Cidade de Chaves - Um olhar...
à beira rio
Apenas um olhar com uma daquelas manhãs de inverno, bem nossas, mesmo estando ainda no outono...
Até amanhã!
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Apenas um olhar com uma daquelas manhãs de inverno, bem nossas, mesmo estando ainda no outono...
Até amanhã!
Mais uma imagem da ponte romana, não muito antiga, mas já com alguns anos em cima. Anos sessenta do século passado.
De regresso à cidade e já a caminho do Natal que, não tarda nada e está aí, o verdadeiro, aquele de reunir a família, o da consoada, das filhoses, do bacalhau e do polvo, entre outras iguarias, doces e salgadas. Para já vamo-nos contentando com o piscar das luzes, com o gordo das barbas brancas e com o colorido, enfeites das lojas e grandes superfícies a apelar às compras e presentes do Natal. Até o frio parece querer dar algum ar da sua graça para se juntar a esta quadra natalícia.
Uma boa semana!
Nasci em 1958, precisamente no ano em que o rock’n’roll começou a tomar conta do mundo. Os adolescentes ouviam aquela “música maluca” que as notícias definiam como uma música de dança para adolescentes, que provocava vários graus de ansiedade nos adultos e tinha a reprovação oficial. Todos pensavam que era uma moda passageira. Os setores mais reacionários gostavam de associar o rock’n’roll ao comportamento antissocial e à delinquência juvenil. A verdade é que a tal “música maluca” sobreviveu ao normal período de validade de uma moda passageira e até se transformou num dos vencedores culturais da era do pós-guerra. De onde surgiu ele?, perguntarão vossas excelências. Na verdade, ao que se sabe, o rock’n’roll surgiu de forma espontânea e imprevista, resultando de uma série de evoluções na indústria da música dos EUA, cujo efeito cumulativo permitiu a abertura de um espaço para a música direcionada aos adolescentes. O rock’n’roll, salvo melhor interpretação, veio a ser definido como rhythm and blues (música interpretada por artistas negros para ouvintes negros) redirecionado sobretudo por artistas brancos para um público maioritariamente branco. O que veio a desencadear o desenvolvimento do rock’n’roll foi a perceção do mercado discográfico de que nem todos os jovens que compravam discos de rhythm and blues, ou ouviam canções deste tipo de música, eram negros. Ou seja, o R&B era uma música descoberta por pessoas brancas. Eis a história paradigmática: Um disco-jóquei, de seu nome Alan Freed, foi a uma loja de discos em Cleveland e dizem que ficou espantado ao ver adolescentes brancos a comprarem avidamente discos R&B. Logo a seguir, abandonou o registo de passar música de “qualidade” no seu programa, criando um novo dedicado ao rhythm and blues, adotando um discurso radiofónico frenético, sendo uma das primeiras pessoas a promover o termo rock’n’roll. Só que esta história é uma criação à posteriori. Ou seja, o episódio da loja de discos é uma reconstrução. Freed foi levado à loja pelo seu proprietário, Leo Mintz, que o incentivou a lançar um programa de rádio na esperança de reforçar o negócio do seu estabelecimento. Ou seja, os adolescentes que ouviam a rádio e compravam discos eram essencialmente negros e foi o dinheiro destes adolescentes que tornou o R&B popular dando assim origem ao aparecimento do denominado rock’n’roll. Com a popularidade granjeada, Freed foi contratado por uma rádio sediada em Nova Iorque e o seu programa de rock’n’roll passou a ser ouvido por toda a região nordeste dos EUA. Corria o ano de 1954. Um ano mais tarde, Elvis Presley conseguiu o seu primeiro êxito de âmbito nacional: “Baby Let’s Play House”. A revista Billboard anunciou que “mil novecentos e cinquenta e cinco foi o ano em que o rhythm and blues invadiu o domínio do pop”. Mas foi dois anos mais tarde que esta “música maluca” teve uma exposição adicional, através do programa televisivo American Bandstand, que incluía atuações pop com grupos de adolescentes a dançar, e que era transmitido por todo o país. Passado apenas outro par de anos, já esse programa tinha uma audiência semanal de vinte milhões de telespectadores. Nos finais de 1958, mais de metade das canções nas tabelas de R&B eram de artistas brancos e 70 por cento das listas pop e R&B eram idênticas. O rock era o novo pop. Aconteceu ao rock’n’roll o mesmo que tinha acontecido ao jazz e ao swing antes da guerra. Ou seja, um estilo de música identificado com músicos negros e desfrutado por um público racialmente diversificado, foi assumido e acabou dominado por produtores e intérpretes brancos. No entanto, desta vez havia uma grande diferença entre o rock’n’roll e os estilos mais antigos, a faixa etária a que apelavam era distinta. O sucesso R&B, segundo os críticos, devia-se ao facto da sua batida ser sincopada. Era uma música que se podia dançar. O rock tomou conta do espaço social deixado vago pelo swing e povoado por uma população mais nova. O disco-jóquei Alan Freed, o produtor Sam Philips e o apresentador de televisão Dick Clark foram as três figuras centrais, e fundamentais, na produção, na interpretação e na disseminação do rock’n’roll, ajudando-o a passar de um bem de nicho para um produto de mercado massificado, estando diretamente envolvidos no processo que lhe conferiu um som, uma aparência e um nível de energia elevado.
João Madureira
Mais um regresso à cidade, à beira rio e com um pouco de névoa, que também faz parte do ser flaviense.
Uma boa semana.
São as lâmpadas elétricas dos presépios que simbolizam hoje o Natal, e as renas e os pais natais e os bonecos de neve e os pinheiros repletos de bolas e outras bugigangas. Não são o menino Jesus, nem a sua mãe Maria e muito menos José, o seu putativo pai. Nem os pastorinhos, nem as ovelhas, nem o burro e a vaca e o trio multicolor dos Reis Magos. A memória baralha-se com a confusão do dia a dia, com a ansiedade, com a pontualidade enviesada dos portugueses. E nós a perdermos a noção das horas e das refeições. A repetir perguntas e a trocar nomes dos muitos conhecidos e amigos. E nem sempre por esta ordem. A confundir medos e conversas normais. E a fazer backup da dor e das emoções que nos chegam em cascata. E a ouvirmos o barulho dos carros e das pessoas. E a recordarmos as correrias do Lobo Mau, da Capuchinho Vermelho e da Branca de Neve. E os anões adormecidos a ressonar. E o baile da Cinderela. A olharmos para as sombras e para os espetros infantilizados que vão e vêm, sem nos pedirem licença. E nós a confundirmos a razão pura e a razão prática. As ilusões e os enganos. A presença real e a presença virtual. A confundirmos pessoas com hologramas. A confundirmos inteligência com inteligência artificial. Uns do lado de cá a irem para o lado de lá e outros do lado de lá a virem para o lado de cá. A consultar os organogramas e os horóscopos. Todos dizem gostar de viver entre coisas bonitas e cheias de luz. Mas isso apenas é resultado da leitura enviesada de livros de autoajuda. Também se deslumbram a observar, nas revistas da especialidade, as fotografias dos décores luminosos com paredes pintadas de casca de ovo e verde-água, as cortinas de seda branca, os frisos e os frescos com desenhos à Aubrey Beardsley, os móveis Art Nouveau, os bibelôs exóticos vindos de lugares distantes. Tudo o que rufa e toca é tudo a mesma tropa. E as mulheres lindas e burguesas, decotadas, a sorrirem-nos dos quadros pintados a aguarela onde fazem festas aos galgos. Em casas cheias de coisas e vazias de gente. Esta é a transição pacífica para o nada. E por aqui andamos nós a vivermos na tal cidadezinha de província, entre boutiques, restaurantes, cafés, fiéis motoqueiros do KM 0 e caca de cão, nos jardins e nos passeios. Podemos estar à espera, mas sempre prontos, nem que seja para a guerra dos mosquitos. Afinal, esta é uma terra de guerreiros intrépidos, situada a norte deste país de intrépidos guerreiros. Por aqui, a maioria, à falta de guerra, nestes tempos de paz acantonada, vai-se esvaindo em tédio. E os poderes instituídos, quer sejam eles locais, regionais ou nacionais, a assediarem-nos com sabedoria, com paciência, com estratégia, em avanços e recuos bem pensados, usando até trunfos inesperados. Bendita seja a democracia! E quanto mais provinciana, melhor. E nós a olharmos para a acrobacia dos novos democratas. Abençoados sejam. A imaginação vem-lhes toda dos livros de introdução à filosofia, à política ou ao sexo sem tabus, mas em segurança. Ou dos cursos de filosofia zen por zoom. Mais do sexo implícito que explícito. Claro que há, no meio disto tudo, muito requinte e preparação, mas pouca concretização. É sempre mais fácil apaixonarmo-nos pelos hologramas do que pelas pessoas de carne e osso. Mas também há os platónicos, os de amor construído, que se declaram à moda antiga e até são capazes de citar versos da Ilíada à sua amada, ou vice-versa, tais como: “Vamos em nossa cama congraçar-nos: / Tal ardor nunca tive e tais desejos; / (…) / Na ilha Cranaé do amor gozámos; / Hoje mais te apeteço e mais te anelo.” A verdade é que este país perdeu a graça, mas não perdeu o apetite. Petisco a petisco, enche o português a pança. Viva então o D. Quixote português. Que é velho e solteirão. E semierudito. Anarco-conservador, liberal, pacifista e misógino. Os nossos heróis são sempre longínquos, cheios de tiradas românticas para nos infernizarem a vida. Que não é bela, nem amarela. Mas por aqui vamos vivendo, nesta democracia europeia, aparentemente laica e assustadiça. A verdade é que nos sentimos bem nesta nossa alegria doméstica. É este o nosso verdadeiro destino. Muita da nossa coragem vamos buscá-la ao vinho tinto, sobretudo os homens, e ao branco, a maioria das mulheres. A perfeição necessita de imperfeição.
João Madureira
Cá vamos andando e indo, pelos nossos passeios outonais, com as suas cores e com um pouco de frio que finalmente parece estar a chegar, ainda sem necessidade de luvas e cachecóis, mas já com o corpo a pedir uma roupinha mais quente, e é assim que vamos, também, caminhando para mais um fim-de-semana.
Recebi esta imagem como sendo datada de 1952, no entanto as imagens antigas também funcionam como um documento de época, e nelas existem indicações que nos podem levar até à sua data aproximada, e no caso da imagem de hoje temos lá um dado precioso que nos indica que esta imagem é posterior ao ano de 1963, a matrícula do automóvel que se encontra estacionado em frente às escadas das manas, que inicia por FE, ou seja, aquele carro tem matrícula de 1964 ou 1965, daí ser impossível estar lá estacionado no ano de 1952.
Repare-se também no pormenor do formato das então escadas das manas, com largos cobertores rampeados, uma solução prática para vencer inclinações acentuadas com menos degraus e que hoje em dia já é pouco usual, pelo menos por cá.
Mais um regresso à cidade com a magia das cores de outono.
Uma boa semana!
E por aqui andamos nós a partir e a repartir reinos imaginários. Vivendo perto do incómodo e da aventura. Como as personagens torturadas dos livros do John Le Carré, aliás David Cornwell, sem sabermos lá muito bem o que é o bem e o que é o mal. Neste mundo ambíguo tudo é de esperar. A verdade é que os maus, por vezes, mudam de razão, de verdade e até de lugar. E, para mal dos nossos pecados, o mesmo acontece com os bons. É cada vez mais difícil distingui-los. O mundo está cheio de histórias falsas, que nos parecem verdadeiras, por estarem muito perto da autenticidade. Dizem que há por aí muito anjo à solta, perdido na sua orientação, a fazer-se passar por homem, mulher ou uma outra coisa entre essas duas, que podem até ser três. Ou coisa nenhuma. São Paulo dizia, “a verdade vos libertará”. Mas qual delas?, pergunto eu. E por aqui andamos perdidos entre o jogo da verdade e da mentira. A ver as autoridades a atropelar as verdades e, por vezes, até a justiça. Esta é a terra dos sedutores baratos e dos cavaleiros andantes que não saem do lugar. Onde ainda se tratam os marialvas de província com a deferência de “senhores”. Entretanto eles comem o seu bife “à casa”, bebem da sua garrafa de tinto duriense ou alentejano, e ficam cheios de uma euforia nostálgica que os faz dar urros por dentro. E cá vamos sobrevivendo, eles e nós, nesta terra de brandos costumes, onde as famílias se conhecem umas às outras, onde se tem sempre um primo no governo, outro na oposição, um na esquerda e outro na direita. Neste Portugal outra vez muito queirosiano, a fazer lembrar Os Maias e A Capital, cheio de amigos dos Dâmasos e dos Acácios, numa amálgama de mafiosos experimentados, mas inoperantes. O problema ainda se agudiza mais quando os revolucionários nos saem ainda piores que os reacionários. País cheio de socialistas diletantes, de sociais-democratas que mais não são do que liberais reacionários e admiradores de padres, freiras e sacristias, de centristas amaneirados, de antidemocratas que são piores que grunhos e de comunistas tão light que já nem servem para pintar paredes. Isto até pode ser uma terra de bastardos, mas de bastardos ilustres. A velha monarquia espalhou-os pela nossa história ao deus-dará. A velha fidalguia entretém-se agora a matar pombos com uma Flaubert e a fazer armadas de papel para iniciarem batalhas navais nas banheiras, com os seus filhos ou netos. A causa monárquica continua a ser uma coisa de forcados e fadistas que não sabem o que fazer com o tempo que sempre lhes sobra às mãos cheias, mas com os defensores dos direitos dos animais à perna. Com guerreiros destes não vamos a lado nenhum. E não vale rir, isto não é nenhum filme de animação em 3D. O povo povinho povo até podia ser bom, se não o estragassem com mimos. Vá lá, não se riam de novo, esta não é uma tirada humorística. Provavelmente, é mesmo o povo que não merece os dirigentes que tem. A muitos, nós não os queremos, por despeito e falta de educação… democrática. E eles, sentidos, porque quem não se sente não é filho de boa gente, lá vão para a Europa exercer cargos importantes. Este povo nunca mais aprende. Ó lágrimas de Portugal, quanto do vosso sal são tretas do Fernando Pessoa ou até do Manuel Alegre! Não te metas com os bonzos, João Madureira, não te metas com os bonzos! O respeitinho é muito bonito. Não te deves meter nem com os bonzos do regime. E muito menos com os poetas do cânone. Estás aqui, estás a apanhar. Vamos lá, então, dentro das nossas humildes possibilidades, dar a volta ao texto. Vamos imaginar que estamos no recreio da nossa velhinha escola primária e a cantar: “Atirei o pau ao gato-to / Mas o gato-to não morreu-eu-eu / Dona Chica-ca assustou-se-se / Com o berro, com o berro que o gato deu…” Pronto, já está tudo no seu devido sítio, mas nada em ordem. Não vá o sapateiro além da chinela. E os deuses das pequenas coisas entretidos a verem os anjos a esvoaçarem e a cantarolarem hossanas em volta das nuvens onde se sentam. Só que, por vezes, quando se mudam os adereços e os cenários, muitos costumam cair das suas cadeiras, que eles julgavam tronos, abaixo e lá vêm os outros tomar-lhes o lugar. Sim, por vezes o mundo é mau, mas é mais bom que mau. E isso também depende de nós.
João Madureira
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BOAS FESTAS!E se ainda por aí houver filhozinhas d...
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Lindoooooooo!Bom fim-de-semana
Não posso afirmar se a matrícula do carro é de 62 ...