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1ª Parte
Faltam 2 dias para o fim de 2009 e começa a ser tempo de balanço, do que mais importante passou por aqui, do que mais importante passou por Chaves.
Aproveitando o termo da moda, esmiucei o ano de 2009 em Chaves e, concretamente, além de algumas promessas, pouca coisa de importante passou em Chaves. Já sei que muita gente me acusa de não falar daquilo que de bem acontece em Chaves. O facto é que para falar de coisas boas, elas têm de acontecer e a realidade é que espremendo o ano de 2009, nada há de bom a salientar, antes pelo contrário, pois mais parece que o ano de 2009 nem sequer existiu para Chaves, contrariamente ao que se esperava, pois em anos de eleições, sempre vão acontecendo coisas.
Custa dizê-lo, mas é uma realidade. Gostamos muito de Chaves porque é a nossa terra mas os nossos principais problemas continuam por resolver e em termos contabilísticos entre o deve e o haver ou as perdas e os ganhos, as perdas continuam a liderar, principalmente naquilo que é essencial para as cidades, nomeadamente na saúde, educação, cultura, etc, mas também no planeamento de um futuro sustentado para a cidade, onde o meio rural além de não poder ser esquecido, é fundamental para esse mesmo futuro, porque há que cair na nossa realidade de uma cidade pequena de província e posta à margem pelas políticas centralistas de Lisboa, que tudo leva a crer, cada vez mais será marginalizada. Temos que nos valer por nós próprios, apostando em projectos com futuro e sem contar com a ajuda ou benesses das nossas capitais (Lisboa e Vila Real) para quem pouco ou nada interessamos.
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O discurso pode parecer pessimista e, até o é, mas mais que pessimista, é realista. Haja humildade para o reconhecer. Haja humildade para reconhecer que Chaves nos últimos anos nada conquistou e aos poucos tudo vai perdendo, até a nossa importância geográfica de cidade de fronteira e “capital do Alto-Tâmega” de uma pequena região onde em vez de união, cada um luta por si, pelo seu umbigo, sem darem conta que todos perdemos.
Longe vai a nossa garra, se é que algum dia a tivemos para além da fama, de reivindicar, de lutar pela nossa terra. Precisamos de um futuro para Chaves onde os seus responsáveis, os eleitos, que para cá elegemos e para Lisboa mandamos, lutem verdadeiramente por Chaves em vez de se limitarem a gerir um concelho ou a pavonearem-se nos corredores e assentos sonolentos do hemiciclo da capital. Mas também o povinho de Chaves tem a sua quota culpa, no aceitar e no ajoelhar do passar da procissão, quando não protesta, não reivindica e quando se fecha no seu individualismo, conformismo e comodismo, alheando-se da sua cidade, da nossa cidade, da cidade de todos nós, numa atitude egoísta em que nem o futuro dos nossos filhos garantimos e onde as cores clubistas da política se sobrepõem aos interesses públicos da cidade.
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Ainda há dois dias referia aqui, a respeito do Largo do Anjo perder a sua importância como centro comercial da cidade, os jovens da altura se revoltaram recorrendo às pedras e às pedradas. Também agora se necessita uma pedrada bem dada no charco do marasmo de Chaves…. Acabe-se de vez com os pavões da cidade, com as castas, e ponha-se esta cidade a mexer, com projectos, com trabalho, com futuro, com novas ideias sem esquecer os velhos princípios.
1…2…3…4…5…6…7…8…9..10….
INTERVALO
Tinha um professor no liceu, que quando se passava com as nossas diabruras de adolescentes do pós 25 de Abril, praguejava : - “ando para aqui a gastar o meu latim com estas bestas quando podia andar a passear em Espanha com uma mula boa…” Sempre achei que eram palavras cruéis ditas a putos de 13 e 14 anos, mas a realidade é, que quase todos os dias me vêm à lembrança as palavras desse professor.
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2ª Parte
Pois aqui pelo blog destaco no ano 2009 alguns dos nossos flavienses, num ano em que deveria ser o reconhecimento de um ilustre e herói de Chaves, mas que passados 200 anos continua a ser esquecido e ostracizado por Chaves. As tais castas flavienses nunca lhe reconheceram o grande feito e acto heróico de ter ficado em Chaves a defender a população. No seu lugar, põem e homenageiam um forasteiro que fugiu a sete pés de Chaves, deixando o povo flaviense para trás, indefeso. Francisco Pizarro/Silveira, quem foi (na realidade) o cobarde e o herói? Uma discussão que vou manter em aberto neste blog até que a luz de nova documentação faça luz sobre o(s) verdadeiro(s)herói (s) de Chaves nas II Invasões Francesas.
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Francisco Pizarro - o Maranhão
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Destaco também o Mestre Nadir Afonso, não só pelas suas importantes exposições realizadas durante o ano, uma delas em Chaves, mas também pelos lançamentos em livro da sua obra e vida, mas também a do poeta seu pai, Artur Maria Afonso. Tudo já fruto de uma fundação que tem o seu nome e sede marcada para Chaves, com a construção de um edifício com projecto de autoria de outro mestre, Sisa Vieira. Fundação que (promessa gravada) estará pronta em 2011, mas cujas obras ainda não começaram… falta um ano, ou como 2011 tem 364 dias e todos os dias contam, digamos que na pior das hipóteses faltam 730 dias para a Fundação Nadir Afonso estar concluída.
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E de mestre das artes para um mestre das palavras. O Dr. Edgar Carneiro, flaviense que neste ano de 2009, com 96 anos de idade, publica mais dois livros de poesia a juntar à sua basta obra poética. Um professor e mestre reconhecido pelas cidades onde tem passado e homenageado pela cidade onde vive.
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José Carlos Barros, um discursante deste blog, natural de Boticas mas com Chaves no coração, cidade onde fez os seus estudos secundários e onde mantém as suas amizades e visitas. Também poeta, laureado e com basta obra poética publicada, viu neste ano de 2009 o seu primeiro romance publicado “O Prazer e o Tédio” que entrou pela critica literária para o ranking do melhor de Portugal em 2009, ao lado de Saramago (Saramago é apenas a referência, que mesmo que não seja lido, é Nobel da Literatura).
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A grande festa da cidade continuou a ser a Feira dos Santos. Uma feira que se faz sozinha, que tem tradição, continua polémica nas suas localizações e à qual deveria ser dada a importância que tem, juntando-lhe outros eventos paralelos e de promoção do concelho, mas à qual só é acrescentam os cabeçudos e os rapazes dos bombos e concertinas da Venda Nova. Entretanto continuam-se a inventar festas e feiras (com sucesso garantido na imprensa local) mas sem nenhum sucesso na realidade de Chaves: Feira dos Sabores e Saberes, Festimage, Feira medieval. No meu ponto de vista, uma feira franca semanal das freguesias, era ouro sobre azul… mas enfim, uma esperança se vislumbra no tempo pela mão da Confraria dos Pavões e Castas de Chaves, onde ideias, parecem não faltar…
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Ainda pelo blog passaram muitas das nossas aldeias, mas também algumas reportagens possíveis, duas que me deram um especial gozo em fazer, a do “Ultimo Tanoeiro” e a dos vinhos da “Quinta de Arcossó”. Curiosamente ligadas, mas infelizmente distantes. Congratulamo-nos com o vinho de qualidade da Quinta de Arcossó, também já a marcar pontos no ranking dos melhores vinhos nacionais e internacionais.
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Também em termos de inquérito e sondagem de opinião esteve aqui no blog uma pergunta online:
Conclusões, que as tire quem deve!
Uma palavra de apreço também para os artistas TAMAGANI, que precisamente no velho espaço do foyer do Cine-Teatro vão fazendo arte com as suas exposições.
Por último, este ano foi também o ano das 600.000, 700.000 e 800.000 visitas ao blog. Um ano em que o blog também saiu à rua, em exposição fotográfica comemorativa das 750.000 visitas. Claro que foi uma exposição modesta, de um fotógrafo da paróquia, não teve pompa nem circunstância da imprensa (excepto a Voz de Chaves), mas que teve muitos visitantes e o apoio de muitos amigos e flavienses.
Por último e extra blog, dois apontamentos dignos de realce para o ano 2009 em Chaves: As Termas Romanas (ou o que resta delas) postas a descoberto no Arrabalde foram consideradas Monumento Nacional. Curiosamente (não sei se é anedota ou verdadeiro) chegou-me aos ouvidos que há quem defenda que “aquilo” eram tanques de lavar linho…
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O segundo apontamento digno de registo, vai para o campo da música em Chaves onde a música passou a fazer parte como ensino integrado no currículo de duas escolas da cidade, além do ensino extra escolas oficiais. Uma aposta de aplaudir que com certeza futuramente virá a dar os seus frutos, numa terra que já é também conhecida pelos seus mestres e maestros da música, com realce para os maestros José Firmino e José Ferreira Lobo.
E em maré de balanço, ficam também os agradecimentos a todos quantos diariamente me brindam com a sua visita, mas também aos que me ajudam a fazer este blog, com os seus discursos semanais: A Fe Alvarez, o Gil Santos, o José Carlos Barros, o Tupamaro e o Blog da Rua Nove, a este último, duplamente agradecido, pois além dos discursos, também faz quinzenalmente (ou quando é necessário) o Coleccionismo de Temática Flaviense. Obrigado a todos.
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Da minha parte, até ao milhão (se não houver imprevistos) podem continuar a contar comigo. A partir de aí, logo se verá…
FIM
P.S. - As fotos de hoje, são todas de arquivo.