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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

08
Jan12

Momentos de um sábado a caçar imagens


Pareço regressado aos tempos antigos da caça à fotografia para o blog, ou seja, saía de casa com a intenção de fotografar uma aldeia que tinha em mente e acabava sempre por fotografar outras. Deve ser assim como ir à caça do coelho e trazer perdizes, digo eu que não sou caçador.

 

 

Pois a primeira ideia era sair de Chaves e ir mais uma vez até terras de S. Vicente da Raia, mas como as tardes ainda são pequenas e as terras de  S.Vicente não ficam propriamente aqui ao lado, decidi-me por terras mais próximas. O Planalto do Brunheiro serve sempre para uns cliques, além disso há em mim um certo prazer em fazer frente ao frio. É certo que dói, mas não me vence. Também sempre fui um bocadinho teimoso.

 

Hora de ponta entre Adães e Santa Leocádia

 

Pois lá fui eu pela famosa EN 314 acima. No Peto de Lagarelhos temos sempre outra decisão a tomar, ou continuamos a subir, ou descemos para o vale de Loivos. Mas ia mesmo decidido a subir até às terras das estórias do Gil Santos. Em France, um presépio chamou a minha atenção. Fiz o registo mas quase nem parei. Ia com ganas de continuar a subir e finalmente cheguei à primeira croa da Serra. Ali mesmo onde Carregal decidiu ficar e lançar olhares para o Brunheiro e para a Padrela (claro que falo das serras). Repeti por lá umas voltas, fiz novos registos, não muitos, pois a aldeia também é pequena e ainda dei dois dedos de conversa com uma senhora cujo rosto quase não se via, protegido que estava dos ares da serra com um lenço de lã a cobrir-lhe toda a cabeça. Em tom de provocação ainda perguntei pela gente da terra. – Há poucos, só quase velhos e todos doentes, ainda agora venho de ver um… disse-me. E verdade seja dita, nos 15 ou 20 minutos que andei por lá, só vi mais duas pessoas no amanho de uma horta por trás da Capela. Já não há gente para fazer mais estórias para o Gil nos contar.

 

 

Já que ali estava, toca até Fornelos. É só descer da croa do monte, descer um bocadinho e subir até outra croa que se transforma em planalto. Tudo pela EN 314. Bem, em Fornelos bem tento sacar mais umas fotos, e saco sempre, mas ando sempre à volta sem conseguir o que quero. Desta vez até entrei no concelho de Valpaços sem me aperceber mas cheirou-me logo que aquilo já não eram terras de Chaves. Nem parei. Não que tenha alguma coisa contra o concelho de Valpaços, antes pelo contrário, mas foi só por uma questão de território. E foi a pisar sempre a fronteira que atravessei a 314 e fui até Vale do Galo. Nesta, idem Fornelos. Para além das fotos que tenho em arquivo, da aldeia propriamente dita, não consigo sacar mais nenhuma. Mas na envolvente, aí já a cantiga é outra e há sempre motivos que encantam. Olhem só para a foto que a seguir vos deixo se não parece mesmo uma alameda de um parque de cidade em pleno outono e sem bancos como o Jardim Público. Mas não é, pois esta alameda é às portas de Vale do Galo e é de um souto que se trata.

 

 

Os dias são pequenos e as tardes, então, quando se vai a dar conta já a noite está a bater à porta. Descida apressada para Santa Ovaia com intenção de apanhar novamente a 314 no Carregal, mas ao passar a ribeira o murmúrio das águas convidaram-me a parar, e parei. Também nunca resisto a estes momentos de pura poesia onde tudo é puro e simples. A água é cristalina, o ar é frio mas absorve-se com odores de perfume e os sons são sinfonias. Não sei se os conseguem ver na primeira foto de hoje. Demorei mais do que tinha previsto, pois o aproveitei para fazer e testar uns registos que há muito tinha em mente. Mas não foi tudo, pois chegado a Adães lembrei-me de passar pelo seu miolo e veio-me à lembrança a luz doirada a iluminar a Igreja Românica de Santa Leocádia (terceira foto de hoje). Não podia perder esse momento, mas com jeito, conseguiria ainda o por do sol visto na descida do Carregal para France. Claro que o atraso ia sendo fatal para poder ver ainda a magia do por do sol por entre um avolumado mar de montanhas que lá de cima se avistam. Nas croas dos montes o sol estava naquele momento mágico de pedir um clique fotográfico, mas o raio da 314 não nos deixa encostar em nenhum desses miradouros naturais e havia que descer à pressa até Lagarelhos, pois dali as vistas também encantam, mas tarde de mais, o sol já estava por trás da última serra. Só havia mais uma oportunidade – a de subir o Brunheiro, pois antes mesmo de se chegar a Santiago do Monte, há por lá um sítio já meu conhecido destas contemplações da despedida do sol, e ontem, os tons do céu estavam imperdíveis.

 

 

Como podem ver pela foto que atrás vos deixo, cheguei mesmo na hora H para conseguir os segundos mágicos em que o sol se deixa ver pela última vez, já meio comido pela última serra. Após este momento apenas me restava descer novamente ao vale com espírito de missão cumprida e esperar pelo nevoeiro que vem sempre com a noite, mas desse, hoje não tenho registos.

 

Até logo, ao meio dia, com o nosso Léxico-Glossário.  

 

 

 

 

02
Dez11

Névoas de Montanha


 

Ontem aproveitei aquele que parece ter sido o último feriado 1º de Dezembro, pois lá se foi a Restauração da Independência, o que me leva a crer que a abolição deste feriado não é tão inocente assim e até tem razão de ser neste momento que tão dependentes estamos dos senhores da Europa, pois não me parece que seja o feriado o culpado da crise actual nem das más governações sucessivas dos mandantes de Lisboa, mas enfim, eles (os mandantes de Lisboa) como ainda ontem alguém me dizia “não têm os cinco alqueires da cabeça bem aferidos”, decidiram e a gente obedece, já estamos habituados, não é?

 

 

Pois dizia eu que aproveitei o último feriado e fiz um pouquinho daquilo que gosto – dar umas voltinhas por aí na companhia da minha amiga máquina fotográfica, e lembrei-me, apenas por curiosidade, de ir ver o que o nevoeiro tem andado a fazer nas terras altas, mais propriamente ali pró alto do Brunheiro e, lá estava ele, meio disfarçado com uma chuva “molha tolos”, coisa que a minha amiga não gosta muito e assim foi um passeio breve, mas deu para tomar algumas imagens. Deixo-vos duas. Até mais logo.

 

 

19
Dez09

Chaves foi um concelho vestido de branco


 

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Claro que este post de fim-de-semana, dedicado às aldeias, tinha que forçosamente ter neve. Claro é também, que para as aldeias, principalmente as da montanha com cota mais elevada, a neve não é uma novidade, mas para as de cota mais baixa e também para a cidade, as nevadas, não são assim tão abundantes. Aliás neves que “peguem”, pela cidade, acontecem raramente.

 

Assim, é sempre com deslumbramento que se vê a neve a cair e a “pegar” no chão. Por cá,  são momentos únicos , um brinde da natureza que transforma ou deixa sair cá para fora a criança que cada um transporta. Comigo, assim acontece.

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Não poderia deixar de fazer também o registo fotográfico do acontecimento, aliás como vou fazendo com todas as nevadas, mas esta, não me permitiu ir muito além da cidade, que juntando as poucas horas de luz e ainda as fotos da cidade, apenas deu para visitar duas ou três aldeias, mas também, o registo de que a vida e o trabalho nas aldeias, mesmo com neve, não para. Gente que trabalha e para quem a neve não é, pela certa, um registo agradável de suportar, mas que se vai suportando e em troca, sempre há os benefícios que a neve traz aos campos.

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Ficam hoje três fotos da Serra do Brunheiro e duas das suas aldeias, as mais baixas, mas ainda haverá mais fotos desta nevada, com mais uma aldeia que ainda não teve por aqui o seu post alargado, talvez amanhã, quem sabe.

 

Até lá.

23
Set09

Queimaram-me o Brunheiro - Chaves - Portugal


Imagem de Arquivo (infelizmente)

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Porque nasci na veiga de Chaves a uma ou duas centenas de metros das faldas do Brunheiro, sempre o tive por companheiro e testemunha das minhas brincadeiras e aventuras de criança. Tal como o Tâmega, o Castelo, a Ponte Romana ou os nevoeiros de Inverno, também o Brunheiro faz parte de nós, do ser flaviense, do estar sempre presente nas nossas vidas e nas nossas vistas, sendo talvez, até, aquele que mais marca na marca de Chaves.

 

Em criança, era comum vê-lo verde durante todo o ano e, nem sequer o avermelhar e amarelecer do Outono lhe tiravam o vigor do verde mais verde que surgia logo com as primeiras chuvas de Outono. Mas isso são tempos que já lá vão, em que as nossas montanhas estavam limpas de matos, as aldeias tinham gente e os incêndios eram raros e logo combatidos pelas populações.

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Dizia há dois dias atrás que o pulular da publicidade política nas rotundas da cidade me tinha chamado a atenção no meu regresso de férias, mas bem ao longe, o que primeiro me chamou a atenção, foi ver o Brunheiro, mais uma vez, vestido de preto, onde o que ainda restava de floresta, desde Vilar de Nantes até Lagarelhos, tinha sido vítima de um incêndio há dias atrás.

 

Embora este ano até nem tenha sido negro em termos de incêndios, este do Brunheiro é mais um a registar para o abater do pouco que resta da nossa floresta.

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Penso que já seria tempo de os nossos governantes terem vergonha e começarem a olhar para uma floresta em Portugal e no interior, a sério, sem compromissos com interesses menos claros que se prendem com o tipo de floresta que temos e com o negócio dos incêndios, senão, corremos o risco de a curto prazo, termos de acrescer ao despovoamento do interior também a sua desertificação, ou menos drástico mas também preocupante em termos económicos e ambientais e ecológicos, assistir à desflorestação de todo o território interior.


Seria bom que os governantes e as instituições oficiais a eles ligados pensassem seriamente numa floresta sustentada para Portugal, principalmente no interior montanhoso  onde praticamente só e mesmo a floresta é viável. Medidas. Uma nova política de florestação é urgente e necessária, não só em termos ambientais e ecológicos, mas também em termos económicos, com uma floresta de qualidade que dê trabalho às populações do interior e que contribua também para travar o despovoamento das nossas aldeias, ou melhor ainda, que permita o seu repovoamento.


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Com uma floresta menos sensível a incêndios, onde se privilegiem espécies autóctones não resinosas, tal como as várias espécies de carvalhos ou castanheiros, ou outras espécies, aliadas à limpeza constante de matos e a caminhos transitáveis que permitam o acesso fácil para a sua manutenção, mas também para o combate rápido a possíveis incêndios. Qual a solução ideal não a conheço, pois não sou técnico nem especialista no assunto, mas é notório que se poderia fazer muito mais e melhor pelas nossas florestas e, em vez de gastarem rios de dinheiro em equipamentos, meios e pessoal no negócio do combate a incêndios, deveria era zelar por uma nova floresta sustentável, pela sua manutenção e limpeza e pela prevenção. É a opinião de quem nada percebe do assunto mas que se dá conta que os incêndios, são um negócio e lucrativo para alguns. Digamos que tal como o negócio da recente pandemia de gripe, que de pandemia só tem o alarmismo e o negócio a ele associado, também os incêndios, são uma pandemia para as florestas, mas esta é a sério e mata, além de durante dezenas de anos, deixar as suas maleitas.

 

Em vez de, os nossos governantes, andarem tão preocupados com o luxo de TGV´s ou as novas tecnologias como os “Magalhães” para inglês ver, entre outros luxos e desperdícios, dever-se-iam preocupar mais com aquilo que é básico e essencial para a vida do interior montanhoso de Portugal, mas também para a vida em si, para o verde, para o ambiente, para a ecologia, para as populações e o seu sustento.

 

Costuma-se dizer que Portugal é só Lisboa e o resto é paisagem. Pelo andar deste comboio, não tarda que Portugal seja e só mesmo Lisboa e, perca definitivamente a paisagem que lhe restava. Lisboa, mato e deserto. Não é este, pela certa,  o Portugal que queremos.

 

E para aqueles que por aqui lêem aquilo que não escrevo, isto nada tem a ver com política partidária, mas antes (se assim o quiserem entender) com politica que se aplica a todos os políticos de Lisboa, sejam eles de que partido forem, pois até hoje, ainda NINGUÉM se preocupou com os problemas da nossa interioridade e mesmo os que daqui (presumivelmente) deveriam ir para Lisboa defender os nossos interesses, ao chegarem ao “glamour” das luzes da capital, trocam logo os bês pelos vês, ou seja, esquecem logo o engaço e a província que os pariu.  


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Pelo que tudo indica, Chaves na próxima legislatura irá ter dois deputados no Parlamento. Como já sabemos que não se sentarão na primeira fila (onde tudo se decide ou apontam aos outros onde devem votar), pelo menos no levantar de braços das restantes filas (onde estarão) que marquem a diferença ao levantar ou baixar o braço, e que o levante ou baixem conforme os nossos interesses e não conforme os interesses do pastor da primeira fila. Mas, como de costume, já sabemos que assim não vai acontecer e, o Presunto de Chaves vai ficar a léguas do queijo limiano, aliás até nem admira, pois o queijo limiano ainda continua a compor as nossas mesas enquanto que o presunto, só as imitações é que lá chegam. Mas não tarda nada, estão aí de novo os sabores e saberes de Chaves onde, quem sabe, se este ano o queijo limiano não marcará também presença.

 

Gostaria de um dia destes dizer com orgulho que estes rapazes e raparigas que vão para Lisboa são da minha colheita dos anos 60…

 

Queimaram-me o Brunheiro, como tal, não posso ter a boca doce.

 

20
Mai09

Os Brindes da Natureza e os Brilhos da Cidade


 

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O teu pai é careca?
Quantos pêlos tem?
 
Neste despertar e desabrochar da natureza, as crianças sempre encontraram um mundo de fantasia e de brincadeiras, puras e simples, como simples e puro é o seu relacionamento com a natureza. A Primavera é assim, convidativa a que nos envolvamos com ela e, embora todas as estações do ano têm o seu encanto, esta, tem a magia da renovação, do verde, do renascer e dá-nos ares de esperança.
 
O teu pai é careca? … um jogo de ganhar e perder sempre, mas tão inocente, que ano após ano se joga(va) sempre, na Primavera.
 
O despertar dos sons e das noites dos estridentes sons de uma selva invisível, com o cantar dos grilos aqui, o coaxar das rãs ali e mais além, onde a sorte lhes calhou, ouve-se o rouxinol desdobrando melodia atrás de melodia que nos deixa, quem o ouve, como que paralisados perante semelhante sinfonia que se repete ao longo do vale.
 
Até o Brunheiro mostra o seu melhor, com um verde novo a fugir do amarelo, tentando, a custo, cobrir as manchas das maleitas que lhe queimaram o ventre. Um Brunheiro, que sempre mostrou a sua imponência ao vale e que agora, na Primavera, mostra também a imponência do despertar da vida, com uma luminosidade singular de atrair e prender a nossa vista.
 
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Luz que prende e também dá nas vistas, é a iluminação do novo campo da feira… coisa linda de se ver, com centenas de candeeiros, altos e baixos que fazem um espectáculo de luz e um clarão a despertar da escuridão e a marcar a diferença de um espaço público…mas penso que desnecessário, pelo menos assim, porque de noite ninguém utiliza aquele espaço. Claro que há a questão da segurança do local e do equipamento que por lá está instalado e a luz até é necessária, mas poderia ser iluminado apenas com uma iluminação mínima, que para questões de segurança, bastavam apenas meia dúzia de candeeiros acesos, coisa que até é fácil de conseguir, pois bastava criar um circuito de emergência ou segurança, mantendo o resto apagado, mas pronto a funcionar para os acontecimentos esporádicos e nocturnos que por lá aconteçam.
 
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Nesta altura de crise e em que cada vez mais há a preocupação ecologista e de preservação do ambiente, seria um bom exemplo que a Câmara Municipal poderia dar, reduzindo no consumo de electricidade pública, que se poderia repetir noutros locais isolados, como no novo espaço empresarial de Outeiro Seco e em toda a iluminação pública a partir, por exemplo, da meia-noite, em que já não anda ninguém nas ruas e em que a iluminação podia perfeitamente ser reduzida a 50%, por questões de segurança.
 
Nada tenho contra a iluminação pública em espaços públicos desde que sejam espaços utilizados e enquanto estão a ser utilizados, mas já me mete um pouco de impressão ver todo esse desperdiçar de energia, com toda essa iluminação ligada durante toda a noite, quando não há ninguém para usufruir dela. Basta apenas fazer um pouco daquilo que fazemos em nossas casas, pois quando nos deitamos, apagamos as luzes, o ambiente agradece e a bolsa também. Se o fazemos em nossas casas, porque não fazê-lo nesta casa que é comum a todos nós – a cidade de Chaves.
 
Até amanhã.

 

23
Abr08

Verificação dos Marcos de Origem - Chaves - Portugal




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Tal como o Miguel Torga que de vez em quando passava pela fronteira para ver se os marcos estavam no sítio, também eu durante esta semana andei a fazer alguns registos fotográficos dos marcos da minha infância, começando pelo Brunheiro.

 

Claro que ao Brunheiro, qualquer flaviense presente o tem debaixo de olho todos os dias, pois é impossível viver em Chaves e não ver a nossa serra maior, seja de onde for. Pode-se nunca ter entrado por ela adentro, mas entra ela em grande parte dos nossos olhares. Mas o meu relacionamento com o Brunheiro já não é de hoje, acho mesmo que é desde o tempo em que nasci e, que o tinha mesmo ali ao lado por companhia. Era nele que projectava também o cenário de grande parte das estórias de lareira, era a serra dos lobos e também das grandes aventuras de exploração, mesmo que em puto pouco mais fosse além do seu sopé, aliás, acho mesmo que a grande descoberta do Brunheiro só a fiz em adulto, quando comecei a percorrer os seus caminhos e a inverter os olhares, ou seja, em vez de olhar desde a cidade para o Brunheiro, passei a olhar a cidade desde a serra. Curiosamente uma das minhas fotos preferidas de sempre e que até serve de cabeçalho ao meu blog de fotografias, foi tomada num nascer do sol por entre carvalhos em plena intimidade da Serra.


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Um dos meus caminhos de infância que levava até à serra era o caminho da Casa Azul, até ao Sr. da Boa Morte, e por aí fora até à Quinta da Condeixa. Caminho que, penso eu, segue o mesmo traçado da antiga calçada romana, uma das Vias Augustas. Pois a meio deste traçado, e desde que tenho memória, existia a casota do pastor, estrategicamente colocada junto à boa sombra de uma oliveira. Passei por lá para ver se tinha ainda todas as tábuas no sítio. Espanto-me sempre, pois está sempre lá. Garanto-vos que esta casota habita este sítio há mais de 30 anos, mas parece sempre ter sido acabadinha de estacionar. As tábuas estão todas lá, como novas. Para o ano, passo por lá novamente para ver se tudo continua até aqui.

 

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O meu ponto de origem só tinha dois lados – o da serra e o da cidade. No meu tempo de puto, quando íamos “lá baixo” à cidade, havia quatro passagens para a outra margem. A Ponte Romana, a mais utilizada, a Ponte Nova, as poldras do Caneiro e a Barca. Curiosamente na altura, as poldras tinham muito trânsito pedonal, principalmente do pessoal do Caneiro, pois era o caminho mais directo para o bairro. Também eu muitas vezes trocava a Ponte Romana pelas Poldras, mesmo que para isso tivesse de fazer um desvio da minha rota ou do meu traçado oficialmente aceite lá por casa. Mas era um gosto passar o rio pelas poldras. Gosto que era partilhado por muitos dos meus colegas e amigos de escola primária, principalmente naquele ano de 68/69 em que por motivo de obras na escola do Caneiro íamos receber aulas à escola do Stº Amaro. Ainda por cima as poldras tinham o encanto de desaguar num Jardim do Tabolado, novinho em folha, bancos branquinhos, candeeiros em forma de cogumelo … sem dúvida alguma os melhores tempos daquele jardim.

 

Claro que para chegar até às poldras havia um caminho, que ainda existe, mas que tem os seus dias contados, pois as obras POLIS em curso do arranjo da margem esquerda não

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contemplam esse caminho, e é pena, pois é um caminho com muita história e muitas estórias para contar e até poderia ser perfeitamente integrado nos actuais arranjos, nem que fosse como um troço de caminho romântico a lembrar caminhos de outros tempos. Mas ao que parece as novas tendências da arquitectura não contemplam romantismos nem passados e muito menos as suas estórias. Tenho pena de não entender muito bem as novas tendências.

 

Claro que tinha que deixar por aqui uma foto do caminho das poldras e mesmo demolido, ficará para todo o sempre em registo fotográfico, para além do imaginário de criança, muitas crianças pela certa.

 

Até amanhã de novo em Chaves cidade.

26
Abr07

Chaves em dia de chuva


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Eu sei que disse que hoje ia andar pela cidade de Chaves e é precisamente isso que estou a fazer, só que em vez de vos dar uma imagem da cidade, dou-vos uma imagem vista desde a cidade.
 
Também sei que os dias de chuva estragam muitos planos, molham, são um pouco nostálgicos e até chatos, mas mesmo assim, geralmente, até gosto dos dias de chuva, principalmente destes dias de chuva de Abril, chuva de primavera, em que a temperatura já é agradável e os campos e agricultores agradecem, principalmente se a chuva for “certinha” com tem sido. Mas do que gosto mesmo é ver o verde, o verde novo das montanhas e quase luminoso por debaixo de um céu cinzento e feio que faz até lembrar paisagens de outras paragens e outras margens.
 
Gosto, desde o vale, de apreciar o verde do Brunheiro nos dias de chuva, do mesmo Brunheiro que nos dias de sol nos brinda com azuis, amarelos, laranjas e outras cores de primavera.
 
Até amanhã, mesmo em Chaves.

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