24
Ago06
A poesia de Chaves

Ao registar esta imagem veio-me à memória um poema de Alexandre ONeill:
Aceita as suas próprias mãos
Sobre os seus próprios joelhos.
Donde vieram elas até ali?
De que fundotempo se apuraram as ossudas?
Armas da guerra por travar.
Instrumentos do trabalho saqueado.
Signos placidamente expostos.
As que foram blandiciosas ou rudes
Repousam, caligráficas, nas dobradiças
Dumas pernas tão alheias a ele, o velho,
Que o velho começa e acaba nessas mãos pousadas
In, A Saca de Orelhas, Velhos/5, Alexandre ONeill
Esta é a minha imagem poética do post de hoje.
Quanto à imagem propriamente dita, foi tomada num fim de tarde quente de sábado, ali onde a Rua do Sal, a Travessa do Município e a própria Praça do Município se misturam, lugar estratégico para um merecido repouso à sombra, quando o calor o aconselha e não se quer perder pitada do ambiente da praça
Quanto à senhora, que só conheço por muda, faz parte desse ambiente como a pedra faz parte das calçadas.
Até amanhã, noutro qualquer lugar da cidade.