12
Fev06
Chaves - Açude de Vila Verde da Raia

De vez em quando passo por aqui (açude) para matar saudades do meu tempo de juventude. Esta era a nossa praia. Muita gente, muita juventude. A água era limpa e cristalina (ainda é) e nos intervalos dos banhos, dava-se um pulo a Espanha para comprar um chocolate ou uma daquelas laranjadas tipo laranjada Flávia. A passagem era mesmo feita a pulo, ou seja clandestinamente, porque na altura ainda havia fronteira, embora, sempre o senti, o pessoal do Açude tinha estatuto privilegiado de lá ir, talvez porque sempre voltávamos. Claro que às vezes assistíamos a cenas de contrabando com a Guarda Civil do Lado de lá ou a Guarda Fiscal do lado de cá. Os contrabandistas, eram sempre os mesmos, conhecidos de toda a gente. Também eles faziam parte da vida do Açude, aproveitando-se da confusão de tantos veraneantes para passar os seus fardos.
Belos tempos esses. Hoje em dia, de verão, ainda passo por lá, mas toda a vida da praia do Açude morreu, e também não há contrabandistas, nem Guarda Civil, nem Guarda Fiscal. Há só e quase apenas o Açude.