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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

11
Jun23

Alminhas, nichos, cruzeiros e afins... Freguesia de Lamadarcos

Lamadarcos e Vila Frade


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Habitualmente nesta rubrica das alminhas e outros símbolos religiosos, trazemos aqui uma aldeia do concelho de Chaves. Hoje, excecionalmente, vamos deixar aqui uma freguesia com as suas duas aldeias, isto porque nos surgiu uma dúvida, pois não sabíamos a qual das aldeias da freguesia deveríamos atribuir a “pertença” de um pequeno santuário que existe na freguesia, assim, e como supomos que “pertence” a ambas as aldeias, embora mais próximo de uma delas, fazemos um post dedicado a toda a freguesia, pensamos que é o mais justo, e assim, da nossa parte, ficamos com o assunto resolvido e a consciência tranquila.

 

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Santuário de Santa Marta

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Igreja espanhola de Lamadarcos

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Igreja "portuguesa" de Lamadracos

Então a freguesia é a de Lamadarcos e as aldeias são a própria aldeia de Lamadarcos e a de Vila Frade, onde no total existem três igrejas, um pequeno Santuário com devoção a Santa Marta, um cruzeiro e um conjunto de cruzes a encimar um pombal com uma arquitetura muito curiosa a fazer lembrar uma coroa monárquica.

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Santuário de Santa Marta

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Igreja de Vila Frade

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Interior da Igreja de Vila Frade

 

Estes elementos de arquitetura religiosa estão assim distribuídos:

Em Lamadarcos temos duas igrejas, a Igreja Matriz cuja padroeira é a Nossa Senhora da Conceição, também conhecida pela igreja portuguesas, isto porque a outra igreja é conhecida como a igreja espanhola, isto por causa da origem de ambas que remonta ao tempo em que  Lamadarcos era uma aldeia promíscua, isto é, tinha duas nacionalidades, sendo dividida a meio pela linha de fronteira que separava os então reinos de Espanha e Portugal, daí existir em cada um dos lados da aldeia uma igreja, e assim foi até  o tratado de fronteiras de 1864 em que as três aldeias promíscuas então existentes no concelho de Chaves (Soutelinho da Raia, Cambedo e Lamadarcos) passaram a pertencer apenas a Portugal em troca do Couto Misto que passou na totalidade para Espanha.

 

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Igreja espanhola de Lamadarcos

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Interior Igreja espanhola de Lamadarcos

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Interior Igreja espanhola de Lamadarcos

Em Vila Frade por sua vez existe uma igreja, um cruzeiro e as tais cruzes que encimam o atrás mencionado pombal.

 

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Pombal em Vila Frade

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Igreja Matriz de Lamadarcos (portuguesa)

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Igreja espanhola de Lamadarcos

O pequeno Santuário com devoção a Santa Marta está isolado e relativamente distante de ambas as aldeias, embora mais distante de Lamadarcos e fica no limite da freguesia que confronta com a freguesia de Vila Verde da Raia.

 

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Igreja portuguesa de Lamadarcos

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Cruzeiro de Vila Frade

Tal como relembramos sempre nesta rúbrica, para a levarmos a efeito apenas recorremos àquilo que temos em arquivo das visitas que fizemos às aldeias, então ainda sem esta rubrica existir, ou seja, então não tínhamos a preocupação  de andar à procura deste elementos religiosos, daí poder falhar algum, mas como habitualmente, prometemos que na próxima visita a cada uma das aldeias já levaremos essa preocupação e se alguma coisa falhou hoje, em tempo oportuno reporemos a verdade com um post extra à freguesia ou à respetiva aldeia.

 

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Imagens do interior da Igreja de Vila Frade

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Para finalizar fica o nosso mapa de localização/inventário devidamente atualizado.

Resto de um bom fim de semana.

 

 

18
Jul20

Lamadarcos - Chaves - Portugal

Aldeias do Concelho de Chaves - C/Vídeo


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Continuando a cumprir a nossa falta para com as aldeias que, aquando dos seus posts neste blog, não tiveram o resumo fotográfico em vídeo, trazemos hoje esse resumo para a aldeia de Lamadarcos.

 

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Aldeia que tem passado com regularidade neste blog, mesmo que não seja com um post dedicado a si, é mencionada noutros posts de outras aldeias ou de outros assuntos, pois Lamadarcos, para além de ser uma das aldeias do concelho de Chaves, tem outras particularidades, como ser uma aldeia da raia ou ter sido uma antiga aldeia promiscua, isto é, uma aldeia que estava dividida a meio pela raia entre o reino de Portugal e de Espanha.

 

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A aldeia estava dividida, o seu povo não, pois ao fim e ao cabo trata-se de um mesmo povo, não o povo de Portugal e Espanha, mas o povo galego e transmontano ou mesmo do norte de Portugal aquém rio Douro, mesmo na língua falada entre ambos, pois o galego, não é mais que o nosso português antigo. Ou seja, o antigo povo da Galaécia, hoje ainda o mesmo povo mas dividido por uma linha de raia, com duas nacionalidades, hoje a portuguesa e espanhola, embora neste cantinho, do outro lado da raia, o ser galego impõe-se ao ser espanhol, se é que existe um povo espanhol…

 

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Daí que sempre que abordamos as aldeias da raia ou os povos promíscuos ou o couto misto (ou mixto), somos obrigados a falar de Lamadarcos, pois faz parte da história de todos, da raia porque está na raia, por ter sido um povo promíscuo e embora diretamente nada tenha a ver como o couto misto, está ligado a ele, pois no acordo de 1864 entre os reinos de Portugal e Espanha, as metades espanholas (galegas) dos três povos promíscuos de Lamadarcos, Cambedo e Soutelinho, passam a ser portuguesas e em troca, Espanha fica com os três povos (aldeias) do Couto Misto, que era assim a modos de um couto independente, que se regia por leis portuguesas e espanholas, mas também por leis próprias.

 

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Mas sobre estes assuntos e mais particularmente sobre Lamadarcos, já fomos falando nos posts que lhe dedicámos ao longo da existência deste blog, hoje estamos aqui pelo vídeo resumo sobre a aldeia que nunca teve nos posts anteriores.

 

Aqui fica, com todas as imagens que publicámos até hoje no nosso blog, a grande maioria tomadas nos anos de 2007 e 2009, mas com algumas imagens de vídeo fresquinhas, ou melhor, bem quentinhas, pois são de ontem à tarde quando a temperatura do ar rondava os 40ºC, e mais as 5 imagens do post de hoje que escaparam às anteriores seleções. Aqui fica o vídeo, espero que gostem:

 

 

 

Post do blog Chaves dedicados ou onde se fala da aldeia de Lamadarcos:

 

https://chaves.blogs.sapo.pt/lama-de-arcos-chaves-portugal-e-um-1636026

https://chaves.blogs.sapo.pt/a-galiza-aqui-ao-lado-mandin-1425208

https://chaves.blogs.sapo.pt/lamadarcos-e-alem-da-raia-1424006

https://chaves.blogs.sapo.pt/porque-parece-estar-na-moda-1289262

https://chaves.blogs.sapo.pt/lamadarcos-chaves-portugal-1118371

https://chaves.blogs.sapo.pt/839117.html

https://chaves.blogs.sapo.pt/442604.html

https://chaves.blogs.sapo.pt/380408.html

https://chaves.blogs.sapo.pt/67519.html

 

 

 

  • E quanto a aldeias de Chaves, despedimo-nos até à próxima quarta-feira em que teremos aqui a aldeia de Limãos.

 

 

03
Fev18

Lama de Arcos, Chaves, Portugal e um pouco de História


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Vista geral de Lama de Arcos, na fronteira com a Galiza

 

De vez em quando ouve-se por aí falar dos povos promíscuos, pois a nossa aldeia de hoje — Lama de Arcos — foi um desses povos promíscuos, que não eram mais que aldeias que pertenciam ao Reino Espanhol e ao Reino Português, ou melhor, que eram atravessadas a meio pela fronteira entre os dois reinos.

Também quando se fala de Lama de Arcos ( ou Lamadarcos) e dos povos promíscuos, obrigatoriamente fala-se das aldeias portuguesas do Cambedo e Soutelino da Raia, ambas aldeias que foram também promiscuas, e das aldeias espanholas de  Rubiás, Santiago e Meaus  que foram um Couto Misto (ou Mixto), com leis próprias, encravado em território do Reino de Espanha, próximo da fronteira entre os dois reinos (perto de Tourém, concelho de Montalegre) com população portuguesa e espanhola, e independente dos Reinos de Espanha e Portugal.

 

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 Vista parcial de Lama de Arcos, com a igreja Portuguesa

 

Em Lama de Arcos, e nas restantes aldeias atrás mencionadas, assim foi ao longo dos tempos até ao Tratado de Limites entre Portugal e Hespanha realizado aos 29 de Setembro de 1864 e Assignado em Lisboa pelos respectivos plenipotenciários, tratado este pelo qual todas as aldeias atrás mencionada ficam ligadas pela História, mas para melhor compreendermos essa ligação, nem há como ir até ao que foi escrito no referido tratado, bilingue, grafado com o português e castelhano da época, conforme consta na edição da IMPRENSA NACIONAL —  LISBOA — 1866, do qual passamos a transcrever a introdução e os artigos 7º, 10º, 11º e 27º.

 

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 Um pormenor de rua de Lama de Arcos

 

"DOM LUIZ, por graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, d’aquem e d’alem mar, em Africa senhor de Guiné, e da conquista, navegação e commercio da Ethiopia, Arabia, Persia e da India, etc. Faço saber aos que a presente carta de confirmação virem, que aos 29 dias do mez de setembro do anno de 1864, se concluiu e assignou na cidade de Lisboa entre mim e Sua Magestade a Rainha das Hespanhas, pelos respectivos plenipotenciarios munidos de competentes pelenos poderes, um tratado de limites dos reinos, desde a foz do rio Minho até á confluencia do rio Caia com o Guadiana, cujo teor é o seguinte:"

 

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Antigo trilho do contrabando entre a Galiza e Lama de Arcos

 

"Sua Magestade El-Rei de Portugal e dos Algarves e Sua majestade a Rainha das Hespanhas, tomando em consideração o estado de desassocego em que se encontram muitos povos situados nos confins de ambos os reinos, por não existir uma demarcação bem definida do território, nem tratado algum internacional que a designe, e desejando pôr termo, de uma vez para sempre, aos desagradaveis conflictos que por tal motivo se suscitam em varios ponto da raia, estabelecer e consolidar a paz e harmonia entre os povos limítrophes, e finalmente, reconhecendo a necessidade de fazer desapparecer a situação anómala em que, á sombra de antigas tradições feudaes, têem permanecido até hoje alguns povos immediatos á linha divisoria de ambos os estados, com reconhecido e commum prejuizo d’estes, convieram em celebrar um tratado especial que determine clara e positivamente tanto os direitos respectivos dos povos confinantes, como os limites territoriaes de ambas as soberanias, na linha de fronteira que se estende desde a foz do rio Minho, até á confluencia do Caia com o Guadiana. Para este effeito nomearam seus plenipotenciarios ; a saber:

 

Sua Magestade El-Rei de Portugal e dos Algarves, o sr. Nuno José Severo de Mendonça Rolim de Moura Barreto, duque e marquez de Loulé, conde de Valle Reis, estribeiro mór,...

( …. )"

 

1600-lamadarcos (160)

  Campos entre Lama de Arcos e a Galiza

 

"Os quaes, depois de haverem communicado os seus plenos poderes, achados em boa e devida fórma, tendoexainado minuciosa e detidamente varios e numerosos documentos assim antigos como modernos, adduzidos por ambas as partes em apoio dos seus direitos e pretensões, e tendo alem d’isto presentes os estudos e trabalhos da commissão mixta de limites que nos ultimos annos percorrêra a linha de fronteira, convieram nos artigos seguintes:"

 

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Igreja "espanhola" em Lama de Arcos, antigamente em território espanhol

 

 

A seguir à introdução e termos do tratado, segue-se a publicação de 34 artigos com retificações de fronteira entre o Rio Minho e a confluência do Rio Caia com o Guadiana, dos quais a nós nos interessam os artigos 7º (sobre o Couto Misto)  o 10º e 11º dos povos promíscuos e o artigo 27º do Couto Misto/povos promíscuos, artigos que passo a transcrever:

 

1600-lamadarcos 320 art (5)

 Pormenor de um pátio/rua em Lama de Arcos

 

ARTIGO 7º

Desde as Pedras de Malrandim se dirigirá a raia em direcção N. pela actual linha se separação entre o Couto Mixto e o termo de Villar, até ao ponto em que a corte um alinhamento recto, tirado do Castello da Piconha ao Pico do Monte Agudo, e d’este ponto de encontro voltando em direcção E. continuará por outro alinhamento recto até ao Porto de Banzellos.

Portugal renuncia a favor de Hespanha todos os direitos que possa ter sobre o terreno do Couto Mixto, e sobre os povos n´elle situados, os quaes em virtude da direcção determinada pela linha acima descripta ficam em território hespanhol.

 

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Campos na periferia da aldeia de Lama de Arcos

 

ARTIGO 10º

Da ponte d’Assureira a linha de separação entre as duas monarchias se encaminhará pelos marcos ora existentes até ás immediações do Povo Promiscuo de Soutelinho, e passando pelos pontos que se demarcarão, perto do dito povo, que ficará em territorio portuguez tornará a encontrar o limite actual da fronteira, e continuará por elle tocando na Cruz da Fonte do Asno, Porto Cavallo de Cima, e de Baixo, Penedo dos Machados, Marco da Fexa, seguindo pelo ribeiro de Cambedo até á sua confluencia com o Valle de Ladera.

 

O povo promiscuo de Soutelinho pertencerá a Portugal, demarcando-se-lhe em território de Hespanha, uma zona de noventa a cem metros de largo contigua à povoação.

 

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Rua principal de Lama de Arcos, com a igreja Portuguesa

 

ARTIGO 11º

A raia partindo do ribeiro de Valle de Ladera seguirá o leito d’este, e continuará pelo limite do termo municipal hespanhol de Cambedo até á Portella de Vamba, para dirigir-se á Penha ou Fraga da Raia. D’este ponto irá atravessando o valle do rio Tamega pelos marcos que hoje determinam a fronteira, tocará no Pontão de Lama, e logo passando próxima dos povos portuguezes de Villarelho e Villarinho, entrará no rio Tamega pela Fraga do Bigode ou Porto de Villarinho. D’aqui seguirá pela veia principal do rio Tamega até á confluencia do rio Pequeno ou de Feces, por onde subirá até á Fraga de Maria Alves, proseguindo depois pelo limite do termo municipal hespanhol de Lama de Arcos até ao Oiteiro de Castello Ancho.

 

Os dois povos promíscuos Cambedo e Lama de Arcos, com seus actuaes termos municipaes ficam pertencendo a Portugal.

 

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Pormenor de construções típicas rurais em Lama de Arcos

 

Artigo 27º

Havendo passado integralmente ao domínio e soberania de Portugal, em virtude dos artigos 10º e 11º os tres povos promíscuos denominados Soutelinho, Cambedo e Lama de Arcos, e ficando igualmente sob o domínio e soberania de Hespanha, em vitude do artigo 7º, os tres povos do Couto Mixto, chamados Santa Maria de Rubias, S.Thiago e Meaus, conven ambas as partes contratantes, que tanto habitantes do Couto Mixto que sejam realmente subditos hespanhoes, como os habitantes do Couto Mixto que sejam realmente subditos  portuguesez, possam, se assim lhes convier, conservar a sua respectiva nacionalidade. Para este fim tanto uns como outros decalararão a sua decisão as auctoridades locaes no termo de um anno, contado desde o dia em que se ponha em execução o presente tratado.

 

 

13
Ago16

Lamadarcos e além da raia


1600-lamadarcos (400)

 

Um pouco mais além da aldeia de Lamadarcos entra-se na Galiza, todas as montanhas de fundo que se veem na imagem são galegas, mas nem sempre foi assim, aliás só a partir de 29 de setembro de 1864 é que assim é, pois até aí Lamadarcos era considerada uma das três aldeias promiscuas que o nosso concelho de Chaves tinha, isto porque a fronteira entre o então Reino de Portuga e de Espanha era a meio da aldeia, dividindo-a a meio. Com o tratado das fronteiras (1864) as três aldeias promíscuas do concelho de Chaves (Soutelinho da Raia, Cambedo e Lamadarcos) passaram a ser pertença apenas de Portugal, em troca Espanha recebeu as três aldeias do Couto Misto, até aí sem nacionalidade definida, gozando de um estatuto próprio de certa independência em relação a Portugal e Espanha.

 

 

21
Set14

Lamadarcos - Chaves - Portugal


 

Hoje fazemos mais uma passagem pelas nossas aldeias da raia, no presente caso vamos até Lamadarcos, antiga aldeia promíscua traçada a meio pela linha de fronteira entre Portugal e a Galiza, pelo menos até 1864 assim foi, ou seja a data em que no tratado de Lisboa se fixaram as fronteiras  entre Portugal e Espanha, data a partir da qual Lamadarcos passou na totalidade para Portugal, conjuntamente com o Cambedo e Soutelinho da Raia, em troca das aldeias do Couto Misto que passaram para e Espanha.

 

 

Lamadarcos tem na sua história esta promiscuidade de dividir a aldeia de um mesmo povo entre duas nacionalidades, mas todas as aldeias da raia têm na sua história esta proximidade com os povos vizinhos do outro lado da fronteira, não só a proximidade física mas também a proximidade de relações (de todos os géneros) entre as aldeias de ambos os lados da raia, como se esta (a raia) nunca tivesse existido, ou que apenas existia quando as autoridades estivessem por perto, e mesmo assim, só e quase quando se transportava contrabando, Mas isto, claro, apenas se aplicava aos povos residentes nessas aldeias, que no geral eram conhecidos pelas autoridades.

 

 

 

Até à abolição das fronteiras na Europa, esta proximidade da raia foi de extrema importância na vida e economia destas aldeias, pois direta ou indiretamente o contrabando e outras atividades clandestinas como a passagem de “peles”[i] fazia parte do dia-a-dia destas aldeias. Claro que onde havia contrabandistas também havia Guarda-Fiscal e a maioria das aldeias da raia tinham postos da GF que no mínimo tinham sempre meia dúzia de guardas, que residiam nessas aldeias com as suas famílias, contribuindo também eles para a vida e economia da aldeia.

 

 

 

Aldeias da raia mas também aldeias do interior e da montanha e daí também elas afetadas pelas maleitas do despovoamento e do envelhecimento das suas populações, mas que nestes casos de aldeias da raia, abolição das fronteiras foi um duro golpe que contribuiu em muito para o agravamento dessa maleita do despovoamento, principalmente nas aldeias mais isoladas e mais distantes da cidade, que não é o caso da nossa aldeia convidada de hoje – Lamadarcos.

 

 

 

Mas tudo isto é história que se repete em todas as aldeias da raia, mas todas elas têm também as suas singularidades e pormenores que as distinguem das outras aldeias. Lamadarcos, graças ao seu passado, tem algumas dessas singularidades, uma delas, nas suas duas igrejas que herdou do tempo da sua promiscuidade, ou seja a igreja portuguesa e a espanhola, que ainda hoje é conhecida por este nome.

 

 

Mas também o seu casario, os campos agrícolas  e caminhos envolventes da aldeia lhe dão um toque diferente ao das outras aldeias. A poente da Cota de Mairos, abrigada por esta, a aldeia desenvolve-se junto a campos planos e férteis o que dá sempre um toque saudável e de verdura à aldeia.

 

 

Pois hoje ficam mais algumas imagens que escaparam às anteriores seleções e seleções, pois também na fotografia, algumas ganham mais interesse com o passar dos anos, tal como o vinho do Porto. Isto para vos dizer também que todas as imagens de hoje são de arquivo e já passaram por elas pelo menos cinco anitos.

 

 



[i] Nome dado à passagem clandestina de pessoas para a emigração, que conheceu os seus dias áureos nos finais dos anos 50 e durante todos os anos 60 do século passado.

 

 

15
Set12

Aldeias da Raia - Lamadarcos


 

E vamos continuar com uma breve passagem pelas aldeias da raia, ainda sem as suas respetivas congéneres galegas que ficarão para mais tarde, para trabalho mais elaborado.


 

Lamadarcos é a nossa aldeia de hoje, antiga aldeia promíscua, dividia a meio pela raia até 1864 em que os reinos espanhol e português fizeram um acerto de fronteiras, passando as aldeias promíscuas (Soutelinho da Raia, Cambedo e Lamadarcos) para Portugal e o Couto Misto para Espanha.


A igreja que se vê nesta última imagem ainda hoje é conhecida pela igreja espanhola, precisamente porque era do lado de lá da raia que ela se encontrava até 1864.



20
Mai12

Lamadarcos - Chaves - Portugal


 

E vamos continuar a honrar o compromisso de aos fins-de-semana trazer por aqui as nossas aldeias, que, depois de todas fazerem por aqui a sua passagem, agora passam um bocado ao acaso, com imagens que não couberam no respetivo post.

 

 

Hoje cabe a sorte a Lamadarcos, mas um pouco diferente daquilo que é habitual, pois, à exceção da primeira imagem, não é propriamente a aldeia e o seu casario que fica por aqui. Hoje quisemos trazer um pouco da envolvência da aldeia.

 

 

Imagens um pouco diferentes daquilo que é habitual, mas são na mesma imagens da nossa ruralidade que tão esquecida tem sido ao longo dos anos.

 

 

E para terminar fica a foto de um guerreiro azul, no seu merecido descanso ou à espera das engrenagens para continuar a escrever na terra as linhas que mais tarde serão vestidas pelos verdes, amarelos e castanhos ditados pelo tempo.

 

 

 

08
Jan11

Aldeias da Raia


Vila Meã

 

Depois da grande ronda por todas as aldeias do concelho, vamos agora fazendo algumas viagens aqui e ali, um pouco aleatoriamente, por um ou outro pormenor ou motivo. Vai ser assim durante mais algumas semanas enquanto a chuva, o inverno e os dias pequenos não permitirem novas incursões no nosso mundo rural, em busca, ainda nem sei bem do que. E digo isto porque o nosso mundo rural é tão rico em motivos e temas para explorar que se torna difícil escolhe-los. Mas alguma ideia, ou pretexto,  surgirá para de novo marcar encontro com o nosso mundo rural, cumprindo a promessa (de há dias) de privilegiar o lado humano das nossas freguesias e aldeias.

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Vilarelho da Raia

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Para já, vamos andando por aí, recorrendo ao nosso arquivo fotográfico e trazendo aqui imagens que não couberam no post das respectivas aldeias. Hoje lembrei-me de passar por algumas aldeias da raia, que outrora graças à mesma raia e às trocas comerciais entre ambos os lados da raia (contrabando), ia-se  fazendo a vida e a riqueza dessas aldeias. Com abolição da fronteira, aboliram-se os postos da Guarda-Fiscal  e os guardas e suas famílias partiram para outras paragens, tal como os contrabandistas e um pouco por todas as aldeias raianas, a vida foi esmorecendo, os “negócios” fecharam e, apenas os resistentes foram ficando, principalmente os mais velhos que com as suas reformas e um pouco de terra e do seu amanho, vão fazendo a felicidade ou infelicidade dos dias, onde todos (nem sequer duvido) têm saudades da vida das antigas aldeias.

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Lamadarcos

 

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Vamos aproveitando ainda o que existe da genuinidade das nossas antigas aldeias, pelo menos enquanto ainda resiste a beleza do velho casario e os seus resistentes ainda estão por lá para nos contar as suas estórias e vivências de tempos até bem difíceis, mas que, curiosamente, deixam saudades, pelo menos da vida e alegria que as aldeias tinham.

 

Até amanhã, com mais imagens dos dias do nosso mundo rural.

 


22
Nov09

Mosaico da Freguesia de Lamadarcos


 

Estamos de regresso aos mosaicos das freguesias, hoje com o mosaico de Lamadarcos.

 

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Localização:

A 12 km da cidade de Chaves, a Noroeste desta e na orla raina.

 

Confrontações:

Confronta a Norte com a Galiza, a Nascente com a freguesia de Mairos, a Sul com a freguesia de Stº António de Monforte e a Sudoeste com a freguesia de Vila Verde da Raia.

 

Coordenadas: (Adro da Igreja)

41º 49’ 56.89”N

7º 23’ 07.73”W

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Altitude:

Variável –  a rondar a cota dos 400m

 

Orago da freguesia:

Nossa Senhora da Conceição

 

Área:

13.83 km2

 

Acessos (a partir de Chaves):

– Estrada Nacional 103 até ao Lameirão e 103-5 até próximo da fronteira (depois de Vila Verde da Raia), E.M.504. Em alternativa, a A24 até ao nó de Vila Verde da Raia.

 

 

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Aldeias da freguesia:

            - Lamadarcos e Vila Frade.

 

População Residente:

            Em 1900 – 626 hab.

            Em 1920 – 707 hab.

            Em 1940 – 919 hab.

Em 1950 – 1035 hab.

            Em 1960 – 990 hab.

            Em 1981 – 669 hab.

            Em 2001 – 425 hab.

 

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Tal como a grande maioria das aldeias do concelho, principalmente as de montanha e da raia, também Lamadarcos viu o seu topo de população residente nos anos 50 e a partir dessa data uma descida acentuada ao longo dos anos, perdendo nos últimos 50 anos, mais de metade da sua população.

 

Principal actividade:

- Se em tempos o contrabando foi uma actividade importante na freguesia, hoje apenas se resume à agricultura e alguma pecuária.

 

Particularidades e Pontos de Interesse:

 

A sua história ligada às antigas aldeias promíscuas em que a raia atravessava e dividia a aldeia em duas. Assim foi até ao ano de 1864 em que no Tratado de Lisboa, Lamadarcos passava a ser inteiramente portuguesa, conjuntamente com o Cambedo e Soutelinho da Raia, que partilhavam da mesma condição. Em troca, Espanha, ficou com as três aldeias do Couto Misto.

 

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Lamadarcos (aldeia) foi outrora um curato anexo ao priorato de Chaves, vindo a beneficiar da extinção da freguesia de Vila Frade, para se tornar freguesia, à qual esta passou a pertencer.

 

A riqueza de estações castrejas no nosso concelho, também contempla a freguesia com um provável habitat fortificado da idade do ferro, num local que hoje denominam por “Castro” ou “Fraga da Moura”.

 

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As duas aldeias da freguesia mantêm ainda um casario tradicional mais ou menos interessante, onde se destacam um pombal de curiosas forma e único no concelho e região, mas também a Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Conceição de sabor românico tardio, as Capelas de Santo Amaro, Santo António e São Caetano e Santa Marta. Também curiosa e interessante é a Igreja denominada por “espanhola”, por antigamente ficar do lado espanhol da aldeia. De salientar ainda a Fonte de Santa Marta e diversos cruzeiros graníticos.

 

Também o verde da paisagem que se repete por quase toda a freguesia, merece algum destaque, sendo agradável aos olhos e de verão transmite uma certa sensação de frescura.

 

Para saber mais sobre as duas aldeias da freguesia, nem há como seguir os links que a seguir deixo para os posts já publicados neste blog.

 

 

Linck para os posts neste blog dedicados à  freguesia:

 

            - Lamadarcos

 

- Vila Frade

 

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