Vivências
10 cidades, 16 casas, uma vida…
Setembro de 2016. A páginas tantas de uma conversa, já não sei a que propósito, a minha filha mais nova pergunta-me em quantas casas já viveu. Respondo-lhe que, como ela tem apenas 6 anos e as pessoas normalmente não trocam de casa com frequência, ela apenas viveu na casa que conhece. Depois, pergunta-me o mesmo relativamente à irmã. Respondo-lhe que a irmã já viveu em duas casas, embora não se lembre da primeira, porque era ainda muito pequena na altura em que lá viveu. Com a sua curiosidade aumentada, faz-me a mesma pergunta a mim e eu começo mentalmente a pensar na resposta, mas não lhe consigo responder de imediato. Peço-lhe, então, que conte comigo e começo a enumerar. Recuo no tempo e, entre o nascimento e a minha residência atual, conto uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete… e chego a dezasseis! Ela fica espantada e, na verdade, eu também…
Passado este episódio, volto ao assunto para mim mesmo. Percorro mentalmente todo o meu percurso de vida e confirmo que, efetivamente, já vivi em 16 casas diferentes, distribuídas por 10 cidades, entre Portugal e França… Poderá parecer muito, mas também poderá ser considerado pouco quando comparado com aquelas pessoas que são verdadeiras “globetrotters”. Mas, independentemente das muitas ou poucas mudanças ou do muito ou pouco tempo vivido em cada local, o que sei é que em todas as casas onde morei e em todas as cidades onde vivi cresci sempre um pouco, desde a casa pequena e modesta onde nasci, em Chaves, passando pelo quarto alugado na casa da senhora idosa e simpática que vivia sozinha com o seu gato e procurava alguma companhia, até ao apartamento partilhado com outras 3 ou 4 pessoas com horários e ritmos de vida diferentes…
Hoje, em Leiria, tenho para mim que a vida é um somatório de vivências e cada casa, cada cidade, cada pessoa com quem partilhei cada uma dessas etapas da minha vida contribuíram, de uma forma ou de outra, para tudo aquilo que hoje sou…
Luís Filipe M. Anjos
Setembro de 2016