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Jun06
Chaves da Esquina do Inácio até à esquina do Lopes

No meu tempo de escola primária aprendia-se que Portugal era o maior do mundo. Tínhamos como grandes feitos a descoberta do caminho Marítimo para a Índia, a descoberta do Brasil, Cristóvão Colombo tinha descoberto a América para os espanhóis mas era português, tínhamos sido donos da Índia e tínhamos Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe além, claro, dos Açores e da Madeira. Portugal era o maior do mundo e arredores e até os nossos vizinhos espanhóis eram uns pobres desgraçados. Era no tempo em que se vivia de mentiras e ilusões, em que nós que, cá éramos obrigados a viver, vivíamos de grandes feitos do passado e na mais absoluta mentira e ignorância.
Com o 25 de Abril e com a nossa abertura para o mundo, começamos a entender que as coisas eram bem diferentes, que não eram bem como nos as tinham pintado, mas com a democracia e a liberdade começamos a construir este cantinho, este novo Portugal à beira mar implantado e aos poucos a viver com a realidade de que somos um país desenvolvido, é certo, mas mesmo assim dos mais pobres da Europa.
Mas é do sentir português e do ser português, que vos quero falar e quanto a isso, estamos como sempre pobres, orgulhosos, mas sobretudo um povo que quer acreditar, mas que tanto acredita como não. Eis a confusão total, sobretudo porque entramos em grandes contradições onde todos têm o direito à palavra e a defender as suas opiniões.
Chaves é uma cidade, que pelas suas características geográficas e económicas, esse sentir português é realçado e onde em cada esquina se inventa e sempre inventou um local de tertúlia e discussão onde cada um defende as suas opiniões.
Ao fundo na foto, desde a esquina do Inácio, passando pelo Sport e até a antiga esquina do Lopes sempre foram debatidos os grandes desígnios do país, da cidade, do futebol e de saias.
Vem todo este palavreado a respeito das bandeiras e do acreditar. Há dois anos aquando do europeu de futebol, a grande maioria aderiu ao apelo da bandeira nacional, mas muitos sentiram-se defraudados com a derrota de Portugal na final. Agora, no mundial, à moda da bandeira, a adesão é nitidamente menor, como é nítido um acreditar camuflado. Não me meto, logo não me comprometo.
Moral muito confusa: Para acreditar é preciso vencer! E para vencer não será preciso acreditar?
Desculpem-me o desabafo de hoje, mas não podia ficar aqui entalado na garganta.
Amanhã retomo à normalidade, à cidade e prometo que serei mais breve. Até lá!
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