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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

30
Abr08

Contrastes de Stº Amaro - Chaves - Portugal




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Há dois dias atrás trouxe aqui o bairro de Casas dos Montes, ou um bocadinho do que ainda restava do antigo bairro. Pois hoje deixo por aqui um bocadinho do antigo Bairro do Stº Amaro e mesmo ao lado o novo.

 

Os novos bairros na periferia eram inevitáveis, a modernidade exigia-o. Sem regras e ao acaso, nasceram verdadeiros monstros aos lado de casas simples de um ou dois pisos como se em Chaves não houvessem mais terrenos para construção, mas tudo dentro da legalidade. A mesma que permitiu que se construíssem mamarrachos em cima de muralhas.

 

É assim a modernidade, toda ela feita de contrastes ou com trastes!

 

Até amanhã, de novo em Chaves, do romano à modernidade!

29
Abr08

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foto de Bridgqink – Bob

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Como de costume às Terças-Feiras temos por aqui um olhar diferente do meu e de alguém que passou pela nossa cidade e a registou em imagem.

 

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Em fotografia também cada fotógrafo tem a sua “nóia”. No Flickr que suponho deve ser o maior depósito de fotografias de fotógrafos de todo o mundo dá para ver algumas dessas “nóias”. Há dias vi um grupo de fotógrafos em que todas as fotografias eram de botas brancas. Já sabemos que há os amantes do preto e branco, os fotógrafos que privilegiam as paisagens naturais, muitos que só se dedicam a aves, outros só a arquitectura e por aí fora. Também eu e quem me conhece no flicker sabe que a minha nóia são as fotografias de Chaves, pois 95% das fotos que por lá deixo são de Chaves.


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O nosso convidado de hoje também tem uma nóia. A nóia das pontes, pois na sua galeria que já conta com quase 1500 fotografias, todas elas são de pontes de todo o mundo e das quais 5 são de algumas das nossas pontes de Chaves.

 

As mais antigas são de 1996, as mais recentes de 2007 e claro que não falta o destaque para a nossa top model Ponte Romana.


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O nosso convidado de hoje está resgistado no flickr como Bridgqink – Bob e nada mais sei a seu respeito, para além da tal “nóia” pelas ponte do mundo.

 

Vale a pena dar uma vista de olhos à sua galeria pois nela aparecem as mais variadas obras de arte de todo o mundo. Espreite aqui e vai ver que não se arrepende.

 

Até amanhã, de novo em Chaves cidade.

28
Abr08

Casas dos Montes - Chaves - Portugal




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Hoje falar-se dos antigos bairros da cidade já não tem muito significado, pois já estão diluídos na cidade, já não existe separação física e até as pessoas são outras e os bairros de hoje, deixaram de ter vida própria, como acontecia há uns vinte e tal ou trinta anos atrás, em que os bairros eram autênticas aldeias da periferia da cidade.

 

Casas dos Montes era um dos grandes bairros da cidade, a par de outros como o Stº Amaro, o bairro do Telhado, o bairro de S.João, do Campo da Fonte, Casa Azul, Caneiro, Campo da Roda, Marechal Carmona, Aregos, Bairro dos Fortes.

 

Todos eles eram pequenos núcleos habitacionais, já então dormitórios da cidade, mas que tinham a tal vida própria, com muita rapaziada, equipas de futebol (dos putos, dos juniores e seniores, solteiros e casados), torneios de sueca e chincalhão, matraquilhos e outros, tudo à volta do “centro social” que o era a taberna do bairro, que também era mercearia e local de convívio.

 

Os putos de então brincavam na rua ao que calhava. À bola, ao pião, ao apanha ou “jástás”, às escondidinhas. Alguns jogos mistos para raparigas e rapazes, outros eram mais próprios de rapazes como o pião, o espeto e o trinca-cevada, enquanto que as raparigas se entretinham com o jogo da macaca ou dos elásticos. Jogos separados, mas uns ao lados dos outros.


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Eram tempos que televisão não havia ou então era luxo de algumas casas e da taberna, computadores nem se falava deles porque nem sequer existiam. A ausência destes dois vícios obrigavam a uma vida mais social e de rua e até na cidade, se faziam os quase obrigatórios serões à mesa de café.

 

Claro que a cidade de hoje em nada se pode comparar à cidade de há 30 anos atrás. A cidade cresceu, os bairros antigos uniram-se à cidade, e surgiram os novos bairros onde de um momento para o outro se encheu de pessoas vindas dos mais diversos lugares e aldeias do concelho, pessoas que não se conheciam e que iniciavam uma nova vida na cidade. Mais fechadas, porque os próprios bairros de blocos habitacionais e ou mamarrachos com ruas na vertical a isso convidavam, Chaves foi-se tornando numa cidade grande em espírito, ou seja, com todos os defeitos de uma cidade grande, embora provinciana como sempre o foi, mesmo nas vivendas que se vão construindo nos arredores da cidade, agora, privilegia-se a privacidade de cada uma delas.


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Mas nos velhos bairros ainda vão restando algumas recordações do passado. As tabernas e os putos na rua, já são coisa do passado, mas ainda vai resistindo algum (pouco) casario do passado, também com alguma gente desse mesmo passado, que pela certa terão saudades do tempo em que o seu bairro tinha vida social.

 

Até amanhã, com olhares de outros sobre a cidade de Chaves.

 

 

27
Abr08

Das Assureiras do Meio até às de Cima - Chaves - Portugal




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Já por aqui passaram as Assureiras de Baixo. Faltavam as do meio e as de cima.

 

Pois hoje num dois em um vamos até as Assureiras do Meio e as Assureiras de Cima.

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Quanto às Assureiras (as três) e à Portela das Três Vilas já disse tudo que tinha a dizer no post das Assureiras de Baixo, e para não ser repetitivo, deixo por aqui o link, que deverão consultar e ler os comentários, pois estes complementam o post e tiram algumas dúvidas que ficaram no ar. Link para as Assureiras de Baixo  aqui

 

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Então vamos começar pelas Assureiras do Meio, que possui um pequeno núcleo de construções tradicionais em granito. Pequeno mesmo e desertificado, pois pareceu-me que dessas construções tradicionais em granito nenhuma está habitada ou quando muito, apenas uma o estará. Os habitantes das Assureiras do Meio, que também são poucos, ocupam as construções novas junto à estrada.

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Esta é uma das aldeias que à primeira vista não se compreende que tenha tão pouca gente e poucas construções, pois a terra é fértil, fica apenas a cerca de 10 quilómetros de Chaves e com bons acessos. No entanto, olhado à história das três vilas que segundo entendi corresponderia também a três grandes quintas ou propriedades, já se compreende que estas Assureiras tenham pouca gente e poucas construções, pois a grande maioria do seu território teria apenas três proprietários.


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São apenas conclusões às quais cheguei por observação e também conhecendo um bocadinho da sua história, mas se estou enganado, os amigos e companheiros de viagem dos blogues de Águas Frias pela certa que deixaram por aqui uma achega.


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Pois pouco mais há para dizer sobre as Assureiras do Meio, a não ser que é uma aldeia de estrada, por sinal uma das mais movimentadas, pois por aqui passam quase todos os habitantes que se dirigem às aldeias do planalto, de monforte, da raia e da castanheira, para não falar do pessoal do Concelho de Valpaços (entre as quais Lebução) e Concelho de Vinhais.

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Logo a seguir às Assureiras do Meio, temos as Assureiras de Cima, e se quanto às do meio pouco mais há a dizer, das de cima muito menos, embora tenha um basto território, que segundo creio, chega mesmo até ao Castelo de Monforte.

 

Além de duas ou três casas recentes, pouco mais existe, a não ser as ruínas de um casario que anos atrás enchia o olho de toda a gente que passava pela estrada. Não errarei muito se disser que era uma belíssima vila que entrou no imaginário dos sonhos de muita gente, pena é que em vez de realizar o sonho de alguém, tivesse caído por terra e hoje não passem de ruínas, aliás como muito do casario de sonho que se vai espalhando pelo nosso concelho.


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Mesmo com os senãos de terras com pouca gente e do casario tradicional abandonado ou em ruínas, entre as três Assureiras e até um pouco mais além de Águas Frias, assistimos a um belo espectáculo do melhor que temos em paisagens naturais, onde a floresta tradicional e autóctone Portuguesa dos carvalhos (por exemplo) se sobrepõe à dos pinheiros e resinosas e fazem a delícia dos fotógrafos quando podem fotografar 4 florestas por ano, para não falar de incêndios.

 

E se sobre estas duas Assureiras pouco há para dizer em palavras, muito mais haveria para dizer em imagem, mas penso que as que vos deixo por aqui, já dão uma pequena ideia do que por lá se pode encontrar.

 

Até amanhã de regresso à cidade.

26
Abr08

Vila Rei, Rel, Rele, Real ou reles - Chaves - Portugal




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Aos poucos vou cumprindo a minha promessa de trazer as aldeias e lugares do concelho de Chaves, mesmo aquelas ou aqueles lugares que já tiveram vida e hoje apenas são povoadas por silvas e mato.

 

Na minha relação de aldeias e freguesias, que até prova em contrário é oficial e a única que conheço do nosso concelho, existe na freguesia de Selhariz uma aldeia que até dias atrás eu conhecia apenas de nome como Vila Rei.

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Das 140 aldeias do concelho apenas me faltava conhecer esta. Por várias vezes a tentei procurar por conta própria, mas sem sucesso, nas cartas do concelho também não a encontrava, na carta militar muito menos. Procurei a duas ou três pessoas em Selhariz e também não me souberam dizer até que finalmente, há uma semana atrás, lá dei com a aldeia tão procurada, quando em Vilas Boas procurei a um dos seus filhos:

 

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- (…) e Vila Rei, sabe-me dizer onde fica? Perguntei-lhe.

 

- Vila Rei, não, agora Vila Reles (disse-me com ar divertido) fica ali para baixo, mas não há lá nada! E chama-se Vila Rel, mas hoje não passa de reles.

 

 

Começou a fazer-se luz à volta da Vila Rei que sempre procurei e que por este nome nunca existiu. Pois o consenso lá por Vilas Boas é de que a aldeia se chama Vila Rel. Pesquisando depois de ir ao local na carta militar (que traz sempre tudo) lá encontrei a tal vila escondidinha num cantinho da carta 61 (Esc.1:25.000) e mais uma achega às minhas dúvidas, pois na carta militar consta como Vila Rele. Encontrei ainda uma referência a Vila Real, como designação para a aldeia.

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Mas vamos ficar pelo que diz o povo, porque para mim o povo tem sempre razão. Seja então Vila Rel, que tal como me diziam, hoje não passa de reles.

 

O lugar é paradisíaco e perdido num pequeno vale, verde por todo o lado e apenas silêncio quebrado pela nossa respiração, pelo pouco vento que ia esbarrando com vegetação e, claro,  pela passarada. A Vila Rel, composta por três casas apenas, mal se distinguiam por entre o verde, camufladas que estão com as suas próprias ruínas e pelas silvas que as invadem. De gente humana, nada a assinalar pelas redondezas e segundo apurei, já há muitos anos que tudo está abandonado, ou seja, desde que os seus habitantes morreram.

 

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Podemos então dizer que Vila Rel foi a primeira aldeia do concelho de Chaves a conhecer a desertificação total e de entre muitas das razões, uma delas pela certa que foi a dos acessos, pois ainda hoje, chegar lá, é difícil. De carro nem pensar, em todo o terreno talvez se consiga, pela parte que me tocou, dei corda aos sapatos umas boas centenas de metros, e mesmo assim, fiquei à distância. Pois de caminhos, temos por lá um bom exemplo daquilo a que se chama caminho de cabras.


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Cumpri com Vila Rel. Desta vez este post não irá de encontro a nenhum dos seus filhos, pois já não existem e do seu poiso, apenas ruínas. Mas mesmo assim fica aqui o testemunho de que já existiu, tal como outros testemunhos que vou deixando e a não se fazer nada, em breve farão companhia a Vila Rel, que passou a um reles sítio no meio dum paraíso, em terras que foram reguengas,  pois Vila Rel morreu e já não há quem lhe acuda.

 

Até amanhã, com mais uma ou mais aldeias, ainda vivas.

25
Abr08

Discursos Sobre a Cidade





Texto de Blog da Rua Nove

 


   Lentamente, as nuvens rodearam a montanha. Ameaçadoras, juntaram-se, tornando-se numa só. Perdendo a claridade, toda a luz se tornou baça. Os contornos do horizonte esbateram-se. A serra do Brunheiro transformou-se num manto de escuridão. Um manto de escuridão entretecido num negro monte de nuvens.


   A chuva, pesada e sonora, começou a cair, cobrindo árvores e arbustos. Velhos carvalhos e olmos, dobrando os ramos, levavam a água a cair em movimentos graciosos. Por pouco tempo. As grossas gotas de água pareciam ondas de um mar tormentoso rebentando sobre a floresta. As copas largas dos castanheiros centenários criavam um santuário que parecia afastar a violência daquela torrente interminável.


   Sob a vasta copa de um velho castanheiro, pequenos blocos de granito resistiam a uma água que parecia querer diluir as rochas como se fossem frágeis pedras de sal. No tronco, viradas a norte, manchas aveludadas de musgo mostravam a irregularidade do seu recorte, por entre matizes de castanho e verde. No chão, folhas douradas, ainda ressequidas, tentando resistir, desfaziam-se ruidosamente sob o embate da água. Tudo parecia sucumbir àquela sombra imensa e aquosa.


   E de repente, num instante mágico, num instante eterno, um pequeno raio de sol perfurou aquele céu basáltico, reflectindo-se na mica e no granito, iluminando o  tronco virado a norte. Naquele instante, na brevidade daquele instante preciso e eterno, suavemente depositadas no musgo, as gotículas de humidade rebrilharam. Rebrilharam como jamais voltariam a rebrilhar.


   Sentindo a rugosidade do granito no umbral da porta do casebre, o velho aspirou a humidade do ar. Voltando as costas à chuva, fechou a porta atrás de si, tacteando o caminho até à lareira. À luz do fogo, os seus olhos, afundados nas órbitas e perdidos nas pálpebras, pareciam sorrir.


   Ainda lhe restava a imaginação.

 

25
Abr08

25 de Abril - Sempre




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E hoje, ainda antes de entramos no discurso sobre a cidade, temos post extra, pois hoje é dia 25 de Abril e, eu ainda sou dos que comemora esta data.

 

Reli o que escrevi no ano passado e continua actual, por isso aqui fica outra vez, sem lhe retirar uma única linha:

 

A idade ensina-nos muitas coisas, uma delas é como se faz a história.

 

Confesso que nos meus tempos de estudante nunca fui amante de história, mas uma coisa aprendi – é a de que a história tem sempre duas ou mais versões, dependendo, claro, de quem a faz. Com o tempo comecei a aprender a gostar da história, principalmente daquela que directamente nos diz respeito. A história da família, a história dos amigos, a história da minha cidade, a história do meu país e por aí fora, numa descoberta que é afinal a descoberta de nós mesmos e do nosso passado, que tanto dita o presente.

 

Mas há aquela história em que nós próprios somos historiadores e em que podemos contribuir com a nossa versão para a verdade dos acontecimentos e para que se faça história, simplesmente porque a vivemos e somos parte ou intervenientes do acontecimento. É o que se passa com o 25 de Abril, que embora historicamente recente já é tão deturpado, principalmente pelas camadas mais jovens e nascidos após o acontecimento, é certo que inocentemente e sem culpa, por parte deles, mas já sem inocência e com culpa por parte de quem lha deturpa.

 

Da minha parte, e enquanto for vivo, farei o meu culto ao 25 de Abril, ao antes ao durante e ao depois, que embora com apenas 14 anos aquando da “revolução”, deu para perceber, a partir de aí, o verdadeiro significado da palavra LIBERDADE, como por exemplo a liberdade do poder estar aqui todos os dias, neste blog, a publicar as imagens que me der na gana e a escrever aquilo que me vai na alma, sem traços azuis da censura e sobretudo sem medo, mas sempre consciente que a minha Liberdade termina onde começa a Liberdade dos outros.

 

Com todos os defeitos que a democracia possa ter, para mim: 25 de Abril, Sempre!

 

E agora o regresso a nossa cidade, onde o verdadeiro 25 de Abril de 1974 só chegou às ruas no dia 1 de Maio. Para comemorar a data, saí ontem à procura de uma imagem e de um símbolo da liberdade e, se no ano passado o encontrei dependurado, de cabeça para baixo, numa varanda da Rua de Stº António, este ano optei pela Rua Direita, e também lá estava, já meio amassado e entre o lixo de um florista,  bem mais próximo da realidade dos nossos dias em que símbolos e ideologias para os nossos governantes já pouco valem, pois o que vale mesmo é o poder.


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24
Abr08

Olhares que espreito - Chaves - Portugal




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Hoje apetece-me divagar um pouco por alguns pormenores da cidade, por aqueles que são breves momentos que um click apanhou distraídos e que, embora existam, são quase meras ilusões tiradas do seu contexto e algumas, também do seu pecado.

 

Cada vez mais ao caminhar as calçadas da cidade se esbarra com os seus escroques físicos, que (claro) não passam de um prolongamento do escroque humano, que infelizmente não são só de hoje, pois ao longo da história da cidade sempre os houve e estão bem visíveis aos olhos de todos. Só que não os quer ver é que não vê.

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Claro que cada vez mais é preciso afinar o olhar para que a nossa alma de apaixonados por esta urbe fique regalada.

 

Minto diariamente com a verdade de um ou outro pormenor e só as palavras se vão revoltando. Graças a Deus que nem todos gostam de ler e se ficam pela ilusão das imagens e dos pormenores arrancados a ferros de uma cidade doente, com a sua velha alma em ruínas, enquanto a sua juventude cresce sem Deus nem Roque, atabalhoada e sem alma.

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Como diria Daniel Filipe – É urgente inventar o amor – da cidade e pela cidade e, por favor, não me venham com cantigas, pois já tenho o ouvido duro de mais para as ouvir!

 

Até amanhã, com os discursos sobre a cidade e post extra.

23
Abr08

Verificação dos Marcos de Origem - Chaves - Portugal




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Tal como o Miguel Torga que de vez em quando passava pela fronteira para ver se os marcos estavam no sítio, também eu durante esta semana andei a fazer alguns registos fotográficos dos marcos da minha infância, começando pelo Brunheiro.

 

Claro que ao Brunheiro, qualquer flaviense presente o tem debaixo de olho todos os dias, pois é impossível viver em Chaves e não ver a nossa serra maior, seja de onde for. Pode-se nunca ter entrado por ela adentro, mas entra ela em grande parte dos nossos olhares. Mas o meu relacionamento com o Brunheiro já não é de hoje, acho mesmo que é desde o tempo em que nasci e, que o tinha mesmo ali ao lado por companhia. Era nele que projectava também o cenário de grande parte das estórias de lareira, era a serra dos lobos e também das grandes aventuras de exploração, mesmo que em puto pouco mais fosse além do seu sopé, aliás, acho mesmo que a grande descoberta do Brunheiro só a fiz em adulto, quando comecei a percorrer os seus caminhos e a inverter os olhares, ou seja, em vez de olhar desde a cidade para o Brunheiro, passei a olhar a cidade desde a serra. Curiosamente uma das minhas fotos preferidas de sempre e que até serve de cabeçalho ao meu blog de fotografias, foi tomada num nascer do sol por entre carvalhos em plena intimidade da Serra.


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Um dos meus caminhos de infância que levava até à serra era o caminho da Casa Azul, até ao Sr. da Boa Morte, e por aí fora até à Quinta da Condeixa. Caminho que, penso eu, segue o mesmo traçado da antiga calçada romana, uma das Vias Augustas. Pois a meio deste traçado, e desde que tenho memória, existia a casota do pastor, estrategicamente colocada junto à boa sombra de uma oliveira. Passei por lá para ver se tinha ainda todas as tábuas no sítio. Espanto-me sempre, pois está sempre lá. Garanto-vos que esta casota habita este sítio há mais de 30 anos, mas parece sempre ter sido acabadinha de estacionar. As tábuas estão todas lá, como novas. Para o ano, passo por lá novamente para ver se tudo continua até aqui.

 

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O meu ponto de origem só tinha dois lados – o da serra e o da cidade. No meu tempo de puto, quando íamos “lá baixo” à cidade, havia quatro passagens para a outra margem. A Ponte Romana, a mais utilizada, a Ponte Nova, as poldras do Caneiro e a Barca. Curiosamente na altura, as poldras tinham muito trânsito pedonal, principalmente do pessoal do Caneiro, pois era o caminho mais directo para o bairro. Também eu muitas vezes trocava a Ponte Romana pelas Poldras, mesmo que para isso tivesse de fazer um desvio da minha rota ou do meu traçado oficialmente aceite lá por casa. Mas era um gosto passar o rio pelas poldras. Gosto que era partilhado por muitos dos meus colegas e amigos de escola primária, principalmente naquele ano de 68/69 em que por motivo de obras na escola do Caneiro íamos receber aulas à escola do Stº Amaro. Ainda por cima as poldras tinham o encanto de desaguar num Jardim do Tabolado, novinho em folha, bancos branquinhos, candeeiros em forma de cogumelo … sem dúvida alguma os melhores tempos daquele jardim.

 

Claro que para chegar até às poldras havia um caminho, que ainda existe, mas que tem os seus dias contados, pois as obras POLIS em curso do arranjo da margem esquerda não

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contemplam esse caminho, e é pena, pois é um caminho com muita história e muitas estórias para contar e até poderia ser perfeitamente integrado nos actuais arranjos, nem que fosse como um troço de caminho romântico a lembrar caminhos de outros tempos. Mas ao que parece as novas tendências da arquitectura não contemplam romantismos nem passados e muito menos as suas estórias. Tenho pena de não entender muito bem as novas tendências.

 

Claro que tinha que deixar por aqui uma foto do caminho das poldras e mesmo demolido, ficará para todo o sempre em registo fotográfico, para além do imaginário de criança, muitas crianças pela certa.

 

Até amanhã de novo em Chaves cidade.

22
Abr08

O Olhar de Aníbal Gonçalves sobre a cidade


Foto de Aníbal Gonçalves

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PARTE UMO  Olhar de Aníbal Gonçalves

 

Uma vez lembrei-me de no flickr fazer uma pesquisa de fotos com a chave “Chaves”. Fiquei surpreendido, pois apareceram mais de doze mil ocorrências. Está certo que algumas das fotos estavam relacionadas com chaves de fechadura, outras com a região de Chaves nos Estados Unidos, algumas com a cidade (suponho) de Chaves no Brasil, mas muitas eram da nossa cidade e dos mais variados autores. Foi precisamente essa pesquisa que deu origem a esta rubrica no blog dos olhares de outros sobre a cidade.

 

A pequena introdução leva-nos à foto de hoje, pois foi esta a primeira foto que então vi na pesquisa e,  sem dúvida que os resultados da pesquisa  foram gratificantes, pois logo à primeira apanhava uma belíssima foto da nossa Top Model, que nunca ninguém se cansa de a fotografar e ela, como sempre, está dá sempre o seu melhor para ser fotografada

 

 “Por uma razão inesperada tive que ir a Chaves. A câmara estava lá e luz doce do entardecer também.


Chaves - Portugal “

 

É esta a legenda que acompanha a foto de hoje, da nossa Top Model, no Flickr. São palavras de Aníbal Gonçalves e pelo que pude apurar pelo seu DNA do flickr, é natural ou residente em Vila Flor, professor de matemática e amante de fotografia. De boa fotografia, digo eu, pois tenho acompanhado as suas publicações na sua galeria do flickr e, todas as fotografias são excepcionais. Só tenho pena que não haja outras razões inesperadas que tragam o Aníbal Gonçalves a Chaves com a sua câmara, para assim podermos ter mais registos, como o de hoje, da nossa milenar Ponte Romana e do nosso convidativo (fotograficamente falando) Centro Histórico. Pois pelo que conheço da sua arte fotográfica, tem olhar afinado e pela certa que Chaves seria honrado com as suas fotos.

 

Fica aqui um link para a galeria de Aníbal Gonçalves, a não perder, pois se não o fizerem, vão perder a oportunidade de ver boas fotos que, muitas delas, até nos são bem próximas, não fossem elas olhares sobre terras transmontanas. Link aqui .

 

 

PARTE DOISA fotografa Top Model

 

Claro que não há fotógrafo que passe ou veja a nossa Top Model e fique indiferente. Aliás na tal pesquisa no flickr, a foto que mais se repete é a da Top Model. São bem merecidas as fotos e os olhares que caem sobre ela e sobre a sua história e os seus dois mil anos de existência, por isso, e desde o início deste blog, que tenho manifestado a minha opinião de que a ponte Romana deve ser preservada e acarinhada se quisermos que belas fotos e outros tantos olhares como os que já foram lançados sobre ela o continuem a ser, para além do tal respeito pela história e pelos tais 2000 anos de existência. Desde sempre o tenho defendido aqui que há muito a Ponte Romana deveria estar sem trânsito automóvel e ser simplesmente pedonal.

 

Um dos pretextos para construir a Ponte de S.Roque foi precisamente o de retirar o trânsito da Ponte Romana. A nova ponte foi construída e o trânsito na Top Model continuou. Não houve coragem (ou “fruta” como dizem outros) suficiente para retirar de lá o trânsito, ou mais que isso, virem ao de cima os defeitos da democracia quando as cidades são pensadas e planeadas a prazos de quatro anos. Há, infelizmente “valores” que falaram mais alto.

 

Pois agora a história pode vir a repetir-se e, se por um lado as obras a que a Top Model está a ser sujeita são bem vindas e, estão a ser criadas todas as condições para uma agradável ponte pedonal (aliás é esse o pretexto das obras) e a única justificação para que tais obras se levem a efeito, por outro lado as vozes do costume tudo fazem para que o trânsito seja mantido na ponte. Pois, a ser mantido o trânsito na ponte, as actuais obras não têm qualquer justificação para além de, a curto prazo, todo o novo pavimento se tornar inestético e sujo pela borracha dos pneus e óleos derramados dos automóveis, além de partido, para não falar da abolição dos passeios e da promiscuidade e perigosidade do convívio dos peões com os automóveis. Esta é a minha opinião e não é de agora, pois sempre a defendi aqui neste blog desde que ele existe.

 

Mas o apontamento de hoje até nem passa por aqui. Pois também eu sou cliente da pequena zona comercial da Madalena. Desde puto que sou cliente, pois além de ter nascido na freguesia, sou cliente por herança dos meus pais e pelo comércio tradicional da Madalena e como sempre, também desde que a ponte fechou ao trânsito por causa das obras, não deixei de ir à Madalena e, das vezes que lá fui, tenho-vos a dizer que é muito mais agradável andar por lá às compras agora, com pouco trânsito, do que com muitos carros a passar. Haja coragem e faça-se um estudo sério sobre os benefícios ou prejuízos para a (pequena) zona comercial da Madalena com ou sem trânsito na ponte e verão que os males do comércio tradicional não está no trânsito da ponte, pois para tem carro, tanto lhe faz ir pela Ponte Romana como pela de S.Roque ou Ponte Nova. Talvez o problema do comércio tradicional comece pelos próprios comerciantes em não saberem competir com os desafios do comércio actual e em assistirem impávidos e serenos à abertura exagerada de novas grandes superfícies comerciais. Onde é que está a vossa associação comercial para vos proteger, defender os vossos direitos e modernizar-vos!? A defender trânsito na Ponte Romana, só é uma maneira de adiar e prolongar o vosso problema, pois se (infelizmente) o transito abrir de novo na ponte e contarem os carros que param na Madalena para compras e os que apenas a usam para passagem ou para ir de compras ao “Lerque-lerque”, talvez fiquem surpreendidos, ou talvez não, pois quando vejo comerciantes a ocuparem metade de um belíssimo largo com os seus produtos, pouco se devem importar com o bem receber os seus clientes.

 

Para terminar, só quero mesmo é ver na nova ponte pedonal (em vias de começarem as obras)  o pessoal a passar, vindo do lado do “lerque”, carregados de sacos brancos com letras azuis.

 

E só me resta pedir desculpas ao Aníbal Gonçalves o ter-me aproveitado da sua foto para mais um dos meus desabafos, mas é por uma razão nobre, pois quero que o Aníbal e outros bons fotógrafos, continuem a fotografar a menina dos nossos olhos, a nossa Top Model Ponte Romana no seu melhor e sem carros a maltrata-la.

 

E pela minha parte vai sendo tudo e desculpem lá mais uma vez trazer aqui a Top Model, pois é um assunto actual. Outros haverá, com certeza que sim, como o do Jardim Público fechado há mais de um ano para obras e diga-se de passagem, fui espreitar as obras e não gostei nada, mas mesmo nada daquilo que vi. Aguardo pelo final das obras para poder dizer qualquer coisinha, sempre vistas com o meu olhar, claro.

 

Até amanhã, com mais cidade de Chaves.

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