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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

17
Out20

Pedra de Toque


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OS IRMÃOS

 

 

                        Com o meu irmão cruzo-me quase todos os dias.

                        Saudamo-nos efusivamente e seguimos nossas vidas. Não mais do que isso até porque as nossas vidas nos conduziram para caminhos distintos.

                        Há dias estivemos cerca de 3 horas numa repartição à volta de uma mesa, para regularizarmos assuntos respeitantes aos nossos progenitores.

 

                        …Depois rumamos às casas.

                        Senti então o cheiro e o sabor inigualáveis da comida de nossa mãe.

                        Nosso pai, bonacheirão, na mesa do canto, bebia um copo e petiscava com os amigos de sempre.

                        A nossa irmã, sempre elétrica, sempre linda, deambulava pela largura da sala.

                        A família sempre presente até aos dias de hoje na nossa memória, no nosso ADN.

                        Nos dias festivos, à volta da mesa, mantendo a tradição, a educação e o respeito, valores que nos incutiram e perduram.

                        Ser irmão é sentir a doença quando o outro adoece.

                        Ser irmão é sofrer a dor do outro.

                        A amizade entre irmãos é a voz do sangue a exprimir-se.

 

                        Eu amo muito meus irmãos.

 

António Roque

 

19
Set20

Pedra de Toque


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SISSI DOS MEUS QUINZE ANOS

 

 

Na rádio o locutor anunciou friamente a trágica nova.

 

Num apartamento em Paris, sem vida descobriram teus olhos, teu corpo.

 

Fiquei triste, triste ao saber-te morta.

 

Porque resplandecente te recordo – ai os meus quinze anos – ao ritmo ondulante da valsa, encantando a corte nos braços do príncipe.

 

Eras a Sissi dos olhos líquidos e fundos.

 

Esbagoámos, eu e minha avó, no velho Cine-Teatro ao ver-te bela e feliz no fim da fita iluminando os paços imperiais com o teu sorriso eterno.

 

Agora, a lágrima, vergonhosamente, correu para dentro.

 

A Sissi permaneceu contudo intocável na memória adolescente.

 

Depois, naturalmente, viraste mulher ao compasso da vida.

 

Na piscina dos teus olhos, os jovens de então mergulhámos adultos no sentimento, no perfume do teu corpo sensual.

 

Magistralmente, inventaste na tela a mulher de classe, lindíssima e apaixonada, que semeou carradas de talento e beleza entre os que te aplaudimos.

 

Paris que te acolheu, viu-te pela derradeira vez.

 

Paris que tu amavas de Champs-Elysées a Montmartre.

 

Soube-te, mais tarde, doente pelos dramas da vida.

 

Os caminhos desencontrados do amor e a morte violenta do teu filho gastaram-te.

 

Mas pela Sissi dos meus quinze anos, pela Romy Scheneider, pelo teu talento, pelos teus olhos verdes fundos, pelo teu sorriso quente.

 

Aqui fica a minha prece que, quando a memória desperta, ainda rezo com enorme saudade.

 

 

António Roque

 

05
Set20

Pedra de Toque

Poesia


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SISSI DOS MEUS QUINZE ANOS

 

 

Na rádio o locutor anunciou friamente a trágica nova.

 

Num apartamento em Paris, sem vida descobriram teus olhos, teu corpo.

 

Fiquei triste, triste ao saber-te morta.

 

Porque resplandecente te recordo – ai os meus quinze anos – ao ritmo ondulante da valsa, encantando a corte nos braços do príncipe.

 

Eras a Sissi dos olhos líquidos e fundos.

 

Esbagoámos, eu e minha avó, no velho Cine-Teatro ao ver-te bela e feliz no fim da fita iluminando os paços imperiais com o teu sorriso eterno.

 

Agora, a lágrima, vergonhosamente, correu para dentro.

 

A Sissi permaneceu contudo intocável na memória adolescente.

 

Depois, naturalmente, viraste mulher ao compasso da vida.

 

Na piscina dos teus olhos, os jovens de então mergulhámos adultos no sentimento, no perfume do teu corpo sensual.

 

Magistralmente, inventaste na tela a mulher de classe, lindíssima e apaixonada, que semeou carradas de talento e beleza entre os que te aplaudimos.

 

Paris que te acolheu, viu-te pela derradeira vez.

 

Paris que tu amavas de Champs-Elysées a Montmartre.

 

Soube-te, mais tarde, doente pelos dramas da vida.

 

Os caminhos desencontrados do amor e a morte violenta do teu filho gastaram-te.

 

Mas pela Sissi dos meus quinze anos, pela Romy Scheneider, pelo teu talento, pelos teus olhos verdes fundos, pelo teu sorriso quente.

 

Aqui fica a minha prece que, quando a memória desperta, ainda rezo com enorme saudade.

 

 

António Roque

 

11
Jul20

Pedra de Toque

GOSTO MUITO DE ABRIR PORTAS


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GOSTO MUITO DE ABRIR PORTAS

 

Portas para a rua, que me levam à sociedade onde me insiro, que me conduzem ao mundo, que me aproximam dos amigos e me deixam na cidade que eu amo.

 

Nesta, as esquinas, os becos, as ruas e as ruelas, são-me familiares e estão intimamente ligadas às minhas memórias que estão vivas e são muitas.

 

Apesar dos contratempos, das maleitas espectáveis que vão aparecendo, da pandemia que nos bateu à porta e que nos vai alterar a forma de pensar o mundo, vale sempre a pena viver.

 

Nada vai ser igual dizem os experts em todos os Continentes, apesar do desconhecimento que todos têm sobre o futuro que aí vem.

 

Temos de ter a capacidade para reinventar.

 

E não podemos permitir que a pandemia que nos angustia e amedronta, esconda o verde e a água que estão nos montes e nos prados e as flores com que a primavera todos os anos nos brinda.

 

E claro que também não belisque o amor que brilho nos olhos dos amantes e em todos os braços abertos aos abraços.

 

E nas bocas sequiosas terá de continuar a nascer a seiva do amor.

 

A história sempre nos apontou a arte, a poesia, a beleza e o amor como o caminho, o reduto, o baluarte, o refúgio para combatermos com êxito por um mundo melhor.

 

E temos sido capazes.

 

Com muita esperança não podemos desistir.

 

 

António Roque

 

20
Jun20

Pedra de Toque


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A minha tia Fina…

 

                        O nome dela era Josefina, mas nos primeiros tempos escrevia Josephina e, jugo, ter sido batizada com este nome. Depois virou Josefina e era tratada e conhecida por todos como Fina.

 

                        Era minha tia, vivia com a mãe, minha avó, na Rua de Santo António, por cima do talho do Sr. Maneca, hoje o talho Brasileiro.

 

                        Eu até aos 10, 11 anos vivi com elas, apesar de visitar meus pais e meus irmãos quase diariamente na pensão Império, onde eles trabalhavam.

 

                        A minha tia Fina, quando criança, teve uma grave meningite que curou, mas que lhe deixou sequelas, algumas profundas, para toda a vida.

 

                        Desde logo, uma terrível bronquite que a acompanhou até ao fim.

 

                        Passava noites inteiras a tossir e só conseguia dormir sentada na cama.

 

                        Com alguma frequência emonava-se com a família e com a Albina, uma empregada doméstica que viveu muitos anos connosco.

 

Durava poucos dias o mono.

 

                        Da janela do seu quarto via a rua que lhe causava saudades.

 

                        Terminava o mono e aos poucos voltava a falar com as pessoas.

 

                        Então ajudava a mãe caseando as camisas que esta fazia com perfeição.

 

                        Por vezes saía para fazer nas redondezas uns recadinhos à mãe.

 

                        Os vizinhos estimavam-na.

 

                        No domingo saía sempre para ir à missa do meio-dia.

 

                        Maquilhava-se e aperaltava-se.

 

                        A mãe ficava a vê-la sair e atravessar as escadinhas em frente ao Sr. Freire e acenava-lhe para que a mãe se pronunciasse quanto à forma como ia vestida. A mãe respondia dando aprovação e lá seguia ela pela Rua Direita acima até à Matriz.

 

                        Como tinha também problemas de audição, quando se ia confessar, a conselho da mãe, pedia ao Sr. Padre para lhe falar um pouco mais alto.

 

                        Um dia aconteceu que, quando lhe formulou tal pedido, o sacerdote mal encarado respondeu-lhe: “Não aturo moucas” e deixou-a só no confessionário.

 

                        Ela levantou-se e chorosa veio a caminho de casa onde contou à avó o sucedido. Esta acalmou-a e conseguiu convencê-la a não contar ao pai, homem ríspido, o sucedido.

 

                        Desde que entrei na faculdade, insistentemente manifestou vontade de ir à minha Queima quando ela acontecesse.

 

                        Quando a Queima chegou, satisfiz-lhe o desejo e lá foi ela felicíssima até Coimbra na companhia dos meus pais e dos meus irmãos.

 

                        Nunca a vi tão bem disposta e tão contente, dando-me o braço sempre que tinha oportunidade.

 

                        No regresso, passado pouco tempo, alguém a convenceu a deslocar-se ao Porto a fim de tomar uma vacina nova que lhe resolveria o problema da bronquite e da consequente tosse que lhe provocava enorme sofrimento.

 

                        E na verdade, quando chegou do Porto, já não tossia nem expetorava.

 

                        A sua doença começou a agravar-se, até ter deixado de respirar, definitivamente.

 

                        Faleceu em 1970 com 52 anos.

 

                        Apagou-se.

 

                        Ainda a vi no seu leito (a cama que fora de seus pais), serena, muito bonita.

 

                        Parecia uma adolescente, uma criança, como foi durante a vida.

 

                        Ajudou-me a crescer e dedicou-me muito amor.

 

                        Ainda tenho hoje imensas saudades dela.

 

                        Todos tivemos uma tia que nos marcou.

 

                        Eu tive a minha tia Fina!...

 

António Roque

 

06
Jun20

Pedra de Toque


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PEDRA DE TOQUE

De António Roque

 

CARTA

 

Algures, 30/01/2020

 

                        Meu caro António:

 

                        Ao receberes esta, ficarás certamente surpreendido!...

                        Estamos tantas vezes junto, porque raio te deu para me escreveres!?...

                        Hoje é um dia especial, e eu senti necessidade de falar contigo.

                        Já passaram tantos anos meu amigo…

                        As marcas do tempo vão aparecendo inexoráveis por fora, mas sobretudo por dentro e não só no corpo…

                        A vida até ao presente vai suportando estoicamente as tempestades e fruindo gostosamente os períodos de bonança.

                        Só o trabalho dignifica, dizias-me tu sempre que me abatia face aos obstáculos que fui ultrapassando.

                        Agora sei que, mais sereno, te vais enamorando das palavras e das frases que com elas compões.

                        E deves continuar a fazê-lo inspirado na tua vida rica e cheia, moldada pelos sentimentos que estão colados à pele.

                       Continua a proporcionar-nos textos que, como diz a tua amiga Zezinha e a tua amiga Ana, vão tocando na sensibilidade de quem como tu, ama a linda cidade de Chaves, as suas gentes, as senhoras recatadas às janelas, os seus monumentos (um sortilégio… como muitas vezes a referes).

                        Ah, e não deixes de prezar os teus amigos de sempre. Sei que te dói o desaparecimento de alguns.

                        Normalmente os que nos deixam são os melhores. Quem comanda (se existe alguém que comanda!?...), erra por vezes em demasia.

                        Sei que como eu, és um homem empenhado politicamente.

                        E como magoa vermos ruir os castelos que erguemos na juventude e que por eles tanto demos corajosamente, generosamente.

                        Fico feliz porque sei que hoje e sempre, tu não prescindes dos valores que foram teus alicerces de vida.

                        Comigo sei-te disposto ainda a lutar (sempre de pé, como as árvores, até ao fim!) pela liberdade, pela justiça, pela fraternidade, pelo sonho de um mundo melhor que vai chegar numa manhã muito clara e limpa.

                        Deixo-te um abraço do Zé Firmino, da Mizé Guimarães, do João Vasco Reis Morais, do Rui Bessa, do Jorge Comboio, do João Artur e de todos os amigos do peito, que são muitos, mas cujos nomes não me ocorrem.

                        Goza o amor incondicional que tens pelos teus filhos, que sei correspondido, e também pelos teus jovens e queridos netos, troncos da mesma raíz, cuja foto transportas sempre.

                        Os teus irmãos e sobrinhos sei que os estimas e que te admiram.

                        Não percas a recordação dos que te antecederam e que deram um contributo inestimável para fazerem de ti, aquilo que és.

                        Sei que deles és devoto e que veneras, especialmente a tua mãe e a tua sábia avó, de cuja varanda vias o mundo…

                        Eu gostava de pôr mais emoção nesta carta, como tu fazes com os teus textos, mas não sou capaz, não tenho esse dom…

                        Termino para te pedir encarecidamente que nunca esqueças “que só a cultura salva” como tantas vezes te ouvi dizer.

                        Os poetas gostam de ser cantados na tua voz. Projeta os seus versos para bem longe por muitos e muitos anos.

                        Uma amiga comum entregou-me um ramo de jasmins para te oferecer.

                        Deixo-te aqui um abraço muito sincero.

 

Um amigo,

 

António Roque

 

16
Mai20

Pedra de Toque


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O Cine Teatro de Chaves

 

                        Encerrado há mais de 30 anos, a atual Câmara, em boa hora, decidiu requalificar o antigo Cine Teatro da cidade, sito bem no centro do burgo.

                        Segundo projeto, o novo espaço dará lugar a um multiusos, que terá uma forte componente de investigação e de inovação.

                        Poderá voltar o teatro ao caroço da cidade, bem como o cinema e outras atividades.

                        Esta requalificação (a obra já é visível) era um velho sonho, uma grande aspiração para as nossas gentes.

                        Até pela sua localização este edifício poderá ser fundamental para a reanimação do nosso belo centro histórico.

                        Antes do Cine Teatro foi Cine Parque, uma sala lindíssima, cuja boca de cena estava ladeada por dois camarotes que a malta apelidou de “penicos” donde os mais jovens apreciávamos desenhos animados, o Bucha e Estica e outras vedetas do cinema mudo que nos proporcionavam francas gargalhadas.

                        Na geral, ao fundo da sala, com bilhetes baratinhos, nas matinés, víamos filmes agradáveis, sobretudo de aventuras no oeste Americano que a malta jovem apreciava, os célebres filmes de cowboys, alguns que viraram clássicos como o “Shane” ou “Da terra nascem os homens”, entre outros.

                        Na adolescência víamos fitas que puxavam ao sentimento e à lágrima no canto do olho. Recordo “Sissi”, “Joana D’Arque” e muitos mais.

                        Por aqui foram exibidas grandes fitas como “Os canhões de Navarone” ou “A ponte do rio Kwai” e o grande sucesso que trouxe muitos espanhóis a Chaves “O último tango em Paris”.

                        Mas no palco do Cine Teatro também se representaram peças, também se fazia teatro.

                        Para além de companhias de fora, os amadores flavienses aí se exibiam.

                        Ficaram na memória “O Frei Luís de Sousa” numa brilhante encenação de José Henrique Dias e muitos saraus do Liceu e da Escola Técnica que enchiam sempre a plateia e o balcão da sala.

                        Eu tive o orgulho e o privilégio de com outros interpretar as peças “O processo de Jesus” e “A gota de mel” entre outras, dirigidas pelo saudoso e amigo José Henrique.

                        Nas décadas de 50/60 e 70, o Cine Teatro foi muito importante para os habitantes da cidade e para a juventude que por cá foi crescendo.

                        Tornei-me cinéfilo e amante do teatro vendo espetáculos no velho Cine Teatro.

 

                        Não quero terminar esta crónica sem lembrar “o escurinho do cinema” que acontecia antes da projeção do filme.

                        O silêncio vinha dos camarotes onde os adolescentes timidamente apertávamos a mão da menina dos nossos encantos.

                       

                        Era bonito e gostoso de mais.

                        Estou-me a lembrar de ti.

                       

 

António Roque

 

09
Mai20

Pedra de Toque


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De António Roque

 

CARTA

 

Algures, 30/01/2020

 

                        Meu caro António:

                        Ao receberes esta, ficarás certamente surpreendido!...

                        Estamos tantas vezes junto, porque raio te deu para me escreveres!?...

                        Hoje é um dia especial, e eu senti necessidade de falar contigo.

                        Já passaram tantos anos meu amigo…

                        As marcas do tempo vão aparecendo inexoráveis por fora, mas sobretudo por dentro e não só no corpo…

                        A vida até ao presente vai suportando estoicamente as tempestades e fruindo gostosamente os períodos de bonança.

                        Só o trabalho dignifica, dizias-me tu sempre que me abatia face aos obstáculos que fui ultrapassando.

                        Agora sei que, mais sereno, te vais enamorando das palavras e das frases que com elas compões.

                        E deves continuar a fazê-lo inspirado na tua vida rica e cheia, moldada pelos sentimentos que estão colados à pele.

                        Continua a proporcionar-nos textos que, como diz a tua amiga Zezinha e a tua amiga Ana, vão tocando na sensibilidade de quem como tu, ama a linda cidade de Chaves, as suas gentes, as senhoras recatadas às janelas, os seus monumentos (um sortilégio… como muitas vezes a referes).

                        Ah, e não deixes de prezar os teus amigos de sempre. Sei que te dói o desaparecimento de alguns.

                        Normalmente os que nos deixam são os melhores. Quem comada (se existe alguém que comanda!?...), erra por vezes em demasia.

                        Sei que como eu, és um homem empenhado politicamente.

                        E como magoa vermos ruir os castelos que erguemos na juventude e que por eles tanto demos corajosamente, generosamente.

                        Fico feliz porque sei que hoje e sempre, tu não prescindes dos valores que foram teus alicerces de vida.

                        Comigo sei-te disposto ainda a lutar (sempre de pé, como as árvores, até ao fim!) pela liberdade, pela justiça, pela fraternidade, pelo sonho de um mundo melhor que vai chegar numa manhã muito clara e limpa.

                        Deixo-te um abraço do Zé Firmino, da Mizé Guimarães, do João Vasco Reis Morais, do Rui Bessa, do Jorge Comboio, do João Artur e de todos os amigos do peito, que são muitos, mas cujos nomes não me ocorrem.

                        Goza o amor incondicional que tens pelos teus filhos, que sei correspondido, e também pelos teus jovens e queridos netos, troncos da mesma raíz, cuja foto transportas sempre.

                        Os teus irmãos e sobrinhos sei que os estimas e que te admiram.

                        Não percas a recordação dos que te antecederam e que deram um contributo inestimável para fazerem de ti, aquilo que és.

                        Sei que deles és devoto e que veneras, especialmente a tua mãe e a tua sábia avó, de cuja varanda vias o mundo…

                        Eu gostava de pôr mais emoção nesta carta, como tu fazes com os teus textos, mas não sou capaz, não tenho esse dom…

                        Termino para te pedir encarecidamente que nunca esqueças “que só a cultura salva” como tantas vezes te ouvi dizer.

                        Os poetas gostam de ser cantados na tua voz. Projeta os seus versos para bem longe por muitos e muitos anos.

                        Uma amiga comum entregou-me um ramo de jasmins para te oferecer.

                        Deixo-te aqui um abraço muito sincero.

 

Um amigo,

 

António Roque

 

11
Abr20

Pedra de Toque

A Pandemia


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A PANDEMIA

 

                        Não me lembro de ter estado 2 meses sem escrever uma crónica ou um texto para plantar na minha página do face.

                A pandemia caiu inesperada e como uma bomba. As medidas recomendadas que eu tenho seguido, até porque sou um doente de risco, abateram-me, criaram-me preocupação e até angústia.

                      Os números de mortalidade e de infetados estão a crescer diariamente no nosso país apesar do louvável trabalho dos responsáveis, trabalho esse também, elogiado na Europa, são preocupantes e o desconhecimento do que vai acontecer no futuro, próximo ou longínquo, incomodam, perturbam, doem!...

                        Quando é que esta calamidade vai acabar?

                        Quando chegará a vacina salvadora?

                        No fim desta pandemia nada ficará como dantes.

                        As sequelas provocarão grande mossa, sobretudo a curto e médio prazo.

                        O mundo será diferente mas os homens serão mais iguais.

                        Eu, ao invés do que me é habitual, estou a enfrentar a situação com algum pessimismo.

                 Contudo, só a confiança que tenho no meu povo e a capacidade demonstrada em todos os ramos, pelos homens e mulheres do meu país, dão-me uma réstia de esperança, que por vezes os meus olhos refletem.

                        Nesta luta que todos os dias travamos contra a doença, não podemos deixar de tecer rasgados elogios ao pessoal médico, enfermeiros, auxiliares, bombeiros, e tantos outros que até à exaustão, têm dado abnegadamente o seu saber e o seu esforço para salvarem vidas.

                        O povo anónimo, não só cumprindo as recomendações mas solidarizando-se em todas as tarefas que lhe são pedidas, tem dito sempre presente.

                        Mas termine a quarentena, com os cuidados que me forem impostos voltarei à vida normal.

                        Apesar de fisicamente bem, espero melhorar psicologicamente para encontrar a paz e a serenidade de que necessito até para escrever.

                        Neste momento em que toda a gente está mobilizada contra a tragédia que se abateu sobre a Humanidade, não tenho visto as pessoas com responsabilidade da Igreja a darem o seu contributo, o seu dinheiro (tanto que cai em Fátima em todas as peregrinações) para ajudarem na prestação dos seus serviços, na aquisição de instrumentos para ser mais eficaz o ataque aos bichos.

                        Como escreveu uma amiga minha, ninguém vai cancelar o sol, a poesia, nem o amor, por isso creio que tudo irá melhorar.

 

                        Os teus olhos, quando os vejo no face, ou de soslaio na rua fazem-me tão bem, ajudam-me…

 

 

António Roque

 

07
Mar20

Pedra de Toque


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 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

 

Quando duas pessoas decidem livremente juntar suas vidas, vivendo em comunhão, debaixo do mesmo teto, alicerçam essa relação, por norma, no mais nobre e belo dos sentimos, o AMOR.

 

Se a ligação arrefece, se os cônjuges ou namorados entendem que não se justifica de forma alguma a manutenção da união, porque está a gerar infelicidade, com abertura, com frontalidade, com dignidade, só podem dar-lhe o fim mais lógico, ou seja, terminá-la.

 

Hoje a lei proporciona aos cônjuges a consumação do divórcio mesmo sem necessidade de fazerem prova da violação dos deveres conjugais, de qualquer deles.

 

Se as pessoas deixarem de entender-se por manifesta incompatibilidade de feitios ou temperamentos, a rutura pode consumar-se legalmente de forma rápida e económica, sobretudo se resultar da vontade de ambos.

 

Nada justifica pois, que um contrato ou acordo, motive violência entre o casal, sempre gratuita e tantas vezes profundamente dolorosa e até trágica, como com alguma frequência acontece.

 

Duas pessoas que partilharam a sua vida por se amarem, têm a obrigação primeira e moral, de se respeitarem.

 

Se assim for, a violência doméstica, hoje uma terrível chaga social, deixará de se justificar.

 

Um número de homicídios e ofensas corporais e psicológicas entre marido e mulher ou entre jovens namorados, não pode manter-se e têm de, com premência, serem travados.

 

O crime consagrado na lei, é um crime que facilmente pode ser denunciado por qualquer pessoa que dele tenha conhecimento, sendo por isso, nos dias de hoje, consagrado como crime público.

 

As mulheres, e necessariamente os homens, devem também participar os factos que indiciem o crime de violência doméstica, que a lei já pune, com severidade.

 

Façam-no em defesa dos seus direitos.

 

 

Façam-no POR AMOR!

                       

                       

António Roque

 

 

 

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