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Para além dos mosteiros, catedrais, igrejas, capelas e capelinhas, os cruzeiros, alminhas, cruzes, calvários, nichos, cruzes dos mortos e santuários, fazem parte das culturas cristãs e católicas, como a nossa, onde quer sejamos mais ou menos religiosos, crentes, menos crentes ou não crentes, vivemos essa e nessa cultura, com as suas celebrações, festas e tradições às quais nos associamos e também celebramos.
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Assim, em todo o nosso Portugal, existem estes elementos religiosos construídos pelo homem que desde há mais, ou menos, centenas de anos ou mesmo mais recentes, fazem a arquitetura religiosa que vais desde os grandes mosteiros, catedrais, igrejas, etc que existem em maior ou menor quantidade em todas as localidades, mas também em elementos mais simples, espalhados por todo o nosso território, erguidos ao longo dos caminhos, encruzilhadas, muros, numa curva da estrada ou mesmo em lugares ermos onde ninguém passa ou raramente se vai, como aqui bem perto, no barroso, o São João da fraga erguido lá bem em cima de um pico dos picos da serra do Gerês.
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Qual ou quantas(os) das nossas aldeias, caminhos rurais, encruzilhadas, uma curva ou reta de estrada não têm um destes elementos da arquitetura religiosa, como alminhas, cruzeiros ou uma simples cruz que seja a assinalar o lugar da morte de em ente querido.
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Elementos de arquitetura religiosa que fazem também parte do nosso património cultural e arquitetónico e que nem sempre é tratado ou preservado como deve ou deveria ser, e que me conste, nem sequer inventariado está, pelo menos na sua totalidade. Coisa que já não é de hoje e ao longo dos tempos, lá vai havendo quem se lembre da sua preservação, pelo menos a julgar por alguns documentos.
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Esbarramos sem querer com um desses documentos datado dos inícios do século passado, mais precisamente com a 4ª Série — Tomo X, Nº9 do Boletim da Real Associação dos Architectos Civis e Archeologos Portuguezes, que sobre os pelourinhos e cruzeiros dirigem uma missiva ao Sua Majestade o Rei de Portugal onde se pode ler:
“«Senhor:
«Não tem o governo de Vossa Majestade descurado da conservação e restauração dos monumentos de maior importancia historica, ou archeologica; existem, porém, dispersos em todo o paiz uns pequenos monumentos, que tambem devem merecer os cuidados do mesmo governo; referimo-nos aos pelourinhos e cruzeiros, muitos dos quaes são de subido merecimento.
«.As camaras municipaes, as juntas de parochia e irmandades fabriqueiras por diversas circumstancias não teem curado delles, como convinha, e por isso muitos se encontram mutilados, e alguns já foram destruidos.
«Para obstar á mutilação ou destruição completa de taes monumentos foi apresentada nesta Associação pelo seu consocio Sebastião da Silva Leal urna. proposta relativa a pelourinhos, a qual se tornou extensiva a cruzeiros por proposta do consocio Monsenhor Alfredo Elviro dos Santos.”
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Tal pedido teve os seus efeitos e a Real Associação dos Architectos Civis e Archeologos Portuguezes enviou uma circulara a todas as Câmaras Municipais a pedir o empenho das mesmas para que cuidassem e recuperassem os seus monumentos religiosos e em especial os pelourinhos e cruzeiros.
Circular à qual a Câmara Municipal de Chaves de então responde assim:
“Chaves, 12 (de janeiro de 1906).— «Accusando a recepção do officio Circular . ... tenho a honra de participar a V. Ex.a que esta Camara o tomou na devida consideração e vae fazer os possiveis esforços no sentido de alguma coisa conseguir, restaurando alguns dos monumentos a que V. Ex." se refere. «Em Chaves existiram, pelo menos, 4 pelourinhos. Se se obtiverem os elementos necessarios para a desejada restauração, esta Camara o noticiará a V. Ex.·»
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E a então Câmara Municipal informou e bem (o negrito e sublinhado é nosso “…em Chaves existiram, pelo menos, 4 pelourinhos”. Do mal o menos, pelo menos um desses quatro, ainda o podemos apreciar na praça da República, em Chaves, quanto aos outros, não sei qual o seu paradeiro.
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As imagens de hoje são todas da aldeia da Abobeleira, onde deixamos 2 cruzeiros, um nicho e um santuário, este último não é em honra de uma aparição, milagre ou santo, mas antes fruto do trabalho de um homem que, suponho, queria um santuário à porta de casa, e como tal não existia, construiu-o.