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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

25
Mar18

O Barroso aqui tão perto - Viveiro


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Apetecia-me divagar outra vez sobre os vários Barrosos que há dentro do Barroso, mas para não estar a bater outra vez na mesma tecla, não o vou fazer, mesmo porque afinal de contas o Barroso é mesmo assim, cheio de singularidades e contrates, onde os múltiplos matizes fazem do Barroso uma autêntica obra de arte.

 

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E foi aqui neste Barroso que encontrámos em terra um Viveiro verdejante com os azuis do céu e das montanhas a servir de fundo a esta tela … e eu!? Interrompe-nos a marela — não entro!? — Claro que sim.

 

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Ainda antes de entrarmos na intimidade da aldeia de Viveiro, já estávamos em estado de satisfação, embriagados com o verde, mesmo sem ser de absinto, e perdidos no ondular do mar de montanhas, mas ir tão longe não era possível e Viveiros estava ali aos nossos pés. Entrámos.

 

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Mas para chegar à entrada e à intimidade de Viveiro tivemos de percorrer 74 quilómetros, desde Chaves, o nosso ponto de partida.

 

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A escolha do itinerário caiu mais uma vez pela estrada do S.Caetano, Soutelinho da Raia, Montalegre e Barragem de Sezelhe, aqui como a estrada bifurca, seguimos em frente em direção a Covelães/Parque Nacional da Peneda Gerês, depois vem a Barragem de Paradela e aí, no cruzamento/largo, devemos continuar por onde indica Ferral,  passamos ao lado da capital dos penedos (Ponteira), logo a seguir São Bento de Sexta Freita e 2 quilómetros à frente começa a aparecer algum casario, é aí, que devemos abandonar a estrada principal (M308-4) e virar à direita para Stª Marinha, depois desta aldeia uma nova estrada onde devemos virar à esquerda e pouco mais de 1 quilómetro à frente aparece a placa a indicar Viveiro e Pardieiros. Et voilà, estamos lá.  

 

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Claro que há um outro itinerário, mais longo mas em apenas 1,5 quilómetros, é o itinerário da estrada de Braga (EN103). Nada que enganar, é entrar em Chaves na EN103 e deixarmo-nos ir sempre por ela até passarmos a totalidade da Barragem da Venda Nova, no seu final ( no Cambedo) deixamos a EN103, passamos o paredão da Barragem e bota para Ferral, logo a seguir (500m) é Viveiro. Mas em Ferral é melhor perguntar a alguém o melhor caminho. Mas mesmo com estas duas indicações, deixamos o nosso mapa seguido das coordenadas da aldeia e altitude.

 

mapa-viveiro.jpg

 

Ficam então as coordenadas de Viveiro:

41º 41’ 56.93” N

7º 59’ 43.68” O

Altitude: 600 metros

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Voltando ainda à localização e itinerários, podemos ter ainda outra orientação que nos pode dar muito jeito quando andarmos meios perdidos. Pois essas orientações são os rios e por sua vez as Barragens que esses rios alimentam que, tanto a EN103 ou o itinerário interior das estradas municipais de Montalegre vão acompanhando. Os rios são o Rabagão que alimenta a barragem dos Pisões e logo a seguir a da Venda Nova. O Rio Cávado alimenta a Barragem de Sezelhe e logo a seguir a de Paradela. A seguir a estas aparece a Barragem de Salamonde que é alimentada por ambos os rios. Ou seja, se estivermos próximos destes rios ou barragens, estamos próximos da freguesia de Ferral e por sua vez de Viveiro, pois a aldeia fica a 800 metros do Rio Cávado, a 2 quilómetros da Barragem da Venda Nova, a outros 2 Km da barragem de Salamonde e a 8 Km da Barragem de Paradela.

 

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Ainda antes de entrarmos nas nossas pesquisas sobre a aldeia de Viveiro, vamos às nossas impressões pessoais. Quase todas as aldeias da freguesia de Ferral, incluindo esta, são constituídas por um povoamento disperso, com o casario a surgir mais como pontos de apoio aos campos de cultivo. Pois Viveiro sai fora destas características com um povoamento concentrado ao longo da Rua principal e uma segunda rua que corta a primeira transversalmente dispondo-se a aldeia numa espécie de cruz, sendo esse cruzamento o centro da aldeia.

 

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Trata-se de uma aldeia pequena  que se dedica à agricultura e pecuária com os terrenos a desenvolverem em patamares que vão descendo numa espécie de anfiteatro até ao Rio Cávado, principalmente nos terrenos mais próximos da aldeia, notoriamente  muito repartidos, conforme o testemunham os inúmero muros, sebes ou mesmo arvoredo, que separam sobretudo pastagens, embora também seja notório que outras culturas seriam possíveis, onde até a vinha já é possível, bem à moda minhota, e as glicínias perfumam algumas das ruas em pequenas latadas de entrada nos quintais.

 

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Alguns canastros tradicionais contrastam com o casario de pedra solta à vista onde se usa um misto de paredes em xisto com parades em granito. Igualmente de granito à vista com juntas tomadas a argamassa erguem-se as paredes da pequena capela encimada nos topos da cumieira do telhado de duas águas por duas cruzes em granito. Lateralmente na continuação do cunhal direito do alçado principal, uma pequena e simples torre sineira terminando em arco perfeito, tudo numa só peça, de fabrico recente aparentemente em granito serrado.

 

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Vamos então àquilo que dizem os livros e documentos. No livro Montalegre encontrámos o seguinte:

“São célebres por conterem inscrições ou gravados e, portanto, históricos: O penedo de Rameseiros, o afloramento de Caparinhos, o Altar de Pena Escrita (Vilar de Perdizes), O Penedo dos Sinais (Viveiro-Ferral), o Penedo do Sinal, o Penedo da Ferradura e a Pedra Pinta (Vila da Ponte), o Penedo de Letra (Gralhas), o Penedo de Pegada (Ferral).”

 

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Não vimos o penedo atrás mencionado, isto pela nossa noia de partirmos à descoberta das aldeias sem nos documentarmos previamente, gostamos de ser surpreendidos  e deixarmos ao seus habitantes as indicações daquilo que eles acham importante. Às vezes ficamos a perder, como talvez seja o caso, mas fica a referência e desculpa para uma próxima visita.

 

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E como no livro Montalegre há apenas mais uma referência a Viveiro, a de que faz parte da freguesia de Ferral, passamos à Toponímia de Barroso.

 

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(a nota de rodapé é nossa)

“Viveiro de Ferral

O quarto topónimo desta freguesia[i] com referência escrita é Viveiro — IPSIS VERVIS — Não mudou uma letra desde 1258 INQ 1523! Como tal o mínimo que podemos dizer deste topónimo é que, além de viveiro, é muitíssimo vivedeiro! E não admirará tanto que assim seja visto que o seu campo semântico é enorme: vai da avicultura (aviário) à piscicultura (aquário) da agricultura à arboricultura, horticultura (com etapas em seminários e plantórios — primeiro as sementes e, depois, a replantação) etc. Os viveiros vão desde o cebolinho aos soutos, desde o arroz ais pinhais e dos deuses aos santos. Restaria saber de que era o nosso: do nome comum latino VIVARIU > VIVEIRO como tudo indica, de plantas ou animais ou tudo junto.”

 

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E continua a Toponímia de Barroso:

“ Temo-lo contudo, documentado pelo casal de Pigarzos  (sic):

- 1258 « in villa de Viveiro casale de Pigarzos» — o que não deixa de ser um achado. Bem assim a referência das INQUIRIÇÕES de 1282 «Item Viveiro e ende per barreira a verea e ende pela carreira»."

 

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Quanto à Toponímia Alegre temos o seguinte:

 

Nomes do “Rio” intermédio:

 

Carabunhas de Vila Nova,

Conspiradores de Covelo

Rabinos de Loivos,

Peixeiros de Sidrós,

Papa-ventos de Ferral,

De Viveiro não sai graeiro,

Carrapatos de Pardieiros,

Borra-ladeiras de Santa Marinha,

Carvoeiros de Nogueiró.

Dizem os da Ponteira:

Fomos a Paradela

Davam-nos caldo

E não tinham tigela!

 

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E na ausência de mais documentação para referir, ficamos por aqui, mas antes ainda deixamos, como sempre, as referências às nossas consultas. Quanto aos links para as anteriores abordagens às aldeias e temas de Barroso, estão na barra lateral deste blog,. Se a sua aldeia ou a aldeia que procura não está na listagem, é porque ainda não passou por aqui, mas em breve passará.

 

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BIBLIOGRAFIA

 

BAPTISTA, José Dias, (2006), Montalegre. Montalegre: Município de Montalegre.

BAPTISTA, José Dias, (2014), Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso.

 

  

 

  

 

[i] Freguesia de Ferral

 

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