Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

28
Mar17

Chaves D'Aurora


1600-chavesdaurora

 

  1. MOSCAS E MOSQUITOS.

 

Apesar de morar tão próximo de Hernando, Aurora passou muito tempo sem vê-lo. Como acontece quando se espanta uma incómoda mosca, mas o inseto persiste em voejar em torno do incomodado, assim estava a menina a tentar nunca mais pensar nele. Esse mosquito maroto, no entanto e por diversas vezes, vinha que lhe vinha pousar à lembrança ou, até mesmo, materializar-se em carne, osso e sedução. Tal ocorreu a um entardecer, em que ela estava a passear com os familiares, por entre as alamedas do Jardim Público.

 

 Era véspera do feriado em que se iam comemorar cinco anos da vitória dos republicanos, contra a incursão monárquica em Chaves. O florido parque, construído entre as margens do Tâmega e a Avenida Dom João I, na Madalena, relativamente próximo à Quinta Grão Pará, ainda hoje é um belo e bucólico recanto. Naquele tempo, aos fins de semana, Reis tinha o costume de levar a família a passear, para usufruir, nos dias soalheiros, do excelente passeio pela fresca das brisas que as árvores proporcionavam.

 

Nessa noite de 7 de Julho de 1917, o Jardim Público apresentava-se ornamentado com uma profusa iluminação elétrica, para fazer jus a um festival de grandes atrações: concerto de canto coral com alunos da Liga Flaviense; queimação de vistosos fogos-de-artifício, pelos mais hábeis pirotécnicos da localidade; um grupo de “gentis damas da sociedade de Chaves” a vender sortes, no recinto de um bazar organizado às proximidades do coreto e cujas rendas, incluindo o aluguel de cadeiras, seriam revertidas em favor da subscrição nacional pelas vítimas da guerra e suas famílias órfãs. Haveria também a distribuição do bodo (roupas e alimentos) aos pobres.

 

 

coreto.JPG

Jardim Público de Chaves. Coreto. (PT). Foto de Raimundo Alberto (2010).

 

Máxime seria o Hino Nacional cantado pelos praças da Cavalaria 6 e da Infantaria 19, juntamente com a admirável Banda dessa Infantaria, a qual, como já o fazia habitualmente, iria tocar lindas peças musicais: “O Barbeiro de Sevilha”, Ouverture, de Rossini; “Madame Butterfly”, de Puccini; “Segredo do Rajá”, de P. Ribeiro; “Regresso a Chaves”, de O. Douvens; “Tanauser”, opereta, seleção, de Wagner; “Cantares da Aldeia”, de B. da Costa e outros melódicos manjares, dentre os quais algumas mazurcas e zarzuelas.

 

Comentava-se elogiosamente que, com a nova iluminação do Jardim, os integrantes da Banda podiam agora ler melhor as partituras, sem a deficiente luz elétrica anterior, pois, às vezes, aquela chegava a interferir no desempenho das mãos ou da boca dos músicos. Até então, muitas vezes, tornava-se bem difícil aos olhos destes conseguir, com exatidão, descobrir o que se estava a enxergar nos pentagramas. Já não bastassem os pequenos insetos, que teimavam em pousar sobre as partituras e se confundirem com as notas da composição! Disso tudo, resultavam desafinações eventuais, nada agradáveis e eufónicas aos ouvidos do público, menos ainda aos componentes da Banda. Para os músicos, realmente, isso era constrangedor.

 

fim-de-post

 

 

 

 

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.

Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.

Sobre mim

foto do autor

320-meokanal 895607.jpg

Pesquisar

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

 

 

19-anos(34848)-1600

Links

As minhas páginas e blogs

  •  
  • FOTOGRAFIA

  •  
  • Flavienses Ilustres

  •  
  • Animação Sociocultural

  •  
  • Cidade de Chaves

  •  
  • De interesse

  •  
  • GALEGOS

  •  
  • Imprensa

  •  
  • Aldeias de Barroso

  •  
  • Páginas e Blogs

    A

    B

    C

    D

    E

    F

    G

    H

    I

    J

    L

    M

    N

    O

    P

    Q

    R

    S

    T

    U

    V

    X

    Z

    capa-livro-p-blog blog-logo

    Comentários recentes

    FB