03
Set06
Chaves Rural - Sesmil

Há vezes que me desloco a uma aldeia com o objectivo pré-definido de fotografar uma igreja, um monumento, isto ou aquilo que descobri por documentação ou mesmo porque me falaram de Outras vezes, vou simplesmente com o objectivo de fotografar qualquer coisa que desperte a minha atenção, parto à aventura e à descoberta do desconhecido. Quer num caso quer no outro, mais que fotografar, é um prazer descobrir.
Já variadíssimas vezes, por motivos profissionais, que passei ou me desloquei a Sesmil, mas nunca com olhos de ver. Desta última vez, aventurei-me por Sesmil adentro sem objectivo definido, mas com olhos de ver, e vi, pelo menos meia dúzia de motivos que me despertaram a atenção e o registo em fotografia. Mas nem tudo que é bonito é agradável de registar. Principalmente quando o bonito está feio, abandonado e maltratado.
Na minha última visita a Sesmil, descobri por mero acaso a construção da foto de hoje. Não sei de quem é, de quem foi, quando foi construída, nem lhe conheço a história ou estórias, se é que as teve. Sei que é uma belíssima construção, mas (aí vem o outro lado da moeda) está abandonada, maltratada, sem vida e é aqui que o bonito se transforma em feio e a bela no monstro. Mais que triste, ao ver o estado destas construções, fico revoltado, simplesmente revoltado, porque geralmente a culpa do estado destas construções, até nem é de ninguém, porque, invariavelmente quando pergunto de quem é, a resposta é sempre a mesma era de alguém, geralmente de famílias ricas e casais agrícolas que outrora trataram e estimaram estes locais e que após a sua morte, tocou em herança aos filhos, sobrinhos ou familiares chegados que fazem vida em Lisboa, Porto ou noutra grande cidade qualquer e que não liga nenhum a isto
E sem querer acusar seja lá ele quem for ou, os motivos válidos ou não porque deixam estes casarios ao abandono, a realidade é um facto e o facto é que é triste e revoltante ver estas preciosidades abandonadas. Já diz o ditado que dá Deus nozes a que não tem dentes e quem os tem, não tem nozes coisas da vida.
Até amanhã de novo e de regresso à cidade, a tropeçar talvez num pedaço qualquer de história milenária. Em Chaves é assim!