Os domingos de Vidago
Está-nos na alma a nossa ligação ao passado mais glorioso. De cada vez que queremos presumir um bocadinho de que somos grandes, lançamo-nos ao mar, regressamos aos descobrimentos, ao grande império, até ressuscitámos e imortalizámos Camões, não por ter sido um grande poeta, pois muitos houve e há tão grandes ou maior que ele, mas porque ele é o poeta dos descobrimentos que canta o Império. Presumimos de grandes e simultaneamente encobrimos a nossa tristeza com a canção nacional do fado. E com tantas doses que nos servem dos impérios passados, de Camões e de fado, todos acabamos por ser uns piegas que temos como único refúgio o passado.
A escrita quando é espontânea e autêntica, poderá não ter qualidade, mas tem destas coisas de nos levar a desvendar a verdade dos nossos sentimentos. E tudo isto pelas imagens de hoje, todas de um passado recente em que tínhamos coisas que hoje já não temos. Começando simbolicamente pela primeira com a magia das cores e um caminho que não sabemos bem onde nos leva. Com a magia das cores de uma estação que já é coisa do passado.
E se a primeira imagem é de uma estação do passado, sabemos que depois do Inverno e do Verão, ela, Outono, estará aí de novo com a magia que só ela sabe colorir, já o caminho, depois de caminhado, leva-nos a apeadeiros e outras estações, que tal como o grande império e Camões, apenas são vestígios do que outrora existiu e hoje já não temos. Coisas pequenas comparadas com o mar e o grande império, mas que para nós tinham toda a riqueza do mundo.
Enfim, também eu ando nestes caminhos como que canta um fado, a tropeçar constantemente com as coisas do passado e de uma riqueza, esta que foi bem real e feita em terra firme e que também teve um grande poeta que a cantou, só que em vez de grande império lhe chamou Reino Maravilhoso e só hoje, após estas palavras, me dou conta que o poeta o fez em jeito de contos para crianças acreditarem, que ele bem sabia que isto não era um reino…
Enfim, justificadas que estão as imagens do passado, marcamos encontro até daqui a pouco, pois hoje ainda aí vem outro post com uma rubrica que embora não seja nova, vai passar a marcar aqui presença todos os fins de semana.