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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

15
Fev18

O Duque é nosso


1600-(40019)

 

Este senhor da estátua era D. Afonso, filho do rei D.João I que casou em 20-10-1401 com D. Brites, filha de D. Nuno Álvares Pereira que, como dote de casamento, doou ao jovem casal todas as terras a Norte do Rio Douro.

 

Após o casamento que se realizou em Lisboa, D .Afonso e D. Brites rumaram até à vila de Chaves onde fixaram residência, por cá ficaram, tiveram 3 filhos (D. Isabel, D. Afonso e D. Fernando). D. Brites acabaria por falecer em 1412 e D. Afonso retirou-se para Barcelos.

 

D.João I, receando uma invasão castelhana em 1419, já depois do tratado de paz com Castela, encarregou seu filho, o Conde D. Afonso, de ir para Bragança, a fim de impedir os invasores e defender o Reino.


Em 1442 é fundada a Casa de Bragança, cujo primeiro representante era D. Afonso, filho legitimado do Rei D. João I, 8.º Conde de Barcelos e, a partir deste momento, 1.º Duque de Bragança.

Teria sido por esta época, após 1442, que D. Afonso quis educar e disciplinar o povo, fundando a Confraria da Nobre Cavalaria de Santiago, em Bragança e Confraria da Nobre Cavalaria de S. João Baptista, em Chaves. Viveu D. Afonso as suas últimas décadas na vila de Chaves. A sua vida teve termo, em dia desconhecido do mês de Dezembro de 1461, tendo sido sepultado na Igreja Matriz de Chaves, Mais tarde os seus restos mortais foram transladados para o novo Convento da Veiga:

Viveo noventa e hum annos, foi fepultado em fepultura raza na Capella maior da Igreja Matriz da dita Villa, e dalli foi transladado para o noffo Convento da Veiga, fendo ainda de Clauftraes, e colocado em nobre maufoleo na Capella maior da Igreja á parte do Evangelho; e quando viemos para o fítio, onde hoje eftamos, trouxemos os feus offos com o mefmo maufoleo para o Convento novo (de N.ª S.ª do Rosário ou S. Francisco)".

Santiago, Dr. Francisco de – Chr sa Santa Prov. Nª Sª da Soledade

 

Estiveram os seus restos mortais sepultado em Chaves quase durante V Séculos, mais precisamente até ao dia 26 de setembro de 1942, dia em que “pela calada da noite”  nos foram roubados e levados para a Igreja de S.Agostinho em Vila Viçosa.

 

E mais uma vez pergunto eu:

 

Se o Homem era o dono disto tudo, adotou Chaves como sua terra, cá viveu com a sua mulher, cá teve os seus filhos, cá morreu e quis ser sepultado, onde de facto esteve durante 500 anos, porque raio, em plena ditadura nacional foi parar a Vila Viçosa?

 

Não seria tempo de se fazer justiça e exigir o seu regresso a Chaves?

 

 

 

15
Fev18

A pertinácia da informação


a pertinacia.png

 

O Carnaval não é para brincadeiras

 

Hoje tinha programado falar de eventos culturais, pois considero que as atividades culturais de um município que envolvem toda a comunidade devem contribuir para promover algo de educativo, num contexto festivo, certamente, mas que não esqueça aspetos culturais, identitários da História local, por exemplo.

 

Assim, queria falar de Carnaval e explicar porque acho que o Carnaval não é para brincadeiras. Sou a primeira verificar que há imenso trabalho envolvido na conceção, organização e realização de eventos como o Desfile de Carnaval realizado pelas escolas e associações em parceria com uma Autarquia. Mas, precisamente por saber desse esforço da parte de todos os intervenientes, gostava que este tipo de eventos fosse mais produtivo no sentido da verdadeira envolvência de toda a comunidade para o efeito que serve: a cultura, e já agora que seja algo identitário.

 

Eu não abordo sempre o mesmo assunto porque sim, nem porque o fui beber a algum sítio e não sei mais que dizer! Falo de cultura identitária porque acho que é isso que nos faz ter raízes, e como já expliquei inúmeras vezes, numa época em constante movimento e transformação precisamos de um referencial uno e forte que não nos deixe perder, num emaranhado de informação e num mundo global. Esse referencial são os valores e os princípios que nos ligam à noção e à essência de ser Humano. Só entenderemos o que é um ser humano se entendermos a nossa história, se soubermos de onde vimos, se nos aceitarmos e nos preservarmos com o que de melhor temos.

 

Educar para valores é uma obrigação de todos, com diferentes graus de responsabilidade com certeza, mas onde as atividades culturais do município, organizadas pela autarquia, escolas e associações, são uma excelente oportunidade para articular esforços entre todos e promover princípios e valores identitários.

 

Antes de começar a realizar o que quer que seja faço perguntas, e se tivesse que organizar uma atividade como um Desfile de Carnaval, com jovens e crianças das escolas e associações, perguntava: O que é o Carnaval? E o que é o Carnaval para nós, flavienses?

 

Acho que eu mesma sempre tive dificuldades em responder a essa questão. Dir-me-ão que Carnaval é para as crianças se divertirem e se mascararem do que quiserem… muito bem, concordo, também é isso. Por isso as crianças me respondem: “Se ficasse na escola a brincar com os meus amigos era melhor”. As crianças têm quase sempre razão e dizem a verdade, seria melhor para elas não apanharem frio, seria melhor para os professores, que não teriam esse trabalho, seria melhor para os pais não gastarem dinheiro e viverem com a culpa de não os poderem ir ver ao desfile… etc. etc. Eu sei do esforço que fazem os professores em participar num evento do género, será efetivamente profícuo passar noites a coser fatos para as criancinhas? Não seria melhor trabalhar com tranquilidade e com tempo, com jogo e com brincadeira certamente, valores e princípios? Como? Isto parece muito vago, não é? Mas já repararam que ninguém sabe muito bem como se brincava ao Carnaval antigamente? Se calhar não se “brincava ao Carnaval”! Como evoluiu o Carnaval ao longo da nossa História? E na nossa tradição local? Eu até acho que se calhar nós nem sabemos muito bem o que é o Carnaval! Nenhuma das minhas duas avós falava bem do Carnaval. Como é que a nossa cultura Judaico-Cristã convive com a folia do Carnaval?

 

Já habitei em sítios onde se olhasse lá para fora via foliões e barulho e fanfarras a esta hora da tarde, mas, aqui, hoje não vejo nada. Há quem tivesse aproveitado o dia para descansar, para visitar a família ou para fazer o que bem lhe pareceu. Porque se insiste em obrigar as escolas a organizar desfiles de Carnaval que acontecem em dias que nem os pais das criancinhas podem ver, pois estão a trabalhar? Eu sei, acabo de dizer algo perigoso! Politicamente, perigoso. Mas só afirmo o que muita gente também pensa. Quem ganhou realmente com isso [o desfile de Carnaval deste ano]? E volto a frisar, para quem ainda não entendeu onde quero chegar: devem certamente fazer eventos com as escolas e com a comunidade, mas que efetivamente respondam aos propósitos que servem. Que propósitos servem os desfiles de Carnaval das escolas?

 

Reparem, nós não sabemos muito bem o que é o Carnaval, no fundo parece que não sabemos muito bem quem somos e queremos fazer, mas queremos fazer coisas cada vez mais espetaculares, criativas e singulares… exatamente como se faz em todos os outros sítios. São as modas, talvez. Mas a verdade é que cada vez que que se pede a alguém “Elabore x” a tendência primeira é ir ver como já se fez “um x qualquer noutro sitio”. Mas às vezes não se olha para nós mesmos e não se acredita em nós mesmos… Portanto fazemos desfiles de Carnaval porque se fazem desfiles de Carnaval e não se acredita que seriamos felizes se não os fizéssemos. Assim, todos entram na palhaçada. É um stress e uma trabalheira absurda, sou a primeira a solidarizar-me com todos, até mesmo com o poder local, sei de vereadores cujo momento mais difícil da carreira política foi decidir se saía desfile ou não por causa da chuva que todos os anos teima em cair ou não! Vá-se lá saber porquê, o raio das condições climatéricas da nossa terra, teimam em nos deixar sempre meio apreensivos no Carnaval! Sei, ainda de professores e educadores que passam noites a coser e talvez depois lhes faltem forças para “educar e ensinar” no dia seguinte, como gostariam de fazer. Sei de funcionários diversos que se esforçam tanto e depois acham terrível vir alguém dizer mal, como estou aparentemente a dizer. Mas não estou! Estou solidária, e é por estar solidária que acho que as pessoas se deviam convencer que aquilo que não é natural e que é difícil e que causa stress… é porque se calhar não deve ser, ou então deve ser feito e bem feito. Queremos Carnaval? Então vamos estudar o que é o Carnaval. O nosso e o do mundo.

 

Vamos explicar e sem vergonha o que é o nosso Carnaval Flaviense. Vamos transmiti-lo. Vamos orgulhar-nos dele. Se chegarmos à conclusão que não temos um carnaval… assumamos que não temos, sem vergonha e sem medo. Compreendamos que factos históricos nos fizeram não ter. Através das escolas e as associações, em parceria, vamos explicar a nossa história e deixemos brincar livremente as pessoas e as crianças como queiram.

 

Queremos uma “marca”? Marca não, confesso que o conceito de marca me deixe um pouco reticente… Então digamos, queremos uma imagem e dar continuidade à imagem identitária? Então temos que abrir os olhos e ver o que temos! E não nos faltam coisas de que nos orgulhar. Façam-se eventos festivos que promovam essa imagem, que transmitam esses valores às gerações futuras… Se queremos um desfile de Carnaval, terá que ser num dia em que todos possam assistir ao mesmo. As entidades envolvidas devem poder negociar dias de dispensa ou férias para poderem participar e organizar… e com o tempo as pessoas acabarão por querer a participar voluntariamente. Um grande evento emblemático deve reunir esforços para o ser. Mas terá que ser precisamente o dia de Carnaval? Nós temos outras festas ao longo do ano! E temos festividades próprias da cidade… onde se ensina às crianças e aos jovens o que é o dia 8 de Julho? Porque se festeja o Halloween e não se cantam os reis? Porque não se conhece a lendas das duas chaves, a lenda das cinco chaves, da Maria Mantela, da Moura encantada… e porque não se dá continuidade aos eventos? Meus senhores, isto aqui não é o pequeno império dos pequenos Imperadores nem o Pequeno Feudo dos Senhores Feudais! Não brinquem com o Povo!

 

Ensinem os jovens identificar-se com a sua terra, a preservar a sua cultura e a querer ficar e lutar por um sítio melhor.

 

As tradições podem ser reinventadas ou readaptadas, faz parte da evolução… mas algo se deve manter. E lá vamos nós a Espanha, para dar exemplos, como o caso dos jovens de algumas localidades espanholas (Galegas) que embora absorvam tudo o que de bom e de mau tem a pós-modernidade, continuam a cantar a Rianxeira e frequentemente fazem parte de grupos de folclore.

 

Não sei… talvez seja amor, ou se calhar bom senso e bom gosto.

 

Lúcia Pereira da Cunha

 

 

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