Ventuzelos - Chaves - Portugal
.
Ontem estivemos
.
.
Ventuzelos é mais uma daquelas aldeias que não costuma ficar na passagem dos nossos itinerários principais e assim, suponho, que será desconhecida da maioria dos flavienses. Pois não sabem o que perdem. A aldeia é interessante, com um núcleo bem definido de casario tradicional em granito e as inevitáveis construções (poucas) mais recentes na periferia, mas sobretudo, Ventuzelos goza de uma localização privilegiada em termos de vistas.
.
.
Da própria aldeia avista-se todo o vale de Chaves até às montanhas de Barroso e Galiza, mas se subirmos ao monte de Santa Bárbara, onde se ergue uma capelinha em honra da santa, além do vale de Chaves e das montanhas barrosas e galegas, avista-se toda a encosta até terras de Vidago e Vila Pouca de Aguiar e Boticas.
.
.
Eu tenho a mania que conheço todo o concelho, becos e caminhos, mas só há umas semanas atrás é que conheci o monte de Santa Bárbara e as suas vistas, e como flaviense é imperdoável não se conhecer aquele lugar, não só pelas vistas que se perdem, mas também por ser um lugar histórico para os flavienses e desde onde se ditou muita da história da cidade de Chaves, pois foi nas encostas deste monte que em 1809 esteve acampado o General Silveira durante as Invasões Francesas, de onde depois partiu com as suas tropas para reconquistar Chaves.
.
.
Ao que parece e estando no monte de Santa Bárbara compreende-se o porque, era um local privilegiado também para as estadias de militares e outras lutas. Em Março de 1823, foi palco das lutas entre miguelistas e liberais onde o 2° Conde de Amarante, depois Marquês de Chaves, combateu a divisão liberal comandada pelo general Luís do Rego, tendo esta divisão sido obrigada a abandonar o campo de batalha como vencida.
.
.
Surpreende-me ou talvez nem tanto, que em vez da capelinha de Santa Bárbara não tivessem construído por lá um castelo. Mas consta, embora praticamente não haja vestígios, que existiu um castro.
.
.
Mas dizia eu que talvez não me surpreendesse muito que no monte estivesse a Capelinha de Santa Bárbara, pois segundo a minha vivência dos episódios de trovoadas em Chaves, muitas delas atravessam precisamente o Monte de Santa Bárbara em direcção a Chaves. É um fenómeno que até tem explicação científica e os homens das electricidades até já mo explicaram, mas lamento, não aprendi muito bem a lição. Sou testemunha que muitas trovoadas vêm daqueles lados, por isso a capelinha de Santa Bárbara está lá muito bem e com as suas boas vistas que alcança desde os
.
.
O Orago da aldeia é no entanto o Santo Amaro cuja adoração é feita na capela da aldeia. Quanto à festa, bem, esqueci-me de perguntar, mas consultando alguma documentação dispersa dos meus arquivos das festas e romarias aparece-me o 4 de Dezembro com festa em honra a Santa Bárbara e o 15 de Janeiro como festa em honra de Santo Amaro. Estou em crer que nem uma nem outra se festejam nos tempos actuais, pois a verdadeira festa da aldeia é em Agosto, quando as ruas se enchem de gente e reúnem os filhos de Ventuzelos dispersos por esse mundo fora, pois Ventuzelos não foge à regra da emigração, de caminhar para a desertificação, do envelhecimento da população e da baixa taxa de natividade.
.
.
Pese embora aquilo que disse atrás, sempre que fui a Ventuzelos encontrei crianças a brincar na rua, o que hoje em dia já é raro. Segundo apurei a aldeia tem 9 crianças em idade escolar, número insuficiente para ter escola e por isso são transportadas diariamente para a Escola do Caneiro em Chaves.
.
.
Mas vamos aos números e ao oficial da aldeia de Ventuzelos.
Ventuzelos fica a
.
.
Quanto à actividade das pessoas da aldeia, tirando as que estudam, estão reformadas ou empregadas fora de Ventuzelos, há os resistentes que vivem da agricultura (centeio e batata), do gado (principalmente ovelhas) e da floresta, mas tudo a escala pequena, pois os braços mais jovens para o trabalho, já há muito que partiram à procura de melhor vida.
.
.
E por hoje é tudo, amanhã abrirei esta janela de novo para a cidade e talvez com um passeio pela Ponte Romana e pelo Jardim Público, para variar, pois são os dois temas actuais em debate na cidade.
Até amanhã!