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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

12
Mar15

Vivências - Matar o bicho


vivenvias

 

Matar o bicho

 

A esta distância já não consigo precisar a idade que teria, mas suponho que não seriam mais do que uns 7 ou 8 anos. Era verão, estava de férias em Portugal, em casa dos meus avós, mais precisamente na cozinha, junto ao grande escano de madeira em frente à lareira, e observava a minha avó a preparar as coisas para o meu avô, que no dia seguinte ia viajar para Lisboa. A dada altura, o meu avô, a propósito de algo que a minha avó lhe pusera na mala, referiu que lhe serviria para “matar o bicho”. Não entendi, e com a curiosidade própria daquela idade fui perguntar à minha mãe se o meu avô ia realmente matar algum bicho… Explicou-me, então, que obviamente que não e que aquela frase mais não era do que uma expressão que significava simplesmente tomar o pequeno-almoço ou, se preferirmos, matar o bichinho da fome antes de enfrentar mais um dia de trabalho.

 

Hoje já ninguém “mata o bicho”. A expressão, tal como muitas outras, desapareceu por completo do nosso vocabulário. Desapareceram também muitos termos relacionados, principalmente, com o meio rural porque o modo de vida, as práticas, as tradições, os usos e costumes mudaram drasticamente nas últimas décadas (palavras como alqueire ou almude, por exemplo, são completamente desconhecidas para a maioria dos jovens da atualidade). Desapareceram ainda centenas de regionalismos, termos usados apenas numa determinada região e que na maior parte das vezes eram absolutamente desconhecidos fora dela. Em contrapartida, utilizamos hoje no nosso dia a dia dezenas de palavras novas, umas claramente importadas da língua inglesa, principalmente nas áreas da informática e das novas tecnologias, e outras cuja origem é mais difícil de determinar.

 

É assim, nesta dualidade de ganhos e perdas, que uma língua vai evoluindo, permitindo aos seus utilizadores a possibilidade de continuarem a comunicar em novos tempos e em novos contextos. Pessoalmente, porém, e embora reconhecendo este fenómeno como uma inevitabilidade, não deixo de me entristecer com a perda irremediável de todo um património linguístico riquíssimo, construído ao longo de gerações e que é parte integrante da nossa história, da nossa cultura e das nossas raízes…

Luís dos Anjos

 

 

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