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Set06
Chaves, ainda um concelho a preto-e-branco...

Na era do choque tecnológico, das sociedades protectoras dos animais, dos subsídios agrícolas europeus para mecanização e modernização da agricultura e sobre o mais recente asfalto, no concelho de Chaves, ainda há freguesias onde se trabalha a preto-e-branco e onde a batata, recém arrancada da terra à enxada, é transportada em carros de bois e vamos dando graças a Deus por ainda ir havendo quem as semeie e as colha.
Depois sim, depois de retirada a quota parte do consumo caseiro, por uns trocados que às vezes nem dá para enxotar as moscas aos bois quanto mais para limpar o suor do rosto, começa a batata entrar no mundo colorido, onde o trabalho é a cores e tecnológico onde em segundos se transforma em batata frita dum McDonalds qualquer a fazer a delícia colorida de um puto a caminho da obesidade ou às quais se apensa um código de barras ininteligível para ser vendido num outro hiper qualquer, isto claro, se o mercado assim o consentir, porque senão, apodrecem aos olhos de quem as trabalhou.
É fácil chegar à conclusão porque é que em muitas aldeias fecham escolas e a população se resume a meia dúzia de pessoas de outros tempos é que por aqui, os choques ainda não são tecnológicos - são preto-e-branco.
Como seria bom que os senhores de Lisboa às vezes também pensassem um bocadinho a preto-e-branco.
A foto embora pareça de arquivo, foi tomada há apenas 7 dias, na montanha, entre duas aldeias da freguesia de Nogueira da Montanha, aqui no concelho de Chaves.
Até amanhã de regresso à cidade, onde também, ainda há muita coisa a preto-e-branco.