegre e Cambezes ) – mancha de folhosas exóticas;

 

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A respeito do Ourigo, na rede dos percursos pedestres de Motalegre existe  o Trilho do Ourigo (PR 2 – MTR) que tem como um dos pontos de passagem a nossa aldeia de hoje – Castanheira da Chã. Daí, não resistimos e fomos ao panfleto deste trilho à disposição no  Ecomuseu do Barroso retirar alguma  informação, bem interessante no que respeita à fauna e flora da região. Informação  que passamos a transcrever:

 

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Descrição do Percurso

O trilho do Ourigo é um percurso de pequena rota (PR). Tem 23 quilómetros de extensão, de forma circular, de nível médio/alto, com início e fim em Montalegre. Passa por diversos pontos de interesse, entre os quais caminhos antigos dos pastores e por núcleos rurais de Torgueda, Castanheira e Cambeses. Este percurso faz-nos atravessar paisagens verdejantes, áreas de carvalhal, manchas de arvoredo autóctone e campos de cultura.

 

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Ficha Técnica

Partida e chegada: Ecomuseu de Barroso em Montalegre

Âmbito: Cultural, ambiental e paisagístico

Tipo de percurso: PR pequena rota / Circular

Distância a percorrer: 23 km

Duração do percurso: Cerca de 8 h Grau de dificuldade: médio/alto

Desníveis: mediamente acentuados, com um grande ascendente

Altitude máxima: 1190 m

Altitude mínima: 920 m

Época aconselhada: todo o ano

 

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Património natural

Este percurso é maioritariamente florestal, atravessando manchas de carvalhal autóctone (com exemplares de azevinho e lamagueira), e extensas zonas de bosque plantados em meados do séc. XX. Neste espaço predominam as árvores exóticas, resinosas (pinheiro e cedros) e folhosas (carvalho-americano e vidoeiro). Aqui podemos encontrar aves florestais como o açor, o gavião, o pica-pau, uma enorme diversidade de pássaros e mamíferos, como o corço, o lobo, a geneta e o esquilo. Também ocorrem grandes manchas de mato alto e rasteiro, resultantes da degradação das florestas, devido ao fogo e aproveitamento de madeira. As zonas de mato são dominadas pelas giestas, tojo, queiró, urzes e carquejas onde habitam várias espécies de répteis, como o sardão e cobra-rateira, assim como de aves de rapina que deles se alimentam, como é o caso da águia-deasa-redonda e a águia-cobreira.

 

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Geologia

Deste percurso temos vários contactos geológicos. Com saída da vila é possível encontrar o granito de Montalegre, que é porfiroide, de grão grosseiro e médio. Este tem duas micas, biotite (negra) e a moscovite (branca), no entanto predomina a biotite. Na aldeia de Castanheira encontramos o granito da Vila da Ponte, semelhante ao granito de Montalegre, apresentando este grão médio. Ao passar em Cambeses do Rio podemos encontrar xistos pelíticos. Ao longo do percurso também podemos ver pegmatitos, com quartzo, feldspatos, moscovite e turmalina. É ainda importante que todos os interessados pela geologia da região se encontrem atentos às alternâncias entre o xisto e o granito durante todo o percurso, onde é possível visualizar alguns contactos.

 

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E como nas nossas pesquisas não encontrámos mais informação sobre a aldeia de Castanheira da Chã, vamos dando por finalizado o nosso post, mas ainda com tempo para deixar aqui aquilo que retivemos sobre esta aldeia.  A paisagem envolvente da aldeia é digna de realce. Muito verde e as tais manchas de arvoredo autóctone fazem o conjunto da composição agradável de ver e de registar em fotografia. Os caminhos de terra que se vão desenhando ao longo desse verde dão vontade de ser percorridos.

 

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Quanto ao casario, há pormenores que nos agradaram, mais que o conjunto que, como já dissemos atrás, é uma mistura de vários tipos de construção. Falta-lhe a harmonia do conjunto de algumas aldeias que conhecemos no barroso,  mas mesmo assim não é desinteressante, principalmente quando as ruas da aldeia são compostas com gente e animais na sua lide diária, a nosso ver o património mais valioso das aldeias barrosãs, pois sem vida, não há aldeias e na Chã, que embora também sofra desse mal do despovoamento e envelhecimento da população que ataca todas as aldeias da região, nota-se ainda ter vida quer nas ruas, quer na envolvência da aldeia, vida essa  bem espelhada na forma e na cor dos campos.

 

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Para finalizar ficam as habituais referências às nossas consultas e os links das anteriores abordagens às aldeias e temas do Barroso.

 

Bibliografia

“Montalegre” de José Dias Baptista, edição do Município de Montalegre, 2006

 

Sítios na WEB

http://www.cm-montalegre.pt/

 

Links para anteriores abordagens ao Barroso:

A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257

Amial - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ameal-1484516

Amiar - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724

Bagulhão - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bagulhao-1469670

Bustelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bustelo-1505379

Cepeda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cepeda-1406958

Cervos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cervos-1473196

Cortiço - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1490249

Corva - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-corva-1499531

Donões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-donoes-1446125

Fervidelas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fervidelas-1429294

Fiães do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fiaes-do-1432619

Fírvidas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-firvidas-1466833

Frades do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-frades-do-1440288

Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100

Ladrugães - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ladrugaes-1520004

Lapela   - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-lapela-1435209

Meixedo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixedo-1377262

Meixide - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixide-1496229

Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-negroes-1511302

O colorido selvagem da primavera http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-o-colorido-1390557

Olhando para e desde o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-olhando-1426886

Padornelos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padornelos-1381152

Padroso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padroso-1384428

Paio Afonso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paio-afonso-1451464

Parafita: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-parafita-1443308

Paredes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-1448799

Pedrário - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pedrario-1398344

Pomar da Rainha - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pomar-da-1415405

Ponteira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ponteira-1481696

Roteiro para um dia de visita – 1ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104214

Roteiro para um dia de visita – 2ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104590

Roteiro para um dia de visita – 3ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105061

Roteiro para um dia de visita – 4ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105355

Roteiro para um dia de visita – 5ª paragem, ou não! - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105510

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

Tabuadela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-tabuadela-1424376

Telhado - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-telhado-1403979

Travassos da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-travassos-1418417

Um olhar sobre o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/2016/06/19/

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1508489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

São Ane - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-ane-1461677

São Pedro - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-pedro-1411974

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Sezelhe - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sezelhe-1514548

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

Vilaça - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilaca-1493232

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

Xertelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-xertelo-1458784

Zebral - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-zebral-1503453

 

 

24
Abr17

Quem conta um ponto...


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339 - Pérolas e diamantes: O dedo e a Lua

 

Arrelia-me e desconcerta-me a tacanhez e o desplante com que certa gente, e alguma rapaziada de esquerda, critica o Museu de Arte Contemporânea de Chaves. Até porque combater a arte é coisa fácil em meios provincianos. Parece mesmo que dá votos.

 

À falta de melhor argumento, ataca-se a cultura porque dá despesa. Quando oiço estas alarvidades, fico com os pelos em pé. Que até não são muitos, mas… são rijos.

 

Muitos nem sequer se dão ao trabalho de lhe fazer uma pequena visita. Argumentam que os bilhetes são caros, que o edifício custou uma pipa de massa ou que as obras de Nadir Afonso os exasperam. Ou, o que ainda é mais ridículo, que o presidente da Câmara é o António Cabeleira.

 

Fazem-me lembrar os pintores denominados Pré-Rafaelistas que, segundo, Hélia Correia, tinham tanta aversão a Rafael que falavam com desprezo da Transfiguração, chamando-lhe pomposa e antiespiritual, sem no entanto nunca para ela terem olhado.

 

Pelos vistos, não aprenderam nada com o exemplo do Centro Cultural de Belém, hoje a joia da coroa cultural de Lisboa.

 

Fica mal a gente séria e responsável tentar vender estes argumentos comprados aos ressabiados que lustram as cadeiras dos nossos cafés.

 

Depois engalanam-se com prosápia e enfeites argumentativos, tentando evidenciar uma desajeitada modéstia que aprendem sempre muito à pressa, pois as eleições impõem o seu calendário e o candidato anterior foi proveitosamente queimado pelas disputas intestinas dentro do partido.

 

São como os lobos que, a pouco e pouco, se vão orientando na direção de um novo líder da matilha.

 

Correm de um lado para o outro à procura da certeza, sem nunca a conseguirem alcançar.

 

Uma consciência limpa é o melhor travesseiro.

 

Parecem preiteantes mirando-se nas biqueiras dos sapatos estendendo gel pelo cabelo e puxando as mangas do casaco adquirido no Corte Inglês. Por vezes vestem os sucedâneos do burel para se disfarçarem de povo. Viciaram-se na crítica fácil e em criarem uma espécie de mal-estar permanente. Lutam contra as evidências e as emoções como quem luta contra os insetos.

 

Apreciam a regularidade da vida, se possível sem nenhum acontecimento particular. Até os domingos parecem incomodá-los.

 

Cada um faz o que pode. Os idiotas costumam fazer idiotices e os espertos, por vezes, fazem idiotices ainda maiores. Que Deus nos dê paciência.

 

São sempre generosos com a crítica e pouco dados ao elogio. Acham que um pensamento acaba sempre por achar um pensador.

 

A mediocridade é sempre penosa.

 

Aprenderão ao envelhecer que as coisas se tornam simples. E também que não vale a pena alterar os hábitos e os princípios apenas pelo prazer de se parecer moderno.

 

Creio que leram Jacques Lacan e acreditaram que quanto mais formos ignóbeis melhor nos correm as coisas.

 

Cito-lhes de graça Michel Houellebecq: “De qualquer maneira, o amor existe, uma vez que se pode observar os seus efeitos.”

 

Ou então Henri de Régnier: “A solidão não é possível senão em muito jovens, quando temos pela frente todos os sonhos, ou então em muito velhos, quando temos para trás todas as recordações.”

 

E termino com um velho provérbio chinês: “Quando o sábio mostra a Lua, o idiota olha para o dedo.”

 

João Madureira

 

 

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