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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

30
Jun09

PATRIMÓNIO URBANO, Hoje em Colóquio, às 21H29


Hoje, dia 30 de Junho, às 21H29 a Tamagani, Forum Galaico Transmontano e o BIC – Banco de Ideias de Chaves, no sentido de promover o debate público de ideias e numa atitude de indispensável cidadania, vai levar a efeito mais um colóquio dentro da série “Chaves: Que Futuro?”. O colóquio de hoje será subordinado ao tema “Património Urbano” e são convidados os Arquitectos Ana Isabel Augusto, Marcos Teixeira e Luís Geraldes e ainda o Geógrafo Júlio Alves.

 

O Colóquio de hoje, tal como os anteriores, terá início (pontualmente)  às 21H29, no Auditório Municipal (GAT) e terá como moderadores as três organizações envolvidas na organização do evento. As conclusões ficarão a cargo dos alunos das Escolas Fernão de Magalhães, António Granjo e Júlio Martins.

 

Estes colóquios têm o apoio do Semanário “ A Voz de Chaves”, “Alto Tâmega TV”, “Notícias de Chaves”, “Semanário Transmontano” e “Rádio Larouco”.

 

29
Jun09

Bento da Cruz, hoje em Chaves, com o livro PROLEGÓNEMOS II


 

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Hoje, porque é hoje que acontece, às 18H30 na Biblioteca Municipal, não poderia deixar passar em claro o lançamento de mais um livro do Dr. Bento da Cruz, autor que tanto tem dedicado a sua escrita a estas terras e esta região, que no seu encanto de romancista, nos vai deliciando mas  também fazendo a história destas terras.

 

Autor de inúmeros livros, a este escritor Barrosão descobri-o com o “Lobo Guerrilheiro” e desde aí nunca deixou de me encantar. Pela certa que este será mais um dos seus encantos, de uma escrita que encanta.

 

Autor também onde fui beber muita da história dos guerrilheiros anti-franquistas e que ilustra muito do que está vertido no blog “Cambedo Maquis”.

 

Estão de parabéns a Câmara Municipal de Chaves, o Fórum Galaico-Transmontano – Círculo de Estudos e Divulgação e a Âncora Editora por darem luz à mais um dos nossos autores.

 

Hoje, dia 29 de Junho, Segunda-Feira, às 18H30 na Biblioteca Municipal de Chaves, um momento e um livro a não perder.

 

29
Jun09

XI Encontro Convívio da Blogosfera Flaviense e Fotógrafos Flickr - Conclusões


O Grupo de Caminhantes do Encontro (na festa e à mesa, eram mais)

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O prometido é devido e, embora atrasado, cá estou com a reportagem do XI Encontro da Blogosfera Flaviense e Fotógrafos Flickr.

 

Tal como todos os eventos que se realizam em Chaves, também este Encontro foi um sucesso, não só na variedade e qualidade do seu programa como também em participação, com blogers e fotógrafos vindos de todo o nosso Portugal, desde o Minho ao Algarve, onde não faltaram até, os nossos amigos galegos.

 

Claro que tudo que se passou neste encontro foi importante, principalmente o convívio e o estreitar de amizades entre blogers, fotógrafos, mas também amigos da blogosfera flaviense que quiseram associar-se a este evento.

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O que seria que despertava o interesse dos fotógrafos!?

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De entre a variedade do programa, há que realçar alguns momentos grandes, começando pela visita a São Vicente da Raia, onde o seu Presidente da Junta nos mostrou alguns dos pontos de interesse da aldeia e onde também não faltou uma conversa e visita à adega de uma velha glória do Desportivo de Chaves, o Domingos. São Vicente da Raia que é uma das nossas poucas aldeias do xisto, conjuntamente com as restantes aldeias da freguesia (Orjais, Aveleda e Segirei.)

 

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Segundo momento importante foi a paragem para se apreciar o mar de montanhas, com a aldeia de Aveleda marcando um pequeno ponto de civilização no meio de tanta natureza. Aldeia de Aveleda que também teve no encontro o autor da sua página na net.

 

Da Aveleda para Cidadelha, já em terras galegas, onde o caminhante Pablo, de Vilardevos mais um amigo, galego andaluz que um dia quis ser português, com o seu casal de cães, esperavam pela comitiva para servirem de companheiros e guias pela Rota do Contrabando, onde todos fomos contrabandistas carregando o fardo dos nossos corpos, mas imaginando como difíceis e perigosos foram aqueles carreiros do contrabando, quando contrabandistas verdadeiros, de ambos os lados da fronteira, carregavam fardos a sério.

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Apenas conheço meia dúzia de rotas do contrabando, mas não andarei longe da verdade se disser que esta rota, é uma das mais belas rotas do contrabando do mundo, e diga-se a verdade, principalmente no trajecto do troço galego, não só pela intervenção cuidada que sofreu para adaptá-la a um trajecto de caminheiros, mas principalmente pelas belezas naturais onde as cascatas, dão um ar paradisíaco ao local, que de tão belo, nem apetecia abandoná-lo. Mas já se sabe, caminhantes que éramos, o caminho fazia-se a andar, que nem sempre foi fácil, diga-se (e eu sou uma fiel testemunha – o último a chegar), pois a descer, todos os santos ajudam, mas em montanha, tanto se desce como se sobe, e nas subidas, quando mais precisamos da ajuda dos santos, eles, estão sempre distraídos, mas também é uma boa forma para reforçar o apetite, a uma boa mesa que nos esperava na Praia de Segirei, mas antes, claro, paragem obrigatória na aldeia de Segirei.

 

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Curioso, e isto tem de ser dito, é que mal parou o autocarro em Segirei, a vizinha mais próxima da paragem, em vez de se assustar com aquela “cambada de estranhos” refugiando-se em casa, não se assustou e saiu à varanda convidando-nos a todos para beber um copo. Claro que não lhe invadimos a casa, embora insistisse, mas como a visita a Segirei era mesmo visita de médico, pois os assados da praia já cheiravam em Segirei, partimos quase de seguida para “fazer” a barriguinha.

 

Da comida não vos falo, caiu bem e no momento certo, regado com bons líquidos dos Deuses, onde, como da blogosfera flaviense se tratava, nem sequer faltaram os pastéis de Chaves.

 

Após o almoço, estava chegado o momento cultural do encontro, momento aliás de fazer inveja a qualquer momento cultural de sucesso, não só pelo ambiente, mas também pelos autores e livros que havia para apresentar. Autores da terra, com escrita da terra, com temas da terra ou à moda da terra, mas com livros presença universal e obrigatória em qualquer biblioteca.

 

Gil Santos e José Carlos Barros eram os dois autores presentes a apresentar livros neste encontro, e eu, no meio deles, todo babadinho por eles serem colaboradores e discursantes deste blog.

 

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Da esq. para a Dir. - Tânia Oliveira (Blog Segirei), Gil Santos (escritor), F.Ribeiro (Blog Chaves) e J.Carlos Barros (escritor)

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Gil Santos apresentou o seu livro de “Chaves a Copenhaga – A Saga de Um Combatente”, que já por duas vezes tivemos oportunidade de falar desse livro neste blog. Uma história da I Grande Guerra vivida na primeira pessoa  pelo avô/bisavô dos autores onde se enaltece a forma da escrita manuscrita do combatente reproduzida no livro. De Gil Santos também os “Ecos do Planalto”, fizeram presença no encontro e apresentação, onde os contos do planalto do Brunheiro e as suas estórias, fazem também história da vida no planalto do século passado.

 

O José Carlos Barros, geralmente conhecido como poeta já consagrado e premiado neste nosso Portugal, levou até nós o seu romance, curiosamente filho do seu blog. Um romance feito de mentiras, dizia o autor na sua apresentação, mas de mentiras que são verdades, aquelas que nunca se dizem nas nossas conversas e que ficam nas nossas reservas, mas que bem gostaríamos de as dizer. Mentiras que também tem a ver com a nossa terra e região, pois embora o José Carlos Barros habite e até seja autarca em terras algarvias, é a sua terra que tem no coração e, a sua terra não se resume a Boticas, onde nasceu, mas também a Chaves onde estudou e curiosamente a Segirei, onde o autor confessa ter passado (e quer continuar a passar) bons momentos da sua vida e onde escreveu partes deste livro, que faz questão de mencionar no final do romance, com a assinatura de “ Cacela. Gardunho, Segirei. 3 de Fevereiro de 2008, 3 de Janeiro de 2009”. “Uma história de amor que todos queríamos viver” com muitas mentiras todas elas verdadeiras, da terrinha e não só, que abrem o apetite a qualquer um para a sua leitura, pela certa uma boa leitura, pois o romance já começa a fazer sucesso a nível nacional e que sabe se a curto prazo não o será a nível internacional, como em Cuba, onde o José Carlos Barros já é bem conhecido e querido.

 

« O Prazer e o Tédio », é este o romance de José Carlos Barros, que está à venda numa livraria perto de si, incluindo em Chaves, onde além desta obra poderá também encontrar à venda a o livro de Gil Santos (Pai e filho). Dois livros que são obrigatórios em qualquer biblioteca, principalmente nas flavienses.

 

Da parte da organização deste encontro e pela certa da blogosfera flaviense, agradecemos a presença dos autores e desejamos-lhe o maior sucesso.

 

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Rafael, o galego, andaluz que um dia quis ser português, companheiro, guia e poeta cantante

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E já que estamos em maré de agradecimentos, vou terminar com os agradecimentos a quem devemos agradecer, começando pelo Paulo Bessa que se disponibilizou para nos ir confeccionar o “comer” na Praia de Segirei e que em Chaves abriu recentemente um Restaurante na Travessa Cândido Reis no espaço da antiga Pensão Flávia. Agradecer também ao «Prazeres na Loja», com loja no Largo do Anjo, que nos ofereceu os pastéis de Chaves, loja que aliás recomendamos, pois é uma loja que é um verdadeiro embaixador dos produtos regionais, onde poderá encontrar desde o genuíno presunto de Chaves, aos pastéis de Chaves, mas também ao bom vinho de qualidade, azeite, enchidos e fumados, compotas, etc. Isto é publicidade que faço gratuitamente e com gosto, pois é uma loja onde se pode encontrar do melhor que Chaves e a região tem e que, deveria servir de exemplo ao restante comércio tradicional cá da terrinha. Com bons produtos e a tradição, só se pode fazer comércio de sucesso.

 

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Agradecemos também a quem  bem nos recebeu, como o Presidente da Junta de São Vicente da Raia, o Sr. Antenor, mas também ao Domingos, velha glória do desportivo, como agradecemos ao Pablo por nos servir de guia e nos fazer companhia, mas também a Rafael, o galego andaluz que quis ser português, por ser guia, companheiro e também pelo recital e animação musical da tarde. Agradecemos também à população de Segirei pelo seu espaço e por se juntar a nós no período da tarde, como também agradecemos à Câmara Municipal de Chaves o apoio que deu a este encontro, mas também agradecemos a visita no período da tarde do Sr. Presidente da Câmara, Dr. João Batista e do Sr. Vereador , Arqº Castanheira Penas. Agradecimento também para o Sr. Guerra por nos aturar e transportar durante todo o dia.

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Pablo, o nosso guia, à conversa com os amigos de Segirei (Foto de Tânia Oliveira)

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Penso não ter esquecido ninguém nos agradecimentos, a não ser (claro) aos participantes, mas esses, fazem parte do sucesso deste encontro, com um agradecimento especial ao José Carlos Barros por ter vindo propositadamente do Algarve e ao Gil Santos por vir de Braga, ambos até Segirei para participar neste encontro mas também por nos brindarem com a apresentação dos seus livros, mas também ao pessoal que veio de Sintra e do Porto e aos de Chaves e das aldeias e amigos que se associaram ao evento, pois, todos fomos um sucesso, aliás, como todos os eventos que acontecem em Chaves, mas este, foi mesmo.

 


 

27
Jun09

Das margens do Tâmega até Segirei - Chaves - Portugal


 

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Hoje deveria ser mais um dia dedicado às aldeias e a realidade é que, hoje, toda a blogosfera flaviense (aderente) vai dedicar o seu dia a uma das aldeias mais interessantes do nosso concelho – Segirei.

 

De facto hoje todos os caminhos vão dar a Segirei, mesmo os da rota do contrabando, com início em Espanha, é em Segirei que vão terminar.

 

Longe da internet e da rede móvel telefónica, que ainda não chega a Segirei, entre um mar de montanhas em convívio pleno com a natureza, quarenta e tal fazedores, colaboradores, acompanhantes e amigos da blogosfera flaviense vão viver um dia diferente, bem longe do pequeno ecrã de contactos virtuais.

 

Do Minho ao Algarve, da Galiza, de Lisboa, do Porto, cá da terrinha, de Segirei, da Aveleda e de terras de Bragança, todos vamos estar em Segirei, quer para vestir a pele de um contrabandista percorrendo os seus caminhos, quer saboreando a boa gastronomia transmontana e flaviense, quer assistindo a momentos únicos de cultura com o lançamento de dois livros de autores flavienses, bem entranhados também nas lides da blogosfera flaviense, com a presença dos seus autores (Gil Santos e José Carlos Barros), mas também o som gaiteiro galego tocado por gentes de Segirei. Tudo isto vai ser realidade, hoje, em Segirei.

 

Claro que sendo uma festa convívio da blogosfera flaviense, onde vão estar presentes umas dezenas de blogues e muitos autores, é também uma festa aberta à população da freguesia de São Vicente da Raia, em especial à aldeia de Segirei, mas também a quem se queira associar a ela, hoje, durante todo o dia, em Segirei.

 

Sobre este encontro, mais logo, já noite avançada, se houver ainda alguma disposição e forças, darei aqui conta do que foi este dia de convívio da blogosfera flaviense, curiosamente de um dia passado bem (,) longe destas lides das comunicações informáticas e globais.

 

Mas hoje não poderia deixar passar em claro uma notícia de ontem que tem a ver com o Prémio Nacional de Arquitectura Paisagista 2009 e onde, indirectamente, Chaves também foi premiada, pois o Prémio Nacional de Arquitectura Paisagista na categoria de Espaços Exteriores foi atribuído ao arquitecto Luís Guedes de Carvalho, do atelier do Beco da Bela Vista, com o trabalho de Requalificação Paisagística das Margens do Tâmega, entre a Ponte de S.Roque e a Estação de Tratamento de águas de Santa Cruz, em Chaves.

 

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Aparentemente o troço menos atraente da requalificação POLIS das margens do Tâmega, acaba (e bem ) de ser premiado. Afinal de contas a arquitectura paisagística é isto mesmo, ou seja, intervir na paisagem, disponibilizando-a à população sem a ferir ou alterar. Pessoalmente também acho que o trabalho ali realizado é merecedor de ser premiado, principalmente porque nos oferece o rio em todo o seu percurso, mas também deixa transparecer sem ofender, o lado rural de Chaves. Ouro sobre azul, onde temos o campo e o rio em plena cidade.

 

Da parte deste blog, deixo aqui também os parabéns por este prémio ao seu autor, o Arquitecto Luís Guedes de Carvalho.

 

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Pena que não possa dar os parabéns também a outros arquitectos e outras intervenções recentes em Chaves, nomeadamente às intervenções feitas no Jardim das freiras e no Jardim Público, além de lamentar que árvores centenárias continuem a ser abatidas em Chaves, como há dias foram mais meia-dúzia delas no início da E.N.2, em frente ao Jardim Público, aliás, foi o remate final no assassínio total daquela que era uma das mais belas entradas em cidades de Portugal. Em apenas duas dezenas de anos conseguiu-se abater cerca de dois quilómetro de árvores centenárias que adornavam a entrada da cidade, conhecida como recta do Raio X e que eram também um dos nossos ex-líbris.

 

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Curiosamente, actualmente um dos responsáveis máximos desta nossa autarquia, é Arquitecto Paisagista e até é cá da terrinha… olha se não fosse. Ainda bem que não vai a concurso! Concretamente falando, estamos na época do concreto, que traduzido para português de Portugal (como se diz na net) estamos na época do b€tão e subjugados ao seu poder.

 

Até amanhã, se houver disposição e forças…mas pela certa qualquer coisa se há-de arranjar.

 

26
Jun09

Discursos Sobre a Cidade - Na Rota do Contrabando, por José Carlos Barros


 

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Na Rota do Contrabando

 

texto de José Carlos Barros

 

 

Em vez dos delitos que o Poder enunciava, do que se tratava era de juntar as margens de ambos os lados, rasurar fronteiras, misturar pronúncias, acentos, nomes de toponímia. Nada nunca distinguiu de uma e outra banda o azul do céu ou a nuvem suspensa a espalhar uma sombra na tão difusa e abstracta linha da raia dos livros de autoridade. Tudo

 

era objecto de contrabando: tudo o que era e não era possível medir-se, tudo quanto não calhava com a letra da lei ou a polícia dos costumes, tudo quanto revertia do negócio, da possibilidade de troca, da exaltação. Por isso

 

nada chegava a distinguir o amor clandestino e os sapatos de revenda, o desejo numa outra língua e o açúcar concreto ou o azeite. Hoje

 

regresso a estas veredas com os troncos muito esguios dos álamos jovens a erguer-se das margens dos remansos e os muros de pedra dos lameiros e as encostas declivosas e as levadas onde mergulho na água as mãos de memória. Memória

 

do contrabandista de Segirei que nunca tive a felicidade de ter sido.

 

 

http://casa-de-cacela.blogspot.com

25
Jun09

Heróis, Santos e Outras Figuras de Chaves hoje em Colóquio


Hoje , às 21H29 a Tamagani, Forum Galaico Transmontano e o BIC – Banco de Ideias de Chaves, no sentido de promover o debate público de ideias e numa atitude de indispensável cidadania, vai levar a efeito mais um colóquio dentro da série “Chaves: Que Futuro?”. O colóquio de hoje será subordinado ao tema “Heróis, Santos e Outras Figuras de Chaves” e são convidados o Pároco Delmino Fontoura, o Prof. Reformado António Sampaio, o Médico e Historiador Júlio Montalvão Machado e o autor deste blog, Fernando Ribeiro.

 

O Colóquio de hoje, tal como o anterior, terá início  às 21H29, no Auditório Municipal (GAT) e terá como moderadores as três organizações envolvidas na organização do envento. As conclusões ficarão a cargo dos alunos das Escolas Fernão de Magalhães, António Granjo e Júlio Martins.

 

Estes colóquios têm o apoio do Semanário “ A Voz de Chaves”, “Alto Tâmega TV”, “Notícias de Chaves”, “Semanário Transmontano” e “Rádio Larouco”.

 

24
Jun09

O Último Tanoeiro - Chaves - Portugal


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A modernidade e as novas tecnologias aliadas também a agressividade de novas indústrias e às exigências de novas Leis,  têm vindo a contribuir para o desaparecimento de muitas profissões que no século passado eram rainhas e serviam de ganha pão a milhares de famílias portuguesas.

 

Os da minha geração (colheita de 60) ainda se lembram das lavadeiras de São Lourenço, das leiteiras de Outeiro Seco (e quantos deles não foram criados com esse leite), dos carvoeiros ou  dos carquejeiros que desciam à cidade e porta a porta vendiam os seus produtos. Mas também ainda se lembrarão das oficinas de latoeiros, de ferreiros, dos peliqueiros, e dos albardeiros, ferradores e um sem número de profissões que os poucos foram acabando e desaparecendo.

 

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Se algumas dessas profissões e oficinas estavam condenadas a morrer por não se adaptarem aos novos tempos e às novas exigências, outras há que foram sendo obrigadas a fechar pelo aparecimento de produtos alternativos e mais baratos, mas também pelo desfavorecimento da Lei, pela alteração de actividades a elas associadas mas também por falta de nova gente que aprenda a profissão, é o caso dos Tanoeiros, que têm uma rica e interessante história em Portugal.

 

Em Chaves ainda existem um tanoeiro, o último tanoeiro, e continuará a existir enquanto for vivo, mas só até lá, pois não há ninguém que lhe herde a sua arte. Mas ainda antes de passarmos ao nosso último tanoeiro, vamos deixar por aqui um pouco da história da tanoaria do Séc. XX até hoje,  em Portugal, da qual o nosso tanoeiro também é parte integrante.

 

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Nas primeiras décadas do século passado, o grande centro tanoeiro de Portugal era em Vila Nova de Gaia, onde os números do início de século apontam para os 5000 trabalhadores, distribuídos por 150 pequenas oficinas e 20 unidades industriais,  associado que estava à comercialização e transporte de Vinho do Porto, mas também ao envelhecimento do vinho em bons cascos.  Contudo, um grande número de trabalhadores dessas tanoarias eram gente das redondezas e que chegavam a percorrer 20 ou mais quilómetros para ali trabalharem diariamente. Muitos desses trabalhadores eram de Esmoriz, que durante muitos anos trabalharam em Vila Nova de Gaia e que aos poucos, aprendida a arte, foram ficando por Esmoriz em acanhados alpendres e cobertos. De Gaia, traziam a força do trabalho e arte, como ferramentas adoptaram as que os velhos tanoeiros já usavam há muitas dezenas e até centenas de anos. Um trabalho e uma arte que pegou em Esmoriz, tanto, que Esmoriz logo se tornou no grande centro da tanoaria em Portugal, inicialmente manual e depois gradualmente mecanizado nas operações mais morosas, sendo em meados do século obrigados também a ampliar as suas instalações, não só pelo aumento de trabalho mas também por força da Lei nº 42808 de 1960, que obrigava as industrias viradas à exportação a remodelarem as suas instalações.

 

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De facto os anos 60 foram anos doirados para a tanoaria de Esmoriz tendo como principal cliente a manutenção militar que comprava enormes quantidades de vasilhame para transporte de vinho para os militares no ultramar e assim continuou a ser até 1967 em que a polémica Portaria nº224, proibiu a exportação de vinho em barril, portaria que daria início à crise da tanoaria de Esmoriz, pois as empresas que com o D.L. de 1960 foram obrigadas a remodelar e modernizar as suas instalações, onde foi investido muito dinheiro, passados 7 anos uma nova Lei roubava-lhe o seu principal cliente. Crise que abalou para sempre a actividade da tanoaria em Esmoriz, tanto, que a maior parte dos tanoeiros se viram obrigados a abandonar Esmoriz e de trouxas às costas partir pelo nosso Portugal à procura de novos mercados.

 

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Dois desses tanoeiros vieram para a Chaves e por cá ficaram. Um deles, instalou-se junto à Escola Industrial e Comercial de Chaves, no local onde hoje está a rotunda de acesso à ponte de S.Roque e que há muito fechou as suas portas, o outro, ainda resiste, no Campo da Roda. É o último tanoeiro de Chaves e é ele o nosso convidado de hoje.

 

Salvador de Jesus Gomes, nasceu em 1933 em Maceda, Ovar, começou a trabalhar com 14 anos nas tanoarias de Esmoriz onde testemunha que a força do trabalho eram os pipos de 100 litros com destino à ex-colónias, trabalho que de repente acabou e que ainda solteiro, rumou com destino a Chaves, ele e o Serafim, o outro tanoeiro de Esmoriz.

 

Também Chaves de então se apresentava como terra de oportunidades e por aqui ficaram e desta fizeram a sua casa, com a pronúncia de Maceda.

 

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Foi-me dizendo o Sr. Salvador que veio para cá com 22 anos ou menos. Lembra-se que foi daqui que partiu para a inspecção militar, ainda solteiro. Depois foi buscar a “rapariga à terra”, a Maceda, casou-se e para Chaves veio também. Ainda se lhes nota na pronúncia das palavras que não são de cá, mas esta já é a sua terra. Aqui tiveram os seus filhos, ia-me contando a D. Rosa de Almeida Mendes, a mulher do Sr. Salvador, e entre sentidas lágrimas pela perda recente de um filho, ia-me dizendo, “Que isto agora já não dá nada, mas felizmente ainda foi dando para criar, estudar e formar os filhos, que hoje estão todos bem” – maior conforto não pode ter uma mãe, não fosse a perda do seu filho e hoje era uma mulher feliz. Aliás conheci-lhe essa felicidade quando há meses atrás estive lá a conversar com ela, já a propósito desta pequena reportagem. O Sr. Salvador, aparentemente  mais forte, mas só na aparência, vai disfarçando a dor com mais umas marteladas que vai dando nos aros de um pipo. Pipos com os quais quase fala e brinca, movimenta-os com a agilidade de um dedo, põe-nos a bailar girando sobre si mesmos, dá-lhes voltas e mais voltas com uma precisão milimétrica da mestria de andar naquilo já há muitos anos, tantos, que nem consegue contabilizar quantos pipos, pipas, dornas, baldes ou pipinhos fez em toda a sua vida, pois outra coisa não fez, nem gosta de fazer (confessou-me ele)  aquela oficina é o seu mundo.

 

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Mas se em Esmoriz a Lei traiu os tanoeiros, em Chaves foram as cubas de inox, mas também o abandono das vinhas e das aldeias, o abandono das dornas no transporte de uvas, e uma série acontecimentos ditam a morte desta tanoaria com a morte do seu dono.

 

Lamenta-se o Sr. Salvador e a D. Rosa também, que o vinho “feito” nas cubas de inox não é a mesma coisa, não “encorpa” como nos pipos de carvalho ou castanho, não ganha o gosto da natureza da madeira.  Para eles já pouca diferença lhes faz, o Sr. Salvador da está reformado e os filhos criados e formados sem ninguém que lhe siga os passos e aprendizes, em toda a vida de laboração em Chaves, passaram por lá dois, mas pouco tempo. Claro que nos tempos apertados de trabalho, todos trabalhavam, filhos e até a D. Rosa se “botava” aos pipos, os pedidos exigiam-no e os filhos tinham que se criar e “graças a Deus”, ia-me dizendo a D. Rosa, se não deu para enriquecer, deu para criar e formar os filhos, que hoje, humildemente, agradece uma mísera reforma do trabalho de toda uma vida. Mas claro, que mesmo reformado, ao Sr. Salvador a tanoaria ferve-lhe nas veias, e não pode estar parado na oficina de toda uma vida. Ainda vai fazendo uns pipos, concertando outros, naquele que foi o trabalho e a arte de toda uma vida. A vida do sr. Salvador que com a D. Rosa, naturais de Maceda fizeram de Chaves a sua terra, aqui tiveram os seus filhos, para Chaves trouxeram a tanoaria e com eles vai morrer. Mantêm a pronúncia de Maceda, mas fica-lhes bem.

 

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Tentei saber como se faz um pipo, que voltas dão e, embora nas mãos do Sr. Salvador eles até bailem, para um leigo, é complicado compreender , pois há muitos termos da arte que desconheço e os pipos dão muitas voltas antes de receber o líquido dos Deuses (Baco ou Dionisios se preferirem), entre nós pode ser branco ou tinto, desde que seja do “bô”, mas entre a rara literatura sobre a arte da tanoaria, lá consegui reunir os 15 passos para se fazer um pipo, e também consgui reunir algum do vocabulário utilizado na arte, que aqui fica em termos de curiosidade.

 

De Joaquim Leitão Couto, Médico e curioso por esta arte, recolhemos:

 

“Estes artífices e seus antepassados merecem que o seu passado tenha futuro e que as actuais e futuras gerações saibam o que é, na madeira (para fazer as aduelas), e depois nas vasilhas e nos arcos, as operações a que a seguir nos referimos, com vista a um breve glossário de tanoaria.

 

LAVRAR, TORNEAR, VAZAR, ESQUIVIR, JUNTAR, PAREAR, BASTIR, CORTAR, CHANFRAR, PERFURAR, CRAVAR, DESCRAVAR, REPUXAR, ENCAVILHAR, RISCAR, RODEAR, EMPALHAR, ARRUNHAR, PAREJAR, RABOTAR, GEBRAR.

 

Para os mais curiosos, e no sentido de melhor interpretar as funções das diversas ferramentas, damos a seguir o significado de algumas destas expressões: Lavrar, aparelhar ou desbastar (tornear ou tornar roliço, por fora, com raspilha ou com o supilho ou plaina pequena; depois vazar ou cavar com a volta por dentro, no .colete., isto é, na parte de aduela, correspondente ao seu comprimento, menos 5/10 cm, em cada ponta, chamando-se talha ao comprimento total de aduela e aba, à distância do Javre à ponta da aduela; a seguir esquivir na parte lateral, também com raspilha, tornando a aduela mais estreita a partir do centro para as pontas e, por fim, juntar com a plaina de três pernas, para que os juntos fiquem completamente desempenados e polidos, para que as aduelas se justaponham perfeitamente, constituindo a operação principal de construção para que a vasilha se não deforme e tenha duração).

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Parear ou medir o número de aduelas ou o perímetro máximo do bojo.

 

Bastir ou vergar a fogo, proveniente do fogareiro no interior da futura vasilha, obrigando as aduelas a vergar, através do cabo do macaco.

 

A seguir o artesão vai batendo nos arcos, de modo a que estes façam mais pressão sobre as aduelas e apertem mais a vasilha, utilizando a marreta de bastir (que pesa cerca de 5 Kg ) nos cascos de grande capacidade (superior a 800 l .), e a marreta de pena (com cerca de 2Kg de peso) nas vasilhas mais pequenas. Interpõe entre a marreta e o arco, o chaço.

 

Na bigorna, cortar ou talhar, chanfrar ou cortar em semi-círculo os arcos, perfurar com ponção, cravar ou fazer entrar os cravos, batendo, descravar, repuxar os arcos.

Encavilhar, riscar e rodear os tampos.

 

Empalhar os juntos.

 

Arrunhar as extremidades das aduelas, através do: Cortar, isto é, com a enxó, fazendo em cunha; depois parejar ou alisar; depois com o rabote, plaina de médias dimensões, rabotar, isto é, acertar, operação fundamental para que a aba seja igual em toda a circunferência, para que os tampos se mantenham desempenados; e por fim gebrar, isto é, abrir o roço com a gebradeira. Armar o casco é colocar em pé todas as aduelas, dentro do primeiro arco de bastição.”

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15 passos para obter um barril

 

Fase de serração

 

A madeira (de castanho ou carvalho), que chega em toros é cortada em abas e, depois, em aduelas. Durante cerca de meio ano, as aduelas vão permanecer em grades ou castelos para secar. Quando as aduelas "são chamadas" ao destino, procede-se à destrinca: as melhores, depois de aperfeiçoadas, são destinadas ao corpo dos barris; as outras servirão para os tampos; e um terceiro grupo das que têm nós ou estão rachadas ficam de lado.

 

Fase de tanoaria

 

Os tampos

Os tampos são feitos, unindo-se as aduelas de madeira fraca por intermédio de pregos de duas pontas. Em cada junção é colocada "palha de tábua", para vedar bem.

 

Seguem-se duas fases de aperfeiçoamento: a de arredondamento do tampo, um trabalho a que um compasso de ferro dá as coordenadas; e a da fundagem (alisamento da madeira).

 

Os arcos

São feitos em ferro importado da Alemanha. Cortam-se na medida exacta e unem-se as extremidades com cravos.

O corpo do barril

As aduelas utilizadas para este efeito - as mais perfeitas - são cortadas nas medidas exactas e "isquidas" e enlombadas (dá-se-lhe o bojo).

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A montagem

O barril é montado, não com os arcos definitivos, mas sim com os chamados "arcos de bastição", que se caracterizam por uma maior resistência, necessária para aguentar as pancadas com a malho.

 

Num desses cucos, encaixa-se o "moço" ( faz o lugar de um homem) e a ele se irão encostar as aduelas.

 

É com a "pareia" que se calcula o n.º de aduelas suficientes para um barril de dada dimensão.

 

Fechado o círculo, prendem-se as aduelas com outro arco de bastição.

Segue-se o espargimento ( os barris vão ao fogareiro para apertar os arcos).

Trocam-se os arcos de bastição pelos definitivos, mas antes da colocação dos últimos, aplicam-se os tampos, com a ajuda de um "alheta".

Veda-se o barril com parafina e barro.

.

.

Fácil não é!?, - mas melhor mesmo é ter uma boa adega e um ou mais destes pipos ou pipas  cheios de bom vinho e bem longe das cubas de inox ou cimento, pois a madeira dá-lhe o corpo e no corpo está s sua alma.

 

Só me resta agradecer ao Sr. Salvador e à D. Rosa a sua simpatia e o seu tempo sem o qual não seria possível esta pequena reportagem daquele que é o “Ultimo Tanoeiro de Chaves” e à arte da tanoaria em Chaves, à qual, pelos seguidores que tem, já nem os Deuses Baco e Dionísio juntos lhe valem.

 

Até amanhã!

 

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