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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

31
Dez09

Cheias do Tâmega para passagem de ano - Chaves - Portugal


Terminar e começar em grande, por cá não se faz a coisa por menos, nem que seja “apenas” a natureza ou um rio que farto de andar oprimido entre margens, num grito quiçá de fúria, diz o quanto pode ser grande.

 

Para terminar 2009 ou iniciar 2010, se preferirem, uma cheia do Tâmega.

 

Ficam três fotos de um momento do ´rio do último dia do ano.

 

Boas entradas e, não se molhem muito.. só até ao litro ou um pouco mais se aguentarem…

 

Até mais logo, pois dia 1 ainda vai haver um discurso sobre a cidade.

 

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Bom 2010

31
Dez09

Balanço fotográfico de 2009 - Top Ten no Flickr


Finais de 2009, continuamos em balanço, hoje fotográfico.

 

Desde o inicio deste blog que a imagem e a fotografia são uma constante. Não sou fã de que uma imagem vale mais que mil palavras, pois tanto a imagem como as palavras, têm a sua importância, quando muito podem-se complementar. No entanto há quem aprecie só imagens ou só palavras. A realidade é que para vos trazer aqui imagens diárias, tenho que alojá-las primeiro numa comunidade fotográfica, onde a imagem é privilegiada, apreciada, premiada, comentada, exposta, etc.  É um mundo fotográfico de partilha de imagens e emoções de todo o planeta.

 

No meu caso, alojo as fotografias no FLICKR (http://www.flickr.com/photos/fer-ribeiro/)  onde cada foto vai obtendo o seu ranking posicional  de interesse,  mediante as vezes que é vista, comentada e favoritada.

 

Iniciei a alojar fotografias no flickr em Dezembro de 2006 (há 3 anos portanto) e neste momento tenho lá alojadas 4.259 fotografias das quais hoje vos vou deixar 10 imagens que passaram aqui no blog e que estão posicionadas no top-ten das fotografias interessantes da minha galeria, segundo a preferências dos membros da comunidade flickr.

 

O Ranking das fotos mais populares e interessantes é feito a partir de três componentes: Nº de visualizações; Nº de vezes que foi considerada favorita e Nº de comentários que obteve. Um ranking que só é visível na comunidade do Flickr, mas que hoje quero partilhar aqui no blog, porque afinal de contas, são fotos que ao longo dos últimos anos passaram por aqui.

O  Top-Ten deste momento é composto da seguinte forma:

 

 

 

 

 

 

 

 

10ª

 

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 A título de curiosidade a foto mais vista de sempre foi:


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A foto mais favoritada, idem mais comentada foi esta:

 

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Pois é com estas imagens, que são um pouco de nós, da nossa cidade e do nosso concelho que quero terminar o ano, em jeito de balanço fotográfico. Mas ainda há tempo para mais uma imagem, a de hoje, extra ranking:

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Com votos de um Feliz ano de 2010 cheio de pontes de união e rios a correr para a felicidade.

 

Bom 2010!

 

 

 

 

30
Dez09

Blog - Chaves - 2009 em Balanço


 

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1ª Parte

Faltam 2 dias para o fim de 2009 e começa a ser tempo de balanço, do que mais importante passou por aqui, do que mais importante passou por Chaves.

 

Aproveitando o termo da moda, esmiucei  o ano de 2009 em Chaves e, concretamente, além de algumas promessas, pouca coisa de importante passou em Chaves. Já sei que muita gente me acusa de não falar daquilo que de bem acontece em Chaves. O facto é que para falar de coisas boas, elas têm de acontecer e a realidade é que espremendo o ano de 2009, nada há de bom a salientar, antes pelo contrário, pois mais parece que o ano de 2009 nem sequer existiu para Chaves, contrariamente ao que se esperava, pois em anos de eleições, sempre vão acontecendo coisas.

 

Custa dizê-lo, mas é uma realidade. Gostamos muito de Chaves porque é a nossa terra mas os nossos principais problemas continuam por resolver e em termos contabilísticos entre o deve e o haver ou as perdas e os ganhos, as perdas continuam a liderar, principalmente naquilo que é essencial para as cidades, nomeadamente na saúde, educação, cultura, etc, mas também no planeamento de um futuro sustentado para a cidade, onde o meio rural além de não poder ser esquecido, é fundamental para esse mesmo futuro, porque há que cair na nossa realidade de uma cidade pequena de província e posta à margem pelas políticas centralistas de Lisboa, que tudo leva a crer, cada vez mais será marginalizada. Temos que nos valer por nós próprios, apostando em projectos com futuro e sem contar com a ajuda ou benesses das nossas capitais (Lisboa e Vila Real) para quem pouco ou nada interessamos.

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O discurso pode parecer pessimista e, até o é, mas mais que pessimista, é realista. Haja humildade para o reconhecer. Haja humildade para reconhecer que Chaves nos últimos anos nada conquistou e aos poucos tudo vai perdendo, até a nossa importância geográfica de cidade de fronteira e “capital do Alto-Tâmega” de uma pequena região onde em vez de união, cada um luta por si, pelo seu umbigo, sem darem conta que todos perdemos.

 

Longe vai a nossa garra, se é que algum dia a tivemos para além da fama, de reivindicar, de lutar pela nossa terra. Precisamos de um futuro para Chaves onde os seus responsáveis, os eleitos, que para cá elegemos e para Lisboa mandamos, lutem verdadeiramente por Chaves em vez de se limitarem a gerir um concelho ou a pavonearem-se nos corredores e assentos sonolentos do hemiciclo da capital. Mas também o povinho de Chaves tem a sua quota culpa, no aceitar e no ajoelhar do passar da procissão, quando não protesta, não reivindica e quando se fecha no seu individualismo, conformismo e comodismo,  alheando-se da sua cidade, da nossa cidade, da cidade de todos nós, numa atitude egoísta em que nem o futuro dos nossos filhos garantimos e onde as cores clubistas da política se sobrepõem aos interesses públicos da cidade.

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Ainda há dois dias referia aqui, a respeito do Largo do Anjo perder a sua importância como centro comercial da cidade, os jovens da altura se revoltaram recorrendo às pedras e às pedradas. Também agora se necessita uma pedrada bem dada no charco do marasmo de Chaves…. Acabe-se de vez com os pavões da cidade, com as castas, e ponha-se esta cidade a mexer, com projectos, com trabalho, com futuro, com novas ideias sem esquecer os velhos princípios.

1…2…3…4…5…6…7…8…9..10….

INTERVALO

Tinha um professor no liceu, que quando se passava com as nossas diabruras de adolescentes do pós 25 de Abril, praguejava : -  “ando para aqui a gastar o meu latim com estas bestas quando podia andar a passear em Espanha com uma mula boa…” Sempre achei que eram palavras cruéis ditas a putos de 13 e 14 anos, mas a realidade é, que quase todos os dias me vêm à lembrança as palavras desse professor.

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2ª Parte

Pois aqui pelo blog destaco no ano 2009 alguns dos nossos flavienses, num ano em que deveria ser o reconhecimento de um ilustre e herói de Chaves, mas que passados 200 anos continua a ser esquecido e ostracizado por Chaves. As tais castas flavienses nunca lhe reconheceram  o grande feito e acto heróico de ter ficado em Chaves a defender a população. No seu lugar, põem e homenageiam um forasteiro que fugiu a sete pés de Chaves, deixando o povo flaviense para trás, indefeso.  Francisco Pizarro/Silveira, quem foi (na realidade) o cobarde e o herói? Uma discussão que vou manter em aberto neste blog até que a luz de nova documentação faça luz sobre o(s) verdadeiro(s)herói (s) de Chaves nas II Invasões Francesas.

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Francisco Pizarro - o Maranhão

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Destaco também o Mestre Nadir Afonso, não só pelas suas importantes exposições realizadas durante o ano, uma delas em Chaves, mas também pelos lançamentos em livro da sua obra e vida, mas também a do poeta seu pai, Artur Maria Afonso. Tudo já fruto de uma fundação que tem o seu nome e sede marcada para Chaves, com a construção de um edifício com projecto de autoria de outro mestre, Sisa Vieira. Fundação que (promessa gravada) estará pronta em 2011, mas cujas obras ainda não começaram… falta um ano, ou como 2011 tem 364 dias e todos os dias contam, digamos que na pior das hipóteses faltam 730 dias para a Fundação Nadir Afonso estar concluída.

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E de mestre das artes para um mestre das palavras. O Dr. Edgar Carneiro, flaviense que neste ano de 2009, com 96 anos de idade, publica mais dois livros de poesia a juntar à sua basta obra poética. Um professor e mestre reconhecido pelas cidades onde tem passado e homenageado pela cidade onde vive.

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José Carlos Barros, um discursante deste blog, natural de Boticas mas com Chaves no coração, cidade onde fez os seus estudos secundários e onde mantém as suas amizades e visitas. Também poeta, laureado e com basta obra poética publicada, viu neste ano de 2009 o seu primeiro romance publicado “O Prazer e o Tédio” que entrou pela critica literária para o ranking do melhor de Portugal em 2009, ao lado de Saramago (Saramago é apenas a referência, que mesmo que não seja lido, é Nobel da Literatura).

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A grande festa da cidade continuou a ser a Feira dos Santos. Uma feira que se faz sozinha, que tem tradição, continua polémica nas suas localizações e à qual deveria ser dada a importância que tem, juntando-lhe outros eventos paralelos e de promoção do concelho, mas à qual só é acrescentam os cabeçudos e os rapazes dos bombos e concertinas da Venda Nova. Entretanto continuam-se a inventar festas e feiras (com sucesso garantido na imprensa local) mas sem nenhum sucesso na realidade de Chaves: Feira dos Sabores e Saberes, Festimage, Feira medieval.  No meu ponto de vista, uma feira franca semanal das freguesias, era ouro sobre azul… mas enfim, uma esperança se vislumbra no tempo pela mão da Confraria dos Pavões  e Castas de Chaves, onde ideias, parecem não faltar…

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Ainda pelo blog passaram muitas das nossas aldeias, mas também algumas reportagens possíveis, duas que me deram um especial gozo em fazer, a do “Ultimo Tanoeiro” e a dos vinhos da “Quinta de Arcossó”. Curiosamente ligadas, mas infelizmente distantes. Congratulamo-nos com o vinho de qualidade da Quinta de Arcossó, também já a marcar pontos no ranking dos melhores vinhos nacionais e internacionais.

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Também em termos de inquérito e sondagem de opinião esteve aqui no blog uma pergunta online: Gostaria de ver o antigo Cine Teatro de Chaves recuperado para um novo espaço de Cine Teatro, moderno e com todas as condições para receber qualquer tipo de espectáculo?

 

97%  das respostas foram afirmativas.  Conclusões, que as tire quem deve!

 

Uma palavra de apreço também para os artistas TAMAGANI, que precisamente no velho espaço do foyer do Cine-Teatro vão fazendo arte com as suas exposições.

Por último, este ano foi também o ano das 600.000, 700.000 e 800.000 visitas ao blog. Um ano em que o blog também saiu à rua, em exposição fotográfica comemorativa das 750.000 visitas. Claro que foi uma exposição modesta, de um fotógrafo da paróquia, não teve pompa nem circunstância da imprensa (excepto a Voz de Chaves), mas que teve muitos visitantes e o apoio de muitos amigos e flavienses.

Por último e extra blog, dois apontamentos dignos de realce para o ano 2009 em Chaves: As Termas Romanas (ou o que resta delas) postas a descoberto no Arrabalde foram consideradas Monumento Nacional. Curiosamente (não sei se é anedota ou verdadeiro) chegou-me aos ouvidos  que há quem defenda que “aquilo” eram tanques de lavar linho…

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O segundo apontamento digno de registo, vai para o campo da música em Chaves onde a música passou a fazer parte como ensino integrado no currículo de duas escolas da cidade, além do ensino extra escolas oficiais. Uma aposta de aplaudir que com certeza futuramente virá a dar os seus frutos, numa terra que já é também conhecida pelos seus mestres e maestros da música, com realce para os maestros José Firmino e José Ferreira Lobo.

E em maré de balanço, ficam também os agradecimentos a todos quantos diariamente me brindam com a sua visita,  mas também aos que me ajudam a fazer este blog, com os seus discursos semanais: A Fe Alvarez, o Gil Santos, o José Carlos Barros, o Tupamaro e o Blog da Rua Nove, a este último, duplamente agradecido, pois além dos discursos, também faz quinzenalmente (ou quando é necessário) o Coleccionismo de Temática Flaviense. Obrigado a todos.

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Da minha parte, até ao milhão (se não houver imprevistos) podem continuar a contar comigo. A  partir de aí, logo se verá…

 

FIM

 

 

 P.S. - As fotos de hoje, são todas de arquivo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

29
Dez09

Outros Olhares Sobre Chaves - JP Nascimento


Foto de JP Nascimento

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Hoje é dia de outros olhares, geralmente feito com olhares de alguém de fora, que de passagem, em visita ou em trabalho, passa por Chaves e a regista em imagem para mais tarde recordar ou partilhar os seus olhares nas comunidades fotográficas da NET. Assim costuma ser, mas hoje, vai ser diferente.

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Oura - Foto de JP Nascimento

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O nosso convidado de hoje é o JP Nascimento, um nome que desde o início deste ano começou a apresentar fotos no FLICKR e que desde cedo despertaram a minha atenção, principalmente pela temática das fotos e a sua origem, ou seja, temas transmontanos com origem em Trás-os-Montes.

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Foto de JP Nascimento

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Uma recolha fotografia e bem interessante nos temas que escolhe para fotografar que são sem dúvida um registo e contributo importante para a arquitectura tradicional e histórica de Trás-os-Montes, com as suas fotos de algumas casas típicas,  janelas, portas, canastros, cruzeiros, pelourinhos, igrejas e capelas mas sobretudo numa série curiosa e interessantíssima de “carabelhos” e puxadores de portas, estes últimos, belíssimos exemplares da arte de trabalhar o ferro.

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Foto de JP Nascimento

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Mas também  uma recolha e contributo interessante para a micologia, com uma série de fotos intituladas com “micologia” que nos apresenta as mais variadas espécies de fungos  da região. Mas não só, pois tudo que é e tem a ver com Trás-os-Montes, o JP Nascimento vai fotografando e vai partilhando na sua galeria de fotos no flickr, numa galeria que é obrigatório ver, onde já estão mais de mil fotografias sobre Trás-os-Montes.

Poderá e deverá ver a sua galeria de fotos aqui:  

http://www.flickr.com/photos/jp_nascimento/

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Foto de JP Nascimento

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São fotos preciosas para se ficarem apenas pelo filckr, razão pela qual, talvez, o autor criou um blog onde partilha algumas dessas fotos. Um blog que pela temática das fotos teria que obrigatoriamente ser dedicado a Trás-os-Montes e assim é. Dá pelo nome de  “Paisagens de Trás-os-Montes” e poderá ser visto em:

http://trasmontesdepaisagens.blogs.sapo.pt/

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 Mas, confesso, o que me foi chamando a atenção da sua galeria de fotos, foram as fotos de Chaves, que de vez em quando fazem um aparecimento na galeria do JP Nascimento. Pois há dias, com mais atenção e tempo, resolvi dedicar um pouco de tempo às coisas do JP Nascimento. Espiolhei toda a sua galeria de fotos e o seu blog e num dos primeiros artigos do blog, aparece um intitulado “A Minha Rua”. Rua que é nada mais nada menos que a Rua do Sal, em Chaves, onde um comentário deixado no post diz: “O Puto bloguista nasceu por aqui, se a memória me não atraiçoa, no Nº 9... Desta Rua do Sal...” . Assina o comentário o blog Cruzeiros e Pelourinhos  de autoria de Albano do Nascimento, que, juntando os dados todos, é o mano mais velho do “puto bloguista” JP Nascimento.

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Foto de JP Nascimento

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Pura distracção minha e traições do tempo dos relógios em só há pouco saber que o JP Nascimento transmontano afinal é um Nascimento flaviense, bem no coração de Chaves que, se a memória do irmão mais velho não nos atraiçoa, é um Nascimento do nº9 da Rua do Sal. Irmãos Nascimento que aliás nos têm brindado com as suas fotos, os seus blogues mas também a honra de participar nos nossos encontros da blogosfera flaviense.

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Pormenor de Roriz -  Foto de JP Nascimento

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Ficam as fotos possíveis de Chaves de autoria do JP Nascimento que,  tal como ele nos confessa, ainda são poucas. Claro que sim, não são muitas, mas fazem parte de uma galeria de uma grande região que é Trás-os-Montes onde Chaves está bem representada.

 

Obrigado JP Nascimento pelas fotos e desculpas por só hoje passares por este blog.

 

Até amanhã, com uma feijoada com todos os momentos importantes de 2009 neste blog.

28
Dez09

Chaves de Ontem de de Hoje - Largo do Anjo


Imagens de ontem e de hoje de um dos principais largos da cidade, o Largo do Anjo ou Largo 8 de Julho, ou Arrabalde do Anjo, ou Terreiro, ou Largo General Carmona, pois conforme a época assim foi variando o seu nome oficial, mas popularmente sempre foi e ainda é o Largo do Anjo. É assim que o conhecemos embora oficialmente ainda hoje seja o Largo 8 de Julho.

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É a tal e velha mania (oficial) flaviense de mudar os nomes populares pelos quais ruas, largos e jardins, sempre foram conhecidos e são muitos os exemplos (Largo General Silveira/Largo das Freiras; Terreiro de Cavalaria/Jardim do Bacalhau; Rua Gen. Sousa Machado/ Rua do Correio Velho; Rua Bispo Idácio/ Rua da Cadeia; Trav. Cândido dos Reis/Trav. Do Faustino, entre outros). Mas como o povo é quem mais ordena nesta questão dos nomes das ruas, vai-lhe chamando os nomes pelos quais sempre as conheceu.

 

Estamos então hoje no Largo do Anjo, cujo topónimo se deve à Capela do Anjo Custódio, há muito transformada em casa de habitação, mas da qual ainda existe a fachada principal da mesma, no nº 6 do largo.

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Sempre foi um dos principais largos da cidade. Diz o Gen. Ribeiro de Carvalho, no livro «Chaves Antiga» que até meados do século XVIII foi o centro comercial da vila de Chaves. Ali se condensava o comércio da região. A partir de 1820 (continua Ribeiro de Carvalho) os interesses comerciais começaram a transitar para o Largo do Arrabalde, mudança ao que parece não foi pacífica. Daí resultaram muitos agravos e contendas, não só entre os jovens, recorrendo a pedras que facilmente colhiam, como também entre adultos, já sisudos, apresentando toda a espécie de argumentos diplomáticos, e não só. Valentes os flavienses de então, mesmo que de pouco lhes valessem os protestos, sempre iam mandado umas pedradas.

 

É também um dos largos que serve de exemplo ao gosto que os políticos têm em empedrar praças e jardins. Um largo que esteticamente já conheceu melhores dias e que hoje não passa de um parque de estacionamento e de um largo sem qualquer interesse. Um largo que pela sua localização e porta de entrada para aquilo que temos de melhor, merecia um arranjo condigno.  O sublinhado é para realçar o verdadeiro sentido das palavras, arranjo e condigno, pois a seguir o exemplo de alguns arranjos consentidos que os arranjadores paisagistas da moda têm feito em Chaves, mais vale o largo continuar como está, ou como dizia a canção: “para melhor, está bem, está bem. Para pior, já basta assim”.

 

E por hoje é tudo. Amanhã há mais, outros olhares.

27
Dez09

Noval , Chaves, Portugal


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Em 27 de Setembro de 2007 deixava aqui um post sobre Noval (http://chaves.blogs.sapo.pt/212137.html) onde além de uma fotografia eu ia dizendo:

 

«Já há algum tempo que não ia por Noval. Aliás acho que nunca lá fui com olhos de ver (de ver para blog), mas na última visita, levei esses tais olhinhos e fiquei espantado com tanta beleza e contraste.»

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Era ainda no tempo em que aqui no blog se publicava uma fotografia por aldeia e, embora as palavras tentassem descrever um pouco da vida e das belezas da aldeia, em imagem, apenas uma foto, era quase nada. Assim, havia que de novo ir a Noval para tentar recolher fotograficamente um pouco do seu aspecto geral, e fui, uma, duas, três vezes… de verão com muito sol e calor, de inverno com muito frio e neve. Penso que agora sim, já por aqui pode ficar uma imagem feita de imagens de Noval. Mas claro que nunca se consegue transmitir a aldeia no seu todo, por isso, se gostarem das imagens que vos deixo, nem há como ir lá, e ver Noval ao vivo, pois é sempre outra coisa.

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Dizia eu em 2007 ter ficado «Espantado por ser uma aldeia que apenas a tão poucos quilómetros de Chaves veste tanta ruralidade, no mais puro e rural que uma aldeia tipicamente rural e transmontana pode vestir. Nem parece que a cidade é ali ao lado» felizmente tudo no bom sentido, dizia então e continuo a dizer. Pelo menos aparentemente, assim o parece, pois é uma aldeia ainda com gente que trata dos férteis campos e culturas, tem crianças, água pura, cristalina e corrente, ainda a correr livremente nas bicas, imagem que já não é muito comum hoje em dia.

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Dizia também no post anterior: - «enfim, uma aldeia que ainda é aldeia, embora a nossa interlocutora de serviço, enquanto esperava à entrada do “pobo”pela “beternária” para lhe “bêr” a égua que já não comia há quatro dias, se lamentasse que os filhos da terra se casavam e iam para a terra das mulheres… mas aqui o “mal”, até nem está na aldeia, pois já se sabe que as ”molheres” puxam sempre prá terra delas”. Claro que sim, todos nós homens já há muito que sabemos disso!.».

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Mas como Noval ainda tem gente, também devo partir do princípio que as mulheres da aldeia, casaram e por lá ficaram. Suposições minhas, mas seja como for, aparentemente Noval é uma das nossas aldeias típicas, comparada até às de montanha, mas com a diferença de viver ao lado do vale, de Chaves e que tem gente.

 

Já quanto ao seu casario, é mesmo uma das nossas aldeias mais típicas, ou seja, com as suas velhas casas, algumas abandonadas e a caminho da ruína e também as inevitáveis intervenções novas, algumas com algum gosto enquanto que outras… enfim o típico das nossas aldeias onde não houve medidas de salvaguarda, sensibilização, incentivos, empenho e um planeamento atempado onde o núcleo da antiga aldeia pudesse ser preservado e uma nova aldeia pudesse nascer à volta do seu “centro Histórico”. Medidas que deveriam ter sido tomadas na altura certa a par de outras que deveriam ter travado o êxodo rural. Pecados do passado (ainda recente) que hoje já não têm solução.

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Vamo-nos congratulando com algumas recuperações exemplares, como a de uma que acontece em Noval, de uma casa senhorial e, é exemplar nem que seja e só por estar a ser recuperada, pois a grande maioria das nossas casas senhoriais e solarengas do concelho, estão dotadas ao abandono e a caminho da ruína e, nalgumas delas, nem a pedra de armas das grandes famílias de antigamente chega para manter de pé a sua dignidade. Nem para essas grandes casas que fazem parte da história do nosso concelho há medidas para a sua salvaguarda. Assim, é sempre de elogiar qualquer recuperação que se faça, pois também elas prolongam no tempo a nossa história.

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Pois esta casa senhorial de Noval ligada à quinta da Quinta da Família Pereira, foi pertença da família do Padre Adolfo Magalhães, que pela sua erudição (professor primário e de liceu, sócio correspondente do Instituto Português de Arqueologia, História e Etnografia, amante da Arqueologia e Poeta. Foi professor no seminário, abade da Sé Catedral de Vila Real e pároco de Fornelos, Arcossó e Vidago) dá nome a uma Rua de Chaves em pleno Centro Histórico.

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Padre Adolfo de Magalhães que sem qualquer dúvida é um dos nossos ilustres flavienses e que futuramente merecerá aqui um post no blog, com a sua vida e obra e que como H.Pombo referia num comentário do post de 2007 dedicado a Noval, o Padre Adolfo de Magalhães tinha a «humildade de um sábio, aberto ao mundo e à sua maravilhosa diversidade. Terá deixado um património cultural e reflexivo que importa dar a conhecer»

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Mas voltemos a Noval, que se encontra situada na encosta da serra, virada a nascente, recebendo todo o bom sol da manhã que os seus terrenos férteis agradecem e respondem com a produção de boa batata, centeio, fruta e vinho mas também toda a gama dos produtos típicos das hortas de proximidade das aldeias (cebola, alhos, couves, naval, cenouras, alface, etc.).

 

Noval que fica naquele tal vale alto que eu já várias vezes referi aqui, o tal que começa lá para os lados de Bustelo e se prolonga até Curalha e Pastoria, o mesmo que hoje a auto-estrada corta quase ao meio e de onde a nossa aldeia convidada de hoje mostra o seu ar simpático que se vai confundido com o arvoredo e a serra.

 

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Noval pertence à freguesia de Soutelo e (teoricamente) a distância até à cidade é de 8 quilómetros, ou melhor, até ao centro da cidade, pois como hoje ela já rebentou pelas costuras e até Valdanta é sempre cidade, bem poderemos dizer que Noval se encontra apenas a três ou quatro quilómetros da cidade.

 

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O acesso à aldeia, tal como já se percebeu, é feito a partir da cidade por Casas dos Montes, Valdanta e Soutelo, sempre pela Estrada Municipal 535. Vizinhos com ligações importantes, além da sede de freguesia, são os da Pastoria onde «as raparigas casam todas com os rapazes da terra»  segundo a nossa interlocutora de serviço. Mas nem todas, digo eu.

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Quanto ao seu passado e história, há pouca documentação ao respeito. Um pequena capelinha de devoção ao Divino Espírito Santo, dizem existir dos romanos uma epígrafe na rocha no lugar do Cavalo do Mouro. Também,  de época não determinada,  existem nas proximidades duas sepulturas antropomórficas cavadas numa rocha.

 

 

Quanto ao seu topónimo não descobri nenhum escrito que adiantasse uma possível origem. Como tal aventuro-me eu, ou seja, é aldeia que fica naquele tal vale alto e paralelo ao famoso vale de Chaves. Porque não então vir daí o seu topónimo ou seja a de uma povoação no vale

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E agora sim, penso que Noval já tem o seu post completo, com algumas imagens de verão e de nevão e a escrita possível, pois sobre a aldeia não há praticamente nenhuma documentação, valendo-me como sempre nestes casos, pelo conhecimento que tenho da aldeia e da conversa com os seus residentes e, também neste caso, resistentes.

 

Até amanhã!

 

 

 

 

 

25
Dez09

Discursos Sobre a Cidade - O Pato do Natal


Texto de Blog da Rua Nove

 

O Necas era um trampolineiro excêntrico que vivia na Madalena e cuja fama chegara a todos os cantos da cidade e subira a cada recanto das aldeias de montanha.

 

Naquele mês de Dezembro, em que o Tâmega já se espraiara pelo Caneiro, todos os que o conheciam recordavam a sua façanha de há anos atrás. Entusiasta do nimas, não perdia uma sessão no Salão-Maria, fosse qual fosse o filme, fizesse o tempo que fizesse. Sozinho ou acompanhado, todas as noites de cinema atravessava a ponte a assobiar, regressando a casa ora mais animado ora mais macambúzio, consoante o lado para que caía a história da película.

 

Tal como agora, naquele ano o rio transbordara e durante dias inundara parte da cidade. Era Janeiro e o ar estava gelado, mas o Necas não estivera com meias-medidas. Pegara em duas cadeiras e atravessara a Madalena e o Arrabalde como se estivesse encavalitado em duas andas. Dum lado e doutro da cidade os mirones da cheia pasmaram com a inconsciência, segundo uns, ou o atrevimento, segundo outros. Mas todos concordaram que era um acontecimento notável e ainda hoje há gente capaz de jurar a pés juntos que o Necas quase se estivera a afogar quando trocara o passo e se desequilibrara em cima da ponte, correndo o risco de cair na água que redemoinhava entre o gradeamento! (Embora, à puridade, à puridade, e como todos nós sabemos, não haja memória de o rio alguma vez haver galgado a ponte.)

 

Mas agora voltara a ser ano de cheias e aqueles que achavam que as facécias do Necas se apuravam nessas alturas estavam expectantes. O Necas, contudo, andava preocupado com outras questões. Era quase noite de Consoada e nos Codeçais, onde costumava arranjar o perú, não sobrara uma única dessas avantajadas aves. Os que haviam sobrevivido ao gôgo pareciam ter feito questão de mostrar que não sabiam nadar, deixando-se levar pelas águas.

 

Caminhava no S. Roque, lado a lado com o Tó, e era desta situação desesperada, de não ter perú para o almoço de Natal, que se lamentava quando um quáquá vibrante se fez ouvir para os lados da ribeira. "Olá! Ouviste? Cuecas! Temos para ali um parreco...", dissera o Necas enquanto desatara a correr. O Tó ainda se ria da história das cuecas (O Necas havia-lhe dito que quando ia de visita aos primos do Porto nunca se cansava de ir ver filmes todos os dias e que um dia ao sair de um cinema na Praça da Batalha e ao descer para a Estação de São Bento havia reparado na empena de um prédio onde se via o desenho de uma pata seguida de uma ninhada a fazer cuécuécué e que nem queria acreditar que aquilo era um anúncio a uma marca de cuecas, como era...) quando este voltou com um pato debaixo do braço e já com o pescoço torcido. "Está feito! Este ano temos pato para o Natal..."

 

"Então e agora?", perguntara o Tó. "Agora? Agora vais-me arranjar uma bomba de bicicleta e estás convidado para vir almoçar lá a casa no Natal. Vais provar um pato como nunca comeste. Um pato à Necas!" O Tó não se fez rogado, mas ainda lhe foi perguntando para que serviria a bomba de bicicleta. "Deixa isso comigo", foi a resposta. "O Chico Tó esteve em Macau e é que sabe. Foi ele que me ensinou um truque. Depois de depenado, separa-se a pele do resto do pato com uma bomba de ar, para que a pele fique mais tostada e saborosa e a gordura se acumule entre a carne a pele. É assim que os chinocas o comem e fica uma delícia!"

 

No almoço do dia de Natal todos aguardavam ansiosamente a chegada do pato à Necas. E de facto o pato vinha coradinho e tostado, com um aspecto apetitoso como nunca se vira num pato assado. O Necas fez questão de servir a família e os convidados. Um fino pedaço de pele, tostada e rescendente, para cada prato. "Ora provem lá isso e digam se não é o melhor pato que já comeram!"

 

E todos assentiram, dizendo que sim senhor, que era um pato memorável, melhor mesmo que muitos perús. E acrescentaram que mal podiam esperar para saborear o resto. "O resto? Qual resto?", perguntou o Necas. "Ora, a carne, o que é que havia de ser?!", responderam todos. "A carne? Nãã, népias! Só se come a pele. É assim que os chinocas fazem. A carne vai-se dar de bodo aos pobres!"

 

Um ar de surpresa e desânimo perpassou pela mesa, até que alguém conseguiu desabafar: "Ora adeus! Isto é que é o pato à Necas? Comemos a pele e ficamos a olhar para a carne? Patos somos nós, que isto é mas é pato à Népias!"

 

24
Dez09

Bom Natal


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Abandonado, perdido no chão entre o pó acumulado dos anos, jazia um postal de natal no meio da sala abandonada de uma casa também abandonada. A única testemunha de naquela casa terem existido natais… a imagem tocou cá dentro, bem lá no fundo, talvez por não conseguir conjugar um natal com abandonos e ausências, natais sem casa ou sem gente dentro delas, sem família.

 

Uma realidade que não se quer esquecida, mas que hoje quero esquecer e acreditar que todos vamos passar uma noite de consoada com uma casa cheia de gente, polvo e bacalhau, vinho, muitas correrias de crianças e, mesmo sem o jogo do rapa, que se passe com a mesma magia do tempo em que acreditávamos que o menino Jesus entrava nas nossas casas para deixar um presente no sapatinho.

 

Um bom Natal para todos!

24
Dez09

 

 

Invólucro religioso evocativo da deslocação da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima ao concelho de Chaves, em Maio de 1954.

 

O número 5 do Anuário de Chaves, impresso em 31 de Dezembro de 1954, registou assim parte dessa deslocação:

 

"A Virgem Peregrina chegou ao entardecer de Domingo, 16 de Maio, ao 2.º Entroncamento, vinda pela estrada de Valpaços. (...)

O cortejo, organizado com toda a ordem e em que tomaram parte um grupo de batedores a cavalo do esquadrão do regimento de Cavalaria n.º 6, Banda Flaviense, Filiados da Mocidade Portuguesa, Banda da Torre de Ervededo, Crianças das Escolas Primárias, Banda de Vila Verde da Raia, Cruzadas de Fátima, Banda de Loivos, Organismos de Acção católica, Rancho Folclórico de Vidago, Bombeiros, Grémio do Comércio, Grupo Desportivo, Liceu, Oficiais do Exército, da G. N. R., Fiscal e P. S. P., Grupo de Bandeiras, Agremiações, Irmandades, e Confrarias, Legionáros e a seguir ao andor de Nossa Senhora de Fátima a Banda 1.º de Setembro "Os Canários", várias individualidades convidadas para tomar parte nos turnos, etc., foi caminhando estrada fora ladeado por uma compacta multidão de gente.

Ao chegar ao Jardim Público foi a passagem de Nossa senhora de Fátima anunciada com girândolas de foguetes e dali para cima acompanhada por cerca de 50.000 pessoas."

 

 

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