17
Out06
Chaves - Trás-os-Montes

Já tive o gosto de viver numa ilha. Lá as pessoas, amiúde, queixavam-se de insularidade. Embora os ilhéus tivessem de tudo que nós temos e ainda a mais valia de um imenso mar para navegar, eu sempre lhes respeitei os sentimentos. Mas muitas vezes deparava comigo a pensar e a interrogar-me e nós? Nós flavienses e outros transmontanos que vivemos no meio deste mar imenso de montanhas, não poderemos comungar também da mesma insularidade, desta que lhe chamam interioridade ou como a mim me apetece chamar-lhe montanheiridade.
Existia nos ilhéus um brilhozinho nos olhos, misto de orgulho, honra e não sei se pena ou revolta. O meu olhar também era solidário, comungava o mesmo brilhozinho nos olhos, também de orgulho e honra e até conseguia vestir a pele de ilhéu, mas em vez de pena e revolta, eu tinha saudades do meu mar de montanhas e da minha montanheiridade e de ver estes aclareceres de montanhas até onde o sol se põe, vistos desde aqui, desde esta cidade de Chaves que nos dá momentos tão felizes, como o da foto de hoje, que dá para esquecer qualquer insularidade.
Hoje deu-me para o sentimento, amanhã, logo se verá, mas uma coisa é certa é de Chaves que vos vou dar mais um olhar e mais umas palavras.
Então, até amanhã em Chaves!