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Abr06
Chaves rural - Apartados de Correios em Vilela Seca

Há dias, passando por Vilela Seca deparei-me com este curioso apartado dos correios. Depois, observando melhor, estes apartados repetiam-se pela rua fora. Já lá vai o tempo do carteiro que trazia as notícias que tanto se esperavam e que tanta ansiedade provocava em quem esperava. O carteiro fazia parte da vida das pessoas. Era conhecido, sempre simpático e distribuía cartas com alegria. Era mais um amigo, certo e sincero, pois aparecia todos os dias à mesma hora e, era correspondido, toda a gente espera por ele.
Hoje raramente nos cruzamos com o carteiro e se por acaso o vemos, é uma qualquer cara desconhecida que em vez de notícias, nos trás contas para pagar ou publicidade para comprar. Hoje já não vem a pé, nem de bicicleta, nem têm nome a até os cães os tratam como um qualquer passante.
Com as nova tecnologias, perdeu-se a (bela) tradição da carta. A carta que transpirava amores, ódios, que partilhava pensamentos e ideias, que demonstravam e consolidavam amizades, que quebravam a saudade, que traziam notícias de longe, que participavam nascimentos, mas também mortes. Havia sempre uma vida e palavras desejosas de ser lidas dentro de cada carta.
Hoje vive-se com mais velocidade, com o instantâneo. A notícia que antigamente poderia demorar semanas a ser recebida, hoje é transmitida em segundos, via SMS, MMS, email, FAX, telemóvel ou telefone. As notícias são até transmitidas em directo e até com imagem, mas nenhuma das novas tecnologias tem a magia que tinham umas simples letras escritas em papel. Faltam-lhe o cunho pessoal, falta o cheiro da tinta e do papel, o desenho das letras e o apertar de uma carta contra o peito.
Havia magia nas cartas!