28
Nov06
Chaves, uma carta enquanto espero...

Enquanto espero escrevo-te uma carta., aquela carta que sempre te quis escrever com as palavras que sempre te quis dizer. Palavras de sonho, palavras de paixão, palavras que nunca se dizem e que as queremos dizer a todo o momento, porque são palavras íntimas, mais íntimas ainda que a nossa intimidade. Palavras puras que me saem do coração e que no entanto o invadem e o proíbem de as pronunciar. Quero-te dizer aquelas palavras que nunca te disse e que sempre as tive comigo para tas dizer. Palavras que na tua ausência dão liberdade à pena com que as escrevo e dão sentido à pena de nunca tas ter dito, palavras que enquanto espero por ti, aqui sozinho, sentado neste banco de madeira, me flúem espontaneamente como a água que nasce nas fontes ou como se estivesses sentada ao meu lado e tas estivesse a sussurrar ao ouvido a caminho de um beijo adivinhado e desejado
O banco está lá, sempre, entregue à sua solidão. O marco do correio também, a convidar qualquer um à escrita de uma carta de amor e de saudade, mas já ninguém se senta, já ninguém escreve cartas de amor e no entanto o cenário está montado, à espera de alguém .
Chaves ainda tem momentos e pequenos pormenores românticos, basta descobri-los para serem vividos por mim, às vezes, vou por aí fora e vivo estes pequenos momentos no meu imaginário e dou comigo a dizer: - como é bom viver aqui! Éh! Éh! Éh!
Desculpem, mas hoje deu-me para isto, para o momento de poesia que a imagem convida!
Até amanhã com mais poesia flaviense!