Chaves D'Aurora
- RECONQUISTA.
Os mouros foram expulsos de Chaves no século XII, durante os anos da Reconquista, por um grupo de combatentes, menos interessados na fé cristã do que nas pilhagens aos bens dos derrotados, comandados pelos irmãos Garcia Lopes. Segundo uma polémica histórica, esses manos teriam expulsado, não exatamente os mouros, mas outros povos invasores, quiçá os Leoneses, mas o facto é que, fosse aos de Leão ou aos mouros, os valentes lusitanos reconquistaram para Portugal, sem qualquer auxílio régio, essa parte norte do território ibérico. Conta-se que, sob o arco da igreja Matriz, há uma lápide tumular, com inscrições que glorificam e perpetuam a memória desses aventureiros:
“Os dous irmãos com as quinas
Sem rei tomaram a Chaves
Donde em campo de ouro finas
Lhes foi dado por suas signas
Em seu escudo cinco chaves.”
(Não consta porém, como denunciado no livro “A Igreja de Santa Maria Maior de Chaves”, de Francisco Gonçalves Carneiro, a comprovação histórica e material desse epitáfio).
Posteriormente, Dom Dinis, de alcunha “o Lavrador”, construiu um castelo (hoje inexistente) e levantou nova estrutura de muralhas. Desses paredões, alguns ainda remanescem em grande parte da cidade, principalmente em torno da Torre de Menagem.
Chaves foi destruída e reconstruída várias vezes, ao longo dos tempos. Sobraram poucos vestígios da povoação original, até que, sobre o que restara de suas muralhas, fez-se a reconstrução de outra vila, na segunda metade do século XIV, após a retomada da região pelo Mestre de Avis, no cerco do qual nos fala Fernão Lopes, em sua “Crónica de El Rei D. João”, capítulo 69: “(…) Ainda em local da antiga Vila de Santo Estêvão (…) acampou o Mestre de Avis com as suas aguerridas hostes, em dezembro de 1385, em cuja região se detiveram bastantes dias (e ali mesmo comemoraram a ceia do Natal), em aprestos bélicos para a ingente e temerosa investida da formidável cidadela de Chaves, que tomara voz por Castela”.