O Barroso aqui tão perto...
Depois de um dia tão intenso como o de ontem em que a nossa atenção se repartiu por vários e importantes acontecimentos, tal como previa, não houve tempo para preparar mais uma aldeia do Barroso para trazer aqui, pois além da escolha e tratamento de imagens, há as habituais pesquisas de procura de informação para podermos deixar mais alguma coisa sobre a identidade e particularidades dessas mesmas aldeias, e isso demora algum tempo, tempo que não sobrou para tal.
Mas promessas são promessas e o blog gosta de as cumprir. Não temos uma aldeia barrosã mas temos algumas paisagens do Barroso, e alguma flora e fauna selvagem barrosa. Motivos que nos despertam o clique por locais onde vamos passando, geralmente nos itinerários entre aldeias, em terras de “ninguém” e algumas que às vezes nem nós que as obtivemos as conseguimos localizar, pois quando partimos à caça de imagens, os momentos captados são tantos, tal como as nossas voltas, que algumas delas não conseguimos localizá-las com exatidão. Sabemos mais ou menos por onde foi, mas não exatamente. São as tais que guardo religiosamente numa pasta chamada “algures no Barroso”.
Tal acontece com pelo menos três imagens de hoje que não sei bem de onde são. As restantes são localizáveis, mas para o post de hoje a localização até nem interessa, pois interessa mais mostrar a beleza da paisagem menos humanizada, alguma dela mesmo selvagem e singular, única embora variada. Pode parecer uma contradição, mas não é.
Sendo o Barroso composto maioritariamente por terras altas, todas a rondar os 1000 metros de altitude, é natural que se tenha dele uma ideia errada de terra fria e agreste, e se de facto isto é verdade, o contrário também o é, com os seus micro climas das terras mais baixas e do Baixo Barroso, com paisagens cobertas de verde, hoje em dia mais verde que nunca com as terras de cultivo a dar lugar a pastagens.
Já o disse aqui e repito, porque nunca é demais repeti-lo, o Barroso é uma pérola dentro do Reino Maravilhoso e realmente o que surpreende é a variedade que vai desde o mais agreste do Alto Barroso e que rodeia e sobe ao mais alto da Serra do Larouco, da Serra do Barroso e da Serra do Gerês, território do penedio, da urze, da carqueja e até da trufa.
Por outro lado, ao descermos ao Baixo Barroso o verde é rei e senhor, não só nos prados mas também na floresta e no cultivo de subsistência ao redor das aldeias onde é possível cultivar de tudo, imaginem que nesta última passagem pelo Barroso até bananeiras e orquídeas ao ar livre vi. Claro que as bananeiras embora cheguem a dar fruto não chegam a vingar para amadurar, mas vingam para enfeitar e marcar presença no Barroso.
Podemos afirmar que as singularidades do Barroso se complementam para termos um só Barroso no seu todo e no seu melhor. Se o verde surpreende e é agradável conviver com ele, o agreste não se fica atrás, na sua simplicidade complexa, na resistência das espécies que por lá resistem e o modo como convivem e se protegem umas às outras, mas sobretudo sãos as sensações de se poder pisar estas terras e as paisagens que desde lá se deslumbram.
Continuando no surpreendente Barroso o que mais surpreende é a variedade e proximidade dos matizes, principalmente nesta época de primavera em que as serras se enchem de colorido amarelo da carqueja ou o também amarelo e branco das giestas a contrastar com o púrpura da urze e um pouco por todo o lado minúsculas flores de plantas também minúsculas que chegam a formar autênticos tapetes com os mais belos bordados.
Mas tudo isto esta ali à mão de semear, pois se agora estamos no meio dos matizes das terras mais agrestes, descemos um pouco e logo entramos nos mantos verdes rodeados da floresta igualmente verde para logo a seguir esbarrarmos com o azul de uma albufeira ou o aconchego de uma aldeia, tudo isto é o inconfundível Barroso
Por último a água, a sua transparência e abundância, não as que está nas albufeiras mas a que brota por todo o lado, cristalina, a atravessar caminhos, a correr nos lameiros ou a cair em cascatas, então quando chove com abundância, como foi nesta sexta-feira passada, é surpreendente como onde menos se espera nascem pequenas cascatas.
Só queria mesmo que as imagens fizessem justiça às palavras que hoje vos deixo, mas isso é impossível, pois por muito que me esforce faltam-lhe os aromas e as melodias dos cantares das aves ou mesmo que seja e só do sussurrar do vento à sua passagem.