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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

14
Nov17

O Barroso aqui tão perto - Covelães


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Ontem ao fim da noite deixei aqui no blog uma imagem da nossa aldeia de hoje, dizia eu que tinha tudo pronto para mais um post sobre o Barroso, mas faltavam-me as palavras, e era verdade, pois abordarmos uma aldeia barrosã só com imagens, estaríamos a atraiçoá-la, e o contrário também é verdade, pois só com palavras, poderíamos deixar aqui a alma do seu ser, mas por muito bonitas e descritivas que as palavras fossem, a essa alma, continuaria a faltar um corpo para habitar.

 

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Pois aqui ficam algumas palavras e algumas imagens para vos dar a conhecer ou reviver, conforme os casos, a nossa aldeia de hoje – Covelães, que a bem dizer (e isto sou eu que o digo) deveria ser Covelães do Rio, e assim já ficaríamos com a tarefa da sua localização simplificada, por exemplo poderíamos dizer que Covelães, fica entre Travassos do Rio e Paredes do Rio, como vai acontecendo um pouco ao longo da proximidade do Rio Cávado.

 

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Iniciemos então pela localização e como chegar até Covelães. Como sempre o nosso ponto de partida é na cidade de Chaves. Então para Covelães aconselho o itinerário mais curto, com apenas 54 quilómetros, via EM507, ou seja a estrada do S.Caetano/Soutelinho da Raia, como passagem por Vilar de Perdizes, Montalegre e depois a M308 que se vai desenvolvendo quase sempre a par do Rio Cávado, primeiro pela sua margem esquerda e depois pela direita. Em termos de tempo, poderemos dizer que Covelães fica a uma hora e pico de distância, podendo o pico ser mais comprido ou curto dependendo das paragens que fizermos pelo caminho, pois afinal de contas vamos em passeio.

 

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Para sermos mais precisos, deixamos de seguida o nosso habitual mapa e as coordenadas da aldeia, que tal como já dissemos fica próxima do Rio Cávado, na sua margem esquerda, a apenas 150 m deste (na distância mais próxima), mas com uma passagem muito discreta ao lado da aldeia, aliás para quem não souber, nem dá pela sua conta. Quanto à altitude, a aldeia implanta-se entre os 925 e os 1000 metros de altitude. Ficam então as coordenadas e o mapa:

 

 41º 48’ 08.78” N  e  7º 53’ 54.58” O

 

mapa-covelaes.jpg

 

Já sabemos onde fica Covelães, aliás para nós é uma velha conhecida, nem que fosse apenas de passagem, pois a aldeia fica num dos pontos obrigatórios de passagem para ir até duas aldeias famosas do Barroso, mais propriamente Pitões das Júnias e Tourém. Assim para quem já foi a estas aldeias, teve de passar obrigatoriamente por Covelães, isto se a abordagem a elas for feita a partir de Portugal, pois há quem as aborde a partir da Galiza.

 

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Embora também de passagem, Covelães pode ser ponto de paragem sem propriamente abordarmos a aldeia. Acontece que junto à estrada existe um bar/restaurante onde um café sabe sempre bem, uma cervejinha em dia quente cai ainda melhor e o comer também agrada e conforta barriguinhas vazias, também já por lá parámos para as três coisas.

 

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E com tanta passagem e há tanto tempo que andamos a passar por esta aldeia, e eu que me lembro já o faço há pelo menos desde 40 anos, dirão que desta aldeia não faltarão fotografias, quer antigas, quer atuais. Pois não, nem por isso, pois como é uma aldeia de passagem frequente, a recolha de fotografias foi ficando sempre para trás, além de ter sido mesmo sempre aldeia de passagem, em que para lá vai-se com pressa de chegar ao destino e para cá, já se vem tarde e mal. O Barroso é assim, o tempo nunca sobra.

 

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Pois fotografias só da era digital. Penso que em tempos, ainda no tempo da analógica ainda fiz algumas, mas se existem, não sei onde param. Da era digital, sim, mas mesmo assim a recolha foi complicada. Costuma-se dizer que à terceira é de vez. Acontece que com Covelães teve de ser à quarta vez. Segundo os meus registos de arquivo tenho uma breve recolha em agosto e outra em setembro de 2013. Coisa pouca para um post, pois ambas foram tomadas em vinda de Pitões e Tourem, já pelo anoitecer e cansadinhos.

 

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A terceira abordagem foi em maio deste ano, num dia que já tive oportunidade de contar passagens neste blog, naquele dia em que depois de passarmos Montalegre o nevoeiro/chuva resolveu cair a terra. Fotos possíveis, só mesmo desde dentro do carro, pois nem sequer prevenidos estávamos para um dia de chuva. Mesmo assim ainda deu para umas tantinhas delas.

 

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À quarta vez sim, bom tempo, até em demasia, pelo menos para a fotografia, sobretudo em certas direções de contraluz, mas sem queixas, pois nesse dia todas as fotografias eram possíveis, decorria então o início do dia de 14 de junho deste ano.

 

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Quanto à aldeia já sabíamos que nos ia agradar. Ao longe, embora agradável de ver, engana. Aliás ao longe todas enganam, mas felizmente a intimidade desta aldeia é bem mais interessante do que aquilo que aparente parece ser ao longe ou a certa distância.

 

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Geralmente abordamos a intimidade das aldeias sem saber o que nos espera. Gostamos mais de fazer a abordagem assim, em verdadeira descoberta com a inocência de uns olhos virgens. Gostamos mais assim do que ser conduzidos por outras descobertas. É certo que por causa desta nossa atitude, às vezes, perdemos alguns motivos de interesse, mas ganhamos outros e depois, para aquilo que nos escapa, uma nova visita é sempre possível.

 

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Pois de interesse, além de alguns motivos que já fomos deixando para trás em imagem e palavras, temos a envolvência da aldeia, por um lado, e o conjunto do seu casario com um aglomerado bem definido e à margem das duas principais vias que a servem.

 

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Pormenores, muitos. Canastros há alguns, maioritariamente os de estrutura em madeira que infelizmente não lhes dá tanta resistência como os que têm estrutura em granito, mas que lhe dá formas interessantes, principalmente com o vergar do tempo. Casario tradicional rural mais antigo também não falta e algum com maior nobreza também há.

 

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Depois o habitual e tipicamente transmontano e barrosão como tanques, fontes, alminhas, cruzes, etc., típico e também traços da nossa cultura. Deixei propositadamente para o fim a Igreja digna de realce pela sua beleza, com torre sineira frontal separada da igreja, mas unida por um alpendre, como muitas com cemitério em anexo, depois do abandono dos cemitérios/campas dentro da própria igreja ou adro.

 

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Quanto à igreja só temos mesmo um lamento – não haver ângulo possível para captar uma imagem com toda a sua beleza e grandeza. Conseguimos uma, com todos os defeitos de uma montagem (embora automática-photomerge) feita a partir de 5 fotos, foi o possível, mas dá para ficar com uma pequena ideia do seu conjunto. Mas há sempre motivos para pormenores.

 

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Passemos ao que dizem os livros e outros documentos, com início na “Toponímia de Barroso” onde consta:

 

COVELÃES

Desde 2013 – União de freguesias de Sezelhe e Covelães.

 

É um topónimo de significação orográfica: Vem por covelas e não de covas, que, nesse caso, daria Covões. De covella, pelo plural covellaes (ais), aes – ães, após a nasalação que é muito comum. A forma mais antiga que se conhece aparece três vezes.

 

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E continua a “Toponímia de Barroso”:

- 1258 “Covelaes” INQ 1512, 1513 e 1519, por sinal ao lado de Feaes (Fiães do Rio, que sofre fenómeno fonológico semelhante) sem que nem um nen outro topónimo, como se prova, se tenha alatinado em anes – seguindo assim a regra geral que o Povo rejeita.

 

O “Arquivo Histórico Português , sob título Povoação de Trás-os-Montes no XVI século, cadastro feito em 1530, que a A. Braancamp Freire publicou em 1909, vol. 7, p. 271 e seg. refere Covelas, por Covelães e atribui-lhe 23 moradores” fogos.

 

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Como sempre e ainda na “Toponímia de Barroso” há a toponímia alegre, onde consta:

 

Pelo rio Mau acima

Quarenta ferreiros vão:

Cada um leva forquilha

Para matar uma rão

 

Boticário de Paredes,

Diga-me se sabe e pode:

Duma pontinha dum corno

Pode sair um charope?

 

O padre de Covelães

Fazia muitas misturas

Molhava o pão em azeite

Deixava o Cristo às escuras.

 

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Do livro Montalegre:

Serve-lhe parcialmente de fronteira o rio Cávado que recebe águas de vários ribeiros do Parque e fazem, em cada recanto, a sedução dos visitantes: o Rio Mau que une as freguesias de Seselhe e Covelães;

 

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É a primeira das freguesias que circuitam a serra da Mourela. Esta serra, verdadeiro planalto de altitude média a caminho dos 1100 metros, é e foi, desde os tempos megalíticos, um local muito apto para a transumância ascendente. Com efeito, as povoações próximas aí conduzem numerosas vezeiras de gado que por lá demoram todo o verão. Tal costume há-de ter origem nos ancestrais pré - históricos que encheram aquele espaço de mamoas, sinal de que aí viveram e morreram. O que também já morreu ou quase (nos dias que correm!) foi a raríssima perdiz cinzenta, também conhecida por charrela! Devíamos envergonharmo-nos de tal notícia! A actual freguesia compõe-se de dois lugares: Covelães e Paredes do Rio. Ambos foram sede de freguesia, aquele sob o orago de Santa Maria e este de Santo António. Nesta localidade existe um pisão, com outras curiosidades dignas de visita, entre as quais uma sala que servirá de polo na rede informática do Ecomuseu.

 

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E penso que vai sendo tudo, pelo menos por hoje, pois como em todas as aldeias, fica sempre em aberto uma nova passagem por esta aldeia onde pela certa continuaremos a passar com alguma frequência e a parar para fazer uns registos, um cafezinho, uma mini ou satisfazer a barriguinha.

 

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E por fim as habituais referências às nossas consultas e links para anteriores abordagens ao Barroso:

 

Bibliografia

 

BAPTISTA, José Dias, (2006), Montalegre. Montalegre: Município de Montalegre.

BAPTISTA, José Dias, (2014), Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso.

 

Links para anteriores abordagens ao Barroso:

 

A

A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257

Algures no Barroso: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1533459

Amial - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ameal-1484516

Amiar - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724

Antigo de Sarraquinhos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-antigo-de-1581701

Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-arcos-1543113

 

B

Bagulhão - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bagulhao-1469670

Beçós - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-becos-1574048

Bustelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bustelo-1505379

 

C

Cambezes do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cambezes-do-1547875

Caniçó - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-canico-1586496

Carvalhais - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-carvalhais-1550943

Castanheira da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-castanheira-1526991

Cela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cela-1602755

Cepeda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cepeda-1406958

Cerdeira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cerdeira-1576573

Cervos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cervos-1473196

Contim - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-contim-1546192

Cortiço - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1490249

Corva - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-corva-1499531

 

D

Donões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-donoes-1446125

 

F

Fervidelas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fervidelas-1429294

Fiães do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fiaes-do-1432619

Fírvidas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-firvidas-1466833

Frades do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-frades-do-1440288

Friães - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-friaes-1594850

 

G

Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100

Gralhós - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhos-1531210

 

L

Ladrugães - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ladrugaes-1520004

Lapela   - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-lapela-1435209

Larouco - Um olhar sobre o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/2016/06/19/

 

M

Meixedo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixedo-1377262

Meixide - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixide-1496229

Mourilhe - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-mourilhe-1589137

 

N

Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-negroes-1511302

Nogeiró - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-nogueiro-1562925

 

O

O colorido selvagem da primavera http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-o-colorido-1390557

Olhando para e desde o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-olhando-1426886

Ormeche - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ormeche-1540443

 

P

Padornelos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padornelos-1381152

Padroso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padroso-1384428

Paio Afonso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paio-afonso-1451464

Parafita: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-parafita-1443308

Pardieieros - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pardieiros-1556192

Paredes de Salto - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-1448799

Paredes do Rio -   http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-do-1583901

Pedrário - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pedrario-1398344

Peneda de Cima, do Meio e de Baixo, as Três Penedas: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-as-tres-1591657

Penedones -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-penedones-1571130

Pereira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pereira-1579473

Pomar da Rainha - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pomar-da-1415405

Ponteira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ponteira-1481696

 

R

Reboreda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-reboreda-1566026

Roteiro para um dia de visita – 1ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104214

Roteiro para um dia de visita – 2ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104590

Roteiro para um dia de visita – 3ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105061

Roteiro para um dia de visita – 4ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105355

Roteiro para um dia de visita – 5ª paragem, ou não! - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105510

 

S

São Ane - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-ane-1461677

São Pedro - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-pedro-1411974

Sarraquinhos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sarraquinhos-1560167

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Senhora de Vila Abril - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-senhora-de-1553325

Sezelhe - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sezelhe-1514548

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

 

T

Tabuadela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-tabuadela-1424376

Telhado - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-telhado-1403979

Travassos da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-travassos-1418417

 

V

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1508489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

Vilaça - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilaca-1493232

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

 

X

Xertelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-xertelo-1458784

 

Z

Zebral - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-zebral-1503453

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14
Nov17

Chaves D'Aurora


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  1. O ÁLVARES.

 

Quando o Álvares foi, pela primeira vez, à Quinta Grão Pará, a menina Aurora escolheu o trajo mais feio que, dentre os seus, assim lhe parecia. Pediu a Zefa de Pitões que lhe (des)ornasse os cabelos com horrendos carrapitos e, a si mesma, maquilhou com tanta brancura, quase a gastar por inteiro o pó d’arroz “Rainha da Hungria”. Estava mesmo a se parecer com uma régia dama; não, porém, a nobre magiar da caixinha de talco, mas sim a falecida Inês de Castro, aquela que em morta foi Rainha.

 

Tais cuidados (ou descuidos) não fizeram com que o Álvares caísse em desistência. A beleza de Aurora era um luzir de pirilampos que, sempre, a escuros e obscuros momentos, haveria de brilhar. Entre goles de chá da Índia e as bolachas com o néctar secreto da Mamã, o viúvo de poses comportadas, mas com olhos lascivos, não tirava suas pupilas da menina pretendida. Naquele comenos, já a considerava sua, no papel e com água benta, destinada a cuidar de si e de seus haveres, inclusive os da carne, para o quê, nas melhor das intenções (das quais o Inferno está sempre cheio), Papá colaborava – Como sabes, Aurita, pois sobre isso já falamos, gostava que dissesses, ao senhor Álvares, se queres que ele assuma contigo os sagrados compromissos do matrimónio.

 

Por alguns segundos, Aurora fez suas meninas vestidas de azul olharem para baixo e fecharem as cortinas de suas janelas. Papá, Mamã e o pretendente puseram-se em penosa expetativa. Finalmente, as meninas desceram até aos lábios e os entreabriram como cortinas, levemente – O senhor Álvares é um homem muito bom, até me agradava sua afeição como marido. Mas espero que não me queira mal, nem ele tenha isso, assim, por uma... uma desagradável desfeita. Ainda não me quero casar – o que fez João Reis fechar a cara, a estremunhar seu visível aborrecimento. Florinda falou à filha, baixinho – Que estás a querer, minha miúda? – e, à moda brasileira – Ficares no caritó?

 

Após um embaraçoso silêncio, Álvares lhe veio em socorro – Ora deixe estar, a menina deve saber o que diz. Além do mais, hoje em dia, não é bom casar uma filha, se dela não forem suas vontades, não é mesmo? Isso era coisa d’antanho. – Pegou seu chapéu, o sobretudo e o guarda-chuva, agradeceu pelo chá, as bolachas e as broas, renovou o boa-tarde a todos e lá se foi, pela Estrada do Raio X, murcho como aquelas ginjas curtidas em aguardente, de uma famosa portinha ao Rossio, em Lisboa.

 

Alguns anos depois, casou-se com uma galega de boas banhas no corpo, boas carnes na cama e bons temperos na cozinha. Isso tudo o fez se esfalfar demais e se estofar nos excessos, tanto os amorosos quanto os culinários, o que, possivelmente, foi a causa de vir a falecer de apoplexia fulminante, tal-qualmente (assim comentava-se) ocorrera com o marido de Adelaide. A morte do Álvares, inclusive, foi em situação (e posição) inusitada, pois o médico, chamado às pressas, encontrou-o no leito conjugal em tal descompostura, que isso tornou-se motivo de comentários jocosos às rodas masculinas e, em alguns ambientes restritos, às femininas.

 

 

fim-de-post

 

 

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