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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

10
Nov06

Chaves, Estações, pronúcias e Fruta


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Houve um tempo em que fazia viagens regulares a Lisboa. Na ida, nada a salientar, ia para o mundo da capital. No regresso, que preferencialmente fazia de comboio, ia-me entretendo com o apreciar da paisagem e com pormenores do nosso Portugal. Havia um pormenor que me deliciava e que passei a fazer dele um jogo para ajudar no dia de viajem, era o de adivinhar em que terra estava sem olhar para a estação, apenas pela observação das pessoas que entravam, ou melhor, apenas ouvido as suas conversas, sons e pronúncia. De Lisboa até Coimbra, era um bocado complicado e apenas lhes apanhava os z’s e os ês (como por exemplo Belazartes para dizer Belas-Artes e testo para dizer texto), mas a partir de aí tudo se tornava mais fácil. De Aveiro a Ovar era uma gente, depois a pronúncia do grande Porto, a seguir a pronúncia do Douro e a partir da Régua começava-se a entrar na pronúncia dos oitantas e novantas (para oitenta e noventa) que se ia acentuando à medida que subíamos para Norte e só terminava (bem acentuado) em Vila Pouca, embora entre Vila Real e Vila Pouca houvesse pequenas diferenças. A partir das Pedras Salgadas, nada a salientar, apenas aumentavam ligeiramente as pulsações e entrava nos sons, nomes e pronúncia normal para o meu ouvido, começaba a ber as bacas nos lameiros, a história do miúdo que se engasgou com uma argana ou com a carabunha da azeitona e até o orgulho da mãe que tinha o filho nas "belasjartes", para não falar das deliciosas receitas como a sopa de grabanço, enquanto se dirigiam a Xabes para falar com o Presidente da Cambra por causa do muro que se tinha esbarrondado pró caminho, enfim estava a chegar a casa, sentado num banco de madeira às tiras do velho Texas.

Chegados aqui perguntam-me vocês, mas afinal o que é isto tem a ver com a fotografia de hoje? - Aparentemente, nada, mas até tem. Pelo menos há uma coisa em comum, a palavra estações. Eu explico:

Pois é assim, as estações deste parágrafo não são de comboio, mas sim estações do ano. E tal como ao longo de Portugal eu ia descobrindo as estações de cada terra pela pronúncia, aqui vou descobrindo as estações do ano pelas poucas frutarias da cidade. Pela foto de hoje posso perfeitamente (e sem me enganar) dizer-vos que estamos em pleno Outono, pois as castanhas, as nozes, as couves e os diospiros, denunciam-no. Pela certa que não faltará por lá uma cestinha de “niscaros”, “tortulhos” ou “sanchas”, ou então um balde com alcaparras, coisa rara que só se vai encontrando na feira ou nas poucas frutarias tradicionais que ainda resistem aos frutos embalados e congelados das grandes superfícies.

A frutaria da foto de hoje fica em pleno centro histórico, mesmo no encontro da Rua da Misericórdia e da Rua do Poço com a Travessa das Caldas, já a descer para o Postigo.

Até amanhã numa aldeia, onde já começa a ser tempo de ir à adega provar o vinho.

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