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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

31
Mai09

São Pedro de Agostém - Chaves - Portugal


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Não há aldeia deste concelho que não se preze do festejo ao seu Santo ou Santa e, da festa anual que chama a si todos os seus filhos e, mesmo que não venham à festa, lá bem longe, onde quer que estejam, recordam os momentos felizes que nela passaram em anos anteriores, alguns já bem longe no tempo, mas para sempre registados na memória.

 

Mas há festas e festas, pois se umas reúnem todos os seus, os vizinhos e amigos, outras há que chamam a si todo o concelho e até gentes de outras paragens bem distantes, não só pela tradição da festa feita de muitos anos, mas também para pagar promessas e por devoção quase obrigatória.

 

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O São Caetano e a Nossa Senhora da Saúde, são sem dúvida alguma aqueles que mais tradição têm neste concelho de Chaves e, também os que mais gente chamam aos seus santuários, aqueles em quem o povo deposita mais fé e aqueles a quem o povo, por cá, mais agradece.

 

Se o São Caetano tem um Santuário isolado no meio da montanha, já o mesmo não se passa com o Santuário da Nossa Senhora da Saúde, que fica mesmo juntinho e ligado à aldeia de São Pedro de Agostém.

 

Pois hoje começam as festividades em honra da Nossa Senhora da Saúde, embora o seu dia grande seja só amanhã e como  hoje, neste blog, também  é dia de aldeias, vamos até São Pedro de Agostém  e até à Nossa Senhora da Saúde e assim tornar possível em imagem, à distância e virtualmente, ter também por aí um pouco da aldeia e da festa.

 

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Quanto à festa, pouco ou nada tenho a dizer, pois os momentos que por lá se vivem têm mesmo de ser vividos in loco e não há palavras para os descrever, pois são momentos únicos que cada um vive com a sua fé ou espírito de festa, mas quanto à aldeia de São Pedro de Agostém, já há umas palavrinhas para dizer.

 

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Curiosamente está aldeia dá pelo nome de São Pedro de Agostém, seu Orago também, mas tem como festejo principal a Nossa Senhora da Saúde, e não é caso único ao nível das aldeias, aliás por tanto acontecer até se torna vulgar festejar para além do seu Orago um outro santo ou santa. Mas como o próprio nome da aldeia indica, trata-se de São Pedro de Agostém, e Agostém é o nome da aldeia mais próxima, que segundo me disseram por lá, hoje seria o dia da sua festa grande, a festa do Espírito Santo e só amanhã haveria lugar ao festejo em em S.Pedro de Agostém em honra da Nossa Senhora da Saúde.  Seja como for e também curiosamente, Agostém não tem nos seus festejos nem a Nossa Senhora da Saúde nem o São Pedro, e a aldeia de São Pedro de Agostém, também não tem o seu Orago nos festejos do seu dia grande de festa. Coisas complicadas de entender mas ainda mais de explicar, mas o que interessa mesmo, é a tradição, pois é ela que manda e contra ela não há argumentos, pelo menos, válidos.

 

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Muita gente que se desloca à festa da Nossa Senhora da Saúde e ao seu Santuário, apenas conhecem o seu recinto e deixam passar ao lado a aldeia de São Pedro de Agostém e, é pena, pois a aldeia merece uma visita atenta.

 

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Para além da Igreja do Santuário que a si chama a maioria dos fieis, a aldeia tem outra igreja, tanto ou mais interessante que a Igreja do Santuário e muito mais antiga. Mas não é só a Igreja e o seu largo que são interessantes, mas toda uma longa rua que nasce precisamente no largo da Igreja e ao longo da qual existem belos exemplares da nossa arquitectura tradicional rural, mas também algum casario mais nobre. Aldeia que pelas suas características e casario bem merecia ter alguma atenção virada para o seu núcleo histórico que seria de toda a conveniência preservar. Preservar sim, mas não só preservar, pois também incentivar a sua preservação e recuperação era necessário, mas que, à luz do que é costume, também é sinónimo de complicar, pois mesmo que as Leis existam, os incentivos ficam sempre na gaveta. A coisa de interesse público é de todos e como tal deveria ser entendida, em todos os aspectos.

 

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São Pedro de Agostém é aldeia e sede de freguesia, que a par de Nogueira da Montanha, é a freguesia com mais aldeias, num total de 11 aldeias, a saber: São Pedro de Agostém, Agostém,  Bóbeda, Escariz, Lagarelhos, Paradela, Pereira de Veiga, Peto, Sesmil, Ventuzelos e Vila Nova de Veiga. Sem dúvida que é uma freguesia grande em número de aldeias e também em território, pois os seus 25,64 km2 de área situam-na em 3º lugar nas freguesias com mais território, só ultrapassada por São Vicente da Raia (36.00 Km2) e Águas Frias (27.95 Km2).

 

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Grandeza que já não se reflecte em termos de população, embora seja uma das freguesias com mais população, mas que tem apenas 1513 habitantes residentes (dados do Censos de 2001). Pois neste campo seria de esperar muita mais população, principalmente pelo número de aldeias e pela sua proximidade com a cidade de Chaves, pois a aldeia mais próxima de Chaves dista apenas 3 quilómetros da cidade e a mais distante, 10 Km.

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Coisas que à primeira vista não se entendem muito bem, mas que já se entendem perfeitamente se tivermos em conta as causas do despovoamento das aldeias, onde o ser uma freguesia essencialmente ligada à agricultura, poderá ser a resposta para todos os seus males da falta de povoamento.

 

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Agricultura que chega a entrar em terras da veiga de Chaves, portanto em terras férteis, mas não só. Poder-se-ia dizer que por lá se davam todas as culturas, mas as mais relevantes são mesmo o vinho, a fruta, os cereais, a batata e também a castanha. Mas também a floresta tem uma palavra a dizer, tal como a pastorícia e a pecuária, mas neste campo, cada vez menos, pelo menos no aspecto tradicional.

 

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Quanto à história da freguesia, possivelmente já é povoada desde o Século VIII, altura em que pelas famílias do afamado Bispo Oduário, teria nascido a Igreja de S.Pedro. Diz a história também que as terras da freguesia teriam sido Couto dos Bispos de Braga e doado em 1133 por D. Afonso Henriques  ao Arcebispo D.Paio Mendes. Reza ainda a história, que D.João I e Nuno Álvares Pereira e os seus cavaleiros, teriam passado em São Pedro de Agostém o Natal de 1385, não de visita aos familiares como é tradição no Natal, mas antes para libertar a cidade de Chaves a Castela.

 

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A localização geográfica da freguesia, as suas montanhas e domínios de vistas sobre Chaves, tornam a freguesia também importantes em termos militares, pelo menos no passado, e se uns a utilizaram heroicamente para libertar Chaves dos Castelhanos, já de outros não se poderá dizer o mesmo, pois foram também estas terras que o General Silveira utilizou quando fugiu cobardemente dos franceses (atenção que o termo de cobarde não é meu, mas da população de Chaves da altura).

 

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E para finalizar uma palavra de apreço para o padre da freguesia, o Padre Ladislau José de Sousa e Silva, que além de amigo é (como costumo dizer) o meu padre de cerimónias, pois foi ele que me casou, que baptizou os meus filhos, mas também os meus afilhados, entre outras cerimónias, todas elas realizadas também, nas duas igrejas da aldeia de São Pedro de Agostém. Também pelo Padre e pelas cerimónias, tenho um carinho especial pela aldeia de São Pedro de Agostém.

 

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Claro que para finalizar tinha de deixar por aqui o programa e cartaz da festa de este ano e, honra da Nossa Senhora da Saúde, que como sempre, vai estar banhada de muito calor, não só o do clima, mas também o calor humano que todos os anos enche o recinto do Santuário.

30
Mai09

Mosaico da Freguesia de Tronco


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Tronco

 

Localização:

A 18 km da cidade de Chaves, a Nascente desta, no limite do concelho, situa-se na vertente da montanha que descai para terras de Valpaços, entre terras de Monforte, da Castanheira e do grande planalto de Travancas.

 

Confrontações:

Confronta com as freguesias de Lebução e Nozelos do Concelho de Valpaços e com as freguesias de Bobadela, Águas Frias, Paradela (num único ponto), Travancas (num único ponto) e Cimo de Vila da Castanheira.

 

Coordenadas: (Adro da Igreja)

41º 46’ 37.84”N

7º 17’ 42.17”W

 

Altitude:

Variável – acima dos 750m e Abaixo dos 910m

 

Orago da freguesia:

São Tiago

 

Área:

8,18 km2.

 

Acessos (a partir de Chaves):

– Estrada Nacional 103 em direcção a Bragança.

 

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Aldeias da freguesia:

            - Tronco

           

 

População Residente:

            Em 1900 – 417 hab.

            Em 1920 – 400 hab.

Em 1940 – 577 hab.

            Em 1960 – 686 hab.

            Em 1981 – 429 hab.

            Em 1991 – 325 hab.

            Em 2001 – 326 hab.

 

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Principal actividade:

- A agricultura.

 

Particularidades e Pontos de Interesse:

            A respeito da origem de Tronco pouco se sabe, pois nas suas redondezas mais próximas não são conhecidos achados ou estações arqueológicas que possam testemunhar a sua antiguidade, no entanto na sua envolvente junto ao Ribeiro da Pulga foi encontrado um lagar cavado na rocha e nos arredores apareceu uma ara romana dedicada a Júpiter e uma lápide funerária dedicada aos Deuses Manes, que segundo consta, se encontram ambas no Museu Soares dos Reis, no Porto.

 

Também quanto ao seu topónimo não há certezas, pois uns defendem que Tronco andará ligada a uma suposta  característica  da topografia local (em forma de tronco) enquanto que outros defende que estará ligada a um antigo cárcere ou prisão que aí teria existido destinado aos condenados da região de Monforte de Rio Livre.

 

Desconhece-se a sua antiguidade mas sabe-se que já existia e era pertença da “terra” medieval e depois do Concelho do Rio Livre, extinto em 1853.

 

Também a nível eclesiástico, S.Tiago do Tronco foi um curato da apresentação do reitor de S.João da Castanheira, tendo passado posteriormente a Reitoria.

 

A nível de património da aldeia, além do seu casario do núcleo, algum ainda bem interessante, existe a Igreja Paroquial e a Capela do Senhor dos Passos e alguns Nichos de Alminhas.

 

A principal festa religiosa de tronco é dedicada ao Senhor dos Passos e acontece no segundo Domingo de Agosto.

 

De interesse é também a paisagem natural da aldeia e redondezas, com abundantes carvalheiras e soutos, onde existem castanheiros seculares, alguns com troncos entre 2 e 3 metros de diâmetro.

 

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Dada a sua altitude e localização geográfica, avistam-se desde Tronco largos horizontes, todos lançados para Nascente e Sul, com vistas que alcançam as montanhas de Nogueira, Bornes e Santa Comba.

 

Os terrenos produzem centeio, boa batata, legumes, hortaliças e castanha, o típico das terras altas e frias.

 

Tronco é a última aldeia do concelho servida pela Estrada Nacional 103, estrada que desde S.Domingos (limite do concelho a confrontar com o de Boticas) atravessa todo o concelho (passando pela cidade de Chaves). Estrada que tem início em Braga e termina em Bragança.

 

 

Link para os posts neste blog dedicados a Tronco:

 

            - http://chaves.blogs.sapo.pt/365647.html

29
Mai09

Discursos Sobre a Cidade - "Data Venia", por Tupamaro


 

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Texto de Tupamaro

 

 

 

“DATA   VENIA

 

 

Não!

Vocês não vão adivinhar a última palavra que vamos escrever neste texto!

Hei! Alto aí!

Não vale ir já lá ao fundo vê-la!

Tenham “paciencinha”. Aturem-nos primeiro. Leiam a história que vos vamos contar e, depois,    -   depois   - lá vem a tal palavrita que  a uns deixa desiludidos, a outros, «chateados», aqueloutros, cheiinhos de raiva contra este autor, e uns outros tantos, a rezar «padre - nossos endiabrados» / o mesmo que pragas e nomes feios arremessados contra quem vos está a falar, escrevendo).

Mal nos iniciámos (tardiamente, ou serôdiamente) nos Computadores (para os franciús, ordenateurs) ficámos loucos de entusiasmo pelas «variâncias» de oportunidades, perante a nossa insignificância, infinitas.

Claro que a «teoria da relatividade» se foi por um cano abaixo, pois o mundo à nossa frente era absoluto.

Alto aí!

O tio Albert    -     mai-los seus compadres  do primeiro quartilho de século do século XX    -   ainda era o que era para nós!

A Mileva que nos desculpe, e não LEVA a mal o nosso apreço pelo tipo que lhe entregou a maçaroca do Nobel.

Bem, bem! Mas o que é que tem a ver o………fundo da agulha … com as calças?!

É que, vai para dois anos, a surpresa surpreendeu-nos com o «achamento» dos Blogues CHAVES e VALDANTA.

Os hemisférios do nosso cérebro movimentaram-se de acordo com os princípios de Wegener.

E apanhámos os continentes de “CHAVES”, “VALDANTA”!

Pé ante pé, algumas vezes (na maioria) guiados pelo “Pluto”    -  aquele farol único da Flavilândia    -   topámos, tropeçámos, arribámos a outros «blocos continentais»  de saudades, de recordações, ou de fabulosos reinos  só de nome conhecidos ou até mesmo de nome desconhecido    -    tantas das pérolas do colar Flavínio, as ALDEIAS FLAVIENSES!

 

“””Srs. F.Ribeiro e Pereira, saúdo-vos afectuosamente.

Congratulo-me por lembrarem (e avivarem) a região e, em especial, a fregª de Valdanta.

Se tiverem oportunidade, tenham também a bondade de ler O Notícias de Chaves de 5/4/1970-texto s/Granjinha.

Sabem, dessa freguesia, a História de cada casa, cada fonte, cada caminho, cada muro, cada quintal; cada «lama», vinha, carvalheira; cada pessoa - já «ida» ou ainda entre nós, “ “ «uma Peregrinação, uma Odisseia, uma Ilíada, um Amor de Perdição..ou de Salvação, um "Ulisses Joyciano"; mil "Canções de Gesta";... uma "Cordilheira Andina de Saudades"; uma Galeria de Turners, Goghs, Velasquez.

E o Taj-Mahal seria um «ponto pequeno» desses rincões!

... É por isso que esses lugares, essas aldeias, têm as melhores pessoas do mundo!

E, para mim, a GRANJINHA é o coração dos corações!!!.....

Obrigado a ambos! “””””

Tupamaro

 

 

No «diário da nossa nova peregrinação» foi isto anotado.

Não a pontes nem a cabos submarinos.

O ti Alberto, mai-lo primo Thomson (com o embrulho de De Broglie) pôs-nos nas mãos, aliás, na ponta dos dedos, as “partículas” com que podemos fazer algumas “ondas”.

E, assim, navegando por estes mares «néticos», cá topámos, cá fizemos o VOSSO ACHAMENTO, convosco, o que constitui um grande surpresa.

A curiosidade continua a ser um dos nossos alimentos.

 

Serendipidade!

 

 

Tupamaro

28
Mai09

 

 

 

 

Pequeno alfinete de lapela, em esmalte e prata, da década de 1950 ou 1960.

 

Estes emblemas, hoje raros, são provavelmente de inspiração germânica, pois apresentam características comuns às que, durante muitos anos, na segunda metade do século XX, se encontravam nos brasões das colheres vendidas como souvenirs de viagem na Europa Central.

 

Note-se ainda o recorte do brasão, evocativo da pele curtida numa forma simplificada (sugerem-se as extremidades dos membros posteriores, do pescoço e da cauda) e característico da heráldica setentrional.

 

27
Mai09

O empedrado da memória - Chaves - Portugal


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Em criança

Atravessava o empedrado

Repetidamente

Para lá e para cá

E porque me eram proibidas

Atravessava-as mais uma vez

E se caísse

Se acontecesse cair à água

Caía

Havia todo o tempo do mundo

Para secar à roupa

ao sol

E do outro lado

Havia sempre as permissões

De uns kentuques

Que na inocência de sermos pequenos

Acreditávamos que eram feitos para crianças

 

Naquele ano

Só havia o empedrado sobre o rio

Era o  único caminho

Para ir e vir da escola


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Regressos às pedras da memória

Que fazem tão complicados os dias

De hoje

Sempre

com  dois caminhos

não de ir e voltar

como o do empedrado

mas no horizonte

E

sempre

Sempre mesmo

Os sinais

Aqueles que

junto aos caminhos

vão proibindo

isto ou

aquilo que seja

 

o tempo das permissões

fica sempre

num empedrado qualquer

de um caminho

para uma escola de criança.

26
Mai09

O Repórter de Serviço e os Parques Infantins


 

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Em casa, cuidamos e preservamos o que é nosso e,  quando alguma coisa se avaria ou se estraga, substituímo-la, arranjamo-la ou mandamos concertá-la. Com a cidade, que afinal é a casa de todos nós, também assim deveria acontecer…mas não acontece.

 

Como se costuma dizer, há muita gente que não tomou chá em pequenino e, também já todos sabemos, que burros velhos não ganham andadura e então, em vez de tomarem a cidade como a casa de todos nós, tomam-na como uma coisa pública, que consideram de ninguém, da qual se pode usar, abusar, desprezar  e até estragar. Há também quem tivesse tomado chá em pequenino, mas que por uma qualquer doença oftalmológica, costumam ter desvios de visão ou um engrossar da vista e passam ao lado das coisas públicas. Mas também há que tenha responsabilidades sobre a cidade e que, de tão entretidos andarem com outras coisas, às vezes,  se desleixam com as coisas e causas públicas, no entanto, quando as coisas e causas têm a ver com crianças, um pedido de atenção exige-se.

 

O parque infantil do espaço Polis da margem esquerda do Tâmega, é um dos que exigia um bocadinho de atenção. Já sei que há defeitos de obra e que até estão no prazo de garantia, mas pela certa não se vão esperar que passem os 5 anos de garantia para se corrigirem os defeitos, tal como, pela certa, não será responsabilidade do empreiteiro o policiamento e a má utilização por jovens adultos dos aparelhos do parque infantil, como também, as interdições do parque que às vezes acontecem durante semanas por causa de transformarem o parque de estacionamento e diversões em parques de campismo de etnia cigana, pode ser responsabilidade do empreiteiro.

 

Há a quem custe ver este tipo de coisas acontecer na casa de todos nós e os que têm vontade de denunciá-las, geralmente não o fazem, por já sabem como as coisas funcionam, porque sabem que ninguém gosta de ser chamado às suas responsabilidades ou porque não se querem comprometer e os que ousam, já se sabe, são do contra ou então -  contestatários… mas o que mais custa em tudo isto, é que, geralmente, não há culpa de ninguém, pois ela morre sempre solteira, porque é sempre dos outros!

26
Mai09

Mais olhares de look to see sobre a cidade


 

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Como habitualmente, as Terças-Feiras, são dias de outros olhares.

 

Outros olhares de um fotógrafo que já é repetente aqui no blog, mas que continuarei a trazer aqui enquanto o seu olhar continuar a ser diferente.

 

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Olhares comuns mas afinados do nosso quotidiano, os quais, de tanto os vermos, até nos passam despercebidos.

 

São, mais uma vez, os olhares de look to see/Rik Janssen, já de Julho de 2006, mas que se continuam actuais e a repetir o quotidiano dos nossos dias.

 

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Claro que, como sempre, também deixo o link para a sua galeria de fotos no flickr, que continua interessante e sempre actualizada, onde vale a pena dar uma vista de olhos:

 

http://www.flickr.com/photos/60157365@N00/

25
Mai09

« O Prazer e o Tédio» - Um Romance de José Carlos Barros


Hoje temos por aqui um autor e um romance a lançar brevemente (Junho), mas antes, umas palavras...

 

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Decorriam os loucos anos setenta, os primeiros anos da democracia e da liberdade, que eram vividos intensamente pela juventude da época. Houve como um despertar de muitas sensibilidades nesses loucos anos em que tudo era possível. Na música, no teatro ou simplesmente na expressão, mas também a descoberta de novas leituras e da poesia em pleno. Ondas que passaram por todos os jovens de então onde cada qual se descobria em novas formas de expressão.

 

A poesia foi uma das formas que invadiu então o Liceu de Chaves, não só na descoberta de novos autores e das suas leituras, mas também no escrever poesia, que era também apoiada, discutida, classificada e criticada por alguns professores, como acontecia com o saudoso Fernão de Magalhães Gonçalves. Poesia que conhecia a luz pública quer nos jornais locais da época, principalmente no Notícia de Chaves onde uma página, a “Janela Aberta”,  era semanalmente dedicada a estas coisas da juventude, mas também chegava a público, nalgumas publicações de edição de autor, manuscritas, batidas a máquina de escrever ou mesmo impressas em tipografia. Um movimento poético estava lançado no Liceu de Chaves e em Chaves.

 

Entre muitos nomes da poesia de então, havia alguns que pela qualidade que  apresentavam, já começavam a esboçar um futuro promissor na escrita. Francisco José Viegas era um desses nomes, que cedo se veio a revelar. Manuel Francisco Barros era outro nome para o qual estava desenhada uma interessante carreira na escrita e na prosa, mas infelizmente, também os loucos anos de 70 não permitiram que continuasse com vida para ter oportunidade de nos mostrar toda a sua arte na prosa e na escrita. Depois havia a poesia de um puto de Boticas, cabelos a fugir para o comprido e a fugir também para o encaracolado, que vivia feliz com a vida e até a gozava, que podia ter aspecto de tudo, menos de poeta, mas de quem brotava naturalmente poesia feita com a imagem dos dias. Chamava-se (e chama-se) José Carlos Barros.

 

Os anos passaram e cada um foi às suas vidas, perdemos o contacto. Do Francisco José Viegas, as notícias eram públicas, do puto de Boticas, sabia que tinha ido para o Alentejo, que por lá casara e por terras dos mouros teria ficado. Ia-lhe conhecendo algumas publicações e prémios, sobretudo em poesia e conhecia-lhe também umas palavrinhas que ia deixando nos jornais cá da terra, e pelo que ia lendo, não só em prosa, como também em poesia, continuava a não desiludir e, a sua qualidade, no âmbito nacional, ia-se revelando.

 

Com a blogosfera reencontro o José Carlos Barros. Ele com o seu blog Casa de Cacela  (http://casa-de-cacela.blogspot.com/) onde vai debitando quase diariamente a sua poesia e os seus textos, com a qualidade que já lhe conhecia. Lancei-lhe o repto de discursar sobre a cidade de Chaves, neste blog. Sinceramente receei que não aceitasse, mas hoje, é um dos discursantes do blog. Afinal, e mesmo com as responsabilidades que actualmente tem em terras algarvias, continua aquele puto porreiro, de Boticas, tal como nos nossos tempos de Liceu.

 

Mas não é por isso que hoje está aqui. A qualidade até pode tardar a ser reconhecida e até andar por caminhos paralelos antes de chegar ao seu sítio devido, mas acaba sempre por chegar lá. Depois de mais de 20 anos a publicar poesia, a ganhar prémios e a escrever diariamente, vai ter agora o seu primeiro romance publicado a convite de uma das maiores e melhores editoras nacionais. Afinal o puto de Boticas não passou despercebido em qualidade na capital.

 

Curiosamente faz-se também um regresso ao passado, pois o prefácio deste romance é de Francisco José Viegas.

 

E a partir de aqui, vamos a um pouco da vida e a obra de José Carlos Barros. Da minha parte, sinto-me honrado por o ter como colaborador deste blog, com os seus discursos sobre a cidade.       

 

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José Carlos Barros nasceu em Boticas (1963). Estudou na Escola Secundária Fernão de Magalhães (Liceu de Chaves) e na Universidade de Évora, onde se licenciou em Arquitectura Paisagista. Alguns dos seus primeiros textos foram publicados no jornal Notícias de Chaves, nomeadamente no suplemento literário «Janela Aberta», coordenado por Florêncio Freitas. Mais tarde, ainda no «Notícias de Chaves», acabou por ser o responsável pela página literária «asa de ponto», onde os textos aí publicados acabariam por ser acusados de «picassadas», e onde manteve polémicas, a esse propósito, sobre arte e literatura. Fernão de Magalhães Gonçalves, no jornal Alto Tâmega, referir-se-ia à sua poesia em termos entusiastas. Ainda em Chaves, enquanto estudante do Liceu, publicou dois livros fotocopiados que não costumam aparecer nas suas referências biográficas: «Lá em Baixo Fica o Céu» e «O Fogo das Cinzas».


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Entretanto, publicou: «Pequenas Depressões» (com Otília Monteiro Fernandes – 1984); «Uma Abstracção Inútil» (1991); «Todos os Náufragos» (1994); «Teoria do Esquecimento» (1995); «As Leis do Povoamento» (1996); «O Dia em Que o Mar Desapareceu» (2003); «Las Moradas Inútiles» (edição bilingue, Punta Umbría, 2007; edição em castelhano, La Habana, Cuba, 2009).


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Venceu vários prémios literários (o último dos quais, no passado mês de Abril, foi o «Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama 2009», entre 144 originais a concurso, com o livro, ainda inédito, «Os Sete Epígonos de Tebas») e está representado em várias antologias em Portugal e em Espanha. Os seus textos poéticos encontram-se publicados em vários países (nomeadamente, Espanha, Brasil, México e Cuba).

 

Nos primeiros dias de Junho, estará nas livrarias um seu romance, editado pela Oficina do Livro, intitulado «O Prazer e o Tédio». De acordo com Francisco José Viegas, que assina o prefácio, «José Carlos Barros constrói uma pequena maravilha romanesca como há muito tempo eu não lia. Perfeita, melancólica, cheia de amor. Arrebatadora pela sua delicadeza e pelo humor travesso que nos comove». Desde os finais dos anos oitenta vive no Algarve, em Vila Nova de Cacela.


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Só nos resta aguardar que Junho chegue bem depressa para podermos lançar mão de «O Prazer e o Tédio».

24
Mai09

Paradela de Veiga - Chaves - Portugal


 

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E estamos de regresso às aldeias do concelho, às aldeias em falta, por sinal as aldeias mais próximas de Chaves e que ainda saboreiam um pouco do longo vale de Chaves que se vai espraiando ao longo do Rio Tâmega, principalmente na sua margem esquerda e que só termina quando vai de encontro à Serra do Brunheiro.

 

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Aldeias que ainda hoje deixam ver um bocadinho daquilo que foram no passado, não muito distante. Um passado essencialmente ligado às coisas da terra, como a agricultura, mas também a pecuária, onde a terra era a coisa primeira, sustento e riqueza das famílias, não só de quem as possuía, mas também (apenas sustento) de quem as trabalhava.

 

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Pelo casario nobre, solarengo e senhorial que existe na nossa aldeia de hoje – Paradela de Veiga – e nas aldeias vizinhas, nota-se que a terra foi riqueza de alguns e que a mesma estava repartida apenas por duas ou três famílias e, ao lado da casa senhorial, geralmente à volta da capela, nascia a aldeia propriamente dita, com o povo que trabalhava as terras. Casas humildes e pequenas, mas que “chegavam” para albergar grandes famílias, com muitos braços para as lides do campo.

 

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Esta aldeia de Paradela de Veiga é um exemplo típico de uma dessas aldeias que caracterizo atrás. Lá tem a sua casa senhorial, até com um minúsculo brasão e as terras que se estendem até à veiga e mesmo ao lado, a tal aldeia que se desenvolve à volta da capela. Uma pequena aldeia com um núcleo constituído por apenas meia dúzia de casas e que hoje se apresenta bem diferente da aldeia que foi há 100 ou 200 anos atrás.

 

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A casa senhorial continua por lá, hoje dividida em duas, com uma parte desabitada ou temporariamente habitada e a outra metade em ruínas,após ter sido vítima de um incêndio florestal que há anos atravessou a aldeia. A restante aldeia, também por lá continua, ainda habitada, mas já com gente que não se dedica às lides da terra, pelo menos a tempo inteiro e, claro, o seu inevitável crescimento ao longo da Estrada Municipal, em terrenos que outrora, só serviria para saciar o gado ou eram pequenas hortas da gente da aldeia.

 

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Tudo o que disse até aqui, é um bocadinho da história das nossas aldeias que cercam o longo vale de Chaves, e a história repete-se em todas elas. História, que também está ligada a acontecimentos da história e aos fenómenos que aconteceram no último século, principalmente os que estão ligados aos seus grandes acontecimentos, como a implantação da República, a I e II Guerras Mundiais, a Guerra Civil Espanhola,  a ditadura, a emigração dos anos 50/60 e por último o 25 de Abril. Aliado a tudo isto houve também a morte dos senhores das aldeias e as partilhas da terra, mas sobretudo a educação e formação que o pessoal das aldeias começou a ter, que os tirou das aldeias para estudar nas cidades, para as quais fizeram uma viagem sem retorno.

 

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É por todas estas razões que a maioria do casario senhorial e solarengo está desabitado, degradado ou em ruínas, havendo apenas meia-dúzia deles (em todo o concelho) que foram recuperados, geralmente por novos donos e para turismo de habitação ou hotéis rurais, e poucos são, os que se mantêm nas mãos dos antigos proprietários.

 

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Mas vamos de novo até Paradela de Veiga que segundo reza a história é uma designação que provém do foro que os moradores pagavam ao rei ou aos seus senhores quando a visitavam com a sua comitiva. Seria possivelmente dessa época a denominada casa senhorial de Paradela que possui duas pedras de armas, sendo uma delas a que adornava a Casa de Curalha, também da família Barros, da Casa de Samaiões, onde hoje funciona um hotel rural. Segundo J.C. Calvão Borges no “Tombo Heráldico do Noroeste Transmontano” a datação desta “Casa de Paradela” será do Séc. XVII.

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E da aldeia pouco mais há a dizer, pois resume-se à casa senhorial que já foi referida, ao pequeno núcleo que se desenvolve à volta da capela e às novas construções que nasceram nas últimas dezenas de anos junto à Estrada Municipal.

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Quanto à capelinha, pequena, humilde mas interessante, precisamente pela sua humildade, é de devoção a S. Ciríaco, advogado dos animais.

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Em termos de população, segundo o Censos de 2001, Paradela de Veiga tinha 77 habitantes residentes, dos quais 7 tinham menos de 10 anos, 6 tinham entre 10 e 20 anos, e 22 tinham mais de 65 anos.

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Com a construção de novas habitações junto à estrada, é natural que estes números venham a sofrer uma ligeira alteração.

 

 

 

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