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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

30
Jun10

Fotografia e Gravura em Associação


 

 

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A INTERNET abriu novas oportunidades em todos os campos, mas principalmente revolucionou como um meio rápido e privilegiado de informação e divulgação a par de outras novas tecnologias de informação e comunicação Just in Time.

 

A blogosfera é uma filha destes novos meios de informação e comunicação, geralmente de cariz pessoal. O blog (ou blogue) é um meio pessoal de qualquer um, pessoalmente,  se poder exprimir e entrar na rede global com os seus interesses, os seus hobbies, a sua cultura, a sua informação, a sua arte e um sem fim de interesses e motivos.

 

Os flavienses e a região, como em quase todo o mundo civilizado, também aderiu em força ao fenómeno dos blogues e, em quase todos, mesmo com temáticas e interesses diferentes, manifestam um interesse comum – a imagem e a fotografia. Estas também associadas a outros campos da internet mas fora da blogosfera, como Flickr, o Olhares, os Reflexos, o Fotogénico, entre muitos outros sítios da internet onde a fotografia é rainha e onde fotógrafos de Chaves e da região se vão fazendo representar com fotos de sua autoria.

 

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Ingredientes mais que suficientes para pensar a fotografia com alguma seriedade e reunir em associação todos os fotógrafos da região ligados pelo interesse comum da fotografia e também da gravura a ela associada, mas também todos aqueles que não sendo fotógrafos ou não tendo o fazer fotografia como hobbie, gostam de fotografia, acompanha, o que se faz em fotografia e pretendem aprender fotografia, que com a era do digital, se tornou bem mais acessível e atraente.

 

Nascia assim a ideia da formação de uma Associação de Fotografia e Gravura e, da ideia à realidade, foi um passo.

 

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No dia 15 de Maio nascia assim a LUMBUDUS – Associação de Fotografia e Gravura com a realização da escritura pública que teve no Sábado passado, dia 26 de Junho,  a sua primeira Assembleia Geral contando com 33 Associados Fundadores e abrangendo já entre os seus associados quase todo o Alto-Tâmega com associados de Chaves, Montalegre, Boticas, Valpaços mas também com a Galiza a marcar presença.

 

Com as dificuldades inerentes aos primeiros passos de uma associação sem fins lucrativos pelos quais a Lumbudus começa a caminhar, propõe-se como objectivos a prática, promoção e divulgação da fotografia e da gravura contando que  para a prossecução do seu objecto, a Associação procurará:

 

-  Promover a fotografia e a gravura nos seus diversos suportes e nas suas diversas variantes;

 

-  Promover e organizar encontros de associados para a divulgação das mesmas;


-  Promover e organizar cursos de formação profissional, congressos, estudos, debates, concursos, exposições e outras iniciativas que valorizem o seu objecto, tais como a produção de materiais didácticos e afins;

-  Colaborar em iniciativas da comunidade onde se insere numa perspectiva de reciprocidade;

 

-  Contribuir para o desenvolvimento social e cultural, a nível local, regional e nacional, sem esquecer a vizinha Galiza;


- Concorrer para a preservação e divulgação de materiais de fotografia e gravura, acção extensível a arquivos de fotografia e gravura, públicos ou privados.

 

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Temos associação aberta a todos quantos se interessem pelos temas da fotografia e da gravura, não só como fazedores dessas artes mas também como amantes e acompanhantes das mesmas e por isso, uma associação aberta à comunidade.

 

LUMBUDUS – Associação de Fotografia e Gravura para todos que fazem e gostam de fotografia e gravura a dar os primeiros passos de grandes passos que pretende dar.

 

Para os fotógrafos interessados, da região ou não, e para todos os amantes da fotografia e gravura, a Associação Lumbudus está disponível para informações em:

 

lumbudus@gmail.com

 

 

As fotos de hoje, são de arquivo.

 

Até amanhã, com coleccionismo de temática flaviense.

29
Jun10

Pedra de Toque - Sissi dos Meus Quinze Anos


 

 

 

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SISSI DOS MEUS QUINZE ANOS

 


Na rádio o locutor anunciou friamente a trágica nova.


Num apartamento em Paris, sem vida descobriram teus olhos, teu corpo.


Fiquei triste, triste ao saber-te morta.


Porque resplandecente te recordo – ai os meus quinze anos – ao ritmo ondulante da valsa, encantando a corte nos braços do príncipe.


Eras a Sissi dos olhos líquidos e fundos.


Esbagoámos, eu e minha avó, no velho Cine-Teatro ao ver-te bela e feliz no fim da fita iluminando os paços imperiais com o teu sorriso eterno.


Agora, a lágrima, vergonhosamente, correu para dentro.


A Sissi permaneceu contudo intocável na memória adolescente.


Depois, naturalmente, viraste mulher ao compasso da vida.


Na piscina dos teus olhos, os jovens de então mergulhámos adultos no sentimento, no perfume do teu corpo sensual.

 

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Magistralmente, inventaste na tela a mulher de classe, lindíssima e apaixonada, que semeou carradas de talento e beleza entre os que te aplaudimos.


Paris que te acolheu, viu-te pela derradeira vez.


Paris que tu amavas de Champs-Elysées a Montmartre.


Soube-te, mais tarde, doente pelos dramas da vida.


Os caminhos desencontrados do amor e a morte violenta do teu filho gastaram-te.


Mas pela Sissi dos meus quinze anos, pela Romy Scheneider, pelo teu talento, pelos teus olhos verdes fundos, pelo teu sorriso quente.


Aqui fica a minha prece que, quando a memória desperta, ainda rezo com enorme saudade.



António Roque

 

28
Jun10

Crónicas Segundárias


 

 

 

 

O desaparecimento do Presunto


 

Na última crónica prometi escrever sobre o desaparecimento do presunto de Chaves.


Mas, hoje, não me está a apetecer nada escrever sobre o presunto. Primeiro porque é um tema deprimente, e segundo porque me apaixonei recentemente por uma mulher belíssima, que já era uma boa amiga, uma grande companheira, mas que, infelizmente, arranjou recentemente um namorado. E agora estou a pensar na vida, porque é que me atrasei, porque é que estou sempre atrasado, etc. Não é que esteja muito triste ou ciumento, nada disso, mas no que não me apetece pensar é nos presuntos, estou a pensar em outras pernas. Por isso, tende piedade de mim, prometo escrever um post mais profissional, dentro do meu amadorismo, sobre o presunto. Ou para compensar, até escrevo uma crónica sobre o porco completo!


Na verdade não quero dizer nada que não se saiba sobre o presunto de Chaves, e que o Fernando não tenha já dito neste blogue.


A história do presunto de Chaves encontra-se por aí na internet, como nesta notícia do Diário de Trás-os-Montes.

 

Que conta:


A história do Presunto de Chaves tem praticamente um século. Foi no longínquo ano de 1910 que Manuel Guedes, de Outeiro Jusão, o começou a introduzir no mercado lisboeta, onde ganhou a fama que hoje tem.


“Levava-o em carros de bois até à estação do comboio!”, recorda um neto do comerciante, que chegou também a estar envolvido na actividade. No entanto, a época de ouro do Presunto situou-se nas décadas de 60/70. Na altura, já Manuel tinha passado o negócio a dois filhos: António e Luís Guedes.


Os dois irmãos chegaram a colocar no mercado lisboeta uma média de 30 toneladas de presunto oriundo de Chaves e das aldeias vizinhas, que palmilhavam à procura dos melhores exemplares. Foi também na década de 70 que António Guedes, ainda vivo, decidiu alterar o esquema de distribuição do produto.


Passou a vender directamente aos restaurantes de “luxo”, eliminando os intermediários, mas ganhando uma nova responsabilidade: a de garantir a qualidade do produto, que aceitava de volta, em caso de reclamação.


Na década de 80, o mercado do presunto de Chaves sofreu, no entanto, um grave revés. Por várias razões. A mais forte terá sido a invasão do presunto espanhol no mercado português, nomeadamente o “Pata Negra”, um produto com Denominação de Origem Protegida. “Embora a preço superior, tem a vantagem de ser um produto com gosto sempre igual e ter menos desperdícios (gordura, por exemplo)”, explica o neto de Manuel Guedes, Vinhais Guedes. Por outro lado, o presunto de Chaves começou a perder qualidade. “As pessoas deixaram de respeitar as tradições, nomeadamente na alimentação e salga dos animais”, recorda Vinhais Guedes, lembrando ainda o decréscimo de produção, provocado pela emigração.

 

Mas depois destes anos todos para se fazer a fama do presunto de Chaves, que é o presunto mais famoso em Portugal, parece que o presunto acabou, como se conta na mesma notícia:

 

Certificação impossível

 

O concelho de Chaves faz parte da área geográfica de produção do Presunto de Barroso, que em 1994 obteve uma Indicação Geográfica Protegida (IGP). Esta inclusão torna agora impossível uma certificação deste género.

 

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Isto só mostra a inteligência dos nossos autarcas. Depois de quase um século de esforços para se fazer o nome do presunto de Chaves, de repente muda-se o nome para um desconhecido presunto do Barroso! Isto é que são golpes de marketing, do melhor que já vi! É como de repente a Ferrari decidir mudar o nome para Barrosini! Chama-se a isto dar um tiro no pé, mas não com uma 6,35 ou sequer com uma caçadeira, é mesmo tiro de canhão! É que Chaves é o nome que o presunto tinha, é um nome muito conhecido, mesmo por outras coisas, é um nome com impacto, e mudar para Barroso, que quase ninguém conhece, foi um grande erro. E não quero tirar o valor ao Barroso, que bem merece. Também não estou a atirar culpas a partido nenhum em especial, imagino que tenha sido uma decisão conjunta dos "inteligentes" autarcas do PS e PSD, de Chaves, Montalegre, e Boticas. Não terá sido uma coisa mesquinha, coisa de ganância, uma competição estúpida entre concelhos que deveriam saber que têm muita mais força se se unirem (porque todos temos os mesmos problemas)? É que tão estúpidos foram os de Barroso como os de Chaves.


Na próxima crónica vou escrever uma coisa optimista (para não poderem dizer que eu só digo mal), e com um ou duas ideias humildes para o caso do desaparecimento do presunto de Chaves, que eu acho que é uma coisa que tem que ser invertida rapidamente. E não vai ser só presunto, como escrevi acima, vou escrever sobre o porco completo.

 

Até à próxima segundária-porcina!

 

 


26
Jun10

O Castelo de Monforte a Blogosfera e os Fotógrafos Flavienses


 

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Isto da INTERNET e da blogosfera é certo que nos aproxima da tão chamada aldeia global, hoje mais que isso, é mesmo a globalização ou mundialização de apenas com um click, podermos estar em qualquer parte do planeta, a falar, trocar mensagens ver imagens e, sobretudo, matar saudades da terrinha.  Tudo certo, mas também é tudo virtual, não se sente os cheiros, o calor ou o frio dos lugares, os sons e até podemos neste mundo virtual encontrar amigos, familiares, mas… enfim, falta a carne e osso que se possa apertar e até a intimidade de momentos únicos que se acontecem na presença física das pessoas, das coisas e dos lugares.

 

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A blogosfera flaviense e os fotógrafos a ela associada e,  outros fotógrafos e amigos, têm tido o bom senso desde quase o início do boom da internet e dos blogs, além do convívio diário virtual, reunirem-se duas vezes por ano naquilo a que vamos chamando os nossos encontros de Inverno e de Verão para apertar os ossos, em carne viva, em puro convívio de um dia longe de todo este mundo virtual.

 

Pois dia no próximo dia 10 de Julho aí vamos nós, montanha acima para mais um encontro de todo este pessoal da blogosfera flaviense e não só, fotógrafos e amigos. É já o XIII encontro, que com o tempo tomou novas formas, sendo agora o encontro de verão ao ar livre no nosso mundo rural. O primeiro em Segirei, agora no Castelo de Monforte, onde ficará marcado o encontro do próximo ano.

 

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Convívio e festa reais, onde também se terá a oportunidade de conhecer os locais da envolvência do encontro.

 

Mas o programa vai muito além do convívio, pois também acontecerá a fotografia com um passeio fotográfico, neste caso por terras de Monforte, a gastronomia será o ponto alto e a diversão e a cultura, também têm o seu lugar.

 

Dia 10 de Julho lá vamos até ao Castelo de Monforte e até terra de Monforte, com um programa interessante e cheio para todo o dia.

 

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Claro que, tal como acontece nos blogs e com a fotografia, vamos partilhando ideias, locais  e imagens. Também nestes convívios queremos partilhar o convívio, abrindo-o a todos os amigos, blogers e fotógrafos que se queiram juntar a nós.

 

Fica também o anúncio e aviso a toda a blogosfera flaviense, com inscrições e informações abertas até dia 4 de Julho através do e’mail proart@net.sapo.pt , com os blogs de Águas Frias ou pessoalmente com os autores dos respectivos blogs da organização.

 

25
Jun10

Discursos Sobre a Cidade


Texto de Blog da Rua Nove

 

(XII)

 

Acordou com os lençóis enrugados, embrulhado sobre si mesmo, como se aqueles panos brancos fossem uma mortalha deixada ao abandono ou um mapa sem sentido. Aquela noite poderia ter durado várias noites. O dia anterior toda uma semana. Não sabia. Madrugada e manhã eram um enevoado indefinido.

 

Costumava recordar calendários e datas, raramente episódios literários ou livros, que quase nunca lia. Mas de repente lembrou-se da versão da Odisseia, de João de Barros, que lera muito depois da primária. E a imagem de Ulisses, amarrado ao mastro para resistir ao canto das sereias, deixou-o suspenso naquele momento.

 

Enrolado nos lençóis, sentia-se perplexo. Estaria assim a proteger-se de ansiedades ou sonhos que não recordava? Ou apenas a resguardar-se daquela luz que tudo inundava?

 

Entrando de lado, por entre os cortinados abertos, o sol, alto, parecia ter estado sempre ali. Sem lhe bater sobre o corpo, dava-lhe a sensação de o ter feito transpirar descontroladamente, destilando uma febre tropical. Cruzaram-lhe a memória imagens de Bafatá, dos Bijagós e do tempo que passara na Guiné. As febres haviam-lhe feito perder a noção do tempo e de si próprio. E agora regressava a si mesmo como se estivesse a recuperar de uma dessas febres. Um estranho em terra estranha e um estranho perante si próprio.

 

Soerguendo-se a custo, viu o quarto banhado numa luz quase insuportável. Perdida entre essa imensidão luminosa, estava a pasta. Um ponto escuro que contrastava com tudo o resto. Passou a mão pelas pálpebras, pressionando os olhos. Viu inúmeros pontos luminosos, amarelados e alaranjados, agitando-se e palpitando sob a luminosidade avermelhada das pálpebras. Depois, a escuridão. E a seguir o mapa sobre a secretária, ao lado da pasta.

 

Um mapa já desbotado, que um oficial do exército lhe oferecera anos antes. Um mapa da época em que a cidade ainda era vila. As pessoas que por ali teriam andado teriam sido outras, mas o traçado das ruas parecia ser o mesmo. De modo redundante, a vila velha também parecia ser quase a mesma.

 

Só ele não parecia ser o mesmo.

 

(continua)

25
Jun10

«Amarelo - sabão»


 

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Há cinquenta anos.


A «Praça», principalmente às 4ªs fªs e aos sábados, era muito frequentada.


Estava localizada entre o Rua do Olival e a das Longras.


Daquela, desciam umas escadinhas e subiam outras ou umas escadinhas subiam e outras desciam.


No patamar, a  meio delas, lá estava um pobre, ou uma pobre, a pedir esmola; ou um mais pobre a vender uns pentes de cor amarelo-sabão.


No fundo da descida das escadas, ou princípio da subida das mesmas, tinha lugar marcado um contrabandista famoso, a vender uma dúzia de facas de vários tamanhos e para “todos os resultados”; a recomendar o tecido para umas calças no «M. dos fatos»; e a marcar data para a entrega das pedras de isqueiro.


O peixe, chegado de Espanha, naquela madrugada, transportado ao lombo de machos e mulas, era, nesse tempo, bem mais fresquinho do que o congelado que se encontra, hoje, em qualquer canto e esquina comerciais.


As “Regateiras” eram mesmo regateiras, pois sabiam, e tinham de, fazer frente ao regateio das donas de casa, preocupadas em poupar alguns tostões - (1 tostão«=»a 2mil avos de 1€).


Algumas destas até tinham de fazer o milagre de lhe sobrar para a compra de um maço de «Provisórios» ou «Três vintes», que iria posto logo no cimo da seira (O «génio» do seu «home» ficaria acalmado) onde seguia o almoço, mal o comboio apitasse em Santo Amaro ou na Fonte Nova.


Há cinquenta anos, a criação de capoeira era abundante.


E, faz anos, por esta altura, as ninhadas de frangos e coelhos estavam a começar a ficar no ponto de serem … vendidas na Praça, por bom preço.

 

Descidas as escadas, ao fundo, à direita, ficavam as peixeiras; ao fundo, à esquerda, as padeiras.  À saída para as Longras, de cada lado de um portão largo, posicionavam-se as Regateiras dos ovos, dos frangos e dos coelhos.


A Emigração para França estava na moda (pudera!).


E, há cinquenta anos, faz, este Verão, anos, os «Emigrantes» já chegavam em bonito número.


As donas de casa residentes, lá iam, como de costume, às compras ao “Mercado”. Mas, a partir de Junho e até princípios de Setembro, ficavam cheias de dores:


- Ó tia Quinhas, quanto custa este coelho?


-Qual? Este?


-Não! Aquele!


-Ah! Vinte mil réis!


- Credo, em cruz, Tia Quinhas !  Atão inda a semana passada lhe levei um por «sete e quinhentos » e, agora, quer Vinte escudos?!


- Olhe, menina, e é se o quiser levar já. Daqui a nada vêm os «EMIGRANTES» e nem refilam!


Tupamaro

23
Jun10

Chaves - Chinatown!


 

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Pela certa que já repararam que nos últimos dias ou semanas as placas de entrada na cidade e outros locais de entrada apareceram carimbados coma palavra “CHINATOWN”. Não sei quem é o autor das pinturas, mas é fácil deduzir quem seja e, isto leva-me a algumas reflexões e interrogações.

 

Portugal sempre foi um povo marinheiro de alma atlântica que partiu mundo fora, muito além dos sete mares, desbravou oceanos e continentes, povoou, colonizou, espalhou a língua portuguesa, deixo marcas por esse mundo fora e, ainda hoje, ou cada vez mais, não há cantinho do mundo onde não haja um português, com a mesma alma atlântica e marinheira com que há séculos atrás partiu mundo fora, mas com a diferença, que hoje, parte com alma mas já não vai desbravar mundos, parte como emigrante e, embora a diferença possa parecer muita, não o é, pois se há séculos entre alguns pretextos era pelo ouro e riqueza que partia, também hoje se parte por dinheiro e melhores condições de vida. Somos e sempre fomos, afinal,  um povo emigrante.

 

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Hoje em dia, com a queda de algumas barreiras e a nossa adesão europeia, mas também por razões económicas, passamos a conhecer a outra face da moeda e,  de um Portugal de emigrantes,  passamos também a um Portugal com imigrantes, também eles emigrantes tal como os nossos o são lá fora… e fico-me por aqui, pois penso que já chega para reflectir com a isenção que se pede nas reflexões.

 

Chaves - “CHINATOWN” – esqueçam o que disse até aqui, pois os chineses que temos por cá, não são imigrantes comuns. Não vieram para trabalhar por conta de outrem. Estabeleceram-se com os seus próprios negócios e entram agressivamente no mercado com preços sem concorrência, onde vendem de tudo e agora, estão a ocupar também alguns locais de eleição para bons negócios de tal forma e maneira, que mexeram com o comodismo ou acomodação dos comerciantes locais e, como é que estes  (comerciante de cá) reagem!? -  As reacções são conhecidas por todos, ou seja, em vez de reagirem comercialmente, agarram-se a outras .

 

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armas mais fáceis, como o boato e a mentira… não só individualmente como também colectivamente pela a associação que diz zelar pelos seus interesses. Sinceramente não compreendo esta guerra contra os chineses, orquestrada com está, ainda para mais, quando não vi reacções idênticas contra outras invasões, bem mais maléficas e até aniquiladoras  do comércio local e tradicional, como o foram as grandes superfícies comerciais, bem mais agressivas e organizadas que os chineses e que parece terem encontrado em Chaves um paraíso económico – Querem nomes!? – E’leclerc, Modelo, Lidl, Pingo Doce, Mini Preço, IZI, Sport Zone, McDonald’s, Worten, para não falar das lojas de mono-marca de vestuário e calçado, onde muitos deles vendem produtos Made in China. Onde é que estavam os comerciantes locais e a sua associação quando todas estas unidades comerciais de hiper-comércio foram implantadas em Chaves? Também será bom reflectir sobre isto!

 

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Por último, e eu até nem sou suspeito porque sou cliente de todos (tradicional/local, chineses, hipers, marcas, feira, etc.) e além disso não sou comerciante, ou seja sou um potencial cliente de qualquer tipo de comércio, vou pela qualidade/preço, pela oportunidades mas sobretudo, porque sou cliente e pago, gosto de ser bem atendido, com simpatia, educação e profissionalismo. Pois a verdade seja dita, neste campo do bem atender, quase todos são deficientes, medíocres, mas no comércio local e tradicional, a mediocridade, é bem mais notória. Talvez em vez de andarem tão preocupados com os chineses e a pintar as entradas da cidade, a fomentar o comércio com cabeçudos e rapazes da Venda Nova, se devessem preocupar mais com a formação (patrões e empregados), a qualidade e olhar ao provérbio chinês “Se não souberes sorrir, não abras uma loja” – embora os chineses de cá também no campo do sorriso, deixem muito a desejar… mas se calha, até têm razões para isso.

 

Claro que a carapuça só deve ser vestida se lhe couber na cabeça, pois como em tudo, há excepções.

 

 

 

 

22
Jun10

Pedra de Toque - A Alma das Cidades - por António Roque


 

 

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A ALMA DAS CIDADES

 

 


Que ninguém me diga, que as cidades não têm alma!


Ela respira-se nas velhas árvores que permanecem.


Sente-se nas calçadas, nos becos, nas ruelas.


Respeita-se nos adros, nos cruzeiros, nos nichos, nas capelas, nas igrejas.


Sonha-se nas margens dos rios, nos jardins serenos, nas pontes sobranceiras.


A alma das cidades está também nas personagens que as povoam.


Nas figuras típicas e populares que se confundem com os sítios, que se misturam nas paisagens urbanas.


Homens e mulheres, não ilustres, escrevem estórias feitas de brejeirices e de quotidianos simples.


Homens e mulheres, que por feitos  imorredoiros, se  perpetuam nas praças, nas placas das esquinas que a toponímia consagra.


O decurso dos anos preenche a alma das cidades.


Que resiste sólida ao camartelo do progresso, mesmo quando usado com a indispensável precaução.


Encontrar a alma das cidades é um acto de amor, um orgasmo que finda na escuridão dos olhos.


Penso que há muito descobri a alma da minha cidade.


Desvendou-ma a palavra sábia dos antigos, a história e os contos que ouvi e li em livros gastos.

 

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As grandes passeatas por ruas e vielas, o coaxar das rãs no Tâmega eterno em noites sem brisa, o cheiro da Primavera com que a veiga e a montanha brindam Chaves, cidade sempre linda, mesmo quando a névoa embacia os vidros e a geada branqueava a saudosa relva das Freiras.


A descoberta, a visão lúcida, o primeiro abraço à alma da minha terra foi uma espécie de sortilégio a que fiquei continuamente detido.


Foi talvez o cibo da minha vida que melhor me soube.


Que ninguém diga, que as cidades não têm alma!


António Roque

 


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