Paciência dos moradores transborda como as tampas de saneamento do Bairro dos Codeçais
Na Madalena, os moradores da rua dos Codeçais vivem indignados com o saneamento entupido e ruas alagadas, cheias de buracos. Na mesma freguesia, a lama que cobre o Jardim Público no Inverno também é motivo de indignação da população. Contudo, o autarca de Chaves, João Batista, garante que uma “intervenção de fundo” será feita este ano nos Codeçais, seja pelo empreiteiro, como lhe cabe, seja pela autarquia. No Jardim Público, o acesso a carros vai ser limitado e será instalado um piso duro ainda este ano.
Dois mil euros. Foi a soma que Ilídio Costa, taxista de profissão, já gastou com a suspensão do automóvel devido ao caminho, cheio de buracos e constantemente alagado, que tem de fazer diariamente para entrar e sair de casa. O morador da Rua de Codeçais, onde nasceu o pintor flaviense Nadir Afonso, levanta várias tampas de saneamento a transbordar de água, mesmo quando o sol brilha. “Em dias de chuva, toda a rua parece uma lagoa e os carros nem conseguem passar. O saneamento não está isolado e os esgotos saem por aqui. A bomba elevatória não funciona”, explica. Os habitantes do bairro vivem com esgotos, lixo, mau cheiro e inundações há mais de dois anos, queixa-se o morador.
Os esgotos também entram todos os dias na cave de Joaquim Guedes, com os cheiros associados. Já lhe estragaram móveis e o que sobrou está em elevação. “Fui à junta. Disseram-me para comprar uma válvula que custou 100 euros, mas não adianta nada”, conta. “O saneamento está entupido e mistura-se com as águas pluviais. Não pode! Tem de estar isolado!”, insurge-se também Orlando Lopes, outro morador. “O arruamento está uma miséria e o saneamento não está a dar o escoamento necessário. A câmara pôs um bocado de entulho no ano passado, mas chove e volta tudo ao normal”, completa António José Macedo, que tem uma oficina na rua.
Há um ano, um camião da RESAT esteve uma semana enterrado nos buracos do caminho de Veiga de Codeçais. Uma grua interveio no local e os paralelos foram retirados e encostados a um muro… até hoje, conta Ilídio Costa. No bairro, as idas à junta de freguesia e telefonemas para a Câmara já não têm conta e os moradores estão fartos de esperar. Entretanto, Ilídio Costa recolheu assinaturas para formar uma comissão, que já soma 10 aderentes, e mandou uma carta à Câmara. “Sou taxista. Conheço todas as aldeias do concelho e nenhuma tem estas condições. E este bairro pertence à cidade de Chaves!”.
Invernos chuvosos e condicionalismos do terreno colocaram dificuldades técnicas à instalação de saneamento.
Em declarações À Voz de Chaves, o presidente da Câmara Municipal de Chaves, João Batista, explica que há cerca de três anos, quando o saneamento foi instalado, “o terreno [aberto] não foi bem consolidado e reposto”. Uma vez que não houve a “compactação da terra”, que demora cerca de um ano, devido ao mau tempo, o pavimento e respectivos paralelos “não foram repostos”. No Inverno, “com a chuva e a lama, a situação piorou”.
Agora, “é preciso fazer um levantamento total da rua para repor o pavimento”, aponta João Batista. Em vez de “tapar buracos” com terra, como o município tem feito até à data, “terá de ser feita uma intervenção de fundo”, preparada “com tempo porque sai cara”, explica. Num prazo de cinco anos, a autarquia pode exigir ao empreiteiro que conclua a obra, mas caso este não o faça, “accionámos cauções e fazemo-la nós”, explicou Batista. “Garantimos que [intervenção] vai ser feita este ano seja pelo empreiteiro, seja por nós”, assegura o autarca, acrescentando que: “vamos fazer tudo para que aconteça” nos meses de Primavera.
De acordo com João Batista, a autarquia ainda “não teve oportunidade de fazer uma intervenção”, já que, após a execução da obra, não houve condições para a reposição do pavimento. Entre eles, os Invernos chuvosos e os condicionalismos de um terreno como o da Veiga de Chaves (à beira rio, com níveis freáticos muito altos e pouca inclinação), que colocam dificuldades técnicas à instalação de saneamento. “Intervir na Veiga tem mais dificuldades. Há condições específicas. É um terreno difícil. Tudo se conjuga para que os problemas surjam”, nota.
Ainda segundo o autarca, a empresa responsável – Habimarante, Sociedade de Construções, S. A – foi a mesma que executou o saneamento de Moreiras “sem problemas”. Ainda assim, João Batista admite a visível falta de isolamento das condutas de saneamento, mas prefere focar-se na resolução do problema: “temos de esperar pelo clima adequado”, mas “não vamos deixar passar mais tempo”. Reconhecendo que este saneamento “está a causar mais problemas do que o previsto” devido às condicionantes da veiga, o autarca pede compreensão e lembra que o bairro esteve 30 anos sem saneamento e esta obra foi um pedido expresso dos moradores, que pretende ver satisfeito.
Acesso de carros ao Jardim Público vai ser limitado
Também no Bairro da Madalena, o estado do piso no Jardim Público encontra-se lamacento, situação que se complica nos chuvosos meses de Inverno. O presidente da Câmara de Chaves, explica que a intenção inicial do município era colocar “um pavimento duro e poroso”, mas assume que a intervenção no piso, acção inserida num plano de requalificação do Jardim concluído em Maio 2008 e que custou 550 mil euros, “não foi bem feita” em alguns locais. Segundo o autarca, a circulação de carros no local piora o estado lamacento em dias chuvosos. Por isso, “vamos limitar o acesso de carros”, ao mesmo tempo que “está a ser preparada uma intervenção pelos serviços técnicos da autarquia”, confirmou João Batista. “Será ainda este ano”, rematou.
Sandra Pereira
Noite clássica e intimista ao piano com Luísa Tender
A reputada pianista Luísa Tender ofereceu pela primeira vez aos flavienses um recital, onde não faltaram as composições de Claude Debussy e do português António Fragoso. Num auditório composto, a actuação da artista foi bem aplaudida pelo público.
Foi num ambiente intimista, à luz das velas, que a pianista portuense Luísa Tender deu o primeiro recital em Chaves, na passada noite de 27 de Janeiro, no auditório do Centro Cultural. Sentada em frente a um piano de cauda negro, tocou três peças, pedindo especial atenção para a segunda interpretação, inédita, de um compositor português pouco conhecido, António Fragoso. Para a artista que iniciou o estudo de piano aos quatro anos e que tem uma ligação familiar em Chaves, este génio musical, que faleceu de gripe pneumónica com apenas 21 anos, é uma descoberta recente e, a seu ver, “um dos melhores compositores portugueses” de sempre.
Num auditório composto, a actuação de Luísa Tender foi bem aplaudida pelo público. Com dois CD já editados (“Bach and forward” e “Página Esquecida”), a artista tem-se apresentado a solo e em música de câmara em Portugal, Espanha, Reino Unido, Holanda, Itália, Chipre e Brasil. É dona de um currículo invejável: estudou no Conservatório de Música do Porto e, mais tarde, na escola Superior de Música desta cidade, cujo Curso de Piano concluiu com a classificação máxima e onde foi aluna de Pedro Burmester.
Entre 1997 e 2000 estudou com Vitaly Margulis, em Los Angeles; foi também aluna de Irina Zariskaya, no Royal College of Music, em Londres, onde obteve o grau de Master of Music em Performance Studies. Recebeu aulas de Artur Pizarro e, em 2004, obteve o Diplôme Supérieur d’Éxecution da École Normale de Musique de Paris. É actualmente professora na Escola Superior de Artes Aplicadas, em Castelo Branco, onde lecciona Piano e Música de Câmara.
Sandra Pereira
Há “tesouros” escondidos no Alto Tâmega
Já ouviu falar no “geocaching”? Trata-se de uma “caça ao tesouro” tecnológica, cujo objectivo é encontrar caixas escondidas em vários pontos e monumentos do país. Em Portugal, o jogo já conta com 5 mil adeptos. No Alto Tâmega, também há alguns entusiastas como Altino Rio, que escondeu um “tesouro” em Outeiro Seco
Sabia que há “tesouros” escondidos na Ponte Romana, no Castelo de Chaves, na barragem da Abobeleira e em Outeiro Seco? Podem estar debaixo de uma pedra, num pinheiro ou num muro e são colocados por adeptos do Geocaching, uma “caça ao tesouro” ao ar livre feita com a ajuda de um GPS. Este jogo de aventura surgiu em 2000 nos Estados Unidos e actualmente existem mais de 1,2 milhões de “tesouros” (chamados “caches”) escondidos em mais de 200 países.
Em Portugal, o número de aventureiros ultrapassa os 5000 e há cerca de 4700 “tesouros” por todo o país. Na região do Alto Tâmega, também há vários. Um deles está em Outeiro Seco e foi posto por Altino Rio a 8 de Agosto do ano passado. Foi o filho que lhe falou deste jogo “inovador”. “Esta é uma forma de divulgação junto de pessoas que provavelmente nunca iriam visitar a aldeia”, explica Altino Rio, que já foi presidente da junta de Freguesia de Outeiro Seco e editou revistas e livros sobre a aldeia. Embora tenha deixado de exercer o cargo local, o professor quer continuar a contribuir para a promoção turística da localidade.
Depois de se inscrever no site oficial, Altino Rio escolheu um local estratégico em Outeiro Seco para esconder o seu tesouro: uma caixa de plástico hermeticamente fechada, de modo a não ser destruída pelo mau tempo. Mas antes de chegar ao tesouro, o caminho é longo. O praticante – conhecido como “geocacher” – é obrigado a percorrer vários pontos da localidade, que estão associados a uma coordenada de GPS. Chegado à primeira, o “caçador” tem de responder a uma pergunta para saber a próxima georefêrencia, até chegar ao tesouro. Na cache de Altino Rio, os visitantes têm de percorrer cinco locais emblemáticos de Outeiro Seco antes de chegar ao local onde está o tesouro. “Muitas vezes não se descobre à primeira”, mas a de Outeiro Seco “não é difícil”, garante.
Chegados ao local do tesouro, é preciso ter atenção se não está ninguém por perto para manter o segredo e não dar asas a actos de vandalismo. E o que há dentro da caixa? Geralmente, um bloco de notas (“log book”), um lápis, o resumo da história da localidade ou monumento e uma advertência a quem a achar, e não for adepto do jogo, que não a destrua. A maior parte das vezes são os geocachers que informam o dono do tesouro de problemas com a cache, através do site oficial, onde é gerido o jogo. Uma vez achado o tesouro, o “caçador” pode deixar um objecto – por exemplo um brinquedo ou um “pin” da sua terra ou causa – e levar outro para a caixa seguinte. Tudo fica anotado no bloco, onde os aventureiros deixam comentários e elogios ao local.
Nove aventureiros já encontram o “tesouro” de Outeiro Seco.
Um geocacher é geralmente um apreciador da natureza e amante da cultura e património histórico. Tem gosto pela aventura e adora desafios. Para os adeptos deste jogo, a caça ao tesouro é uma motivação extra para conhecer locais novos, mas o geocaching rapidamente se transforma num vício e numa obsessão. Há quem faça mesmo quilómetros à procura de uma caixinha. Até à data, nove pessoas, da região flaviense e do Porto, encontraram a caixa de Altino Rio. Um deles deixou a moeda oficial do geocaching, mas houve quem tivesse deixado uma tartaruga e uma lapiseira.
O geocaching também pode ser praticado em grupo, o que promove o convívio. Altino Rio já foi à caça de 10 caches, inclusive na região, como a do Castro de Curalha e a de Águas Frias. No Monte da Virgem, no Porto, em vez de uma caixa, Altino Rio encontrou um pequeno rolo fotográfico no meio de uma árvore. Demorou horas, mas valeu a pena. “Faz-se um esforço, mas nunca se esquece a experiência”, contrapõe.
Muito popular no resto do mundo, em Portugal o geocaching ainda não está muito implementado. Para Altino Rio, deve-se à forma como as pessoas ocupam os tempos livres e à falta de informação, mas acredita que “tem potencial para crescer” com a divulgação na comunicação social e na blogosfera. No Verão, Altino Rio espera ter mais visitas, sendo que o objectivo é trazer 50 geocachers por ano a Outeiro Seco.
Apesar de não existirem clubes no ‘geocaching’, os praticantes juntam-se regularmente em eventos. No ano passado, um grupo plantou 50 carvalhos na zona de Vila Cova, no concelho de Vila Real, num local que passou a chamar-se “Bosque do Geocacher”. Altino Rio ainda não participou em nenhum encontro, mas acredita que, se a actividade crescer, poderá criar uma nova dinâmica local ao despertar aventureiros para explorar a sua região.
Sandra Pereira
Geocaches no Alto Tâmega
Ponte Romana:
No site oficial geocaching.com, lê-se que “esta cache tem como objectivo dar a conhecer o ex libris da cidade de Chaves e também um pouco da sua história. Estacionem no ponto indicado e façam um pequeno passeio junto ao rio Tâmega até à ponte”.
Castelo de Chaves:
Esta cache está escondida na muralha e já conta com 178 visitas registadas. Entre os comentários, encontra-se este: “Ora desconhecia o castelo e já tinha trabalhado em Chaves. (…) Mas o geocaching tem-me dado a hipótese de conhecer lindos locais e belas paisagens”.
Concelho de Chaves:
Há caches activas na Capela do Sr. do Calvário, em Chaves, e na Barragem Romana da Abobeleira. 29 geocachers procuraram um tesouro no Castro de Curalha, outros na mini-hídrica da Peneda, em Vilela do Tâmega, no Castelo de Monforte, na Pedra da Bolideira, no Santuário de São Caetano e na Serra do Brunheiro.
Barreiras, Valpaços:
No site oficial, o “tesouro” é descrito da seguinte maneira: “Para quem passa por cá procurem provar aquilo que a terra tem de melhor, a simpatia do Povo e os Sabores da Região. A cache é um rolo fotográfico, não está no centro da cidade (…), mas o local escolhido é um dos locais mais calmos da cidade, aproveitem para descansar. Deixem-na ficar no local onde encontraram e obrigado pela visita. (tem lápis)”.
Castelo de Montalegre:
Trata-se de um pequeno frasco envolto num saco de plástico preto.
Museu do Vinho de Boticas:
Esta cache já recebeu 58 visitas. Entre os comentários no site, está este: “Ora aqui está um lugar muito bonito. Como não conhecia a lenda, o meu irmão lá a decidiu ler XP. Ainda bem pois assim sempre fiquei a saber um pouco mais sobre o povo de Boticas…”. E este: “A cache apareceu facilmente, e log feito, lá fomos almoçar, pois a barriga já dava horas”.
Vila Pouca de Aguiar:
Há uma pequena caixinha escondida em Vila Pouca dos Pequeninos, onde um visitante comentou: “Demos a volta e gostámos imenso do local. Valeu bem a pena conhecer esta obra”. Também há caches nas Minas de Jales e Tresminas.
Ricardo Rocha de saída do Chaves
O capitão do Grupo Desportivo de Chaves já não é jogador dos flavienses. O defesa central vai assinar contrato com o Beira-Mar, da primeira divisão, até final da época, ao que tudo indica.
Ricardo Rocha reencontra assim o treinador Leonardo Jardim, bem como antigos colegas como Rui Rego, Danilo ou Wang. A equipa de Aveiro substitui assim a saída recente do também central Kanu.
O jogador que esteve três épocas e meia em Chaves vai poder estrear-se no escalão máximo do futebol português aos 28 anos. Na última assembleia extraordinária de sócios, Mário Carneiro, actual responsável pelo GD Chaves afirmou que caso a situação financeira do clube não se alterasse o Chaves não iria “cortar” as pernas a nenhum jogador.
Diogo Caldas
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