Chaves, cidade, concelho e região - Uma foto por dia com coisas do frio
Eu sei que está frio, que muita gente não gosta, que andam por cá todos encolhidinhos e até há quem proteste, aliás eu sou um deles, não protesto com o frio que até o prefiro aos dias de inferno do verão, é mais um protesto de reivindicação, o de que deveríamos ter um subsídio (ou subsílio) do frio, e era mais que justo (digo era porque já sei que não o vamos avezar), pois além de estarmos para aqui longe de tudo (saúde, educação superior, cultura, etc.) e de contribuirmos como os restantes portugueses com os nossos impostos, ainda temos de mamar com 9 meses de inverno, frio, gelado. Antigamente ainda davam qualquer coisinha para o combustível de aquecimento, agora, nem isso. Havíeis de ver como era se Lisboa mamasse com o nosso frio… mas hoje não quero falar disto, mas antes das coisas boas que o frio também nos dá, ou ajuda a fazer.
Com a variedade de coisas que vos deixo nas imagens de hoje dão para esquecer e aquecer durante umas horas ou uns dias, depende do tempo que durarem. E o que se pode fazer com elas? Ui! Uma variedade de iguarias, não sei qual a melhor. Tudo junto, peça a peça, cozidas, assadas, cruas, às rodelas, aos pedaços, misturadas, etc. Desde a simples rodela crua de uma linguiça ou salpicão ou mesmo em omeleta com ovos caseiros das galinhas poedeiras, pés, orelhas e pernil cortadinhos em saladas ou entradas, bem isto e muito mais, que marcha sempre, a qualquer hora e sem ser necessário irmos à mesa, que essa, fica reservada para iguarias que demoram muito mais a comer, pois comem-se com calma e sem medo de acabar, pois estas coisas é sempre à fartazana.
Pois vamos então à coisas que vão à mesa, começando talvez pelas mais simples como uns ossinhos da assuã, umas couvinhas, uma batatinha, um pouco de azeite e mais nada, coisa simples, para desenjoar. Ou então podemos ir para uns milhos, nas duas versões, a versão pobre, com milhos, couve e umas coisinhas das que estamos a falar lá pelo meio, os mais gostosos, ou então os mais ricos, com os milhos e um bocadinho de tudo das coisas que estamos a falar. Para mim tanto faz… desde que o vinho seja do bô, venham eles quentinhos para a mesa. Depois há o tradicional cozido ou variantes como a palhada, onde leva de tudo um pouco, que é sempre muito: linguiça, salpicão, pé, orelha e orelheira, uns ossinhos da assuã, pernil, presunto, barriga, sangueira, chouriços de sangue, de cabaça, etc, etc, etc, pois isto varia um pouquinho de casa para casa e de terra para terra, que eu nunca sei bem como é, pois como cresci com cozidos feitos com influências de Chaves, Montalegre e Vila Pouca de Aguiar tudo no mesmo pote, nunca cheguei a perceber à moda de quem era, mas era à moda de cá, da região… Claro que isto são só as carnes e enchidos, pois há a acrescentar as couves, grelos também marcham, uma batatinha cá da terra que das outras nem os recos gostam delas, azeite também cá da região, incluindo o vinho do bô, aliás, tudo isto tem de ser cá da terra ou da região, pois o tal frio que nos tolhe, tempera estas coisas todas q.b. para nos arregalar os olhos à mesa.
Claro que isto não é manjar para todos os dias, duas a três vezes por semana está bem, nos outros dias podem ser coisas mais simples, como uma alheira com uns grelinhos, uma batatinha, azeite, vinho do bô e chega. Outras vezes pode ser apenas um petisco com linguiça e salpicão assado na brasa, uns grelinhos, se houver um butelo também pode marchar, uma batatinha, azeite e vinho do bô. Ou então um pernilzinho fumado assado no forno, com umas batatinhas ao lado, uns grelinhos e vinho do bô. Aqui pode-se dispensar o azeite, mesmo os grelos marcham bem sem ele e depois o prato tem de estar equilibrado, daí a importância das verduras e do vinho do bô que são para quando estas coisas entrarem todas em reboliço no estomago, o vinho do bô e as verduras estão lá ao lado e cortam as gorduras e outras coisas que fazem mal. Tudo isto só com as coisas das fotografias, pois o resto do requinho, ui, dá para milhentos pratos variados para todas as refeições, como por exemplo um rojões ao pequeno almoço com café e leite ou então umas filhoses de sangue… já sei que estas últimas na maioria não as conhece, só os barrosões, mas era a minha vantagem de ter uma cozinha mista de Chaves, Vila Pouca e Montalegre, pois essas filhoses de sangue eram receita de Montalegre, uma delícia que já há muito não avezo… Acho que vou ficar por aqui e ainda bem que o meu médico não acompanha o blog!
Até amanhã!