Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

26
Jan19

São Gonçalo da Ribeira - Chaves Portugal


1600-s-goncalo (7-11)

São Gonçalo da Ribeira

 

Nesta ronda pelas nossas aldeias em que nos propusemos traze-las mais uma vez ao blog com imagens que nos escaparam nas anteriores publicações, resolvemos fazê-lo pela ordem alfabética. Já vamos no S, nas aldeias e lugares que adotaram com topónimo um santo (Santiago do Monte, São Caetano, São Cornélio, São Domingos, São Gonçalo, São Julião, São Lourenço, São Pedro de Agostém, São Vicente da Raia e Santo Estêvão), as Santas, vêm a seguir.

 

1600-s-goncalo (174)

 

Nem sempre estes topónimos correspondem a aldeias propriamente ditas, tal como acontece com o São Caetano e São Gonçalo, estes nasceram como lugares de culto e assumem-se como santuários. Pois o nosso destino de hoje é para um destes lugares de culto - o São Gonçalo.

 

1600-s-goncalo (162)

 

Também aqui, tal como penso que aconteceu em São Domingos, começaram a nascer algumas casas junto à Capela. Neste Caso de São Gonçalo há por lá uma construção toda construída em xisto e habitada até há alguns anos atrás que notoriamente tem uns bons anos em cima. As restantes (meia-dúzia) são construções recentes, que não são mais que abrigos de pescadores de fim-de-semana.

 

1600-s-goncalo (140)

 

Inicialmente poder-nos-á parecer estranho que no meio de um mar de montanhas possam existir pescadores, mas não, não é nada estranho, pois é na base destas montanhas, onde elas se encontram, que correm os rios, maiores ou menores e também eles se encontram. O São Gonçalo é um desses locais de encontro de dois rios, que simultaneamente também são limites naturais de freguesias, de concelhos e de distritos, mas também de reservas naturais e outros limites.

 

1600-s-goncalo (131)

 

Os dois rios que se encontram em São Gonçalo são o Rio Mousse e o Rio Mente, o primeiro nasce na Galiza (em Terroso) e termina o seu curso aqui no São Gonçalo, onde desagua no Rio Mente que, um pouco mais à frente, irá desaguar no Rio Rabaçal, para já próximo de Mirandela abraçar o Rio Tua que entre montanhas e mais montanhas acabará por chegar ao Rio Douro, muito antes de este entrar no mar. Voltando aos dois rios do São Gonçalo, o Mousse vai servindo os limites de freguesias de Chaves, nomeadamente entre a freguesia de São Vicente da Raia e as freguesias de Travancas/Roriz, Cimos de Vila da Castanheira e Sanfins da Castanheira. Já quanto ao Rio Mente, este serve de fronteira aos concelhos de Chave e Vinhais e aos Distritos de Vila Real e Bragança.

 

1600-argemil (43)

 

Mas vamos até ao São Gonçalo e à sua localização, não de muito fácil acesso. Na última imagem que deixamos, assinalamos com um círculo vermelho o local onde mora o São Gonçalo. A imagem foi tomada desde Argemil. Por entre a baixa do encontro de montanhas em primeiro plano, corre o Rio Mousse, pelo caminho, passa ainda pelo Castelo do Mau Vizinho. À esquerda da imagem logo imediatamente a seguir a uma sombra no terreno, uns pontinhos brancos assinalam a aldeia de Orjais. É a partir desta aldeia que se faz um dos acessos até São Gonçalo. O outro acesso fica do lado direito para além da imagem e é feito a partir de Parada, uma das aldeias da freguesia de Sanfins da Castanheira.

 

1600-s-goncalo (91).jpg

 

O São Gonçalo, tanto quanto sei, é reivindicado por estas duas aldeias, Orjais e Parada, mas segundo me consta, a festa é repartida a meias em são convívio. Isto pelo que me dizem, pois nunca tive oportunidade nem o gosto de poder assistir à festa anual. Nunca lá fui à festa e lamento, mas também não sei em que dia se realiza. Sei que é em tempo de Verão. Numa consulta que fiz às festas das duas freguesias que reivindicam o santo, em São Vicente da Raia a festa de São Gonçalo acontece no dia 20 de agosto, já nas festas da freguesia de Sanfins, o São Gonçalo acontece no 3º domingo de julho. Estou mais inclinado para esta segunda data, mas tal como disse, não posso confirmar que seja o mesmo São Gonçalo.

 

1600-s-goncalo (159).jpg

 

É também conhecida pela festa das merendas, pois ao que consta é tradição levar a merenda de casa para lá ser degustada numa das sombras à beira rios, que por lá abundam. Merenda que pela certa é merecida, pois tal como já tive oportunidade de dizer, o São Gonçalo é de acessos complicados, recomendados para veículos todo o terreno. Os ligeiros também lá conseguem chegar, mas isto, tal como uma vez me disseram em Parada, é só para os que não têm amor ao popó.

 

1600-s-goncalo (147)

 

Dia de festa que se adivinha ser de festa, também sinónimo de alguma confusão, que pela certa não deixam apreciar o verdadeiro santuário, não o do santo, mas o do local, que tal como já uma vez afirmei aqui no blog, é um verdadeiro  santuário de montanhas, de beleza, de tranquilidade, de natureza, de verde e de água cristalina a correr entre margens de ambos os rios.

 

1600-s-goncalo (33)-1

 

No acesso até São Gonçalo, que tanto seja feito via Orjais a 5,5 km, ou via Parada a 6,5km, é ainda notório o devaste que um incendio de há quinze ou vinte anos atrás provocou na paisagem. Curiosamente este devaste na paisagem deixou a nu o rude que a montanha é, mas também, que não há um palmo de terra que não tivesse sido, em tempos, trabalhado pelo homem. Hoje penso que já não é bem assim, e também é notório, a montanha há muito que deixou de ser o ganha pão das populações, primeiro porque a população é cada vez mais escassa e segundo porque o fruto da montanha, hoje em dia, pela certa já nem para sobreviver dará.

 

1600-s-goncalo (27)

 

Uma curiosidade geológica que se vai desenhando ao longo do mar de montanhas chamará a atenção dos mais atentos. Trata-se de um aglomerado rochoso que nos surge à superfície, que se desenvolve em linha reta com cerca de 2 metros de largura e entre 1 a 2 metros de altura parecendo tratar-se de uma muralha, só que esta é natural sem a intervenção humana. Há uns bons anos, no dia em me dei conta desta “muralha” estava com o então presidente da Junta de S. Vicente da Raia que me disse, terem-lhe dito que este fenómeno, começa em terras da Galiza e só termina nas proximidades de Bragança. Pelo que vi, acredito bem que sim, mas mais não posso dizer sobre o assunto, pois nada mais sei.

 

 

E para terminar, deixo atrás um vídeo que encontrei no youtube, de autoria de Paulo Moura/ Flygraphy, que mostra um outro olhar sobre o São Gonçalo e respetivos acessos.

 

 

19
Nov15

O Factor Humano - Equilíbrios entre rio e mente


1600-cab-mcunha-pite

 

Equilíbrios entre rio e mente

 

Quando acaba a pesca, gosto de imaginar o rio Mente a correr, ignorando normas e datas. Estabiliza-me saber ele está lá, constante na sua corrente. Revejo-me na sua persistência de não desistir. Poucas coisas me perturbariam tanto como se um dia o visse seco, ou destruído por uma barragem assassina.

1600-XXIV-encontro (309)

Rio Mente, em Segirei

Por isso me custam tanto as últimas idas à pesca, na estiagem do Julho, quando o caudal está triste e sumido. Disfarçam-se os cenários pescando ao nascer do sol, quando o orvalho e a temperatura nos iludem da tristeza que se está a anunciar. Outras vezes muda-se a técnica de pescar, procurando nos recantos das sombras, nas águas paradas, ensinar um saltão a dançar e chamar a truta para o baile.

 

É verdade que o mês de Julho funciona como um desmame que nos prepara para um interregno extenso, sem pesca, sem trutas e sem rio.

 

Para mim as primeiras chuvas do outono marcam o fim da etapa mais difícil. Mais do que a pesca, é o rio que me faz falta. As suas águas movem-nos a ambos, estabilizando-nos nos nossos ciclos.

1600-s-goncalo (159)

Rio Mente, em S.Gonçalo

Ao longo dos anos, fui semeando músicas nas margens do rio Mente. Cantor a cantor, canção a canção, fui substituindo as culturas abandonadas, da beira do rio, por poemas que saberia voltar a encontrar no ano seguinte, diferentes como as árvores, diferentes como a água do rio.

 

Com respeito por todos os outros, acho que o rio Mente é meu. Mas estão sempre convidados, por ele, para me visitarem.

 

Manuel Cunha (Pité)

 

 

 

03
Ago13

Chaves Rural - S.Gonçalo


 

Na próxima quarta-feira vai inaugurar aqui um espaço dedicado a Miguel Torga, o maior poeta dos portugueses e de Portugal por ser o único que saindo a da humildade do povo nunca o abandonou e continuou durante toda a sua vida a ser pertença do povo e das terras de Portugal. Iniciei assim com Torga porque cada vez que vou por terras de S.Vicente da Raia e avisto o mar de montanhas, lembro-me do seu (nosso) “Reino Maravilhoso”  e quero acreditar (embora não seja verdade) que foi nestas montanhas que ele se inspirou para escrever esse naco de prosa que é um dos mais belos que conheço.




De vez em quando gosto de ir por estas paragens em que as montanhas e o céu povoam tudo quanto há a povoar. Gosto de ir sozinho ou com alguém que, como eu, comungue em silêncio aquilo que a natureza nos oferece. Venho de lá sempre renovado, mesmo vivendo durante todo o ano rodeado de montanhas, aquelas são diferentes, duras, difíceis, selvagens, tanto que mesmo não o sendo, parecem reter ainda o sabor da virgindade.




Espero que desfrutem tanto quanto eu desfruto ao ver estas imagens, pois melhor que isto, só mesmo estar por lá, no meio delas, mas para tal, como para tudo, é preciso sentimento afinado para esse sentir.



Sobre mim

foto do autor

320-meokanal 895607.jpg

Pesquisar

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

 

 

19-anos(34848)-1600

Links

As minhas páginas e blogs

  •  
  • FOTOGRAFIA

  •  
  • Flavienses Ilustres

  •  
  • Animação Sociocultural

  •  
  • Cidade de Chaves

  •  
  • De interesse

  •  
  • GALEGOS

  •  
  • Imprensa

  •  
  • Aldeias de Barroso

  •  
  • Páginas e Blogs

    A

    B

    C

    D

    E

    F

    G

    H

    I

    J

    L

    M

    N

    O

    P

    Q

    R

    S

    T

    U

    V

    X

    Z

    capa-livro-p-blog blog-logo

    Comentários recentes

    • FJR

      Esta foto maravilhosa é uma lição de história. Par...

    • Ana Afonso

      Obrigado por este trabalho que fez da minha aldeia...

    • FJR

      Rua Verde a rua da familia Xanato!!!!

    • Anónimo

      Obrigado pela gentileza. Forte abraço.João Madurei...

    • Cid Simões

      Boa crónica.

    FB