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Jun06
Chaves, as torres, bandeiras & companhia

Depois de uma sofrida e festejada noite como a de ontem, onde até houve lágrimas de revolta misturadas com muitos litros de cerveja, regressámos de novo à calmaria, pelo menos até ao próximo Sábado. É, claro, de futebol que vos falo mas vamos lá ao post de hoje.
Mesmo junto aonde terminava a linha do velho Texas começou a nascer, já há muitos anos, a nova cidade e as suas torres de betão. Pessoalmente acho que o alargamento da cidade nova tinha que nascer precisamente a partir destas torres que se vêem na foto em direcção à Fonte do Leite e por aí fora, mas sem necessidade de se recorrer a torres de betão. E, foi mais ou menos o que aconteceu, embora desorganizadamente e destrambelhadamente a crescerem torres na vertical ao lado de moradias de 2 pisos , enquanto que ao mesmo tempo era permitida (criminosamente) a construção de mamarrachos no seio da cidade antiga em pleno centro histórico. Quanto à arquitectura das torres de betão, há de tudo, mas sobretudo o que é bem visível é o mau gosto e os interesses do promotor imobiliário em construir o máximo possível no menor espaço (também possível). E assim nasceram torres até 13 pisos, onde uma única torre, ocupa uns escassos 300 ou 400m2 de terreno e alberga até 50 famílias ou mais, onde as tradicionais ruas passaram a desenvolver-se na vertical, onde ser vizinho é ser um desconhecido qualquer que se cumprimenta à entrada do elevador e do qual nada se sabe nem a ninguém interessa, seja ele sábio, mestre, professor, trolha, polícia ou ladrão Sei do que falo, porque vivi durante meia dúzia de anos numa dessas torres da cidade. Bom, mas isto é uma opinião pessoal, porque há muita boa gente que acha que o progresso e a grandeza de Chaves é por aí mesmo que passa construir na vertical.
Quer se concorde ou não o mal já vem de há cerca de 30 anos até esta data e como disse antes, nessas torres vive gente, de todas as condições e profissões e com certeza que também vive muita gente de bem e gente solidária que gosta também de mostrar os seus sentimentos. Curiosamente nesta coisa do futebol e das bandeiras, nas torres abundam as bandeiras de Portugal, logo seguidas da bandeira brasileira (a maior parte das vezes a par uma da outra), mas há também bandeiras dos Estados Unidos, de Espanha e até da Alemanha (às vezes no mesmo edifício) o que vai demonstrando que Chaves já não é só uma cidade e concelho que tem muitos emigrantes, porque agora também já tem imigrantes. Mas, e, com todo o respeito, prefiro ver uma só bandeirinha nacional misturada com sardinheiras numa janela ou varanda dos velhinhos edifícios da cidade histórica a ver dezenas delas juntas numa muralha de betão. São gostos e gostos não se discutem!