CHAVES

Quem acompanha este blog, sabe que sou um apaixonada pela cidade, principalmente pelo Centro Histórico, mas o que mais me encanta sãos os pormenores, o seu bom gosto a sua razão de ser e as estórias da cidade, às vezes mais que a própria história.

Em tempos, quando re-desenhei alguns aspectos do Centro Histórico, à medida que ia desenhando ia descobrindo pormenores, que embora os visse todos os dias, eu juraria que nunca os tinha visto. É assim quando se vive intimamente com as coisas. Por serem tão comuns, e estarem lá, perfeitamente integradas no seu sítio, às vezes só nos apercebemos delas quando elas desaparecem e, aí já é tarde.

Tudo isto vem a propósito da foto de hoje. Há dias, percorrendo a Rua Direita, deparei e parei neste pormenor – os portões de ferro, imediatamente antes da porta de entrada. Os portões sempre lá estiveram, nesta entrada como em muitas entradas e em todas as ruas, mas aos poucos, com as reconstruções ou por outras opções, estes portões têm vido a desaparecer das entradas. Eu diria, fazendo um pequeno esforço de memória, que cheguei a ver umas dezenas destes portões. Depois de fotografar estes (os da foto de hoje), tenho vindo a reparar e até ao momento ainda só descobri três conjuntos, todos na Rua Direita, estando um deles em mau estado.

Os portões, as janelas, as varandas, e sobretudo os materiais tradicionais (ferro, pedra e o velho estuque), com o tempo vão-se perdendo e com eles a história e as tais estórias da cidade, porque ainda sou do tempo, em que as portas de madeira estavam abertas todo o dia e, o que se fechavam eram os portões. Hoje as portas estão fechadas e os portões já quase nem existem, um bocadinho como as pessoas.