desculpem só agora vir com a prometida reportagem, mas tal como a saúde (que nos querem roubar) também o prometido choque tecnológico ainda não chegou a minha casa, e em termos de alojamento de conteúdos a minha net arrasta-seeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee, tempo sem fim.
Mas mais vale tarde que nunca e vamos ao que interessa.
9H00 – Muito frio com temperaturas a rondar os 0ºC e a cidade mergulhada no nevoeiro, vivia a normalidade dos dias, de um dia que prometia não ser igual.
10H00 – Os passos das gentes nas ruas multiplicavam-se, alguns mais apressados e em todos uma certa agitação.
10H05 – Freiras – Individualmente ou aos magotes, centenas de pessoas começam a chegar e a encher as Freiras.
10H10 – As freiras estão repletas, cheias como um ovo, a rebentar pelas costuras, eu sei lá…, milhares, praí 3000, dizem os menos optimistas. À vontadinha 7 ou 8.000 pessoas, dizem os mais optimistas. Mas tal como nas greves, entre dados dos Sindicatos e do Governo, acho eu que o meio termo estará mais correcto, 5.000 pessoas, que foram crescendo e engrossando as Freiras e as Ruas da cidade.
No palco improvisado, estavam pelo menos os Presidentes das Câmaras de Chaves (PSD), Valpaços (PSD) e Montalegre (PS), bem como representantes do PSD e PS locais, e só digo isto, para que o Sr. Ministro saiba que não foi uma manifestação partidária das Câmaras Sociais Democráticas do alto Tâmega, tal como referiu nas rádios nacionais no decorrer da manifestação. Que fique a saber o Sr. Ministro, que a manifestação de Chaves, tal como as de Montalegre, Vila Pouca de Aguiar, Valpaços, Boticas e Ribeira de Pena, foram manifestações do povo, de todo o povo, que se sente roubado, revoltado e até humilhado.
O Sr. Ministro além de não conhecer as realidades do concelho de Chaves, e de todo o Alto-Tâmega, além de demonstrar a sua ignorância política quando diz não haver Câmaras Socialistas na região, mente quando diz que as negociações com os nossos autarcas foram hoje interrompidas com as manifestações, negociações que segundo os mesmos autarcas, nunca existiram.
Mas politiquices à parte, hoje o que interessou mesmo foi o povo que saiu à rua em protesto, povo que pode não ser letrado, nem saber de leis, ou pouco perceber de política, mas que sabe que o Hospital e as Urgências são um bem para a sua saúde, para as suas aflições, e para as aflições e saúde dos seus filhos e idosos e, foi isso, que hoje veio em peso à rua dizer. E o Sr. Ministro que cure bem a sua gripe no sofá lá de casa, com o genérico que lhe receitaram por telefone (as palavras são dele) pois o povo transmontano, pode ser pobre e até esquecido por essas Lisboas, mas não gosta que lhe tratem assim a sua saúde e quando o povo é insultado assim, começa a ficar zangado, e vem para a rua, agora uma coisa lhe garanto, o povo ainda só começou a ficar zangado, não o queira conhecer mesmo zangado, que aí, nem eu flaviense e transmontano respondo por um povo zangado à séria. Ah! Já agora uma recomendação aos senhores políticos ministeriais de Lisboa, principalmente o Ministro da Saúde, nos próximos tempos será bom que não apareçam por cá e, se o fizerem, que seja para trazer boas novas. Já agora um recado em particular para o Sr. Ministro da Saúde: - ameaças e arrogâncias, o nosso povo por cá, come-as ao mata-bicho e não é com leite, é com aguardente, uma noz e um figo seco. Tal como dizia hoje um dos cartazes da manifestação do nosso povo: - pela nossa saúde internem o ministro com urgência.
Mas de volta ao povo das Freiras, que era tanto, depois de desmobilizado encheu a Rua de Stª António, a Ponte Romana e a Madalena, e mesmo assim as Freiras não esvaziavam.
Após a desmobilização das Freiras, foi a confusão total.
e mais confusão
Antes de ir à confusão, e por falar em Freiras, um parênteses ou aparte ou agradecimento às Freiras da Casa de Stª Marta, principalmente à Madre Socorro e irmã Maria do Carmo por estarem presentes desde a primeira hora nesta manifestação e por me brindarem com a sua companhia até à fronteira de Vila Verde da Raia. Um bem-hajam, e elas bem sabem o jeito que dão as urgências em Chaves.
Mas estava eu a chegar à confusão total. Pois como estava previsto, chegaram os de Valpaços e os de Vila Pouca e Ribeira de Pena, uns por Auto-Estrada outros pela Nacional 2 , que juntos com os de Chaves e de Montalegre que já cá estavam, bloquearam por completo a passagem na fronteira, e na estrada, tendo-se formado bichas com mais de 10 quilómetros e até em Espanha, entre Verin e a fronteira (15 quilómetros) o trânsito parou.
14H00 – Regresso à normalidade dos dias, a fome assim o recomendava, e um povo com bom dente, tem que comer, pois nós comemos tudo e de tudo, só não gostamos que nos comam.
Para finalizar e como todas as histórias, temos que apurar a sua moral.
Moral da História:
Não brinquem, não ofendam, não humilhem, não roubem os flavienses, os barrosões, os penatos, os da terra quente e os das terras de Aguiar ou do Corgo, em suma, as gentes do Alto-Tâmega, pois são gente simples, pobre, humilde mas orgulhosa, que quando sentem a aguilhada no cú, dizem ái, e a partir de aí… com os acentos trocados, que Deus os perdoe e que responda por eles!
Por isso senhor ministro da saúde, cuide a sua gripe e recomende aí ao Sócrates que em tempos tanto gostava de “passar” cá por Chaves, que se cuide também, pois a nossa saúde está doente e é contagiosa, não deixem que passe a pandemia e lembrem-se que estamos em terras onde rachar uma cabeça por um rego de água, além de uma questão de direito é uma questão de honra.
Não nos roubem as urgências onde as cabeças ainda podem ser cosidas para continuar a habitar estas terras, que já por natureza, são tão ingratas.
As melhoras ao Sr. Ministro! Cuide-se que nós também nos vamos cuidado, como podemos, tá claro!
Até mais logo, como sempre, em Chaves.